𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟮𝟮
Aya olhava-o como se fosse um criminoso.
O caminho de volta para festa fora em suma baseado no silêncio mútuo entre os dois, mas ainda sim, com as consequências dos acontecimentos pairando na atmosfera. Agora mantinham-se em uma distância segura, em meio a tantas pessoas alheias ao que acontecera meras horas atrás. A madrugada cantava fervorosa, mas não tanto quanto a ferocidade a qual Aya o encarava.
Os dois não conversaram sobre o que aconteceria depois, não queriam, na verdade, estragar o momento com a dura veracidade que sabia que acometeria a química entre os dois. Preferiam manter daquela forma no momento, aproveitando as sensações ainda presentes no corpo de ambos.
Megumi ainda podia sentir as mãos delicadas o dedilhando feito um piano assim como as unhas pontudas arranhando sua nuca, dos lábios macios contra sua pele e agressivos contra sua boca, com gosto de vinho e chiclete de menta, o sabor de Aya o levava a um devaneio constante. Não conseguindo esquecer e muito menos se concentrar em qualquer coisa que não fosse a memória dela montada nele com os olhos tão calorosos entrando em combustão, Megumi tentava ao menos fingir que estava tudo normal. Que nada havia mudado.
Mas era difícil esquecer quando o olhar quente da garota o queimava feito fogo. Aya era naturalmente péssima em disfarçar, mas com álcool no corpo ficava quase que descarada, desviando o olhar algumas vezes antes de voltar a observá-lo de soslaio novamente. Ele vê Mahina a cutucando, como se perguntasse a ela o que havia de errado e Aya finalmente desvia a atenção dele para responder a amiga.
Megumi sentiu como se finalmente pudesse respirar, estar na mira de Ayame era de diversos ângulos algo tentador mas ao mesmo tempo assustador. Não sabia o que pensar ou que sentir. Porque algo claro que a garota deixou fora que mais que amigos eles não seriam, mas em nenhum momento fez parecer que aquela seria a última vez que se encontrariam daquela forma.
Isso era conflitante no âmago do garoto, pois sua vontade era fazer Aya sua, mas dentro daqueles termos subentendidos, Aya seria sua, mas em circunstâncias específicas e não definitivas. Era quase enlouquecedor o fato de que poderia ter ela novamente em seus braços, mas era quase pior saber que não poderia transmitir todo aquele sentimento, que seu coração teria de ser subjulgado a ser um mero segundo plano.
O mais assustador disso não era esconder suas verdadeiras vontades. Era saber que estaria disposto a abrir mão delas por Aya.
Um medo doloroso instalava-se em seu peito ao se dar conta de que estaria disposto a abrir mão de muitas coisas por ela. Coisa que prometeu a si mesmo que nunca mais faria por ninguém, mas estava louco, completamente fora de si por ela. Não poderia prometer nada a ninguém porque a dona das únicas promessas que faria tinha controle sobre ele.
E ele quebraria muitas promessas se essa fosse a vontade dela.
Isso era problemático e Megumi gostaria de tirar esse sentimento. Queria poder escolher não ser apaixonado por Aya. Queria esquecer que seu beijo era o mais doce que já havia provado na vida.
Mas quem ele queria enganar com essa afronta mentirosa? Ele sabia que conhecer Aya tinha sido uma das melhores coisas que aconteceram a ele, que mesmo sem a parte dos sentimentos, Aya era sua amiga. Uma amizade que não estaria disposto a perder por estar pensando com algo que não era o cérebro.
— Por que está com cara de quem quer matar alguém? - Megumi foi arrancado de seus devaneios pela voz embargada de Yuuji, claramente bêbado, mas não tanto ao ponto de esquecer quem era ou de formar frases desconexas.
— Só estou pensando. - queria matar a si mesmo por ser tão estúpido - Não acha que já está na hora de ir para casa?
— O que!? - Yuuji bradou exagerado — Mas a festa só está começando!
Megumi sequer teve tempo de processar a gritaria quando sentiu seu corpo sendo levantado por mãos fortes e ser arremessado na piscina junto a muitas outras pessoas.
O baque fora forte e o coração fora tomado por uma onda de adrenalina. Ele sequer processou o que aconteceu quando Yuuji pulou logo atrás dele, seguido por Naoya e os outros meninos. Ainda bem que sabia nadar, pois uma série de balas de canhão acompanhadas por gargalhadas histéricas dominaram seus ouvidos.
