CAPÍTULO NOVE
os capangas da bruxa

              A LUA CHEIA AO CENTRO DO CÉU ESCURO OS acompanhou até a margem da estrada, era o mesmo local a onde o carro de Peter havia caído, alguma coisa afetou Sam ali, depois do acidente.

Na porta traseira da ambulância, Kate se aprontava para entrar na floresta, ajustando uma lanterna com um equipamento em torno de sua testa, oferecida por Josh. Todos fizeram o mesmo em seguida, exceto Deena e Sam.

──   Não acredito que vão usar isso.   ──   Johnson rebateu.

──   E eu não acredito que você se recusa a usar quando a gente tá no meio da floresta com maníacos mortos atrás da gente.

──   Tá parecendo um dos mineradores de Sunnyvale, mas ainda continua gata!   ──   Serena a elogiou.

──   Que que é isso, hein? Agora elas trocam até apelidos carinhosos, viu só, Josh? Há um minuto atrás elas tavam se matando, não é não?   ──   Simon riu.

──   Eu já saquei qual é a dela. A Ena gosta de fazer as pessoas se sentirem constrangidas...  ──   Schimidt puxou um fio de cabelo da loira, o enrolando na ponta de seu dedo, na esperança de fazer o mesmo com ela   ──   Que gracinha! Pena que nada me abala...

──   Tá, vamo logo, antes que cês comecem a se pegar e um monstro bizarro apareça do nada.   ──   a cacheada interrompeu.

──   Aí, nem vem, aposto que tá falando de você mesma, não sou eu quem tá morta de saudades pra dar uns pegas em uma certa pessoa aqui.   ──   a mais baixa empurrou o ombro de Deena, que apenas respondeu:

──  Vai pro inferno!

Adentraram em fileiras para o interior da floresta, Sam mais a frente de todos, sentindo uma breve vertigem ao caminhar por aquela parte novamente. Assim que se afastaram da estrada, a ambulância oscilou suas luzes, apagando por um instante, algo parecia estar vindo até eles, uma sombra em meio a escuridão. Iluminando a terra vermelha e fofa abaixo de seus pés com as lanternas presas aos topos de suas cabeças, avistaram a máscara da fantasia anterior próxima ao carro, diante da pedra, o qual não havia sido removido até o momento. E pela primeira vez, Serena sentiu uma estranha sensação fisgar seu estômago, como se estar pisando sobre aquele local a fizesse se ver ainda mais perto da morte, era como se sussurros desesperados a perseguissem.

──   Tá, eu caí do carro... Aqui.   ──   Sam começou, repetindo o que fizera   ──   Eu me arrastei, com o nariz sangrando. Aí...   ──   ela paralisou, ao afundar a mão na terra   ──   Senti alguma coisa...   ──   disse, puxando algo, estava saindo do interior do barro, um metal, longo e trançado.

──   Correntes?   ──   Kate questionou.

──   Não só correntes.   ──   Simon constatou quando começou a cavar com os dedos, descobrindo um crânio antigo.

──    Puta merda... É a...   ──   Serena foi incapaz de completar, sentindo um longo arrepio na espinha.

──   Deus do céu!   ──   mesmo Josh parecia surpreso.

──   Tá de brincadeira!   ──   Kate prestou atenção no que ocorria.

Aquelas correntes estavam em volta de partes de ossos bastante desgastados, cruzadas e com uma fechadura central, nela encontrava-se escrito:

──   Fier.   ──  o garoto leu em voz alta  ──   É ela. É a cova dela.

──   Ah não, não cara, isso é ruim... Isso é ruim demais!   ──   Simon choramingou novamente, pensando que a três dias atrás era só um adolescente normal e que a coisa mais terrível que poderia lhe acontecer era uma possível overdose, que nem ao seu irmão.

──   É por isso que a bruxa tá puta com a gente, eu também estaria, a Sam mexeu na cova dela.   ──   Kate semicerrou os olhos em direção a Fraser.

──   Agora ela vai mandar os capangas atrás da gente.   ──   Josh constatou baixinho.

──   Capangas? Então todos aqueles malucos da sua parede vão vir atrás da gente?   ──   Schimidt questionou, apavorada.

Serena não conseguia se pronunciar, nenhuma palavra saia de seus lábios,  tocar naquela terra a deixou tonta, um vento se arrastou até ela, balançando as folhas no chão e nas árvores, o mesmo vento de quando tentava atirar naquele coelho, foi aí que um sussurro perturbador atrás de seu ouvido se externou e atravessou sua mente:

──   Veja!.... Veja! É você... Você precisa ver... Veja!!   ──   aos poucos o tom aumentou.

