𝐨𝐧𝐞, slivers of the past




🥀


"Rainha das Rosas?!"

"É essa garota?"

"Como assim o Mikey conhece ela?"

Mahina riu fraco ao ouvir certos comentários que os membros da Toman que não a conheciam faziam, mas não era como se estivesse muito incomodada. Sempre esteve acostumada com uma boa quantidade de pessoas opinando sobre a sua vida, principalmente dentro da própria casa.

Observou animada Mikey descer a pequena escadaria que os separava e sorriu largo ao o ver, não pensando duas vezes em passar os braços pelo pescoço daquele que um dia chamou de melhor amigo, acabando de vez com a distância entre os dois.

— Senti sua falta, Mah.

— Também senti, "invencível Mikey".

O loiro riu ao ouvir esse apelido ser dito por ela e, depois de alguns segundos, terminou o abraço para poder finalmente olhar direito para uma das pessoas que mais sentiu falta nos últimos anos. Porém, antes que algum dos dois pudesse dizer alguma coisa, Mahina se esquivou para trás e segurou com a mão livre um braço que vinha em sua direção.

— Ainda tentando conseguir acertar um soco em mim, Baji?

— Você continuou sendo uma pé no saco.

— Você me ama que eu sei — a garota disse tentando segurar a risada ao ver o rosto irritado do amigo.

— Cala a boca — Baji respondeu, mas sem conseguir esconder um leve sorriso por finalmente ver Mahina depois de tanto tempo.

Os membros da Toman viam as interações da desconhecida com praticamente todos os capitães das divisões sem entender nada do que estava acontecendo, estranhando, principalmente, por ela ser uma garota. Ver os mais fortes da gangue a abraçando e até mesmo a girando no ar, como Pah-Chin fez, era uma cena que com certeza podia ser considerada de caráter duvidoso, considerando o fato de como eles sempre tinham expressões sérias no rosto.

— A reunião está encerrada! — Mikey gritou, depois que Mahina foi apresentada rapidamente para os capitães e vice capitães que não sabiam quem ela era — Podem ir para casa!

Mesmo a contragosto por causa da curiosidade de todos ali sobre a garota, os membros começaram a se dispersar, sobrando ao fim somente aqueles que conheciam uma das fundadoras da Toman.

— Você chegou quando? — Mitsuya perguntou, enquanto passava o braço pelo ombro de Mahina.

— Hoje de manhã na real.

— Como sabia que teríamos reunião?

— Eu vim aqui no chute e acabei tendo sorte no final das contas.

— Acho que nunca passou pelas nossas cabeças que você ia voltar.

— Sendo sincera, também achava que não ia conseguir, mas meu pai resolveu tomar a primeira decisão boa da vida dele.

— Ele continuou sendo um filho da puta? — Mikey perguntou e riu fraco ao ver a garota revirar os olhos.

— Vocês nem imaginam o escandâlo que ele fez quando resolvi cortar o cabelo.

— Um dia ainda saio na porrada com esse cara — Baji disse, fazendo Mahina rir.

— Não se preocupe que eu te ajudo.

Em completo silêncio e um pouco mais distante, Draken observava a cena sem saber que atitude tomar, o que ele achava completamente irritante.

Como que ele não sabia o que fazer em uma situação que deveria ser considerada normal? Bem, quando você brigou com a pessoa poucas horas antes dela ir para o outro lado do mundo, mais especificamente para Londres, a situação fica um pouco mais complicada do que o padrão.

Não era só ele que não sabia o que realmente fazer.

Mahina se lembrava muito bem das palavras que Draken disse, como ele também tinha tatuado na memória o que ela "gritou".

Talvez fosse o fato de que ambos tinham doze anos na época e que, com certeza, não sabiam lidar tão bem com a frustração de terem seus planos jogados no lixo. Porém, uma coisa que deve ser sempre levada em questão é que feridas físicas podem muito bem ser curadas, mas aquelas feitas por palavras, na maioria das vezes, não podem.

— Sobre o que foi a reunião? — ela perguntou, curiosa — Parecia ser algo grande e também quem era aquele de moicano que tava sem o uniforme da Toman?

— Te explicamos depois — Mitsuya respondeu simplista, fazendo a garota franzir as sobrancelhas desconfiada.

— Eu vou cobrar.

— A gente sabe.

Mahina sorriu ao ver aquele grupo reunido de novo, mesmo que uma pessoa em específico estivesse faltando. Ela tinha plena consciência de que, talvez, as coisas estivessem diferentes quando voltasse para o Japão, o que a fazia ter uma série de perguntas voando dentro da sua cabeça, mas o tempo acabaria a respondendo.

