CAPÍTULO NOVE
a pior noite do verão

         A SENSAÇÃO DE SUFOCO DOMINOU FRANKIE POR INTEIRA, estava escuro demais para conseguir enxergar até seus próprios pés. Blair se ajoelhou lá em cima, pegando sua câmera e tentando ver através dela, porém o sinal se perdeu rapidamente. O local era revestido por pedras, pelo pouco que conseguiu observar. Um buraco de bastante profundidade.

── FRANKIEEE! ── a loira continuava a gritar ── Frankie! Fala comigo, por favor! Me diz que você tá viva!!

── Blair?!... ── sua voz fraca ecoou.

── Aí, graças a Deus! Cê tá bem? ── a mais velha mal conseguia acreditar no cenário caótico que havia se formado ao entorno delas em uma fração de segundos ── Frankie, você tá ferida?

── Não! Eu caí em cima de um musgo fofo, eu acho... Tô inteira ainda! ── esfregou seus braços, sentindo um cheiro péssimo de mofo.

── Não se mexe, tá? E vê se tenta não surtar! ── Blair sentou-se, atordoada, muitas questões giravam em sua cabeça ── Eu acho que você caiu dentro de um poço abandonado, tipo, tem pedras velhas aqui. Ele tava coberto por uma folhagem, como se tivessem preparando uma armadilha...

── Sério? Achei que minha hora de descer pro inferno já tinha chegado! ── ela zombou de si própria.

── Cala a boca! Por favor, tá?! Isso é sério! ── se recuperou do choque inicial ── Eu vou ter que encontrar um jeito de te tirar daí agora! Droga, preciso ver o mapa... Não. Não!... Aí, que merda!... ── suspirou, após analisá-lo.

── O quê foi? Por que cê ficou calada?!

── É que, eu não sei o que fazer... ── a sensação de impotência e desespero cercou seu peito, Watson podia ser muitas coisas, como um exemplo de beleza e padrão pelos corredores de sua escola, ou ainda, uma excelente fotógrafa, mas ela com certeza não era uma escoteira e, seria um verdadeiro desafio descobrir como sobreviver àquilo ── Olha, a gente tá longe das docas, mas por outro lado, o acampamento tá bem mais perto e, não sei, pode ser que não tenha nada na serraria, nada que possa ajudar a gente, entende? Eu tô com medo de caminhar até lá e me perder. Aquele estábulo tá abandonado há anos, então, só tem um jeito de resolvermos isso... Vou voltar pro acampamento!

── Você enlouqueceu?! Não, não vai! ── insistiu, pois não desejava colocar a vida da amiga em perigo ── BLAIR!! Por favor... Vamos encontrar outro jeito!

── Não, não têm outro jeito. Eu tenho que achar uma corda e um balde, só assim vou conseguir te puxar de volta. Vou fazer isso por você! Não vou sair daqui sem a minha Lane favorita... ── se preparou, escondendo a gasolina e a mochila no mato, pegando apenas o taco de beisebol, o qual levaria com sigo.

── Não! Nem pensar! Você tá grávida, não pode se colocar em perigo! Eu... ── porém paralisou, sentindo um frio constante percorrer sua alma, mudando de ideia ── AAAAAH!! BLAAIR! Ok! Tudo bem... Então vai logo! Só me tira rápido daqui!! ── sua voz estava mais alta e veio acompanhada por um grito, ela tocou em algo do qual não gostou.

── O quê? O quê aconteceu?! ── seu coração saltou pela boca ── Frankie, fala comigo!! Tá tudo bem aí em baixo?!

── Têm um esqueleto aqui! É nojento... E, é assustador pra caralho! ── respondeu, quase chorando.

── Um esqueleto?! ── seu queixo desabou em surpresa ── Droga... O que isso quer dizer?

── Algo bom é que não é! ── revidou ── Olha, pra piorar acho que é de uma criança... É pequeno e, parece mal formado, eu não sei... Eu não sei! E se isso for uma cova? Eu tô com medo, Blair! Tô com muito medo agora... ── sua garganta secou.

── Calma! Vai ficar tudo bem! ── a loira a incentivou ── Só, ignora ele. Esqueleto de criança? Essa é nova! Que crueldade, meu Deus... ── seus olhos repousaram no vazio por um minuto, pensando em algo importante ── Ei, Frankie? Por acaso, você sabe se a Sarah Fier teve um filho?!

── O quê?! Como é que eu vou saber? Eu sou a pior aluna da escola! Não me interesso por essas merdas! ── retrucou genuinamente ── Eu só quero sair daqui, Blair! Tenho que ir pra casa, pela minha mãe...

