𝗟𝗮𝗹𝗶𝘀𝗮 𝗠𝗮𝗻𝗼𝗯𝗮𝗻.

Eu estava dormindo quando algo ― ou alguém ― bateu na minha testa. Com força. Então essa coisa ㅡ ou alguém ㅡ me atingiu mais três vezes, uma logo após a outra. Foi o fato de haver um ritmo constante que me fez abrir os olhos.

Alguém estava batendo na minha testa.

E esse alguém era Jungkook.

Jungkook, que estava debruçado sobre mim, seu punho a apenas alguns centímetros de distância do meu rosto. Ele estava sorrindo. Para mim.

ㅡ Acorde, Limãozinho. Está na hora do seu próximo Tylenol.

Olhei para o teto atrás dele, tentando lembrar do que diabos estava acontecendo. Foi então, enquanto ainda estava pensando, que percebi que minha cabeça ainda estava doendo. Ainda doendo. Estremeci, lembrando que tive febre. Provavelmente ainda estava, se o tremor que atravessou meu corpo significasse alguma coisa.

Eu estava doente. A médica disse que era uma virose. Jungkook me levou até lá e depois para a farmácia, onde eu fiquei sentada no carro, tremendo de calor e frio, para comprar uma caixa de Tylenol porque não conseguia me lembrar do quanto ainda tinha. Então, ele me levou para casa da minha mãe ㅡ uma casa vazia porque minha mãe e seu marido estavam curtindo a praia e fazendo merdas divertidas que eu adoraria fazer e Aurora tinha ido passar uma semana em Boston com Lauren.

Não fui para o dormitório no campus porque as meninas precisam continuar com a faculdade e se ficassem em contato comigo poderiam se contaminar.

Eu odiaria ser a responsável por causar uma epidemia.

Por isso, eu estava no meu quarto, debaixo das cobertas, tendo minha testa usada como tambor por alguém que estava claramente gostando disso.

ㅡ Que horas são? ㅡ perguntei, tentando subir em direção à cabeceira da cama enquanto piscava, mal percebendo quão rouca e áspera minha voz soava. Estava ainda pior do que antes.

ㅡ Hora de você tomar seu Tylenol ㅡ ele respondeu, sacudindo o punho que estava usando para me bater.

Gemi e tentei virar de lado para voltar a dormir, mas ele agarrou meu ombro e me moveu de volta para continuar deitada do jeito que eu estava.

ㅡ Mais dois e então você pode voltar a dormir ㅡ ele tentou fazer um acordo comigo.

ㅡ Não.

Aqueles olhos glaciais ficaram presos em mim, sua expressão ainda mais feliz do que eu jamais teria apostado. Sua voz, no entanto, não parecia tão divertida.

ㅡ Tome os comprimidos, Lalisa.

Fechei os olhos e gemi com o quanto minhas costas e ombros doíam.

ㅡ Não.

Eu podia ver seus ombros se movendo com o suspiro que ele soltou.

ㅡ Tome os malditos comprimidos. Sua febre ainda não baixou ㅡordenou, ainda segurando meu ombro porque sabia muito bem que, no segundo em que eu tivesse uma chance, tentaria me virar novamente.

Aff. Eu era assim tão previsível?

ㅡ Minha garganta dói ㅡ sussurrei, usando isso contra ele.

Ele suspirou novamente, sacudindo o punho mais uma vez.

ㅡ Eu não vou comprar Tylenol infantil para você. Tome os comprimidos.

Fechei um olho e deixei o outro aberto enquanto sussurrava:

ㅡ Eu não quero.

Juro pela minha vida, Jungkook deu um sorriso tão rápido que desapareceu em um segundo. De volta ao normal. Novamente tentando mandar em mim.

ㅡ Você precisa deles ㅡ ele me lembrou.

Apenas olhei para ele com um único olho aberto.

ㅡ Não?

ㅡ Não ㅡ eu disse, apenas alto o suficiente para ele ouvir.

Sua mandíbula tremeu e seu olhar se estreitou.

ㅡ Sua mãe me avisou que você é um pé no saco quando fica doente.

Ela dizia exatamente isso, o que não me surpreendia. Eu era uma chata chorona quando estava doente. Era verdade. Então não desperdicei minhas palavras e minha garganta ao concordar.

O que me perguntei foi... quando diabos ele falou com minha mãe?

E, assim que pensei nisso, decidi que não dava a mínima.

ㅡ Ou você toma esses comprimidos por vontade própria, ou lhe farei engolir a força.

ㅡ Pé no saco ㅡ sussurrei.

Ele sorriu para mim, sorriu mesmo, ciente de que nós dois sabíamos que sua ameaça não era em vão. De modo algum. Nem um pouco.

ㅡ Você está pronta, então?

