✶ capítulo oito : o fim também é um começo.
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A doca está vazia. Imaginaram que John B já teria chegado, levando em consideração que foram atrasados por diversos fatores, mas estavam errados. Ninguém comentou sobre Rafe, ou sequer se aproximaram de Isabela após o momento no armazém. Ela estava quieta, sempre encarando a distância e ajudando em silêncio, como se não estivesse verdadeiramente ali.
━━━━ Cara, cadê ele? ━━ Kiara pergunta, ansiosamente checando as ruas.
Parte de Sinclair também se preocupava. Não queria que tudo isso fosse atoa, afinal, descobriu coisas que não serão fáceis de esquecer. Como vai voltar ao normal depois disso?
━━━━ Espera um pouco. Ele vem.
━━━━ Ele está vindo. Vai ficar tudo bem.
Os meninos tentam, ainda positivos de que tudo daria certo. Porém, toda aquela esperança desaparece quando o som de sirenes se aproxima e um carro de polícia para, logo na frente deles. Os Pogues pulam pro barco, se preparando para fugir, mas — para a surpresa de todos — quem desce do carro é o Routledge.
━━━━ Não é possível.
━━━━ Que porra é essa? ━━ JJ rapidamente volta pra terra firme, sorrindo.
━━━━ Só pode estar me zoando! ━━ Pope concorda, tão alegre quanto os amigos.
O garoto vai até eles, estava exausto, fisicamente e mentalmente. Descobriu que ser um fugitivo não é tão fácil quanto os filmes fazem parecer, mas é grato pela ajuda dos amigos.
━━━━ Shoupe me deixou dar uma volta. ━━ Dá de ombros, um pequeno sorriso travesso nos lábios.
━━━━ Certo. Isso é plausível. Vou acreditar por enquanto. ━━ Carrera ri, correndo até ele e o abraçando.
Novamente, Isabela apenas assiste. Está tão perto da água que considera pular e se deixar afogar. Estava sozinha, de verdade. Será sortuda se ainda tiver a mãe no final disso tudo, se Stella for capaz de a perdoar por sumir de repente. Consegue sentir seu estômago revirando, sua garganta fechando, sua visão borrando. Chorou quando viu Rafe matar a xerife, e de novo quando o viu atacar os Pogues, e, mesmo assim, ainda quer chorar mais. A dor não foi embora. Mas Rafe foi.
━━━━ Não foi fácil, mas peguei a Phantom pra você, e ela corre como se fosse zero quilômetros. Está pronto? ━━ Maybank se gaba, mostrando o barco.
O moreno sorri, observando sua chance de escape. Ele, entretanto, não parece tão feliz quanto os outros Pogues.
━━━━ Cadê a Sarah? ━━ Pergunta, alternando o olhar entre os amigos e Isabela, mas ninguém sabe dizer. ━━━━ Nos separamos no pântano. Ela ia me encontrar aqui.
━━━━ Não a vimos.
━━━━ Não vou embora sem ela. ━━ Decide, balançando a cabeça.
Isabela queria sorrir, ficar feliz pela amiga que, aparentemente, encontrou um amor de verdade, mas não consegue. Apenas pensa na ideia de perder Sarah também. Não estava pronta para a deixar ir, na verdade, ela precisa da Cameron mais do que qualquer coisa agora.
━━━━ John B, olhe pra mim. Sei que se sente mal por ir embora, mas não há tempo. ━━ JJ o segura pelos ombros, forçando o amigo a fazer contato visual. Ele sentia uma certa culpa, mas a Princesa Kook não está em tanto perigo quanto o fugitivo Pogue. Todos sabem disso. Inclusive John B. ━━━━ Você tem muita gasolina e comida. Depois que passar do ponto, é uma linha reta até o Dismal Swamp. Quando chegar lá, seja discreto, tá? Fique um tempo lá e depois vá por terra. Atravesse a fronteira em Brownsville, entendeu? Ei! Entendeu?
A atenção de Routledge é recapturada, apesar do descontentamento no rosto dele. Não queria ir, abandonar a garota que ama nas mãos de um homem cruel e seu irmão assassino. Ela merecia mais. Eles mereciam mais.
━━━━ Sim, Brownsville.
━━━━ Prepare-se, caubói de água salgada. Vamos nessa.
Com a ajuda de Maybank, ele sobe no barco e deixa sua mochila. Estava preparado para ir embora, fugir do país e recomeçar sua vida enquanto tentavam desmascarar Ward Cameron. No fundo, ele sabia que as chances de dar errado são mil vezes maior do que o sucesso, mas não iria desistir.
Os pés de Sinclair ganham um pouco de força e ela se aproxima, queria garantir ao Pogue que cuidaria de Sarah, mas nenhum palavra surge em sua boca. Está tão acostumada em segurar a lingua, mas, agora, não sabe nem o que dizer.
