prologue

𝗣𝗥𝗢́𝗟𝗢𝗚𝗢
❝ dollhouse ❞

Muitos acham que a vida de Serena Crawford é perfeita, até mesmo por um tempo a própria também achava. Filha do vitorioso Jayden Crawford, que venceu a quadragésima oitava edição dos Jogos Vorazes aos dezessete anos. Jayden era um ótimo pai no começo, sempre cuidou bem de Serena, porém era um péssimo marido para a sua mãe, Claire. É claro que a mais velha achava que o seu relacionamento com o homem era perfeito, mas só Serena sabia o que ele fazia quando sua mãe dormia profundamente. A Crawford estranhava o fato de Claire ter sonos tão pesados e ela logo descobriu o porquê. A mesma tinha em torno de cinco anos de idade, já era bem tarde da noite e a pequena resolveu ficar na sala vendo algum desenho já que não conseguia dormir. Foi quando seu pai chegou em casa, mas ele não estava sozinho, estava com outra mulher. Imediatamente Serena estranhou. E quando seu pai a viu na sala, ele se aproximou dela.

—Vai ser o nosso segredinho, tudo bem? Não conte para a sua mãe. Não queremos ver ela chateada, não é?

A mais nova assentiu com a cabeça, e então os dois foram para o andar de cima.

Tudo o que Serena queria era contar para a mãe, ela tentou, e muito, porém nunca teve coragem, tinha medo de estragar a família que tinha e de deixá-la chateada, por isso guardou esse segredo. Se ela não contasse, sua família ainda continuaria perfeita. Certo? Errado!

Quando sua mãe ficou grávida sem planejamento de seus irmãos mais novos, seu pai mudou drasticamente. Por causa de algumas companhias do Distrito, ele começou a beber compulsivamente e chegava bêbado em casa todos os dias. No começo ele só gritava com as duas e ficava apenas por isso, mas depois que seus irmãos gêmeos, Percy e Sean, nasceram, as discussões foram levadas a outro patamar. Depois de dois meses, sua mãe descobriu que ele a traia, não só uma vez, mas muitas vezes. E que o motivo de seus sonos pesados era porque ele colocava remédio para dormir nas bebidas de sua mãe, para conseguir fazer o que fazia. É claro que aquilo a deixou completamente irritada. Seu pai havia acabado de chegar em casa e aparentemente ele estava sóbrio o suficiente para sua mãe tirar satisfações com ele, mas é óbvio que ele estava completamente bêbado. Eles discutiram aos berros. Sua mãe o xingava sem parar e seu pai gritava com ela de volta. Foi quando o mais velho levantou a mão e deu um tapa tão forte no rosto de sua mãe que ela até caiu no chão.

Foi a primeira vez que seu pai bateu em sua mãe.

Após isso, sua mãe deveria imediatamente pedir o divórcio e viver apenas ela com Serena, Percy e Sean, mas apesar disso, Claire amava Jayden, mas amava ainda mais o seus filhos, e não queria que eles crescessem sem o pai. Por esse motivo ela não fez.

É meio óbvio que depois do que aconteceu que as coisas na casa dos Crawford iria piorar. Tudo irritava o seu pai, até mesmo um pequeno choro de um dos meninos, e ele sempre descontava em sua mãe. Na frente das pessoas, eles eram a família perfeita, mas os bastidores era bem diferente do grande show. É claro que com o tempo ele não se contentou apenas em espancar sua mãe e logo começou a descontar a sua raiva em Serena também. E tudo isso por coisa simples que aconteciam, quando a janta atrasava, quando algum dos meninos deixava alguma pequena bagunça na sala, tudo era motivo de discussão a ponto de partir para a agressão. Pelo menos se elas evitassem errar, as agressões iriam parar. Certo? Errado! Completamente errado!

Elas tentavam de tudo para não começar uma discussão, mas até mesmo quando não faziam nada de errado elas apanhavam, a agressão só não chegou para os meninos porque Serena sempre se colocava a frente deles para protegê-los. Seu pai nunca encostou um dedo em Percy e Sean.