── Tá legal! Só me espera... Eu vou tentar voltar, ok?! Mas se isso não acontecer, você começa a gritar! Talvez alguém te escute... ── alertou, enquanto retornava ao acampamento, correndo o mais depressa que conseguia.

E por falar em acampamento, entre as sombras e esquinas desconhecidas das cabanas pertencentes a ele, um banho de sangue acontecia, havia tanto sangue ao redor que nem a terra saberia como absorver tamanha maldade, uma porção de corpos inocentes espalhados pelo chão, Tommy estava matando cada vez mais crianças, num espaço menor de tempo. Ziggy Berman devia estar a salvo, com os outros campistas no refeitório, conforme Nick Goode a havia deixado, prestes a embarcar no ônibus que os levariam de volta as cidades, no entanto, não foi o que aconteceu. Questionada pelos amigos de Sheila sobre onde a garota estava, rapidamente se lembrou da pegadinha que Frankie e ela fizeram, deduzindo que a morena continuava presa no banheiro, por isso foi atrás da sunnyvale. Ao contrário de Lane, Berman se importava, ela não era uma pessoa ruim, não deixaria nem mesmo sua pior inimiga, como era o caso, morrer daquele jeito, tão vulnerável. Uma terrível angústia restringia todo seu coração, o qual pulava descontrolado no peito, trilhando o mesmo caminho que fizera hoje mais cedo.

── Sheila? ── retirou a chave de fenda da fechadura, pisando dentro do corredor entre as cabines, esmagando um dos insetos com seu tênis ── Você ainda tá aqui? Ei, Sheila! Sou eu, Ziggy... ── ela empurrou uma das portas, procurando angustiadamente.

Porém se tivesse examinado a cabine atrás de si, certamente veria aquela porta se abrindo lentamente e uma mão agarrando firme em seus braços. Era ela, a morena apertou o seu maxilar com precisão e empurrou seu corpo em direção a parede de madeira, Ziggy bateu seu braço e cintura contra essa, o que provocou uma imensa dor. Ainda assim, insistiu, tentando comunicá-la do que estava ocorrendo lá fora.

── Sua desgraçada! ── a garota gritou, tentando estrangulá-la, apertando firme em sua garganta.

── Para! Me escuta! Tem um... ── a voz de Berman falhou, recebendo um tapa como resposta. Cansada e furiosa, a ruiva apenas revidou, fechando o punho e dando um soco na cara de Sheila, que ecoou ao redor ── Eu quero te ajudar! ── disse por último, mas a garota já havia caído no chão, desmaiando novamente, só que dessa vez sobre uma das privadas ── Aí porra! ── Ziggy se deu conta da besteira que fizera, só pensava em como a levaria agora?

Dedos úmidos moveram seu ombro, a sacudindo, Berman olhou para o lado, seus cabelos voaram contra o rosto de Gary, apavorado, o monitor shadysider entrou num pulo no banheiro, ao perceber a gritaria que vinha dali.

── O quê... O quê tá acontecendo? ── ele perguntou, assustado com a cena em questão.

Ziggy não teve tempo de explicar, um novo barulho desconhecido e inusitado agora vinha de alguma parte não muito distante ao redor, ela podia sentir, próximo a uma das cabines, um grito ecoava, ficando mais audível à medida que entrava dentro dela, na qual já havia checado uma vez, tinha mesmo algo diferente no momento. Percebeu que a voz se encontrava abafada, pelo menos o suficiente para não estarem no mesmo nível de ambiente, a menos que... Os gritos estivessem abaixo dele. Berman se inclinou sobre a privada e puxou a tampa, olhando através dela, pode ver Cindy e Alice berrando, já esbaforidas, implorando por ajuda, uma das passagem dos túneis, nos quais as garotas tinham ficado presas dava exatamente ali. A Berman mais velha percebeu aquilo quando notou o mesmo musgo vermelho que florescia entre as pedras e paredes íngremes até o subterrâneo, aquele musgo havia manchado sua camiseta hoje mais cedo e também era o mesmo musgo que amorteceu a queda de Frankie no poço. Por uma grande coincidência, a ruiva havia chegado na hora certa.

──  Cindy?

──  Ziggy! ──  seus olhos se arregalaram  ── Aí meu Deus...

──  O quê tá fazendo aí em baixo? ── franziu a testa, espantada.

──  É uma história meio longa. ── ela encarou Alice, sabiam que não tinham muito tempo ── Você tá bem?

──  Tô. ──  concordou  ──  Só espera um segundo!

Ziggy fechou a tampa num impulso, se equilibrando sobre ela e caçando o balde com a corda da pegadinha dos insetos, a fim de ajudar sua irmã, ela havia tido uma grande ideia em sua cabeça, mas o monitor ao seu lado não entendeu exatamente qual era o seu ponto.