━━━━ Sinto muito por ter nos jogado de um penhasco com essa caça ao tesouro. ━━ John B diz, lágrimas formando em seus olhos.
Dizer adeus é tão doloroso quanto não ter a chance de dizer algo.
━━━━ Ei, John B. ━━ O louro chama, puxando Pope e Kiara para um abraço em grupo. ━━━━ Íamos pular de um penhasco a qualquer momento. Ao menos fizemos juntos. Estilo Pogue.
Todos estão chateados, mas sabem que possuem um ao outro. Ao contrário de Isabela, que os assiste com lágrimas nos olhos. Ela não faz parte disso. Nunca fará.
━━━━ Estilo Pogue. ━━ John B sorri, concordando. Iria dizer adeus, entrar no barco de vez e sumir, mas notou Sinclair no canto, os assistindo. ━━━━ Ei, você também fez parte disso. Quem diria que as princesinhas Kooks seriam nossas grandes aliadas?
A garota é pega de surpresa, olhos brilhando em lágrimas quando encontram os de Routledge.
━━━━ É pra Sarah que deve agradecer, eu não fiz nada. ━━ Diz, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Não se sentia digna do agradecimento. Tudo o que ela fez foi atrapalhar a vida de todos aqui, em especial, a de Kiara.
━━━━ Isso não é verdade. Salvou a minha vida. ━━ JJ discorda, seu tom mais delicado do que o normal. Suas palavras surpreendem todos. ━━━━ E a do John B, agora.
━━━━ Talvez o estilo Pogue não seja tão ruim assim. ━━ Isabela brinca, um pequeno, quase invisível, sorriso em seu rosto.
A única que não compartilha a alegria com o grupo é Kiara, como já se era esperado. Talvez as duas nunca serão capazes de resolver o buraco entre elas, e aos poucos Isabela está aprendendo isso. É tudo culpa dela, é apenas justo que sofra as consequências.
━━━━ Sai daqui, John B, por favor. ━━ Carrera quebra o silêncio, sinalizando pro amigo ir embora.
━━━━ Nos vemos em dois meses no México.
━━━━ Amo você!
Routledge ri, mas concorda. Estava prestes a realmente ir dessa vez, porém, ele hesita outra vez. Sua mente fervia com coisas e palavras que deveria ter feito ou dito, e não consegue tirar sua namorada — não oficial — da cabeça.
━━━━ Espere um minuto. ━━ Diz, se virando para os amigos. ━━━━ Digam à Sarah que eu disse tchau, tá?
━━━━ Ela vai saber, John B. ━━ Isabela o consola, decidida.
Aqueles sentimentos românticos que ferveu pela Cameron desaparecem aos poucos, finalmente aceitando que não a teria jamais. Ela brinca com os próprios dedos, nervosamente os estralando. Disfarçadamente, Kiara a encara.
Os Pogues se desfazem brevemente do abraço, mas mantém seu foco no melhor amigo. Era difícil imaginar que estavam dizendo adeus.
━━━━ Não esqueça. Cruze a fronteira em Brownsville, certo?
━━━━ Entendi. ━━ John B concorda.
Ele pausa, respirando fundo antes de se sentar e dirigir para longe. O som da água e do motor do barco preenchem o vazio, até estar longe demais para ser ouvido. Acabou. Esse talvez seja o fim de tudo, inclusive dessa nova amizade.
Isabela caminha para o carro, não estava aguentando mais aquele ambiente choroso e pesado. Não tinha ninguém para a consolar e isso era doloroso. Atrás dela, JJ também vai, mas ele para quando escuta Pope e Kiara conversando, o que faz Isabela também parar. Os loiros assistem quando os dois se abraçam, resolvendo os problemas de mais cedo. A Sinclair não sabe se deveria ignorar ou ficar feliz que alguém soube se resolver com a cacheada, porém, sua dúvida morre quando os dois se beijam.
É como se o chão fosse areia movediça e, aos poucos, Isabela Sinclair está se afogando. Achou que não ligava mais, que a única coisa que sentia em relação a Kiara fosse culpa. Estava errada.
Mas ela não é a única machucada. Seus olhos esverdeados desviam da cena e encontram com os azulados de JJ, tão machucados quanto os dela. Quem sabe ele gostasse de Kiara. Quem sabe ele gostasse de Pope. Não há como Isabela saber, mas ela entende a dor, independente do porquê.
O momento, entretanto, é interrompido pelo som de sirenes.
━━━━ Pessoal, desculpem estragar a festa, mas temos que ir agora. Vamos! ━━ JJ avisa, chamando a atenção dos amigos.
Estão prestes a fugir, mas é tarde demais. O carro da polícia para, impedindo a passagem e os prendendo ali. Carrera é rápida em erguer as mãos e se render, e quando os policiais exigem que todos façam igual, o resto obedece.