Mas um dia, as agressões foram longe demais. Sean sem querer acabou esbarrando na adega de seu pai, o que ocasionou em todas as suas bebidas caras vinda da Capital se encontrarem com o chão. Para o pequeno garoto não receber a punição, sua mãe assumiu a culpa em seu lugar, o que foi uma péssima ideia. Serena nunca viu seu pai com tanta raiva quanto naquele dia. Ele batia sem parar em sua mãe com qualquer objeto que pudesse, cinto, sapato, até mesmo com uma vara de pesca. A pequena Serena de onze anos tentou impedir de qualquer jeito, o puxando para longe, dando socos em suas costas, mas nada deu certo. Serena viu sua mãe morrer pelas mãos de seu pai. Pelas mãos daquele que deveria cuidar dela, que deveria a amar como todo o seu ser. O pequeno Sean de cinco anos chorou de culpa a noite inteira. Se ele tivesse assumido, sua mãe ainda estaria viva.

É claro que se antes a vida de Serena era o completo inferno, após a morte de sua mãe tudo piorou. Agora ela apanhava duas vezes mais e tudo caia para cima dela. A loira acabou encontrando refúgio em uma das praias do Distrito 4, ela sempre está lá junto com seus irmãos, longe do seu pai. Mas quando chegava em casa, o pesadelo começava. Serena tentava esconder os hematomas e machucados que Jayden causava com maquiagem e roupas longas, mas nem sempre funcionava, sempre tinha alguém na escola para perguntar: "nossa, o que aconteceu?" "Está tudo bem? Você está com alguns hematomas" e é claro que ela nunca respondia. Os melhores dias da vida de Serena era quando o pai ia para a Capital ser mentor dos tributos do Distrito 4, ela ficava em paz por pelo menos algumas semanas.

Percy e Sean consideravam Serena uma ótima irmã, já que desde a morte de sua mãe, ela foi a figura materna e paterna de ambos, já que Jayden não era um bom pai. Eles dois eram o motivo da Crawford ainda estar viva e aguentar tudo aquilo, ela vivia aquele inferno para cuidar deles, para que seu pai nunca encoste em um fio de cabelo dos dois. Serena prefere ser espancada no lugar dos seus pequenos, ela os protegia com unhas e dentes.

Quatro anos se passaram e eles ainda viviam naquele inferno. Serena e os gêmeos nunca ficavam em casa, só chegavam quando o pai já estava desmaiado de bêbado. Seu novo lar era a praia, eles amavam aquele lugar, era seu lugar de paz, nada dava errado ali. Enquanto eles estavam lá, era como se eles estivessem no paraíso.

—Percy! Não vá para o fundo do mar! — gritou Serena quando viu Percy indo para mais longe no mar.

Os três estavam na praia, como todos os dias. O dia estava ensolarado e o clima estava bom, nem tão quente e nem tão frio, estava uma temperatura agradável. O som das ondas era como músicas em seus ouvidos. Serena ficava na beira do mar enquanto via Percy e Sean brincando na água. A loira não acreditava que os dois já tem nove anos, parece que foi ontem que ela viu aquelas cabeleiras loiras nascendo. Ela ama aqueles meninos, eles são os bens mais preciosos dela.

—Nena! — ouviu Sean gritando seu apelido e correr em sua direção com as duas mãos juntas, indicando que estava segurando alguma coisa. — Eu achei mais conchas para a nossa coleção. — ele mostrou as conchas que havia pegado. Eles haviam começado uma coleção de conchas, era algo que eles gostavam de fazer. — Tem uma que é parecida com a que você tem em seu medalhão. — o mais novo mostrou a concha para a mais velha.

