𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭𝟮❄
𝘿𝙤𝙞𝙨 𝙢𝙚𝙨𝙚𝙨 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙩𝙖𝙧𝙙𝙚.
𝗟𝗮𝗹𝗶𝘀𝗮 𝗠𝗮𝗻𝗼𝗯𝗮𝗻.
As duas últimas semanas foram as mais exaustivas da minha vida, e isso incluía o mês que voltava ao CL todas as noites para treinar até meia-noite.
Mas, daquela vez, eu não estava sozinha. Eu tinha meu melhor amigo comigo o tempo todo. E desfrutei de todos os momentos suados, cansativos, frustrantes e dolorosos.
Especialmente naquele instante, enquanto olhava pela janela da van que havia nos buscado, para que nós e seis outras duplas, com seus treinadores, fôssemos para a instalação onde competiríamos no dia seguinte. Um alívio, que eu nem sabia que existia em mim, preencheu meus pulmões, libertando-os, enquanto eu observava o edifício gigante com faixas ao redor.
SKATE NORTH AMERICA, 23 A 26 DE NOVEMBRO.
Nós estávamos ali e era real. Finalmente.
Estávamos prontos.
Jungkook esteve mais quieto do que o normal nos últimos dias, enquanto fizemos as correções de última hora possíveis no CL. Pegamos um voo para Lake Placid dois dias antes, para o caso de o clima do inverno piorar, mas não aconteceu. O Skate North America oferecia apenas um dia de treino oficial; portanto, nos últimos dois, tínhamos aproveitado a gigantesca sala de conferências que a WSU ― World Skating Union ― reservara para todos que tinham os mesmos planos que nós.
E, quando não estávamos na sala de conferências, Jungkook, a treinadora Lee, eu e a equipe Simmons, marido e mulher ― nossos coreógrafos ―, fizemos um passeio de táxi pelo centro da cidade, visitamos o museu olímpico, almoçamos fora e depois voltamos para nossos quartos. Pelo menos até Jungkook aparecer no meu para ver como era a minha vista e acabamos pedindo comida enquanto assistíamos a um programa sobre gatos infernais, e ele me contou sobre os três gatos que ele tivera até um ano atrás, quando o último faleceu de velhice.
Não precisava dizer a Jungkook que essa viagem era diferente de todas
as outras que já tinha feito antes, tanto sozinha quanto com Jimin quando íamos competir.
Jurei que ele sabia. Eu estava empolgada ― e nervosa pela primeira vez ―, mas a empolgação dominava todo o resto.
E nós estávamos ali. Um passo mais perto. Um último treino de trinta minutos nos separava do começo do fim da dupla, no qual eu estava tentando tanto não me concentrar.
Tínhamos acabado de sair da van quando Jungkook pegou minha mão do nada.
Olhei para ele, sem franzir a testa, mas me perguntando o que diabos estava fazendo. Não que eu me importasse. Eu pegava sua mão por razões aleatórias de vez em quando. Mas ainda não sabia por que ele estava fazendo aquilo. E isso me deixou um pouco mais nervosa.
ㅡ O que foi? ㅡ perguntei, ao perceber sua expressão quando ele virou seu corpo para encarar o meu.
Puxando minha mão, ele me levou para o lado para deixar as outras equipes da van passarem.
Estávamos todos no grupo B nos horários de treino. A respiração de Jungkook soltou uma névoa branca no ar frio de Michigan, e eu tremi, tentando descobrir oque estava acontecendo e por que tinha que acontecer lá fora.
ㅡ Eu só estou nervoso. Com medo de estragar tudo.
ㅡ Você não vai estragar tudo ㅡ Apertei sua mão ㅡ Nós tivemos apenas seis meses, pouco tempo sim, mas estamos à nível de competir ou não estaríamos aqui, pode apostar.
Jungkook soltou um suspiro e me olhou com aqueles lindos olhos brilhantes focados no meu rosto.
