𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭𝟬
N/A: oi meus amores, antes de começarem a leitura gostaria de falar algumas coisinhas!
1. Link da playlist da Friends está na minha bio.
2. Votem e comentem quando puderem, isso ajuda muito no engajamento da fic e me motiva muito a continuar!
3. Convido vocês a seguirem meu perfil secundário, onde eu pretendo postar as minhas histórias originais (bluebanistesr) <3
É isso meus amores, obrigada pela atenção e espero que gostem do capítulo!
Seu coração estava tão acelerado que sua caixa torácica parecia querer entrar em erupção a qualquer momento, a sacola trêmula se dava pelo fato de estar tremendo e não por ter praticamente começado a correr depois de seu inesperado encontro com Aimi.
Tinha pavor da garota, nunca pensou que sentiria tanto medo de alguém que era praticamente vinte centímetros menor que ele, Aimi a primeira vista era alguém inofensiva, bonita, linda para ser honesto, incrivelmente inteligente e irritantemente sarcástica. Quando começou a sair com ela não imaginava que as coisas fossem evoluir tanto, era para ser apenas um encontro, mas depois dois e após o segundo houve um terceiro e por assim foi.
Eles nunca foram um casal digno de nota, Megumi nos primeiros meses de relacionamento se questionava constantemente se realmente gostava de Aimi, mesmo já sendo crescido, ainda nutria a ideia de que o primeiro amor era algo de dar borboletas na barriga, um sentimento tão forte e desmedido que era incapaz de ser quebrado. Satoru dizia que o primeiro amor é confuso, doloroso, mas ainda sim puro e que ele teria certeza quando aparecesse seu primeiro amor. Entretanto, com Aimi não era assim, com o tempo desenvolveu sentimentos por ela, mas não era amor.
Ele não sentia arrepios quando a garota encostava ou sequer sentia aquela necessidade fantasiosa de vê-la, como Satoru havia dito que ele sentiria quando encontrasse a garota por quem se apaixonaria. Chegou a pensar que havia algo de errado com ele por não sentir desejo por ela ou coisa parecida, mas nunca cogitou a possibilidade de não sentir atração pelo simples fato de que não existia sentimento para tal coisa acontecer. Fushiguro nunca se sentiu confortável em manter relações casuais, nunca pensou muito sobre relacionamentos e coisas do gênero, mas quando pensava, sempre imaginava alguém que realmente gostava estando ao seu lado naquele tipo de situação. Obviamente, depois de Aimi, ele não ligava mais para isso e ia pra cama com tinha vontade apenas uma noite e pronto, nada mais que aquilo.
Mas mesmo não sentindo esse desejo, ele aceitava fazer qualquer coisa que ela pedisse, queria vê-la feliz então desconsiderava as próprias vontades em prol dela. Com tempo ele começou a sentir prazer e até gostava, mas nunca foi mais do que algo momentâneo. Definitivamente aquela era a pior parte do relacionamento dos dois.
Megumi gostava de estar com Aimi no início, os dois conversavam muito e ela era tão diferente das outras pessoas com quem convivia, mas tão igual a ele, via o mundo de uma maneira complexa, por esses motivos entre outros os dois começaram a sair e com o tempo uma relação complicada começou a nascer. Os dois nunca confessaram de fato os sentimentos, mas sabiam que havia algum perdido por aí, não sentia essa necessidade de afirmar e talvez por essa falta de demonstração da parte dele as coisas começaram a desandar. Os dois também concordaram em manter a relação sigilosa, apenas as famílias e os amigos mais próximos sabiam sobre eles, outro fator que corroborou no declínio.
Crises de ciúme, ataques de raiva e uma constante cobrança depositada em seus ombros foram o que fizeram ele desistir dos dois. Perto do primeiro ano de namoro, Megumi compreendeu o que sentia em partes, sabia que gostava de Aimi, mas não era o suficiente para aceitar o que ela estava fazendo, não estava nem um pouco disposto a se desgastar por algo que claramente não iria para frente.