Serena pegou a concha e a olhou. Era realmente parecido com a concha que havia em seu medalhão, o medalhão que ela nunca tira. Desde pequena ela tem esse medalhão, foi um presente de sua mãe. Era um medalhão dourado com uma concha, também dourada, essa concha pode ser aberta, e dentro dela havia uma foto da sua mãe com o seu pai, porém após a morte dela, Serena jogou a foto fora, já que agora ela sabe que eles nunca foram um casal perfeito. Prefere ter apenas as lembranças de sua mãe nesse medalhão. Era como se ela estivesse com a mais nova quando estava usando o medalhão.

—Nena! — ouviu a voz de Percy se aproximando e olhou em sua direção, ele corria até onde os dois estavam com a mão fechada. — Olha o que eu achei. — ele abriu sua mão, revelando algumas pérolas, essas que são um pouco diferente das pérolas que ela está acostumada a ver. Essas são meio acinzentadas. Será que havia um motivo para elas serem diferentes? Isso vamos descobrir mais para frente! — Elas vão dar para fazer as pulseiras? — perguntou.

—Olha, Percy, acho que não, visto que não tem onde colocar o fio. — disse olhando para as pérolas. — Mas, acho que se encontrarmos algo para usar elas como miçangas pode dar certo.

Além da coleção de conchas, os três gostam de fazer pulseiras com as pérolas que encontram na praia. Era uma forma de distração para os três, e eles amavam. Os três irmãos criaram uma pulseira da amizade, como uma forma de união, nenhum dos três tiravam a pulseira por nada nesse mundo, é a lei dos irmãos que eles mesmos inventaram.

Ao ver que estava ficando tarde e calculando o horário já seria a hora que seu pai já estava caído de bêbado no chão da sala, Serena achou melhor os três voltarem para casa. Eles pegaram suas coisas e foram até a Aldeia dos Vitoriosos. O que Serena não esperava é que seu pai estava acordado, apenas esperando eles três aparecerem em casa.

—Olha só quem resolveu aparecer. — disse com uma voz irônica. Ele estava com uma garrafa de vidro em mãos. — Onde vocês estavam? — agora sua voz era irritada.

—Estávamos na praia. — a garota respondeu.

—Fazendo?

—Ficando o mais longe o possível de você. — murmurou Percy apenas para ele mesmo, mas Jayden ouviu o que ele disse.

—Como é? — ele começou a se aproximar de Percy. — Repete se você tem coragem!

Serena conhece seu irmão, sabe que ele não tem papas na língua, se for para falar ele fala. O que pode ser um grande problema dependendo da situação.

—Foi isso mesmo que ouviu, estávamos ficando o mais longe o possível de você! — ele disse em alto e bom som. — Acha que gostamos de ter um pai como você? Você deveria cuidar da gente e não nos tratar desse jeito!

Se antes seu pai estava irritado por eles não voltarem para casa, após a fala de Percy ele ficou dominado pela ira. Jayden levantou o punho pronto para dar um soco em Percy, mas Serena rapidamente segurou seu pulso e empurrou Percy para atrás de si.

—Não ouse encostar um dedo nele! — disse elevando o tom de voz. — Ele só está falando o que Sean e eu não temos coragem de falar! Você matou a nossa mãe, a pessoa que você deveria amar! Tudo isso por culpa dessas malditas bebidas que você bebe!

O alvo de Jayden havia mudado, agora não era mais Percy e sim Serena, ele ergueu a garrafa em sua mão e bateu em seu rosto com certa força, o que fez a loira cair no chão por causa do impacto. Sua mão foi para onde a garrafa a acertou, a parte esquerda de seu rosto. Seu pai agarrou seu braço com força e a jogou contra a parede, a fazendo cair no chão. O mais velho pegou o cinto que estava pendurado na parede e começou a desferir golpes na garota, além desses golpes com o cinto ele a chutava com força. Serena gritava e se contorcia de dor a cada vez que ele a batia. Já devia estar acostumada, não é? Isso acontece sempre. Mas não era a dor física que a incomodava e sim a dor em seu coração, como um pai pode fazer isso com a própria filha? Ela vai ter o mesmo destino de sua mãe, ela já está esperando isso. E tudo o que a Crawford implora é que se ela morrer que o pai não faça a mesma coisa com os seus pequenos.