──   Ouviram isso?   ──   ela olhou ao redor, interrompendo os gritos em sua cabeça, tinha certeza que era a voz de uma mulher.

──   O quê?... ──  Kate ficou preocupada  ──   Viu alguma coisa?

A Goode não soube o que fazer, por um instante seus olhos embaçaram e os galhos ao redor tornaram-se brancos, se vendo cercada por almas penadas, dezenas de pessoas mortas a sua volta, havia sangue em seus rostos e por suas roupas, ela entalou o grito na garganta, abaixando a visão. E ao encarar o ambiente novamente, junto de sua respiração descompassada, percebeu que haviam sumido, todos eles, restando apenas seus amigos e que tudo estava normal como de costume.

──   Cê tá legal?   ──   a morena insistiu   ──   Parece estranha desde que chegou...

A jovem só assentiu.

──   Pera aí!   ──   Simon parecia ter tido alguma ideia maluca após muito tempo em silêncio   ──   Ela tá brava porque a gente mexeu no túmulo dela, não é isso?

──   É, e daí?   ──   Deena questionou, suada e impaciente.

──   Como e daí? Vamos desmexer, vamos devolver os ossos dela, enterrar direito e deixar ela descansar.

──   Isso é tão idiota!   ──  a cacheada balançou a cabeça.

──   É genial!   ──   Josh rebateu, encontrando surpresa no olhar de sua irmã.

──   Sim! Tipo no Poltergeist!...   ──    Serena finalmente recobrou os sentidos.

──   Isso mesmo, gatinha!   ──   confirmou.

──   Tá, que seja. Vamo fazer isso rápido e sair daqui.   ──   Kate estava impaciente, eles haviam ouvido um barulho de galho quebrando na floresta, o que devia ser, no mínimo, preocupante.

Serena, Simon e Kate, com a ajuda de Sam, começaram a abrir espaço no terreno diante deles, a Johnson caminhou até o carro, vendo o que tinha sobrado dentro dele.

──   Deena! Ei, Deena! Vê se acha alguma coisa pra embrulhar os ossos dela...    ──   o Kalivoda alertou.

Então a garota optou por pegar a jaqueta de Peter, era quente e iria caber tudo ali dentro, assim que levou a parte de cima do uniforme esportivo do garoto até o chão, no meio do semicírculo que formavam, Sam que estava ao seu lado, sentiu seu nariz escorrer e sangrar novamente, algo a estava deixando irregularmente aflita.

──   Gente, eu acho que tem alguém na floresta...   ──   o garoto que estava em pé, procurava por alguma coisa na imensidão, mas com muito azar não encontrariam apenas um animal.

Foram rápidos em embrulhar os ossos da bruxa dentro da jaqueta do rapaz, em alguns minutos a cobriram também, usando a mesma terra macia e púrpura que haviam bagunçado antes.

──   Pronto! Pronto.... Desculpa!....    ──   Simon praticamente abraçou o perímetro.

──   Deu certo?   ──   Kate perguntou com curiosidade, recebendo o silêncio como resposta.

Josh procurou mais uma vez, a quietude do lugar agora estava sendo pior que qualquer suspiro ou passo desconhecido, quando o moreno jogou o feixe de luz para a esquerda, uma respiração frenética o seguiu, viu um homem correr em sua direção, mas assim que desviou dele, aquela coisa continuou a correr adiante, como se não tivesse notado sua presença. Ele segurava um machado grande e tinha um saco de batatas na cabeça, assim que se deram conta de que o mesmo não pararia até acertar alguém, correram novamente para a margem da rua, onde a ambulância estava, foram o mais rápido que conseguiram, o desespero aflorou em suas veias, o monstro parecia ter sede de vingança.

Kate não pensou muito ao assumir o volante, apenas acelerou, enquanto seus colegas se sentavam na ambulância, trancando a porta.

──   Era o assassino do Acampamento Nightwing!   ──   o Johnson assimilou.

──   Isso não deu certo!   ──   Schmidt gritou.

──   É, talvez porque, não seja que nem nos filmes, tá? Não é só botar os ossos pra descansar...   ──   Deena pegou um pano do estoque e o entregou a loira.

──   Devia ter funcionado, sempre funciona!   ──   Simon dava leves batidinhas em sua cabeça, desesperado.

──   Eu entendo ela.   ──  Serena denotou   ──   É claro que a Sarah Fier ficou puta, eu também ficaria se vocês enrolassem meus restos mortais na jaqueta do Peter!

──   Talvez seja a mão decepada.   ──   Josh argumentou.