Mas ainda sim ele continuou, com medo dela fazer algo a si mesma caso ele fosse embora, coisa que a garota já ameaçou fazer. Perdeu a conta de quantas noites Aimi ligava para ele desesperada quando os dois brigavam, dizendo que o amava e que não iria mais fazer o que quer que tenha feito na época. O desespero na voz dela, os soluços e a respiração através da linha sempre o fizeram perdoá-la, ignorar o que havia acontecido.
Aimi não gostava que ele tivesse contato com outras garotas, não que ele tivesse, o mesmo mal gostava de outras pessoas mas era inevitável conviver em sociedade e não trocar palavras com outro ser humano. A primeira crise de ciúmes viera depois que Aimi o pegou dando instruções para uma aluna novata no segundo ano, simplesmente não conseguia esquecer desse dia, a raiva nos olhos dela, a insegurança pairando tão fortemente por suas palavras... Após esse fatídico dia a garota prometeu que nunca mais iria fazer algo daquele patamar, que iria conversar com a psicóloga e tentar melhorar em prol da relação deles e Megumi fez a burrada de acreditar nas palavras vazias de Aimi.
A garota mentia constantemente para ele, mentia sobre ir para a psicóloga, mentia sobre a própria família, sobre seus problemas, sobre aonde estava e mentia sobre o que sentia, porque ela dizia que era amor, mas aquilo não era amor, era algo doentio, uma espécie de obsessão.
As coisas chegaram ao fim no meio do ano passado, quando Megumi havia dito que não poderia vê-la porque era aniversário de sua irmã, Nobara, e que iria passar o dia com ela. As duas não se davam bem, Nobara e Aimi eram como água e óleo, não se misturavam de jeito nenhum e quando eram forçadas a fazer isso, a reação era catastrófica.
Aimi havia enlouquecido naquele dia, aparecera à uma da manhã na porta da casa dele, gritando sobre como ele era um péssimo namorado e em como ele maltratava ela.
Disse coisas terríveis sobre ele, coisas que por muito tempo acreditou serem verdades mas Aimi realmente cruzou todos os limites quando a garota insinuou um tipo de relação íntima entre ele e Nobara, disse que não podia confiar nele porque os dois eram irmãos adotivos e não possuíam um laço verdadeiro de irmãos.
Aquele foi o único momento dentro do relacionamento dos dois em que Megumi sentiu raiva de Aimi, gritara com ela e dissera coisas horríveis, parou de considerar os sentimentos e problemas dela e não mediu esforços para ofendê-la. Fushiguro terminou a relação depois da briga, afirmara que não queria mais vê-la e que não se importava mais se ela quisesse se jogar na frente de um carro.
Megumi nunca mais lutaria por Aimi.
Semanas seguidas do término foram recheadas pelos boatos, Aimi espalhou todos eles, dissera que ele era agressivo com ela, que a traiu diversas vezes e que negligenciava a condição mental dela. Megumi não ao tentou desmentir, sabia que não era verdade mas não queria mais tentar, estava tão cansado que permitiu que acreditassem no que quisessem.
Os boatos ainda soavam pelos corredores vez ou outra, mas nada tão frequente quanto no ano passado, as pessoas esqueceram desse surto ou distorceram ele o suficiente para perder a fofoca. Comentavam é claro, mas não é como se realmente se importassem, por isso continuavam tratando-o da mesma maneira.
A garota continuou indo atrás dele, mesmo após tudo Aimi permanecia insistente, Megumi a tinha bloqueado em todas as redes sociais e trocado de número, por um tempo ela desapareceu de sua vida, havia mudado do colégio para um internato só para garotas e não aparecia mais em nenhuma festa ou evento.
Até aquele dia.
Tentaria agir normal quando voltasse para Aya e seus irmãos, fingir que nada havia acontecido mas não conseguia tirar da cabeça que Aya e Aimi eram da mesma família, Aimi era mentirosa, mas por alguma razão, sabia que naquele momento ela falava a verdade.
Parando para pensar as duas eram parecidas, mas ao mesmo tempo são diferentes porque Megumi não conseguiu ver semelhança desde que conheceu Aya, só agora que teve essa noção que conseguiu assimilar as duas. As feições eram semelhantes o suficiente para serem mesma família, talvez não tivesse percebido pelas diferenças gritantes entre elas. Aya era mais alta, tinha cabelos ondulados compridos e castanhos, seus olhos era um tom claro de marrom, quase um âmbar acastanhado, seu rosto possuía uma beleza mais leve salpicada de sardas discretas, seus traços eram delicados, já Aimi tinha os cabelos curtos e pintados de preto, suas feições eram marcantes e delineadas, seus olhos eram castanhos, porém mais escuros que o de Aya, quase beirando ao preto. Era o tipo de garota que despertava um interesse estranho nas pessoas.