—Pai! Para com isso! — Percy gritou e começou a dar socos fortes nas costas do mais velho para tentar fazê-lo parar de bater na irmã. Ele tentava o puxar para longe, mas Percy não era forte como o pai, não tinha força o suficiente para afastá-lo.

Enquanto isso, o pequeno Sean estava confuso, sem saber o que fazer. As lágrimas começaram a cair do rosto do garoto, ele não ia conseguir ajudar o irmão a afastar o pai da irmã, por isso ele fez o que era mais sensato de fazer: correr e pedir ajuda a primeira pessoa que aparecer. Sean saiu correndo pela Aldeia dos Vitoriosos até que viu um garoto loiro entrando na Aldeia, aparentemente com uns dezessete anos. Ao ver o pequeno garoto de nove anos chorar desesperadamente fez com que o mais velho ficasse preocupado.

—O que houve garotinho? — perguntou preocupado.

—Por favor, me ajude! — Sean disse em prantos, o que fez Finnick Odair ficar mais preocupado. — M-Meu pai, ele vai matar a minha irmã, por favor me ajude!

O pequeno puxava o garoto desesperadamente até sua casa. Eles correram até a residência dos Crawford. Percy ainda tentava puxar o pai enquanto Serena era espancada pelo mesmo. Sem pensar muito, Finnick pegou uma cadeira e bateu na cabeça do homem, este que perdeu a consciência e caiu no chão, que estava coberto de sangue de Serena. Odair colocou a cadeira no chão enquanto Percy e Sean verificavam a irmã. Sua cabeça estava coberta de sangue, e havia ferimentos pelos seus braços e pernas. Ela não se mexia, nem mesmo se contorcia de dor como estava se contorcendo. Poderia significar duas coisas: ou ela morreu assim como sua mãe ou perdeu a consciência. As dúvidas foram tiradas quando Sean mediu seus batimentos cardíacos e viu que eles estavam funcionando.

—Ela precisa de um médico. — disse o loiro mais velho.

—Não, Serena não vai gostar. Ninguém sabe o que acontece aqui. — diz Percy. — Vamos levá-la para o quarto, Sean vai cuidar dela.

O mais novo acabou aprendendo a cuidar dos ferimentos da irmã ao ver que Percy não tinha estômago para lavar e fazer suturas em ferimentos, e como para todos sua família é perfeita, Serena não gosta de ir para o médico do Distrito 4 para não ter fofoca. É um dom que apenas Sean adquiriu com o tempo, mesmo tendo apenas nove anos.

Finnick não concorda com aquilo, a garota precisa de um médico e ainda precisa fazer algo contra o pai, mas preferiu seguir o que Percy disse. Odair cuidadosamente pegou Serena no colo e foi guiado pelos meninos até onde é o quarto da mesma. Ele a colocou na cama e logo Sean foi pegar o kit de primeiros socorros, ao voltar para o quarto, começou a cuidar dos ferimentos da irmã.

—Obrigado, Finnick Odair. — agradeceu Percy. — Mas por favor, não conte isso para ninguém. Isso deve ser deixado apenas aqui em casa.

—Certo. — ele assentiu com a cabeça. — Se precisarem de ajuda, minha casa é depois de duas casas do outro lado.

Percy agradeceu novamente e Finnick foi embora da casa deles. Horas se passaram, um dia se passou, e nada de Serena acordar. Dois dias depois ela finalmente abre os olhos. Mas tem um porém, por causa do golpe em sua cabeça, ela não se lembra do que aconteceu, tudo o que se lembra é de quando ela chegou em casa com os meninos. Nada mais depois disso. Para preservar a saúde mental da irmã, os meninos decidiram não contar sobre o ocorrido. Pelo menos por enquanto.

