𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭𝟭
N/A: Sinto decepcionar vocês mas o Naoya da fic não é o mesmo do anime!
Acontece que na primeira versão da fic eu criei um personagem chamado Naoya, mas ele não aparecia muito, porém, na segunda, ele se tornou o melhor amigo da Aya, mas aí o bendito do Naoya Zen'in brotou no anime zoando a imagem do meu querido, só que como a fic já tinha ganhado um alcance considerável, não dava mais pra mudar pq ia ficar confuso!
É isso amores, bom capítulo!
Não lembrava-se da última vez que tinha rido tanto em uma única tarde, Yuuji e Nobara eram definitivamente uma das pessoas mais legais que conheceu desde que entrou no ensino médio. Os dois exalavam uma energia contagiante e uma dinâmica engraçada de se observar. Com eles não se sentiu nem um pouco excluída, por mais que ainda sentisse falta de seus amigos ali com ela, não era mais aquela sensação esquisita de "não pertencimento" que geralmente sentia quando estava em meio a outras pessoas além de seus próprios amigos. Não demorou para Naoya, Mahina e Haruo juntarem-se a eles também, disseram que estavam procurando e lhe deram um sermão sobre como ela não deveria simplesmente sumir sem avisá-los. Ela sentia-se como uma criança atentada.
Esse era um dos principais motivos por Aya não contar para seus amigos sobre sua relação difícil com os boatos ou sobre o tratamento mesquinho que recebia de algumas pessoas do próprio círculo social deles, não suportava vê-los se preocuparem tanto com ela, eles já tinham problemas demais para que Aya influenciasse na criação de mais um. Era desconfortável estar na situação de vítima, ter que sempre sentir o olhar de pena dos amigos ou receber doses exageradas de atenção apenas pelo medo deles de perdê-la. Sabia que era algo deveras ruim de pensar já que aquelas demonstrações não eram nada mais que a mais pura prova de amor que eles tinham por ela, mas independente desse amor, Aya não queria ser um fardo para eles, então preferia fingir que nada acontecia quando estavam por perto.
Mas não podia mentir para si mesma e dizer que não havia ficado feliz por eles terem sentido sua falta, era aquela parte carente e medrosa de seu coração que sempre tentava esquecer. Tinha pavor de seus amigos passarem a odiá-la, que simplesmente enjoassem da companhia dela. Aya ainda possuía muitos traços de sua infância, tais características que tentava tão desesperadamente se desprender, até porque eles a amavam e não iam abandoná-la, ou iriam?
Na maioria das vezes esses pensamentos mal apareciam, na verdade, ela se dava bem no processo de controlá-los, mas em tardes como aquela era complicado, mas independentemente daquelas nuances de atitudes, Aya se recompôs e inteirou seus amigos na conversa, transformando assim todos em um grupo inesperado.
Por mais que estivesse entretida, não conseguia parar de pensar em Megumi, em como a conversa que tiveram mais cedo estava clara em sua mente, ou para ser mais precisa, em como ele em si mexia com ela. Era estranho como um mero sorriso vindo dele podia causar arrepios em lugares que Aya não sabia que podiam arrepiar, quase como uma fotografia límpida e vivida, a imagem de suas tatuagens pintavam as lembranças de Aya, o dragão rico em detalhes em suas costas, as rosas e a caveira em traços precisos e esvoaçantes em seu ombro até a metade do bíceps ainda eram ricas na mente dela. Nunca, nem em seus sonhos mais detalhados, imaginava que Megumi tinha um físico excepcional, ele não era tão musculoso quanto os garotos do time, mas era esguio e definido nas partes certa e pelos céus, Aya estava se sentindo uma tarada que nunca viu alguém sem camisa na vida. Ela era uma garota normal que se sentia atraída por garotos bonitos, mas aquilo não era um atração normal, quase a fez queimar de dentro para fora e Aya nunca foi alguém de corar por vergonha, geralmente, ficava vermelha por raiva ou por estar ansiosa ou por qualquer outro sentimento forte, mas nunca de vergonha, pelo menos até aquela maldita conversa.
No início pensava que quanto mais passasse tempo com o garoto, mais o odiaria, mas na verdade estava sendo bem o contrário, quanto mais ficava ao seu lado, mais se encantava por ele. Seus olhos azuis tornaram-se o ponto alto, percebeu que não apenas gostava de olhar para eles, adorava vê-los fitando-a, em como eles se estreitam nas raras vezes que Megumi sorria, ou em como os cílios dele ornamentavam no desenho de suas íris. Ele era tão bonito que deveria ser uma injustiça alguém nascer assim.
Não podia deixar de parecer patética, sabia que Megumi não tinha os mesmo pensamentos sobre ela e que provavelmente se afastaria caso soubesse o que se passa na cabeça dela enquanto o observa. Mas era apenas atração, não era nada forte demais e Aya conhecia-se bem o suficiente para saber que duraria no máximo duas semanas e depois passaria. Eles eram amigos, não estragaria isso apenas por estar pensando com algo que não era o cérebro.