ㅡ Eu prometo não te decepcionar.
ㅡ E eu prometo que seremos os melhores.
•🏒❄⛸•
- Merda! - sibilei quando queimei meu couro cabeludo novamente tentando alisar meu cabelo o mais próximo possível da raiz.
O Skate North America não era o evento mais televisionado da temporada, mas... Isso não importava para mim. O que importava era deixar meu cabelo o mais liso possível, mesmo que já fosse. Só que eu não conseguia ver ou alcançar bem a parte de trás.
Tínhamos três horas antes do início do evento e não estávamos programados para patinar até quase o fim. Mas minha maquiagem estava pronta, assim como o vestido preto de renda de mangas compridas que Ruby, minha estilista, confeccionou sob medida.
Jungkook decidiu trocar de roupa no banheiro dos homens porque não queria "nenhum tumulto" se as pessoas o vissem de cueca.
Que idiota.
E agora eu precisava da ajuda dele. Ele me ajudaria a arrumar o resto do meu cabelo. Eu sabia que sim.
Mas eu tentaria fazer o máximo que pudesse, esperançosamente, sem me queimar pela sexta vez. Virando para um dos três espelhos iluminados do cômodo que estávamos compartilhando com duas equipes, com as quais havíamos praticado na mesma hora do dia anterior, eu me apoiei e tentei inclinar a cabeça o melhor que pude para ver o que estava fazendo.
Ouvi a porta abrir mas não desviei o olhar, do espelho, até Jungkook aparecer no meu campo de visão pelo reflexo. o cabelo perfeitamente penteado, o rosto barbeado, seu traje preto combinando com o meu, tudo nele brilhando. E ele estava sorrindo. E segurando rosas vermelhas.
Eu o amava.
Eu não tinha ideia do que tinha acontecido ou por que tinha acontecido, mas eu o amava tanto naquele momento que meu coração poderia ter explodido.
Foram seis meses convivendo juntos mais de doze horas por dia, praticamente todos os dias. Ele cuidou de mim quando ninguém mais estava, colocando a própria saúde em risco mas não se importou com isso.
Jungkook é o homem dos meus sonhos. E me trata melhor do que eu jamais poderia ser tratada por algum cara, eu sei disso. Em momento algum vacilou comigo.
Me incluiu na sua vida pessoal.
Me levou para conhecer seus pais e me quis por perto quando foi se redimir com seu pai.
Saímos juntos quase todo final de semana.
Minha mãe sempre insistia que eu o levasse para jantar na casa dela e virou nossa rotina de todos os sábados.
Ele adora Aurora e sempre tirava um tempo para ela.
Me presenteia sempre, mesmo sem nenhuma ocasião especial.
Sempre que estávamos doloridos por conta dos treinos, fazíamos massagens um no outro.
Colocava bilhetes fofos e de incentivo dentro dos meus patins todos os dias antes dos treinos.
Não passamos um dia sequer sem trocar mensagens de boa noite...
Eu ficaria semanas citando tudo oque aconteceu nesses meses que me fez amá-lo. E isso me faria amá-lo ainda mais.
ㅡ Eu tenho algo para você ㅡ Segurando minha mão, me puxou para mais perto e com a outra me entregou o buquê.
ㅡ Você que trouxe as flores? ㅡ Sua mão acariciou minha lombar, enquanto balançava a cabeça em negação.
ㅡ Não, elas são da sua mãe.
Eu sorri. Minha mãe nunca me mandou flores antes de competição alguma, mas estou tão feliz que ela tenha feito.
ㅡ Mas eu também comprei uma coisa. Não são as almas de todos que já te irritaram, mas...
Isso me fez calar a boca. Por um segundo.
ㅡ Eu ia te dar depois, mas acho que deveria dar agora.
Apertei meus lábios e perguntei lentamente:
ㅡ O que é isso? ㅡ Ele se virou para sua mala gigante e enfiou a mão no bolso grande do lado de fora.