No dia seguinte, ela e seus irmãos foram para a escola. Após deixar seus irmãos em sua sala de aula, Serena começou a caminhar até a sua quando uma voz a chamando a fez parar de andar.

—Serena, oi! — disse Finnick Odair. A loira estranhou no mesmo instante. Por que ele falaria com ela? — Está tudo bem? Está melhor depois do que seu pai fez com você?

A Crawford arqueou a sobrancelha desconfiada. Por que ele está perguntando isso? Por que ele está se intrometendo em sua vida sendo que nem são ao menos conhecidos? Serena odiava pessoas que perguntavam sobre sua vida, todas elas. A loira prefere manter a imagem de família perfeita que os Crawford tem. Ela não quer olhares de pena sobre ela se souberem a verdade, se eles realmente descobrirem o que acontece por trás das cortinas. Ela se recusa a ser tratada como uma coitada, como uma fraca. Odiava isso, odiava até mesmo os olhares de pena de seus irmãos mas eles são a única exceção. Então, ao invés de o responder, ela apenas virou as costas e voltou a andar até sua sala. Muitos podem achar isso mal educado de sua parte, dar as costas para um vitorioso dos Jogos Vorazes e ainda por cima o queridinho da Capital, isso a deixaria com fama de mal amada, mal educada. Mas antes ser vista como mal educada do que como coitada e fraca, isso é fato.

É claro que tudo tinha que piorar. Três dias depois veio a Colheita, o evento mais esperado por alguns e completamente menos esperado por outros. Serena tem seu nome apenas quatro vezes na urna, já que não precisa das tesseras, afinal, por que precisaria? Seu pai é um vitorioso, sempre teve comida em abundância e o melhor dos confortos. Claro que ela preferia ser pobre e com um bom pai do que rica com esse pai péssimo que ela tem. Serena tem boas memórias com o pai, claro que tem, antes de sua mãe engravidar dos gêmeos ele era o pai perfeito, tanto que até a treinou um pouco em como sobreviver aos Jogos Vorazes caso ela fosse para a arena. Mas o pai perfeito que antes existia não existe mais. Agora tudo o que existe é um homem bêbado e agressivo. Aquele não é seu pai, não mais.

Foi um choque quando seu nome foi anunciado na Colheita. Como isso era possível? Seu nome estava apenas quatro vezes, não tem a menor possibilidade dela ter sido sorteada. A sua maior preocupação foi com seus pequenos, se ela morrer, eles vão sofrer nas mãos do seu pai, já que ela não vai estar lá para ser o bode expiatório dele. Mas ela sabe sobreviver, ela tem cartas na manga que ninguém espera.

Vocês se lembram daquelas pérolas diferentes que Percy encontrou na praia? Pois é, aquela é a carta que ninguém espera. Há uns dois dias atrás, Serena descobriu que as pérolas não são pérolas qualquer, e sim pérolas explosivas, como pequenas bombas, mas diferente de pequenas bombas, essas sabem fazer um grande estrago se forem jogadas com certa força. Aí vocês se perguntam, como ela descobriu? Ela caminhava pela praia do Distrito 4 quando pegou uma pérola e começou a jogar no ar e a pegar com a mão, mas uma hora essa pérola acabou caindo no mar um pouco longe dela, o que ocasionou em uma explosão, por sorte a explosão não foi forte, mas se caso ela jogasse propositadamente com força, poderia ter ocorrido uma espécie de tsunami na praia ou ela estaria em chamas. Foi uma sorte enorme isso não ter acontecido, no entanto, ela pode usar isso a seu favor na arena.