Aya estava disposta a enterrar aqueles tipos de pensamentos impróprios e esquecer que estava se atraindo por um de seus amigos de novo.
(...)
A tarde foi-se como um sopro de primavera, era estranho que quanto mais feliz você está, mais rápido o tempo passa. Todos andaram de bicicletas por toda a extensão do parque, tomaram sorvete à beira do lago leste e ainda fizeram competições de corrida, vôlei em roda e queimada para ver quem iria pagar a rodada, obviamente Aya perdeu em todas as modalidades, porque todos ali eram malditos atletas. Até Nobara, que pensava estar na mesma que ela, se revelou uma atleta muito bem treinada, a garota fazia boxe em uma academia de alto nome em competições, depois daquela humilhação de perder em último lugar, Aya cogitou seriamente a possibilidade de se inscrever em algum clube de esportes.
Agora estavam caminhando calmamente em meio a risadas moderadas e cansadas, todos estavam exaustos voltando para casa.
Megumi e Aya caminhavam um pouco mais atrás do grupo, prezando pela privacidade.
— Não sabia que era péssima em esportes - Megumi comentou, tentando provocá-la.
- Infelizmente Deus tinha que ser justo e tirar alguma coisa de mim. - ela disse falsamente convencida - Iria ser desbalanceado para todos vocês eu ser linda, inteligente e boa nos esportes.
- Realmente, você tem razão.
Ele ter concordado com ela fez o sorriso debochado sair de seus lábios, Aya ficava sem jeito quando Megumi dizia coisas assim sem aviso prévio, nunca dava saber se o garoto estava flertando com ela ou se apenas estava tirando uma com a cara dela, então preferia, sabiamente, ignorar.
- Está tudo certo para amanhã? - Megumi comentou sabiamente, tentando quebrar o silêncio que instalou-se entre os dois.
- Perdão? - Aya olhou para o lado confusa - Se combinamos algo eu sinto muito mas eu esqueci - a garota disse pousando no coração, genuinamente arrependida pelo que aparentemente havia esquecido.
- Amanhã vamos nos encontrar na biblioteca do campus - Megumi sentiu vontade de rir pela murchada na expresso de Aya - Pensou que fosse algo do seu agrado, não foi?
- Pensei, ninguém merece esse castigo - ela cruzou os braços, ainda caminhando agora olhando para os lábios, para as árvores floridas e aspectos belos da primavera - Talvez seja legal, você vai estar lá pelo menos.
Ela comentou e rapidamente Megumi virou a cabeça para lado escondendo discretamente o leve rubor em suas bochechas. Ele pensou estar com febre.
- É, mas não vou fazer vista grossa para suas saídas - a voz indiferente retornou e ele a encarou ameaçador - Nem pense em me olhar com esses seus olhos de cachorro perdido e me ludibriar dizendo que é apenas uma volta para descanso, você sempre me engana.
Aya riu, esbarrando de leve no ombro dele - Eu não faço isso. E se faço, você é fácil demais porque sempre cai.
- Faz sim - Megumi franziu o cenho - Fica com a voz mansa e me olha como se fosse... Deixa quieto.
Megumi simplesmente apertou o passo e Aya correu para alcançá-lo, de repente ele não queria mais olhar para ela. A garota achou graça até, Megumi poderia ser um garoto intimidante, mas não conseguia dizer não para um suposto olhar de filhote perdido.
Chegaram ao portão do parque, cansados e preparados para cada um seguir seu caminho, trocaram números e agora esperavam para que as decisões fossem tomadas. Megumi iria com seus irmãos, o pai de Mahina, o psicólogo da escola Kento Nanami, iria buscá-la, Naoya e Haruo dividiam um apartamento do outro lado da cidade e Aya, por morar em outra região, iria sozinha de ônibus, ela definitivamente não parecia incomodada com esse fato mas Megumi não se sentiria bem deixando-a ir sozinha para casa.
Estava prestes a se oferecer quando Naoya tomou a frente, passando o braço pelo ombro dela, encarando-a com um sorriso amável no rosto.
- Eu levo a cria! - Aya deu uma cotovelada no estômago do atleta, provavelmente ele nem sentira o impacto, apenas forjara a dor - Vamos, Aya. Seu pai me mataria se eu deixasse você ir sozinha - o garoto depositou um beijo carinhoso na testa dela, que se aconchegou nos braços dele antes de acenar em despedida.
A maneira familiar e doce que o nome de Aya saiu dos lábios dele fez algo em seu âmago contorcer e seus lábios forçadamente se moldarem em um curto sorriso de despedida.
Agradeceu por ninguém ter visto sua quase intenção, ele apenas virou-se e se despediu de Haruo e Mahina brevemente, tomando seu rumo junto de seus irmãos.