──  É... O que tá fazendo?  ──  o rapaz lhe perguntou.

── A minha irmã tá na privada! ── falou apressadamente.

── Quê?!  ──  ele disparou os olhos sobre ela, confuso.

── Gary, só me ajuda!  ── simplificou.

Então o garoto se apressou, fazendo o que a jovem havia lhe mandado, logo os dois conseguiram descer o balde, o passando pelo buraco da privada, aproximando ele das duas shadysiders no subsolo.

──  Usa isso, a gente vai puxar vocês! ──  Ziggy informou.

Cindy olhou para a loira ao seu lado com ternura e preocupação, pensando em sua perna machucada e, aquilo lhe trouxe angústia, Alice havia se ferido a caminho do banheiro, era melhor dar prioridade a ela. Queria ver a amiga a salvo.

──  Pega, vai! Você primeiro! ──  a entusiasmou.

A ruiva observou a de cabelos curtos sentar-se sobre o balde com muito cuidado, Berman segurou sua respiração, já que precisaria de bastante fôlego para aquilo. Quando Cindy deu o sinal, Ziggy o acatou, se esforçando pra tirar a garota lá de baixo.

── Já! ──  avisou a Gary que estava logo atrás, tentando ajudá-la a puxar a corda.

O shadysider se empenhou, uma puxada, depois outra, a ruiva tentava acelerar, querendo trazer Alice para a superfície depressa, Ziggy sabia da real ameaça, estava tudo muito suspeitosamente quieto. A adrenalina deslizando por suas veias prevaleceu, como se quisesse lhe dizer algo, e quando a porta se abriu num solavanco, a comprovação do pânico que sentia, chegou no mesmo instante que ele...

──  Tommy?  ──  Gary olhou para o lado.

Sim, ele estava lá.

Ao canto da porta, com os olhos fixos em ambos, sua respiração soou mais alta e frenética do que o grito seguinte que Berman deu ao ver a cabeça de Gary ser arrancada de seu corpo, voando pelo ar, seu corpo caiu bruscamente dentro do buraco da privada, Ziggy se desequilibrou, se perguntando se tudo se tratava de um grande pesadelo, pela primeira vez o viu, Tommy já não era nem de longe o namorado chato, perfeito e virgem de sua irmã, ele estava lhe dando arrepios, cruel e descontrolado. Aquele cara legal não estava mais entre eles, agora seus olhos revelavam sua nova identidade junto do sangue seco em sua face, um assassino possuído e destemido que não hesitaria em dividir as partes de seu belo corpo ou abri-la ao meio se quisesse, não tivesse sido ágil o suficiente para sair correndo pelo meio de suas pernas e sua vida acabaria num estágio pior do que a do monitor, a ruiva disparou sem qualquer direção pela escuridão da noite, o sopro em suas narinas tão desregulado que, era como se as vezes lhe faltasse o ar.

Mais alguém se mantinha perdida entre as matas do "local mais tranquilo que alguém poderia ir passar suas férias de verão", ao menos foi o que prometeram aos adolescentes no início delas, quem sobrara naquele momento para rever o conceito daquela frase? Bom, deviam estar todos mortos com o anoitecer.

Blair enxergou um par de faróis entre toda a sua correria desajustada, cortando a grama com seus tênis velozmente, tentando alcançá-lo, assim pode notar que tinha alguma estrada por perto, deixando de lado todo o seu desespero e nervosismo que já a cegavam por inteira, seus olhos finalmente se abriram para observar algumas cabanas em volta. Então se localizou no mapa, encontrava-se perto do chalé principal, saltou pela estrada e sentiu seu coração pulsar mais alto quando uma luz aumentou diante de seu rosto, um barulho de pneu freiando ecoou na rua deserta, ao virar seu queixo para esquerda, percebeu que havia passado pelo ônibus escolar em fulga e que, ele tinha feito uma parada, após alguém gritar dentro dele:

──  Para o ônibus! ── e então ouviu passos pelo chão do transporte seguido do pedido apavorado, acompanhando com sua visão quem sairia dali em seguida, a porta se abriu depressa e o transporte começou a andar novamente, a loira engoliu em seco quando presenciou Kurt aparecer só de toalha na porta, com uma expressão de medo ── Blair?! O quê?... Merda! Entra no ônibus! Vêm, rápido!

Ela tinha muitas perguntas em mente e a oportunidade perfeita de se salvar, mas não estava em seu sangue ser tão egoísta aquele ponto.

── Não posso! ──  recuou, com um nó profundo na garganta.

── Tá de sacanagem? Entra agora! ──  ordenou, desesperado. Ele não queria perdê-la, o sunnyvale se importava tanto que seu coração estava doendo como nunca naquele momento, não se recordava de ter sentido algo assim antes.