E assim foi. Serena Crawford pode não saber muitos golpes de luta, ou ao menos segurar uma arma, mas ela tem tudo o que pode conquistar o público: um rosto bonito, e o fato de ser filha de um Vitorioso. Ela sabe nadar, sabe pescar, e o principal, sabe se esconder. Os patrocinadores se encantaram com a garota, Serena é linda, e isso fez com que ela recebesse várias dádivas na arena. Ela era como uma felina, sorrateira mas ao mesmo tempo exalava beleza. Ainda deu sorte da arena ser uma floresta tropical, o que facilitou em suas habilidades. Ela se escondeu, pegava sua comida no mar, até quando restou apenas um tributo. O garoto do Distrito 1, um Carreirista, aparentemente com uns dezoito anos. Ela não tinha chance contra ele, nem ao menos sabia lutar muito bem, como ia matá-lo? É claro que o público queria ver os dois lutando, isso é fato. Ela precisa voltar para casa, precisa voltar para cuidar dos seus irmãos. Então iria tentar lutar para matar o garoto.

Foi aí que ela teve uma ideia brilhante. Seu estilista havia colocado seu medalhão de concha, onde ela havia guardado as pérolas em seu pescoço antes dela ir para a arena. Mal sabem todos eles que esse objeto pode ser uma arma, uma arma que eles nunca iriam desconfiar. A loira pegou três pérolas em seu medalhão e quando o garoto estava distraído, ela lançou a pérola perto dele com força o suficiente para não causar uma explosão, mas sim uma distração. Assim que a fumaça distraiu o tributo, Serena saiu de seu esconderijo e usou os poucos golpes de luta que sabia, os golpes de luta que seu pai a ensinou. Ela se abaixou e deu um chute giratório no garoto, fazendo ele cair no chão. Quando a Crawford iria pegar sua lança, o Carreirista se levantou rapidamente e a prensou na árvore, a loira se debatia, e até dava chutes no garoto mas ele não a soltava.

—O que foi? O papai não te ensinou a lutar? — disse irônico. — O que ele vai achar quando eu matar a filhinha querida dele?

Bom, certamente ele vai agradecer, e ela também iria agradecer já que odeia o pai mais do que tudo e antes a morte do que viver com aquele homem.

Serena ainda havia duas pérolas na mão. E então outra ideia brilhante veio em sua mente, ela jogou uma discretamente por detrás do garoto, apenas para ter mais uma distração. Assim que o tributo se virou para ver o que aconteceu, a loira o chutou com tons a força que tinha. Ele não caiu no chão mas se afastou da Crawford, quando ele ia se aproximar de novo, Serena lançou a outra pérola em sua mão no garoto. Sua mira foi tão perfeita que a pérola acabou indo para dentro da boca do Carreirista, e foi questão de segundos quando ele caiu morto no chão, com os olhos abertos e com uma fumaça saindo de seus lábios. Serena Crawford foi dada como vencedora da Sexagesima Oitava Edição dos Jogos Vorazes, vencendo os Jogos com apenas quinze anos de idade.

Serena já havia conquistado o público com seu lindo rosto, e ao verem suas habilidades na água, ela foi nomeada como A Pequena Sereia, bom foi o que Caeser Flickerman disse em sua última entrevista, e para melhorar, seu estilista, Sawyer, havia feito Serena parecer com uma linda sereia, com seu vestido azul marinho e maquiagem da mesma cor.

Por parte a Crawford estava feliz por voltar para casa, iria ver seus irmãos e iria sair daquela casa visto que iria ganhar uma na Aldeia dos Vitoriosos. Mas as mais novas cicatrizes por causa dos Jogos Vorazes vão deixar sua vida mais complicada do que já era.

Quando completou dezoito anos, o Presidente Snow em pessoa a fez uma visita. É claro que ela estranhou, por que o presidente iria visitá-la? Aí está o motivo, por ser uma vitoriosa atraente e a queridinha da Capital, Snow pediu, na verdade em tom de ordem, que Serena vendesse o seu corpo, em outras palavras, ele queria que ela virasse uma prostituta da Capital. Óbvio que a Crawford recusou no mesmo instante.

—Está louco?! Vender meu corpo?! Está achando que eu sou o que?! — foi o que ela disse ao presidente.