Abri minha boca, lançando a ele o olhar mais desagradável que eu era capaz, parecendo basicamente com um filhote de passarinho, e vi quando ele passou a mão pelo meu rosto e jogou os comprimidos na
minha boca um momento antes de me entregar um copo de água.

Três goles pequenos depois, engoli o remédio e devolvi o copo. Ele o pegou e o colocou sobre a mesa de cabeceira, antes de se virar para mim, de onde ele estava sentado na beira da minha cama o tempo todo.

ㅡ Está se sentindo melhor?

ㅡ Um pouco ㅡ sussurrei, porque era a verdade. Só um pouco.

Minha dor de cabeça não estava tão ruim e, mesmo sabendo que estava com febre, tinha certeza de que havia diminuído.

Pelo menos era o que eu esperava. Eu tinha que melhorar o mais rápido possível. Disso, eu não tinha esquecido.

Jungkook me deu um sorriso microscópico, seus dedos voltando a tocar minha testa com as costas deles, muito, muito gentil.

ㅡ Sua febre diminuiu. Estava em 39 graus quando chequei uma hora atrás.

Ele checou uma hora atrás? Deus, eu estava completamente apagada.

Jungkook virou a mão e tocou minha bochecha com as pontas dos dedos.

ㅡ Você quer outra toalha molhada para a sua cabeça?

ㅡ Não ㅡ respondi antes de acrescentar ㅡ, obrigada.

Ele me deu outro pequeno sorriso.

ㅡ Você quer alguma coisa?

ㅡ Só me sentir melhor.

ㅡ Você estará melhor amanhã ㅡ disse ele.

ㅡ Eu preciso.

Ele revirou aqueles olhos brilhantes.

ㅡ Não precisa, mas você vai estar ㅡ afirmou ele, afundando o quadril ainda mais na cama. ㅡ Tem uma sopa para você lá embaixo.

Eu não conseguia parar de franzir a testa.

ㅡ Você fez?

ㅡ Não me olhe como se eu estivesse tentando envenenar você. Se eu quisesse, já teria feito isso. ㅡ Ele roçou minha testa com a ponta do dedo ㅡ A Eleanor que preparou para você.

ㅡ Ela é a melhor.

ㅡ Você está dando favoritismo a alguém?

ㅡ Ela é a melhor ㅡ Eu disse ㅡ Assim como minha irmã, Lauren. Minha irmã, Aurora quando não está tendo problemas de adolescente. As meninas também são. Lee é bem legal. Apesar de tudo, minha mãe também é incrível. Hoseok é ótimo. Ele também deve entrar nessa lista.

Jungkook fez um barulho, depois afundou ainda mais na cama. Eu o observei e deslizei para o lado para dar-lhe mais espaço, imaginando o que diabos ele estava fazendo. Sua mão pousou no local sobre as cobertas onde meu cotovelo estava dobrado.

ㅡ Mais alguém na lista?

ㅡ Não...

Não perdi o olhar casual que ele me deu antes de mencionar:

ㅡ Já conquistei várias vitórias para meu time...

ㅡ Não me diga ㅡ murmurei sarcasticamente, vendo-o continuar a se mexer no meu colchão até seu lado direito estar de frente para mim.

ㅡ Sim ㅡ ele respondeu muito sarcasticamente ㅡ Eu sou tão bom que recebi a posição mais importante do time.

ㅡ O que isso tem a ver? ㅡ resmunguei, minha garganta exigindo água, quando ele começou a se mover para trás até que sua coluna se encontrou com a cabeceira da cama, exatamente como a minha.

Jungkook ergueu as pernas no ar, tirando uma bota de couro preta e depois a outra, lançando cada uma no chão.

ㅡ Algumas pessoas pensam que eu sou o melhor.

ㅡ Quem? ㅡ Bufei fracamente enquanto o observava colocar as pernas na cama, cruzando um tornozelo sobre o outro, mostrando-me as meias listradas roxo e rosa que ele usava.

Ele inclinou a parte superior do corpo apenas o suficiente para que pudesse me observar, seu queixo no peito coberto pela camiseta.

ㅡ Muitas pessoas.

Revirei os olhos.

ㅡ Você é bem legal também.

ㅡ Você acha?

ㅡ Eu acho. Você é muito bom no que faz. E foi muito legal comigo hoje. Ou ontem. Eu nem sei que dia é hoje ㅡ murmurei. ㅡ Você também pode estar na lista, se vai deixar a situação toda estranha assim.

ㅡ Não se anime tanto.

Eu ri, estremecendo ao fazê-lo, e olhei para o corpo comprido ao lado do meu, os dedos entrelaçados em seu peito, os mesmo que, em algum momento, acariciaram meu cabelo durante um dos meus piores momento. E, sem pensar nisso, aproximei-me dele, querendo ser tocada de novo, querendo carinho, alinhando nossos quadris e descansando minhas pernas na lateral do corpo dele, mesmo debaixo
das cobertas. Engoli em seco, sabendo que ele não me provocaria por querer estar mais perto, e inclinei a cabeça para o lado, descansando-a em seu ombro.