Ele viu Nobara, que estava obcecada antes de vir com sua maquigem e roupas, pular junto das suas novas amigas. Viu Yuuji se enturmando como nunca e percebeu que estava sendo incluído. Ele era parte daquilo, era um membro de algo maior... Ele tinha amigos agora.
Água espirrou em seus olhos tirando-o do transe, fazendo-o franzir o cenho prestes a reclamar.
Sua visão se ajustou e deu de cara com a garota mais bonita que ja tivera oportunidade de ver nadando bem a sua frente. Sorrindo abertamente, com a mesma euforia sacudindo seu espírito.
Aya sorriu para ele, seus cabelos escorridos pela água e os olhos mais brilhantes do que nunca.
— Pare de se preocupar. - ela passou os braços por volta de seu pescoço, não se importando se as pessoas iriam ver — A noite ainda não acabou.
[***]
O pós-festa era o que triturava o cérebro de Aya. A garota sentia os raios violentos de sol entrarem pela janela aberta, agredindo seus olhos durante a tentativa falida de abri-los. Os resmungos seriam o único som presente no quarto se não fosse pelo leve ressoar da respiração de Mahina preenchendo o silêncio matinal do cômodo.
Mahina era grudenta, pesava sua cintura com o braço — Sai daqui... - Aya resmungou ainda sonolenta — Você está me sufocando. - Aya empurrou Mahina, mas estranhou o fato de que não conseguira mover o braço da amiga que era quase quinze centímetros menor que ela.
Até que levou o olhar para cabeleira da amiga... E não era Mahina que dormia grudada em sua cintura.
Aya arregalou os olhos, tornando-se tão imóvel quanto uma estátua. Megumi dormia profundamente, com o rosto enfiado no travesseiro e o braço repleto de tatuagens pressionado contra Aya.
Ayame não sabia se ria descontroladamente, se entrava em desespero ou se tirava uma foto daquele momento. Aquilo era a prova de o que havia acontecido ontem antes da bebedeira era verdade, ela e Megumi se beijaram... Bem mais do que isso mas deixaria os detalhes para serem processados depois, pensar em qualquer coisa que não fosse o motivo do garoto ter parado ali não era muito do interesse dela.
Ela prendeu a respiração, encarando-o com espanto ao sentir o movimento do garoto se virando, com seu rosto ficando a milímetros da feição petrificada de Aya. Se conteve ao máximo pada permanecer imóvel, pensando do modo mais coerente possível como sair dali sem que acordasse o garoto.
Seus olhos travaram na faceta adormecida de Megumi. Ele era tão bonito que parecia ter sido esculpido com todo o esmero do mais fascinados dos artistas. Cada detalhe seu era repleto da mais pura delicadeza, a robustez de sua expressão se dava ao fato de que Megumi era carrancudo, ranzinza por natureza, mas ali, adormecido, calmo e alheio dos malhes que lhe assolavam, era semelhante a um anjo.
Seus cílios eram enormes, delicamente recostados nas maçãs de suas bochechas. Aya poderia passar horas observando-o, a calmaria de alguém que lhe trazia esse sentimento era intrigante, como se merecesse devoção.
Ali percebera que Megumi sempre esteve tenso, que não teve um segundo o qual passou ao lado dele que não notara as leves rugas em sua testa ou abaixo dos olhos, o maxilar sempre trincado...
Aya lutou contra o insistinto de acariciar seu rosto, em demonstrar o carinho que sentiu ao gravar essa cena em sua memória.
Um murmúrio curto e grave saiu da gargantanda do garoto ao se mexer, indicando seu despertar, Aya entrou em um desespero silencioso e quase imóvel, tentando achar soluções que não dariam tempo de serem executadas.
Megumi abrira os olhos lentamente, como quem também tentasse se adaptar a claridade do quarto, seus olhos fixam-se nela por meros segundos desconexos, normalizando a presença dela antes de sua tomar ciência de que Aya estava deitada juntamente a ele de olhos arregalados.
Megumi a encarou, coçou os olhos e murmurou algo que Aya não escutou, a garota gostaria de sumir, se enterrar no primeiro buraco que encontrasse e sair na sua próxima encarnação.