──   Grande bosta! Isso não faz diferença. Como eu faço pra não morrer?   ──   Kate estava claramente a um passo de surtar.

──   A gente!  ──   o loiro corrigiu   ──   Como a gente faz pra não morrer? Eu tô olhando pra você, ô nerd da bruxa!

──   Olha, eu não sei...   ──   por mais que o Johnson mais novo tentasse, havia algo que não se encaixava naquela história.

──    Não é a gente que eles querem.    ──   Sam revelou, com uma profunda tristeza   ──  Sou só eu.

──   O quê?!   ──   Deena se espantou.

──   Eu vi, de novo. A bruxa, ela... Eu mexi no túmulo dela ... Ela me quer.   ──   abraçou o próprio corpo ao dizer aquilo, não sabia porque algo tão grave tinha de acontecer com ela.

──   É...  ──   foi como se uma lâmpada houvesse acendido na mente de Josh   ──   O Nightwing passou reto por mim, eu sai da frente e foi como se ele nem tivesse me visto. Ele foi atrás dela!

──   Gente, não. A Ruby atacou o Simon, e a caveira veio atrás da gente, enquanto vocês tavam com as meninas!   ──   a cacheada mencionou.

Então a ambulância freiou bruscamente, fazendo com que batessem suas costas, Kate se ergueu do banco onde estava, caminhando para trás do transporte, encarando os amigos, ela tinha um ponto válido a ser explicado.

──   Não. Não veio. O Máscara de Caveira não ligou pra gente, ele queria isso!  ──   ela agarrou o zíper de Simon e abriu seu casaco, revelando o sangue da garota ainda presente ali   ──   O sangue da Sam!

──   Mas que porra?!...   ──   a Johnson reagiu, considerando aquilo bizarro.

──   É... Foi isso mesmo! Foi da batida quando a Sam menstruou pela boca, cara... É que nem no " Tubarão", eles sentem o cheiro de sangue. A Kate tá certa, quando a gente achou o esqueleto, ele tava cheirando a minha camiseta que nem um tarado numa loja de calcinhas!

──   É, mas ele foi na nossa casa também... 

──   Deena...   ──   Kate olhou para o tênis dela, a incentivando a fazer o mesmo, ele estava manchado pelo mesmo sangue.

──   A Sam sangrou nos ossos dela e agora a bruxa quer mais do sangue dela...   ──   Simon lembrou

──   Tá, e o quê eles fazem com o tubarão?   ──   a garota indagou, assustada.

──   Bom, eu aposto que eles não foram nadar pelados juntos com a droga da isca!   ──   Kate respondeu.

──   Ela não é isca!  ──   Deena  retrucou.

──   Sim, ela é. Sério, se for isso e eles tão atrás dela...   ──    Josh contrariou, com sangue nos olhos   ──   Vamo dar pra esses putos o que eles querem!

──   Só que tem uma coisa...   ──   Serena se lembrou do que havia ouvido na floresta e achou melhor dizer logo   ──   A bruxa, ela também falou comigo.

──  Mas que porra?... Você é médium por acaso?   ──   Simon a encarou de um jeito bobo, brincando com a frase em questão.

──   Não. Claro que não!

──   E ela te disse o quê exatamente?!    ──  Schmidt sentiu seu coração disparar.

──   Ela me pediu pra ver...

──   Ver? Como assim? Ver o quê?   ──   o Johnson parecia interessado em resolver os acontecimentos.

──   Eu não sei, talvez esteja tentando se comunicar...   ──   a Goode raciociniou.

──   Não, ela tava tentando matar a gente! E agora ela quer a Sam. E eu não vou deixar aqueles merdas pegarem ela!   ──   Deena a defendeu.

──  Ela não pareceu puta com a Ena, eles não a atacaram diretamente...   ──    a mais baixa relatou.

──   É, mas quem sabe, talvez seja porque ela não tenha sangrado na porra dos ossos...   ──   o loiro se atentou.

──   Ou talvez porque ela nasceu em Sunnyvale. Perfeita e intocável...  ──   a cacheada proferiu.

──   Bom, pelo jeito, precisamos partir pro " plano B".    ──   Kate tomou seu lugar a frente do volante.

──  E temos um "plano B"?   ──   Simon se sentiu confuso.

Seria muito bom que tivessem um.

₍ 001 ₎ Oie gente, cheguei!
Trouxe mais um capítulo
pra vocês, espero que
tenham gostado ! ♡

₍  002 ₎  Não esqueçam de
favoritar e comentar. E, me
digam o que acharam do cap
aqui!

₍ 003 ₎ Tô ansiosa pra trazer
mais capítulos, então nos
vemos em breve. Bjnhs! ♡