O assunto logo foi alterado e era como se eles tivessem doze anos de novo, uma época em que tudo era muito mais simples, livre e sem consequências que se alastraram de forma praticamente caótica e sem controle. Às vezes, desejamos que o tempo pare, que uma espécie de inércia se estabeleça, e que uma bolha de conforto seja formada ao nosso redor, de forma que nada possa atrapalhar os nossos planos mais íntimos e até mesmo inocentes.

O problema está no fato de que o mundo não para e não liga pra isso.

Tudo gira e avança da forma mais rápida possível fazendo com que os dias de sol recheados de risadas na frente de um templo, se tornassem uma névoa extremamente longe dentro das memórias e que somente algumas coisas ficassem, trazendo para o presente somente míseras lascas desses tempos áureos.

Draken pensou um pouco sobre isso, observando Mahina "brincar" de lutinha com Baji enquanto Mitsuya balançava a cabeça em negação e Mikey e Pah-Chin torciam pela garota. Ao mesmo tempo que essa cena pudesse ser tão nostálgica, tinha muita coisa diferente, era algo até mesmo um pouco paradoxal.

Ela não tinha mais o cabelo que antes batia praticamente na cintura, agora era somente um pouco acima dos ombros, e as orelhas estavam lotadas de piercings, algo que o vice-líder da Toman imaginava que tinha tirado toda a paciência do pai da garota. Porém, no meio de tantas mudanças, uma lasca do passado se destacava.

Um par singelo de argolas douradas com pingentes em formato de rosas.

Ele não esperava que Mahina ainda usaria esses brincos, principalmente depois de tanto tempo e também levando em consideração o fato de que ela poderia ter qualquer joia que desejasse, já que o seu pai tinha um número com vários zeros na conta bancária. Entretanto, as argolas estavam ali, mostrando que o passado, de certa forma, ainda estava vivo nela.

Alguns minutos se passaram e, mesmo que não quisesse, Mahina tinha que voltar para casa.

— Você vai conseguir almoçar com a gente amanhã? — Mikey perguntou para a garota.

— Talvez, depende muito se meu pai vai ficar em casa ou não. Como agora tenho de novo o telefone de vocês, qualquer coisa eu ligo.

— Tudo bem então.

Todos agora se encontravam no estacionamento e, depois de se despedirem, cada um foi para sua respectiva moto, mas Draken respirou fundo e se viu seguindo a garota com as mãos nos bolsos da calça.

— Não esperava que você ainda os usava.

A garota se virou, encontrando o loiro um pouco atrás de si.

— Não era como se eu conseguisse parar — respondeu, sabendo muito bem do que ele falava — Muitos falam que carregar o passado consigo pode ser ruim, mas não sou muito adepta a esse ponto de vista.

— Realmente não combina com você pensar desse jeito.

— Não mesmo — Mahina riu fraco e se sentou na sua moto, sentindo uma inquietação ao, finalmente, falar com Draken depois de tanto tempo.

— Então, você finalmente tem uma moto?

— Sim, não podia ficar roubando a do meu irmão toda hora.

— Eles voltaram com você?

— Voltaram, não era como se algum de nós realmente gostasse de Londres.

— Era tão ruim assim?

— Pra quem estava acostumada a ser "livre", com certeza era. A única coisa boa que consegui de lá foi a minha moto, já que meu vizinho estava vendendo, de resto foi uma merda.

— Você realmente não queria ir, não é?

— Só percebeu agora?

— Já tem um tempinho — ele disse sincero, fazendo-a rir.

— Sabe, foi bom te ver de novo — Mahina disse, sorrindo de canto — Acho que agora vai ter que voltar a me aturar.

— Vai ser um ótimo exercício para a minha paciência.

— Idiota — reclamou, colocando o capacete enquanto o outro sorria convencido — Te vejo por aí, Draken.

— Te vejo por aí, Rainha das Rosas.

Mahina desviou o olhar ao ouvir esse apelido ser dito, especificamente, por ele e ligou a moto, fazendo com o que o ronco tão característico da CB 400 ecoasse pelo estacionamento. Ela logo sairia dali, aumentando cada vez mais a velocidade, deixando para trás alguém que descobriria que os brincos não foram a única lasca do passado que tinha ficado com ela.

Alguns sentimentos também.



Oi gente! Tudo bem com vocês?

No capítulo de hoje tivemos a Mahina de novo com a Toman e, sério, estou muito animada para poder contar a história deles e as relações que ela tem com cada um deles!

Bem, espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar e de comentarem o que acharam (AMO ler o feedback de vocês)!

Até a próxima! ♥︎

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top