━━━━ É tarde demais, ele já foi. Droga! ━━ Shoupe reclama, balançando a cabeça. ━━━━ Bratcher, mande seus homens pararem. Vou falar com esses jovens.
A quantidade de policias é alarmante, e Isabela sabe que se meteu em encrenca, mas agora é tarde demais. O — novo — xerife hesita ao vê-la, surpreso com a presença da Kook em meio a eles, se bem que, levando em consideração o que ocorreu com Sarah, está começando a imaginar que esses jovens não ligam mais tanto para a separação da ilha.
━━━━ Onde ele está? ━━ Questiona estressado, se aproximando dos adolescentes. ━━━━ Só me digam onde ele está! JJ, está fazendo jus ao sobrenome. Pope, e você? Isso não é a porra de um jogo! Façam a coisa certa, onde ele foi? Vamos, Isabela, você não é esse tipo de pessoa.
Mesmo assim, eles ficam calados. Estavam dispostos a sacrificarem sua liberdade por John B, pois sabiam a verdade. Ele é inocente.
━━━━ Vocês vem conosco. ━━ Shoupe decide, puxando os quatro para o carro.
A viagem é silenciosa e tensa, ninguém é preso, mas também não possuem outra saída. Por decisão do homem, Sinclair é colocada no banco do frente, o que alivia um pouco seu desconforto — ao menos assim ficaria longe de Kiara.
Em diversos momentos pensou em o impedir, mas não precisavam mais. O amigo estava a salvo à caminho do México agora, e não é o novo xerife que vai impedi-lo.
Porém, toda aquela certeza e confiança se esvazia um pouco quando chegam aonde Shoupe pretendia leva-los. Várias tendas policiais espalhadas, carros e viaturas cercando o local, agentes locais e desconhecidos trabalhando para encontrar o Routledge. É bom saber que a morte de Peterkin está sendo levada a sério, mas pensar que tudo isso é para prender um inocente e não o verdadeiro culpado deixa Isabela e os Pogues enjoados.
Os quatro são levados para dentro de uma das tendas, praticamente vazia, e guiados para as cadeiras no canto.
━━━━ Sentem-se. Não se mexam. Temos muito a conversar. ━━ Shoupe avisa, encarando os quatro com seriedade. ━━━━ Fique de olho nesses jovens.
Na distância, conseguem ouvir alguns homens falando no rádio sobre cercar a ilha para impedi-lo de fugir. A tempestade cresce lá fora, ajudando a ferver os nervos dos adolescentes. Estavam todos tensos e receosos, cada palavra que ouviam era motivo de se virar e rezar para que fosse mentira ou verdade, dependendo do que fosse dito. A Sinclair suspira, apoiando a cabeça em mãos. Pensa em Sarah, se ela encontrou John B e fugiu, ou se ficou para trás nessa ilha, sozinha em algum canto já que os quatro não conseguem deixar esse local.
Sinceramente, não sabe o que é pior. Que Sarah fique, ou vá embora. De qualquer maneira, sente que estará a perdendo. Em pouco tempo, a garota foi de Princesa Kook para namorada de um suposto assassino. Paz não vai ser algo que terão tão cedo.
O tempo que passam ali é sufocante e eterno. Talvez tenham sido horas, ou apenas minutos, mas é um inferno. Ninguém aguenta mais a tensão e medo, esperando ansiosamente por uma noticia, uma sequer, sobre seus amigos.
Até que Shoupe retorna, com dois policiais, todos vestidos com capas de chuva. Estavam encharcados, o que faz Isabela pensar nos amigos. Sozinhos naquela chuva em um barco de corrida.
━━━━ Vocês os encontraram? ━━ Pope pergunta, se levantando e indo até eles.
Seus amigos fazem o mesmo. Kiara praticamente cola atrás dele, olhando para Shoupe por cima dos ombros de Heyward, enquanto JJ e Isabela se mantém distanciados.
━━━━ Não.
━━━━ Então eles fugiram? ━━ Kiara é a próxima a perguntar, esperançosa.
O xerife hesita. Com essa tempestade, todos imaginaram o pior, mas a presença das autoridades trouxe uma pequena esperança — fé que eles seriam capazes de salva-los, ou que os dois escaparam.
━━━━ Nós os perdemos. Sinto muito.
Foi como se o mundo tivesse parado. Não, não foi. Na verdade, foi como se o mundo finalmente começasse a girar. Ele girava, e girava, e girava tão rápido que Isabela pensou que fosse desmaiar. Ficou ali, em pé, assistindo enquanto Shoupe dizia que sentia muito e que as buscas iriam continuar. Não se mexeu quando JJ atacou o xerife, o acusando de ter matado John B e Sarah, e não se mexeu quando a briga parou.