— Aya? - ela não respondeu, pensou, por um segundo, que ficar calada iria diminuir o peso de tudo ou que simplesmente a fizesse sumir — Estou sonhando...? - a voz grave de Megumi a atingiu em cheio, ainda mais pela expressão de descrença que foi dominando o rosto do garoto aos poucos.
— Não é um sonho. - a garota disse em um sussurro meio em choque - Eu... Eu...
Não deixou o garoto analisar mais dela, da pele exposta que a camisa branca quase transparente que deixa a mostra, dos lábios inchados. Aya simplesmente se levantou da cama correndo se trancando no banheiro, deixando Megumi mais perdido que um cego em tiroteio.
O garoto sentou-se na cama, coçando a cabeça e olhando ao redor. Com certeza não estava no próprio quarto, só pelo fato de estar uma bagunça era um indício forte disso, mas as cores, os desenhos pendurados nas paredes, as plantas e a quantidade estúpida de fotos o fez notar que era o quarto de Aya.
Megumi lembrava-se pouco da noite passada, bom, pelo menos de uma parte dela. A memória de Aya no estúdio, dos dois tão perto um do outro, a memória dela sobre ele o fez perceber que pelo menos aquela parte noite não iria sair da sua cabeça tão cedo. Lembrava também de terem voltado de carro, mesmo um pouco alterado e ido para festa, a lembrança de Yuuji o jogando na piscina também era clara, mas após isso, tudo era um breu sem explicações.
O nervosismo de Aya o atingiu com força. Será que ela lembrava mais do que ele? Será que fizeram alguma coisa a mais do que o considerado decente entre duas pessoas claramente bebadas?
A ansiedade tomou conta de seu corpo, levantando o cobertor de supetão para analisar. Estava sua camisa mas as calças ainda permaneciam no mesmo lugar, um suspiro de alívio saiu de sua garganta.
Ele respirou fundo, sentindo a claridade agredir seus olhos ao tentar olhar pela janela, sendo tomado pela dor de cabeça da resseca em um baque. Aya ainda estava no banheiro, duvidava muito que fosse por conta de uma necessidade crucial, a garota saira feito um relâmpago, fechando e trancando a porta em um baque.
Ele não poderia deixar o nervosismo se sobrepor a razão, tinha que ser aquele a comandar a situação, Aya estava obviamente envergonhada, não queria piorar tudo despejando mais dúvidas e vergonhas. Ele respirou fundo mais uma vez, sentando com as pernas para fora da cama.
Gostaria de lembrar o que havia acontecido de fato, mas por enquanto se contentaria em apenas levantar e esperar que Aya saísse do banheiro.
O garoto esperou incessantes vinte minutos até que Aya finalmente tomasse coragem e destrancasse a porta. Abrindo-a apenas um pouco e observando ao redor como se houvesse um monstro a espreita.
Megumi achou graça da cena, tombou para o lado vendo-a sair do pequeno banheiro, com uma camisa surrada de algum sitcom americano. O cheiro de menta e desodorante o atingiu com força e talvez Aya realmente só estivesse com vergonha de acordar ao seu lado sem antes escovar os dentes e pentear o cabelo.
— Bom dia. - arriscou-se a dizer.
— Bom dia... - Aya desviou o olhar, se pudesse olhar bem, diria que ela estava corada. Aya não era de corar com facilidade, geralmente, só quando a vergonha a atingia com força. Será que ela lembrava de algo a mais? — Desculpe por sair correndo.
— Creio que se isso fosse a alguns meses atrás eu seria aquele que corre. - ele disse em tom zombeteiro, arrancando uma curta e tímida risada de Aya — Por que reagiu dessa forma?
— Bem... Acho que minhas atitudes pesaram mais agora do que no momento - a voz geralmente melodiosa e audível estava baixa e contida.
Seria arrependimento?
Megumi levantou-se, prestes a dizer o que estava entalado em sua garganta, pronto para perguntar o que havia de errado, mas Aya foi mais rápida. De repente começou para o outro lado do quarto, inquieta, enquanto ditava instruções que sequer haviam perguntado.
— Se quiser usar o banheiro fique a vontade. Tem toalhas secas no armário abaixo da pia e mais ao fundo na gaveta à esquerda tem um quite de hóspedes, fique a vontade enquanto eu...