Já tínhamos ficado mais próximos do que isso várias vezes nos últimos meses. Não significava nada, eu disse a mim mesma. Nadinha. E eu ia acreditar nisso, independentemente de saber que nunca tinha feito algo assim com nenhum outro garoto.

ㅡ Você é o melhor ㅡ eu disse a ele, parecendo tão fraca quanto me sentia ㅡ No hóquei. E tem sido na patinação artística também.

Algo pousou suavemente na minha cabeça quando ele riu, e eu imaginei que estava descansando a cabeça ou a bochecha dele em cima da minha.

ㅡ Obrigado por esclarecer.

ㅡ Você não está com medo de adoecer também? ㅡ Perguntei de repente, após uns segundos de silêncio.

ㅡ Essa é uma das minhas menores preocupações agora. Apenas quero focar em te ver melhor.

ㅡ Você deveria ir para casa descansar um pouco, Jung, já fez o bastante por mim.

ㅡ Não me importo de ficar mais um pouco, mas preciso passar em casa mais tarde, pelo menos por uma hora.

Em algum lugar no fundo da minha mente, eu registrei que ele tinha que sair para fazer alguma coisa. Mas não foquei ou questionei o que e por que ele tinha que ir. Eu estava muito cansada.

ㅡ Você pode ir agora, se quiser.

ㅡ Não, ainda são cinco horas, Limãozinho. Tenho um tempo. Está tudo bem.

ㅡ Tenho certeza de que você tem coisas melhores para fazer.

O braço por cima do meu ombro se moveu, e a mão de Jungkook foi parar no meu ombro, em concha, deslizando para cima e para baixo.

ㅡ Fique quieta e volte a dormir, ok?

Movi a palma da mão apenas o suficiente para que ela caísse diretamente sobre as placas planas e sólidas que ele chamava de abdômen. Eu já o tinha visto centenas de vezes, sem querer, quando ele tirava o suéter ou estendia a mão para esticar ou coçar a barriga... mas nunca havia tocado. Nem uma vez em todas aquelas semanas.

Mas era tão duro quanto parecia.

ㅡ Você realmente não precisa ficar ㅡ repeti, enquanto a exaustão pesava nos meus olhos, embora eu os tentasse abrir.

Ele suspirou, e eu o senti balançando a cabeça.

ㅡ Ninguém mais vai cuidar tão bem de você quanto eu. ㅡ Ele tinha razão, não tinha? Quanto mais rápido eu melhorasse, melhor seria para ele. Para nós dois.

Se o que senti revirar meu estômago foi decepção, eu ignorei. Não importava. Ele estava ali comigo, fazendo o que ninguém mais gostaria de fazer.

ㅡ Antes de você adormecer novamente, onde está o controle remoto?

Estendendo a mão para trás cegamente, peguei o controle na outra mesa de cabeceira e o joguei em sua barriga.

E desmaiei.

• 🏒❄⛸•

Algo quente tocou minha boca mais tarde, e eu juro que ouvi um sussurro:

— Beba, baby.

E eu bebi tudo. Seja lá o que diabos fosse.

•🏒❄⛸•

— Lisa — uma voz familiar sussurrou em meu ouvido, acariciando meu cabelo e depois o braço. — Eu preciso ir para casa.

Eu me sentia uma merda. Tudo o que pude fazer foi murmurar:

— Tudo bem.

A mão familiar de Jungkook acariciou meu cabelo, meu braço e meu pulso, permanecendo ali.

— Seu celular está bem perto de você. Eleanor vai ficar de olho em você. Me ligue se precisar de alguma coisa, está bem?

— Uh-huh. — Foi tudo o que consegui falar antes que seus dedos, ou sua mão, me soltassem.

— Estarei aqui de manhã — disse ele, algo quente e úmido tocando minha testa com tanta leveza e rapidez que pensei ter imaginado.

— Obrigada — sussurrei, no meu único momento de clareza, sentindo minha garganta seca.

— Deixei água para você nas duas mesas de cabeceira. Beba.

Algo mais tocou minha testa, suspirei e disse:

— Ok, Jung. — Então virei e voltei a dormir.

olá, luvies!
primeiramente quero pedir-lhes desculpas pela demora em atualizar, foram praticamente dois meses, mas agora voltei e farei o máximo para não enrolar mais.

não quero prolongar demais esse recadinho, então peço que vocês votem, e comentem – votar principalmente – pois isso me incentiva muito.

perguntinha de interação: o que vocês têm achado da fanfic? deem palpites, ideias, críticas... Estou aceitando tudo!

beijos, até a próxima.