Estava sozinha, de fato. Tudo por qual sacrificou todos os dias foi embora em um piscar de olhos. Rafe se foi. Sarah se foi. Bebela se foi. Só sobrou a Miss Outer Banks, a garota que todos juram conhecer mas não sabem nem metade do que passa pela cabeça dela. Quem verdadeiramente a conhecia se tornou apenas memória.
De repente, os braços de Stella abraçam o corpo de Isabela e somente nessa hora ela percebe que os pais vieram buscar seus filhos. A maioria deles, pelo menos. Ela se permite ser abraçada, mas não retribui, não tem forças para nada.
━━━━ Eu sinto muito, meu amor. ━━ Stella sussurra, beijando a cabeça da mais nova. Estava morrendo de preocupação e sentia aliviada em ter a filha de volta, mas ao ouvir a noticia sobre Sarah foi como se tivesse perdido sua outra criança. ━━━━ Eu sinto muito mesmo.
Mas sentir não muda nada. E se mudasse, Sarah estaria viva.
━━━━ Eu não posso perder ela. ━━ Choraminga, ainda imóvel nos braços da mãe. Apoia sua cabeça sobre o peito de Stella, ouvindo o coração acelerado bater. ━━━━ Eu não posso, mãe.
Consegue ouvir os Pogues chorando e abraçando suas famílias, e aquilo apenas aumenta sua dor. Ninguém ali conhece a verdadeira Sarah. Ela morreu um segredo para todos, inclusive a si mesma.
Nunca imaginou que estaria questionando se Cameron conseguiu estourar de vez o plástico bolha. Será que ela ainda se sentia sufocada, quando a água do mar lhe cobriu os pulmões? Será que Sarah pensou na melhor amiga, antes de ter a vida ceifada?
Tantas perguntas. Nenhuma resposta.
━━━━ Não. Ela é tudo que eu tenho! ━━ Isabela se afasta, desprendendo-se dos braços maternos. ━━━━ Ela é tudo que eu tenho.
A mulher tenta a confortar, puxar de volta para um abraço e tirar toda aquela dor, mas não consegue. Sinclair se afasta da mãe, se virando para Shoupe com desespero no olhar. Aquele é o mesmo homem que costumava visitar ocasionalmente, que comprava brinquedos para Isabela e a ensinou que deveria ser sempre justa, ou a polícia a prenderia. E agora ele dizia que Sarah Cameron estava morta.
━━━━ Deve ter um erro. Alguma coisa... Vocês não podem parar de procurar! ━━ Pede, ainda chorando. Estava começando a se desesperar, seu tom de voz aumentando. ━━━━ Vocês não podem parar! E se ela estiver viva? Ela precisa de ajuda. Eu preciso dela.
A atenção dos Pogues é roubada pela cena, e os jovens todos se viram para ela. Não a conheciam tão bem, mas viram o mundo de Isabela cair duas vezes. A primeira vez, quando Rafe a traiu. Viram como o coração dela quebrou em pedacinhos, mas ela continuou os ajudando até o fim. Agora, presenciam uma cena que nunca pensaram que veriam. Isabela Sinclair estava perdendo a cabeça.
━━━━ Ela tem que estar bem! Isso não é justo! Eles não fizeram nada. ━━ Continua gritando, correndo os dedos pelas mechas de cabelo e tentando não surtar de vez.
Uma mão delicada se apoia sobre seu ombro, forçando a loira a se virar. Estava pronta pra gritar, pedir para a mãe fazer alguma coisa, mas a mão não pertencia a Stella Sinclair.
Kiara não diz nada, apenas encara a antiga melhor amiga. O tempo passou e ambas mudaram, mas elas ainda se conhecem. Carrera sabe e viu de primeira mão a amizade entre Sarah e Isabela, consegue entender o motivo para o surto da garota. Queria poder a ajudar, tirar toda aquela dor, mas não consegue. A raiva ainda existe, o sentimento de traição nunca foi embora, mas uma coisa é maior que tudo isso: o luto. E Kiara não vai deixar a antiga melhor amiga enfrentar ele sozinho.
Os braços da cacheada a puxam para um abraço forte, e, dessa vez, Sinclair retribui. O rosto da loira se esconde no pescoço da morena, encontrando conforto na outra. As duas choram, pela perda de Sarah e John B, pelas palavras que nunca disseram, pela amizade que perderam, pela raiva que nunca deixaram de sentir. Aquele era o jeito de Carrera de dizer que, apesar de tudo, ela estava ali.
E elas sabem que nada vai ficar bem. Que a perda vai doer para sempre, mas, ao menos, terão uma a outra.
Mais duas pessoas se juntam ao abraço, e não há dúvidas de quem são. Os quatro ficam ali, assustados e perdidos, mas não sozinhos. Fariam jus à John B Routledge e Sarah Cameron. Não deixarão que essas mortes sejam em vão.
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