ㅡ Eu pensei que tínhamos passado da fase em que você acha que vou te matar a qualquer momento.
ㅡ Acho que nunca iremos superar isso.
Jungkook riu de costas para mim.
ㅡ Meu plano é matar você depois do mundial. Para fazer as coisas do jeito certo.
ㅡ Vou anotar no meu calendário, então. Obrigada pelo aviso.
Sua cabeça balançava enquanto tirava a mão do bolso, segurando algo embrulhado em papel de seda e mais algo em um envelope branco.
ㅡ Eu estava esperando um escorpião, mas acho que você não
arriscaria sua vida para me matar.
ㅡ Cale a boca, vou colocar o cartão aqui para você ler mais tarde ㅡ murmurou novamente, com sua voz divertida quando se virou para mim. ㅡ Me dê sua mão.
Estendi a mão direita, mas ele bateu nela suavemente. Então eu levantei a outra. E vi quando ele colocou a coisa embrulhada em papel de seda no balcão e pegou meu pulso com as duas mãos grandes. Ele puxou a manga da minha roupa cerca de sete
centímetros no meu antebraço, expondo a pulseira que eu sempre usava.
Eu havia apertado as tiras de couro naquela manhã para poder usá-la sob a roupa, como normalmente fazia. Não pensei muito nisso até que o polegar dele roçou a fina placa de metal presa pelas tiras de couro que eu tinha que substituir uma vez
por ano desde que a adquiri em uma feira, quando tinha doze anos.
Mas os dedos de Jungkook tocaram as tiras que eu acabara de apertar, e ele começou a desfazer o nó minúsculo com os dedos longos e
graciosos. Eu queria perguntar o que diabos estava fazendo e por que a estava tirando, mas... eu confiava nele. Então, mantive a boca fechada quando ele a tirou e colocou-a sobre o balcão ao lado do embrulho de papel de seda, ou o que quer que fosse.
Ok.
Ele pegou o presente no balcão no mesmo movimento e abriu o papel de seda, puxando algo que parecia quase idêntico. Uma placa de metal com uma tira de couro ao redor. Exceto que o couro era rosa brilhante.
- Eu não quero que você fique nervosa esta noite - ele começou
a dizer enquanto segurava a pulseira em uma mão, seus olhos em mim.
Eu alternava entre olhar para ele e para a pulseira.
- Não estou nervosa.
Ele riu.
- Tudo bem, você não está nervosa.
ㅡ Você ainda está nervoso?
ㅡ Não, Limãozinho. Ficar com você me tranquilizou. E eu não vou aceitar perder.
Eu sorri.
ㅡ Eu não fiz você se abdicar do hóquei para me ajudar e no final nós perdemos. Não te darei essa decepção.
ㅡ Nada com você é decepcionante, baby ㅡ Piscou para mim, sorrindo com toda confiança que tinha em si.
Então eu lhe dei o meu pulso.
E observei conforme ele amarrava as tiras de couro rosa, apertadas, mas não muito, e deixava a pulseira no alto do meu braço como eu usava a outra, no local perfeito para ser escondida pela manga da minha roupa.
Ele mal terminou o nó quando levei meu antebraço ao rosto e li a pequena inscrição no metal.
Para Limãozinho
Do seu melhor amigo, Jungkook.
E, no tempo que levei para ler a placa de metal cerca de quatro vezes, Jungkook já havia amarrado minha pulseira no próprio pulso.
Mas não se encaixava na manga dele.
E, quando ele sorriu para mim, eu soube que ele nem se importava.
Peguei seu braço, dando um beijo onde a pulseira se encaixava e ele fez o mesmo comigo, antes de me puxar para um abraço.
Depositei mais um beijo nele, agora em seu peito, na direção do seu coração e desejei que através daquele gesto, Jungkook sentisse todo o meu amor.
Assim como através de seus gestos, eu conseguia sentir todo o amor dele.
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