A postura das duas talvez fosse o maior motivo por não tê-las reconhecido também, Aimi era bem mais centrada e fria, tinha uma personalidade intrigante e as vezes áspera, isso é quando não estava em seus episódios de ciúme. E Aya... Bem, ela era ela com seu jeito único, extrovertida mas tímida, gentil mas com uma língua afiada, curiosa e engraçada, porém, principalmente quando Aya estava com raiva, não podia negar a semelhança das duas.
Antes de torna-se amigo de Ayame, quando ainda estavam naquele estágio desconfortável de um ignorando o outro, Megumi ainda se lembrava da frieza quase cortante carregada de desdém vinda de Aya, e agora tudo fazia sentido, o motivo por ter ficado tão acanhado perto dela naqueles dias, do desconforto latente que sentia...
Aya era idêntica a Aimi no quesito frieza.
Só mudava que a garota demonstrava bem menos esse seu lado.
Seus amigos entraram no seu campo de visão e algo como alívio percorreu por seu corpo, era como se finalmente a âncora presa em seus pés tivesse se desvencilhado. Os amigos de Aya também estavam juntos com eles na mesa, não era o que esperava, já que não tinha intimidade alguma com eles mas não queria ser chato, pelo menos não daquela vez.
Aya sorriu ao vê-lo. Acenando para ele, sinalizando para ele se sentar ao lado dela, Megumi deu um curto levantar de lábios, mal podendo chamar aquilo de sorriso.
Ele definitivamente se sentiria péssimo caso Aimi fizesse algo contra Aya por conta dele. Aikyo já tinha problemas demais para contabilizar, não precisava de mais um para pesar ainda mais sua cabeça. Tentaria ignorar essa sensação de angústia em seu peito, desconsiderar que agora Aya estava na mira de Aimi.
- Se soubesse que você ia plantar a laranja pra trazer o suco eu mesma tinha ido lá comprar - Nobara bradou irritada, pegando a sacola das mãos dele recebendo apenas o típico revirar de olhos do garoto. - Nós já almoçamos sem você viu.
Megumi fora cortez ao tentar cumprimentar os amigos de Aya, Haruo, o garoto loiro, respondeu batendo em sua mão de volta em um "toca aí", Naoya apenas deu tapinhas em suas costas puxando assunto sobre o jogo e Mahina, a garota mau-humorada, fez questão de deixar claro apenas com um olhar que não era para ele ousar chegar perto dela.
- Se eu soubesse que seus amigos iriam almoçar com a gente, eu teria trazido mais bebidas - Megumi comentou baixinho sentando-se ao lado de Aya.
- Relaxa, eles não se importam nem um pouco e - ela se inclinou para o lado, para falar no ouvido dele - Desculpa a Mahina, ela ainda tem um pé atrás imenso com você mas te juro que ela é legal.
Megumi apenas olhou de soslaio para a garota de cabelos curtos tingidos de branco na parte de baixo, ela era alguém diferente das outras companhias de Aya. Mahina sempre observava-a como um falcão e detestava ele pelo que havia feito com sua amiga, provavelmente, dentre todos ali, Mahina era quem mais se preocupava com Aya.
- Pegue - Aya estendeu um sanduíche embalado para ele - Comprei pra você, Yuuji me disse que você gostava de qualquer coisa que não tivesse pimentão, então peguei esse de frango.
Ele aceitou, agradecendo com um leve balançar de cabeça, vendo-a pegar o próprio sanduíche e mordê-lo logo em seguida.
- Por que você não comeu junto com eles? - peguntou enquanto desembalava sua comida.
- Não queria que você comesse sozinho, então te esperei - Aya disse simplista, tentando se concentrar em todos ao mesmo tempo.