Afinal, por que ela aceitaria? A maior riqueza que ela tem são seus pequenos, por que ela iria querer mais dinheiro? Tudo o que a garota queria era paz, e apesar das sequelas que os Jogos Vorazes deixou, agora ela estava em paz, não morava mais com o pai e só o via quando ia ser mentora dos tributos. Ela tem tudo o que queria.

É claro que o presidente Snow não ia deixar isso sair impune, ele não queria um não como resposta, e ainda mais que Serena o chamou de louco. É evidente que a Crawford iria receber a devida punição por isso.

Dois meses depois, Serena notou o desaparecimento do pai, na verdade foi quando Sean havia notado primeiro.

—Nena, o nosso pai sumiu, nunca mais o vi pelo Distrito. O que será que aconteceu?

Apesar da loira achar aquele desaparecimento muito bom, ainda sim era bem estranho. Jayden vivia nos bares do Distrito 4, e ele sumir de repente é bem suspeito.

Foi quando ela decidiu descobrir o motivo do desaparecimento do pai. Com certeza ele deve ter desmaiado de bêbado e ficado inconsciente por alguns dias, era bem a cara dele. Mas o que ela viu estava longe de ser um desmaio por causa de bebida. Ao chegar na casa do pai, ela o viu com a cabeça deitada na mesa e uma garrafa de bebida em mãos, o que fez a suspeita dela fazer mais sentido. Porém, quando ela tocou o pai para acordá-lo sentiu sua pele gelada. Novamente ela estranhou e quando ela viu seu rosto, imediatamente se assustou. Havia sangue seco que havia saído de suas narinas, seus olhos estavam bem abertos e arregalados, o rosto pálido e o que deu a resposta para o que ela imaginava, ele não respirava mais. Jayden Crawford estava morto. Mas, como? Não tem ferimentos, não tem indícios de que foi uma luta. Veneno, talvez? Mas veneno de que? Peixe? Como se não tem indícios de que ele comeu peixe? E então, ela olhou para um envelope em cima da mesa onde seu nome estava escrito. A loira pegou o envelope e o abriu, pegando a carta.

"Eu te fiz um favor, não? Ou você faz o que eu mando, ou os próximos a ter o mesmo destino do seu pai vão ser os seus pequenos."

Serena sabia quem enviou aquela carta, sabia que foi um aviso. Presidente Snow estava disposto a acabar com a sua vida se ela não fizesse o que ele mandou. Claro, realmente ele fez um favor em ter matado o seu pai, Jayden era irrelevante para ela. Mas sua preocupação maior foi seus pequenos. Percy e Sean não merecem morrer por causa dela, eles ainda tem muito o que viver.

E então, contra a sua vontade e para garantir a segurança de seus irmãos, Serena escreveu uma carta e enviou ao Presidente Snow, aceitando sua ordem. Estava preparada para o pesadelo que sua vida ia se tornar, mais do que ela já era.

Ato Um e Prólogo da fanfic postados! Peço desculpas pela demora de postar, mas como estou terminando Falling Like Snow (minha fanfic do Peeta) então estou focando mais nela para depois focar nessa🙂 além de que eu mudei boa parte do prólogo e espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu gostei💜

Vimos que nossa Serena sofreu tanto nesse prólogo🥲 e é só o começo!

Eu não sou acostumada a escrever fanfic em terceira pessoa, então peço desculpas se tiver algum erro.

A fanfic está de capa e de gráficos novos! A capa, o banner, os icons manips (foto deles dois juntos que usei no Ato Um e os outros vocês irão ver futuramente) e dois GIFs (que vocês irão ver nos próximos capítulos) foram feitos pela INCRÍVEL srwmoon! Muito obrigada pelo trabalho incrível Juju🫶🏻✨️

Peço desculpas se tiver algum erro ortográfico, tento ao máximo evitá-los mas tem vezes que passa despercebido.

Eu não sei quando o capítulo um irá sair, pode demorar um pouco.

Acho que não tenho mais nada para falar aqui e se caso eu tiver, eu falo no próximo capítulo😃

Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️

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