Megumi entendeu a dispensa nada discreta da garota, ela queria ficar sozinha, estava inquieta com algo atolado, não conseguia raciocinar direito estava agindo de um jeito desengonçado, mal parecia Aya.
Daria a ela o tempo que precisasse.
[...]
Aya era uma estúpida, havia quase quinze minutos que praticamente obrigara Megumi a tomar um banho e sair da frente dela. Será que ele havia entendido errado? Que na verdade pensasse que estava fedendo? Aya mordeu o lábio inferior, batendo as unhas incansavelmente na superfície lisa de sua escrivaninha.
Ela estava uma pilha, se lembrava de tudo ao mesmo tempo e ainda sim tinha partes confusas, não sabia se conseguiria pensar com clareza se toda vez que tentasse visualizar a noite passada a memória quente de Megumi a segurando pela cintura, apertando seus quadris ou massageando seus seios atravessasse sua linha de raciocínio e arrancasse de sua mente a capacidade de pensar com a coerência de um ser humano funcional.
Ela suspirou alto, tentando achar a maneira menos vergonhosa de conversar com ele. Não conseguiriam agir como se nada tivesse acontecido, eles não eram assim. Aya não era uma boa mentirosa quando o assunto era lidar com ela mesma e Megumi não parecia ser do tipo de casualidades. Era quase assustador saber que a versão dos dois antes daquela maldita festa seria totalmente apagada, era doloroso pensar qje a dinâmica funcional e incrível que os dois tinham iria ser apagada porque não conseguiram ser fortes o bastante para pensar com o cérebro.
Eles conseguiram acabar com tudo.
Aya já esteve nessa mesma situação antes e como doía saber que aquela amizade seria danificada, independente da maturidade, as coisas nunca voltavam a ser como antes e Aya gostaria muito que aquela noite nunca tivesse acontecido se isso significasse que poderia ter Megumi para si mais uma vez, não do jeito que queria, mas ainda sim ele ficaria ao seu lado.
— Aya? - a voz dele invadiu sua mente turbilhada, ela virou-se rapidamente, encarando-o com espanto nos olhos. — Pode vir aqui e conversar comigo? De verdade dessa vez.
Ele olhava para cama como quem convidasse para sentar. Ele havia uma ducha rápida, os cabelos estavam molhados, jogados para trás mas com alguns fios caídos nos olhos. A camisa estava desaparecida e isso significava que as tatuagens estavam à mostra. E tatuagens à vista era sinônimo de Aya não pensando direito.
Caminhou até ele, sentando-se na cama e esperando que ele fizesse o mesmo movimento, mas ele continuou parado a sua frente com os braços cruzados.
— Não vai se sentar? - ela ousou perguntar.
— Não. Vai que você resolve sair correndo e se trancar no banheiro de novo.
Aya riu envergonhada. — Ninguém gosta de conversar com mau hálito batendo na cara. - ele ergueu uma sobrancelha como quem soubesse que havia mentiras entrelaçadas aquela frase.
Aya já havia fodido maravilhosamente com tudo mesmo. Do que adiantaria comtinuar receosa e com vergonha sendo que tudo estava condenado.
— Tá legal, quer saber? Eu estou envergonhada pelo que fiz, me desculpa. - ela soltou e um grande peso saiu de seus ombros — Estou com medo de conversarmos e acabarmos com tudo e de repente termos que voltar aquele estado insuportável de indiferença fria e-
— Calma. - Megumi disse, aproximando-se um pouco mais, ainda olhando para baixo pois Aya não havia se levantado, acreditava que se tentasse, suas pernas tornariam-se bambas — Não vou deixar de ser seu amigo e pare de falar como se você tivesse me beijado e continuado tudo sozinha. Eu estava lá e sei bem que não foi uma atitude unilateral.
Aya olhava para com aquelas orbes castanhas enormes, brilhantes e melancólicas. Megumi quis beijá-la de novo, sentir seus lábios macios por momentos incansáveis até que seus pulmões implorassem por ar e aqueles olhos maravilhosos voltassem a encará-lo com voracidade.
Ele sorriu levemente, conseguindo ocultar seus desejos e esconder tudo embaixo da máscara de calmaria fria. Sentou-se da garota, olhando-a com atenção.