Todos conversavam animadamente, muitas risadas saíram daquele grupo inesperado e por incrível que pareça Megumi teve de se segurar muito para não rir em alguns momentos, os amigos de Aya eram tão alegres feito ela, até Mahina, que não era muito chegada a ele, tentou puxar assunto. Consequentemente, por ter mais pessoas do que era acostumado, Megumi ficou mais calado, mas era impossível não falar nada, todos tentavam se incluir o tempo todo, ninguém ficava de fora e parecia que o assunto não tinha fim.
Naoya, Haruo e Aya cresceram praticamente juntos pelo que parecia, eles foram os primeiros amigos de Aya depois que a garota se mudou para a vizinhança deles aos oito anos, Mahina apareceu depois quando os três entraram no colégio. Todos se davam muito bem desde então, mas sempre pareciam ocultar as experiências do ano passado, falavam como se aquele ano não existisse e todos concordassem silenciosamente em não mencionar aquele ano. Megumi ficou curioso perante a isso, mas obviamente permaneceu calado.
Perguntaram sobre eles e como foi que se conheceram e tudo mais, Fushiguro nunca gostou de falar abertamente sobre sua família e vida, mas seus irmãos eram seu completo oposto e não guardavam palavras. Disseram que foram adotados um ano após Megumi e ele não podia agradecer mais por isso.
Diferente deles, Megumi não saira de um orfanato e seus pais não estavam mortos, o seu caso era que seu pai era maluco e violento demais e sua mãe uma ex-viciada com problemas alucinógenos, não contaram que Megumi tivera a guarda tirada dos pais, que Satoru havia entrado na justiça e brigado por dois anos até finalmente se tornar o guardião legal dele. Obviamente sabiam que Megumi não se sentia bem falando sobre isso, então quando as pessoas perguntavam, eles sempre respondiam que Megumi viera de um orfanato diferente, por isso a diferença de tempo entre as adoções.
Era uma conversa amigável sobre família, mas não era segredo que ambos os lados ocultavam as histórias, não os julgava por isso, mas Aya o deixara intrigado. Quando o assunto abordado fora família a garota ficou quieta, o que era estranho considerando que seu passatempo favorito era tagarelar. Nenhum de seus amigos direcionava a fala para ela e quando Yuuji ou Nobara perguntavam algo, Naoya rapidamente os cortava educadamente e, quase imperceptível, mudava de assunto.
Todos poupavam Aya de falar da própria família e a garota parecia presa dentro de seus próprios pensamentos enquanto todos compartilhavam memórias calorosas da infância.
- Assuntinho prolongado em - Aya sussurrou em seu ouvido, chagando mais perto para que ficasse só entre os dois - Acho que nós somos os únicos que tiveram uma infância de merda, estamos deslocados aqui.
Ou Aya era muito observadora ou estava muito na cara que ele era um fodido igual a ela.
- Acredito que esse seja nosso charme, temos um ar de mistério - Megumi sussurrou de volta.
- Não sabia que ser perturbado era um charme.
Dessa vez Megumi não conseguiu segurar a risada, o som emitido por sua garganta era quase melódico, mesmo que fosse um gargalhada rápida, era a primeira vez que a maioria daquele grupo o vira rir.
Por um momento todos pareceram observar os dois, que riam dentro de seu próprio mundinho, conversando como se não existisse outras pessoas na roda além deles. Aya e Megumi se desvincularam quase que totalmente da conversa, tagarelando sobre os próprios assuntos e esquecendo que estavam em grupo. Sequer repararam que vez ou outra os outros integrantes observava-os, curiosos diante da dinâmica particular dos dois.
A única coisa que Megumi percebeu fora de sua conversa com Aya, era que enquanto ela dava sua atenção total para ele, Naoya, o mais gentil de todos ali presente, olhava de vez em quando para eles com um olhar tão triste, como se algo estivesse se partindo e Mahina, que apenas pelo sentimento em suas orbes dava para perceber o quão ela queria que Naoya olhasse para ela, como se desejasse que ela fosse o alvo de sua melancolia. Era tão imperceptível, que Megumi tinha quase certeza que ninguém havia percebido, além dele mesmo e suas observações sutis.
E foi ali que Megumi entendeu que dentro daquele grupo as coisas não eram tão bem esclarecidas quanto pareciam.
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