𝚝𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢 𝚝𝚠𝚘

— Conseguiu os relatórios daquele cara? — Draken perguntou, com o celular próximo ao ouvido, só tirando o aparelho de lá para ver que já haviam se passado vinte minutos desde que a ligação tinha começado.

Foi difícil, mas consegui — Mitsuya respondeu, segurando uma risada divertida quando ouviu um suspiro de alívio do loiro — Vou te mandar tudo em um segundo.

Beleza. Eu tenho que encontrar com a [Nome] agora, depois a gente se fala.

Certo — O de cabelos platinados resmungou, já que estava concentrado demais mexendo no computador que tinha em mãos, se concentrando mais em enviar todos os artigos para o vice comandante — Até.

Antes que o Ryuguji tivesse tempo para desligar a ligação, o platinado desligou. Depois de mais um suspiro pesado, Ken se encostou no banco do carro e fechou os olhos com força.

Já não bastava ter um dos líderes da maior rival da Touman atrás da namorada dele. Agora, seu ex namorado, que também era um ex presidiário, estava solto finalmente e algo dentro de Draken gritava avisando que ele iria atrás de você.

Ken nunca tinha tido um relacionamento tão sério antes como o que estava tendo com você agora. Além disso, dava para contar nos dedos de uma só mão para quantas pessoas ele já disse "eu te amo", e ele não mentiu quando falou isso para você. A maior convicção dele era o amor que ele sentia por você e que ele não deixaria que nada acontecesse com você. Ele passaria por cima de quem for para te ver feliz.

Somente quando o celular dele começou a vibrar, anunciando uma nova ligação, Draken abriu os olhos novamente e pegou o aparelho, vendo o nome de Mikey nele.

— Fala aí — Ele disse, assim que atendeu a chamada e colocou o celular próximo ao ouvido, mas nem teve tempo de falar mais nada, já que o mais baixo o interrompeu.

Os caras perderam Hiroshi de vista — O comandante parecia afobado, como se estivesse correndo — Parece que ele tava indo na direção do shopping.

Porra! — Ken gritou e desligou a chamada logo em seguida.

O loiro saiu do carro em um só movimento e bateu a porta do veículo com força suficiente para quebrar o vidro. Já com a respiração ofegante e punhos cerrados, ele entrou correndo no shopping, ignorando os olhares atravessados das pessoas que passavam por ele.

Para a sorte dele, não tinham mais tantas pessoas no estabelecimento, já que estava quase fechando. Tentando imaginar onde você poderia estar, ele se lembrou vagamente de que Kazutora tinha pedido um sorvete e, por isso, disparou para o mercado onde você sempre comprava os sorvetes para a casa. Por causa da velocidade em que corria, Draken não demorou mais do que poucos minutos para chegar lá, mas a loja já tinha fechado.

Olhando ao redor, ele tentava desesperadamente encontrar algum resquício da sua presença lá, ou até da do Hiroshi. Na verdade, o loiro nem sabia o que faria se encontrasse com o seu ex namorado. Talvez, quem acabasse sendo preso iria ser o Ryuguji.

A leve ansiedade e desespero começaram a tomar conta da mente de Draken. Definitivamente, ele nunca se perdoaria se algo tivesse acontecido com você. A ideia de Hiroshi ter feito algo com você, ou até de Henma ter se aproveitado da situação e atacado, fizeram com que o loiro ficasse cada vez mais nervoso.

O peito dele já estava doendo e o coração batia acelerado, enquanto a mente dele vagava, pensando no pior que poderia ter acontecido com você. Ele já tinha pegado o celular no bolso e estava o desbloqueando, com a ideia de ligar para a sede e mandar todos os homens disponíveis rodearem o shopping, quando sua voz atingiu os tímpanos dele.

— Ken?

Assim que ouviu sua voz, o loiro se virou na sua direção, vendo você com um olhar relativamente assustado, segurando a sacola com o sorvete de Kazutora. Por onde você tinha vindo, ele logo percebeu que você tinha saído do banheiro. Agora, controlando a respiração, ele percebeu o seu rosto inchado e levemente vermelho.

No final das contas, você tinha encontrado com Hiroshi, mas o fato de você estar bem fez com que toda a tensão e nervosismo sumissem do corpo de Draken.

— Tudo bem? — Ele perguntou, se aproximando lentamente de você.

— Uhum — Você murmurou, colocando um pequeno sorriso de lado no rosto — Podemos ir embora?

— Vamos.

Com uma expressão de alívio no rosto, o Ryuguji foi até você e pegou sua mão live, que não estava carregando o sorvete, e entrelaçou os seus dedos. Mesmo que estivesse feliz por você estar fisicamente bem, Draken preferiria que você tivesse saído de uma luta e levado um soco, do que ver que alguém fez você chorar. De fato, você era a mulher mais forte que ele já viu na vida. Por isso, o loiro nem conseguia imaginar o que Hiroshi tinha falado para ter feito você chorar desse jeito.