—Nós podemos continuar sendo amigos? - ela disse — Como? - ela tinha experiência o suficiente para saber como aquilo acabava, mas ainda daria a chance de Megumi dar uma sugestão.
— Fazendo tudo como fazíamos antes mas... - Megumi não acreditava que estava fazendo aquilo — Não parando de fazer o que fizemos ontem.
Aya o olhou boquiaberta, mas o sorriso brincalhão voltava aos poucos a adornar seus lábios — Está sugerindo uma amizade colorida?
— Esse termo é ridículo. - o cetismo em sua voz e a frieza em sua expressão trouxe o alívio corriqueiro que Aya costumava a sentir quando estava com Megumi, isso era bom — Mas... Não, é basicamente isso. Não tem outro termo.
Foi a vez de Aya se levantar. Ela ficou de pé em frente a Megumi, determinada pela primeira vez que acordou, confusa, mas ainda sim disposta. Será que Megumi faria mesmo aquilo? Ele não era inimigo da casualidade?
— Pensei que você fosse contra qualquer tipo de coisa fora do relacionamento - ela debochou, arrancando um revirar de olhos do moreno — É sério que quer fazer isso? Pode dar errado de inúmeras maneiras que você nem imagina.
— Não tenho nada contra o casual, contanto que não saía das quatro paredes.
Aya entendeu o que ele queria dizer. Segredo, os dois continuarem o que estavam fazendo, em segredo. Ela tentou processar o lado bom nisso tudo mas algo ainda a fazia hesitar.
— Isso pode dar muito errado. Já passei por isso uma vez e sei bem como termina.
Megumi sabia a quem ela estava se referindo. Naoya, era óbvio.
Ele se odiou por um momento, odiou tudo o que estava fazendo só para mantê-la por perto por mais tempo que o necessário. Sabia que aquilo ia contra aquilo que gostava de fato, mas não suportaria a ideia de ver Aya ir por achar que ele lidaria da mesma forma que Naoya.
A questão era que Megumi é igual o garoto. Desesperado e completamente apaixonado por Aya. Maluco para um dia chamá-la de sua, mas sabia a opinião da garota sobre relacionamentos e tinha mais noção ainda do que ela faria se soubesse a existência dos sentimentos de Megumi.
— A diferença é que entre vocês dois haviam sentimentos - ele se levantou, ultrapassando a altura de Aya, vendo-a o acompanhar com o olhar mas sem fraquejar. Estavam a milímetros de distância, compartilhavam o mesmo ar quente e mentolado — Com nós dois não é o caso. Podemos manter as coisas do jeito que estava, mas de jeito melhor.
Aya comprimiu o lábio, indecisa e talvez até mesmo chateada pela fala do garoto. Ela não o porquê daquilo tê-la afetado tanto, o porquê de ouvir da boca de Megumi que ele não tinha sentimentos por ela era tão... Doloroso.
Mas ela já sabia disso. Também não tinha sentimentos por ele... Certo?
Sempre quis isso. Alguém que ela possuía atração mas que ainda soubesse manter uma amizade, uma casualidade amena e tranquila, sem o drama ou intriga, apenas aquilo com o qual se comprometeram. Nada mais.
Mas porque ter aquilo com Megumi não parecia o suficiente?
As palavras da noite passada foram todas efeitos do álcool?
Ela quis assim. Pediu por isso, ignorou todos os avisos que ela mesma lhe dera, mas porque agora, coberta pela fina e dura camada da sobriedade, tudo parecia tão frívolo e vazio. Como se fosse errado?
Aya suspirou, encanrando com a mesma intensidade. Os dois se olhavam daquele mesmo jeito da noite passada, com aquele pesar torturantes rondando a aura entre os dois — Se quiser pular fora está tudo certo. - ele concordou com um leve movimento na cabeça — Não estaremos presos um ao outro. Pode fazer o que bem entender, seremos apenas amigos, certo?
— Todas as regras que quiser colocar eu estarei disposto a seguir.
Aya riu com a seriedade da fala, mas foi arrebatada internamente com o peso dela.
— Então, regra número um - ela estava tão desesperada para beijá-lo, que sequer consigui dizer uma única lalavras sem desviar os olhos dos lábios dele — Não se apaixone por mim.
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