Quando já estavam longe o suficiente para que nenhuma alma viva escutarem os dois, Yuuji deu um peteleco em sua orelha, tirando-o de seus devaneios.
- Porra! - Megumi colocou a mão no local atingido - Qual é o seu problema?
- Nada não, mano. - disse Yuuji virando a cara.
- Só estávamos pensando aqui que não há ninguém mais fróxo que você - Nobara completou Yuuji.
Megumi franziu o cenho - Do que estão falando?
- Não se faça de desentendido! + a ruiva apontou raivosa para o nariz de Megumi, que se afastou do toque.
- Por que não levou ela? - Yuuji finalmente disse - Que vacilo, perdendo sua gatinha em dois tempos apenas porque foi lento.
- O que? - o moreno disse, parecendo indignado - Pelos céus vocês estão alucinando.
Yuuji e Nobara se entreolharam com diversão.
- Tá na cara que você tá afim dela, por que ainda deixa outro cara tomar o seu lugar? - Yuuji perguntou genuinamente confuso.
- Talvez porque eu não esteja afim dela, já pensou nessa possibilidade? - Megumi bradou, perdendo a paciência - Não posso encostar em alguém no sexo feminino que vocês dois já ficam com essa paranóia.
- Você olha pra ela como se fosse um vassalo - Nobara comentou e Megumi tentou veemente não se sentir ofendido - A garota te arrastou por onde ela quis o dia inteiro, fez você sorrir e fez você continuar com a gente. Me lembro bem de hoje de manhã você dizendo que só iria ficar para o jogo e depois iria embora, então, se é assim, por que ainda está aqui?
Megumi ficou calado, tentado demais em xingá-los, mas estava envergonhado. Apertou o passo resmungando consigo mesmo algo sobre seus irmãos cuidarem da própria vida e esquecerem dele.
Yuuji e Nobara riram da cena, aproximando-se um do outro para sussurrar.
- Dou um mês para ele admitir - Yuuji disse.
- Nah, que nada. - Nobara sorriu maliciosa - Ela vai admitir quando se sentir ameaçado de verdade e isso já está acontecendo.
[***]
Naoya sempre teve o costume de levar Aya para casa quando estavam juntos, mesmo tendo se mudado da vizinhança a quase dois anos, ele ainda manteve esse costume vivo entre os dois.
A garota de cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo mal feito caminhava calada ao seu lado, parecendo perdida demais em seus próprios pensamentos para sequer se lembrar de falar algo.
Ela era tão linda que chegava a doer.
Seus olhos lutavam para não escorregarem para seu perfil quase esculpido. Fazia tempo que não se propusera a levá-la para casa, os dois não andavam muito um com o outro nos últimos tempos então eram raros os momentos a sós que tinha com sua melhor amiga.
- Parecia triste hoje mais cedo - finalmente quebrou o silêncio entre os dois, a garota assustou-se por um segundo, sacudindo a cabeça para sair do transe, encarando-o constrangida.
- Ah, estava com dor de cabeça e acabei ficando mal-humorada.
Realmente, conhecia Aya o suficiente para dizer que ela virava um ser insuportavelmente ranzinza quando estava com seus dores de cabeça, mas também a conhecia bem o bastante para saber quando estava mentindo.
Poderia dizer isso a ela, que não precisava mentir para ele porque nunca, nem se o mundo todo estivesse contra ela Naoya iria julgá-la. Escutaria qualquer mínimo problema dela e as reclamações mais fúteis do mundo, mas ainda sim escutaria com todo o prazer e daria o ombro a ela para que despejasse qualquer pesar sobre seus ombros delicados.
Mas já não tinha mais essa coragem. Quando cruzou um limite no inverno passado, soube no exato momento que quebrara também algo muito precioso que tinha com Aya. Ainda eram amigos mas não como antes, ainda existia aquela hesitação entre os dois, uma tão visível que poderia simplesmente se enrolar em torno dele e apertá-lo até sufocar.
Estava tentando reconquistar Aya do jeito certo, sabia que ela não queria nada com ela, mas ainda eram amigos e ele sentia falta da sua querida e única melhor amiga.
Então ele apenas disse - Tudo bem então, tome sua aspirina quando chegar. - Estavam quase na porta da casa de Aya de qualquer jeito.
- Naoya, eu quero te dizer uma coisa... - o garoto sentiu uma pontada no coração, o tom de voz dela indicava que iria ou quebrar coração ou remendá-lo. Naoya estava quase entrando em combustão,
Mas esfriou na mesma velocidade em que esquentou.
O barulho de alguém descendo de um carro e o som de rodinhas no chão fizeram-na se desconcentrar e olhar para trás.
O sorriso dela ainda o desarmava completamente.
Aya sorriu tão abertamente, correndo para os braços do próprio irmão que esperava ela com os bravos abertos e um sorriso tímido.
Não iria atrapalha-los, então apenas acenou de onde estava e sorriu dizendo:
- Olá, Junpei!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top