── A gente tem que ir... ──  alguém alertou no fundo do ônibus, enquanto um burburinho aumentava com frequência.

── Blair... ── sua voz grossa falhou dessa vez, seus olhos se mantiveram sobre ela, Watson não podia fazer aquilo com Frankie, teria que dizer "não" a ele mais uma vez.

── Eu não posso. Tenho que salvar uma pessoa! ──  ela escondeu o choro ──  Se eu não conseguir sair viva daqui, diz pra minha mãe que eu amo muito ela, tá bom? Adeus, Kurt! ── respirou fundo, lhe dando as costas e acelerando pro interior do acampamento.

── Blair, espera! BLAAIR!! ──  seus lábios se abriram enquanto o ônibus seguia caminho, depois de entrar e colocar seu rosto na janela, ouvindo o grito ressoar em meio às árvores. Foi o mais forte que já dera um dia, foi como se um pedaço de si tivesse se atirando em direção a morte e ele não pudesse fazer nada a respeito.

Watson passou pela placa do Nightwing alguns minutos antes de se fechar dentro da oficina de artes, assim que se virou, caminhando pela sala escura, sentiu uma vertigem ao encarar partes de corpos separadas entre si jogadas em toda a extensão pelo chão, haviam pedaços de mãos e órgãos sobre poças gigantes de sangue, eram todas de crianças, ela não pode resistir a tamanha crueldade, entrando em pânico e chorando baixinho, tentando abafar seu soluçar e ânsia de vômito que agitou o fundo de sua garganta vazia, empunhando o bastão, com seu sistema totalmente em choque, atravessou seus olhos atentamente entre as sombras próximas as janelas, o peito imerso em adrenalina. Um barulho ao lado esquerdo do lugar fez com que se abaixasse, se protegendo por detrás de uma das duas mesas largas ao centro, vasculhando aflitamente, empunhou o taco de beisebol e andou em silêncio, pronta para atacar o que quer que estivesse do outro lado, inclinando sua cabeça, impulsionou o objeto, mas parou assim que viu uma criança, indefesa e cheia de sangue que, provavelmente não era dela. Estava paralisada no canto frio e sombrio, porém viva, respirando com certa dificuldade, tremendo bastante, aterrorizada.

── Ah! Oi?! A gente já se conhece? O meu nome é Blair! ── tentou acalmá-la, afastando uma mecha de seu cabelo que caira sobre seu rosto, sorrindo ──  Qual o seu nome?

A garotinha se encolheu, como se o medo houvesse capturado toda a sua voz. No entanto, se concentrou, desejando confiar na moça de cabelos longos a sua frente.

── Eleanor Watkins. ──  respondeu timidamente, entre soluços.

── Que nome mais lindo! ── Blair abriu os lábios, demonstrando surpresa ── Não se preocupa, tá? Eu vou te ajudar! E esse ursinho? Ele também é seu? Como ele se chama? ── apontou com os dedos para a pelúcia entre seus braços, a qual abraçava firmemente.

── Freddy...

── Freddy? Oh, é um prazer, Freddy! ── ela balançou a mão do ursinho, buscando alegrar a garota, que eboçou um curto sorrisinho de canto ──  Só abraça ele, tá? Daqui a pouco isso tudo vai acabar. Sabe onde eu consigo encontrar uma corda e um balde? ──  ela que, por certo era shadysider, em decorrência de sua camiseta azul, apontou para o armário no canto da sala, buscando ajudar Blair──  No armário? Tá certo. Fica abaixada aqui, e não se preocupa! Vai ficar tudo bem!

Contudo, conforme Watson pegava os materiais dos quais precisava, a mesma escutou o som de um vidro sendo esmagado na parte traseira da casa, provocando uma onda de nervosismo e pânico em seu corpo.

₍ 001 ₎ Oie gente, voltei!
Tava atualizando umas
outras fics minhas e fiquei
um pouco insegura quanto
a minha escrita, mas hj me
senti segura o suficiente pra
postar esse capítulo. Até pq
n vivo sem essa fic e todos vcs,
q tão sempre me dando mt apoio!
Agradeço imensamente! Espero
que tenham gostado de vdd, no
próximo cap tem mais emoção!
Aguardem... E vou tentar postar
"Evil Seed" ainda esse mês ou
no próximo, quando a fic sair, vou
contar com total apoio de vcs tbm,
espero poder retribuir todo o amor
q estou recebendo com mais histórias!! 
Até a próxima! ♡♡

₍ 002 ₎  Não esqueçam de
favoritar e comentar. E, me
digam o que acharam do cap
aqui!

₍ 003 ₎ Tô ansiosa pra trazer
mais capítulos, então nos
vemos em breve. Bjnhs! ♡