Ele queria perguntar o que aconteceu, queria que você conversasse com ele sobre isso, mas Ken nunca te pressionaria a fazer algo do tipo. Se, um dia, você quisesse falar sobre isso, ele estaria aqui, esperando por você.

Mas, você não pretendia mais falar sobre isso, nunca mais. Finalmente, você conseguiu deixar uma parte exatamente conflitante da sua vida para trás. Queria enterrar isso para sempre e, sinceramente, só esperava que Hiroshi conseguisse seguir em frente, do mesmo jeito que você estava fazendo.

Ainda com esse pensamento em mente, você segurou a mão do Ryuguji um pouco mais forte, ato que não passou despercebido por ele. Com um sorriso satisfeito no rosto, o loiro também apertou um pouco mais a sua mão, enquanto ambos seguiam para o carro novamente.

Seu coração ainda estava meio pesado por tudo o que aconteceu na conversa com Hiroshi, mas, agora, ao lado de Draken, você finalmente percebeu que você não tinha mais vontade de chorar.

[...]

O vento frio da noite batia agressivamente no rosto fino de Hiroshi. O moreno não pegava leve na velocidade em que colocava na moto, fazendo os números do velocímetro ficarem cada vez mais altos.

Uma mistura de alívio com frustração tomavam conta do peito dele. Por um lado, esse estava feliz que tinha se livrado de você, uma parte do passado dele que ele queria, finalmente, esquecer de vez. Por outro lado, o moreno sabia que Kisaki não ficaria nada feliz em ele não ter conseguido concluir a missão.

A sede da Valhalla era um pouco mais distante do shopping, mas ele esperava conseguir algo de Kisaki, por ter conseguido falar com você, e até ter feito você chorar. Hiroshi não tinha ideia do que o loiro de óculos queria com a ex dele, mas nem se importava. Você tinha saído complemente da vida dele a partir do momento em que o abandonou no presídio. O único sentimento que ele tinha por você era raiva, mas Kisaki tinha deixado extremamente claro que não queria nenhum tipo de violência física contra você.

Um suspiro pesado e cansado escapou dos lábios do moreno, que não via a hora de finalmente deitar em uma cama e dormir, pela primeira vez fora da cadeia. Claro que, assim que tivesse autorização de Kisaki, te caçaria mais uma vez. Brincar com os seus sentimentos foi até mais divertido do que ele imaginava que fosse. Mas o moreno sabia que teria que tomar mais cuidado com um tal de Ken Ryuguji.

— Acha que ele conseguiu alguma coisa? — Hanma perguntou, enquanto tirava as íris douradas da tela do celular e encarava Kisaki, que estava sentado a poucos metros dele.

— Eu duvido muito — O loiro respondeu, ainda sem desviar a atenção dos papéis que tinham na mesa na frente dele — Hiroshi é tão inútil agora quanto era antes de ser preso.

— O que ele fazia exatamente na gangue antiga?

— Porra nenhuma — O comandante respondeu, dando de ombros — Ele era cachorrinho do líder antigo deles e fazia tudo o que eles mandavam, mas era muito ruim de briga — Um sorriso divertido tomou conta dos lábios dele quando um pensamento se passou pela cabeça dele — Eu não ficaria nada surpreso se [Nome] quebrasse ele em dois.

— Se você já sabia que não ia dar em nada, por que mandou ele atrás dela?

— Eu imagino que poucas coisas consigam abalar uma mulher forte que nem ela — Finalmente, os olhos de Kisaki desviaram dos papéis e se encontraram com o único outro homem na sala — Além dos membros principais da Touman, que são praticamente impossíveis de entrarem na nossa rede de influência, tem o ex namorado dela.

— Ela não podia simplesmente já ter superado ele?

— Já — O loiro respondeu, dando de ombros — Foi mais um tiro no escuro mesmo. Mas se ele tiver conseguido abalar ela, mesmo que só um pouco, já vai ser um bônus.

— Quando vamos colocar o plano em prática? — Hanma perguntou, se levantando da cadeira em que estava sentado e indo até a janela, olhando a pequena movimentação de homens do lado de fora.

— Se tudo der certo, essa semana.

O de mechas loiras assentiu com a cabeça, concordando. Seria uma missão relativamente complicada, já que, assim que sequestrarem você, a Touman seria acionada imediatamente. Todos os membros da gangue rival iriam para cima da Valhalla, somente para recuperar você, e era exatamente isso o que Kisaki queria.

Depois que tudo acabar, o que vamos fazer com ela? — Mais uma vez, a voz de Hanma tirou o comandante dos pensamentos.

— Se quiser ficar com ela pra você, pode ficar — O loiro respondeu, também se levantando e indo até a mesma janela, assim que começou a ouvir um certo tumulto do lado de fora — Mas quero que ela faça parte da gangue, então tente convencer ela.

Novamente, Hanma assentiu com a cabeça, focando agora em tentar identificar de onde vinha a movimentação do lado de fora. Só quando viu uma moto que não era da Valhalla se aproximando, ele entendeu que Hiroshi estava aqui, como o planejado.

— Ele chegou.

Os olhos frios de Kisaki rapidamente identificaram a moto do seu ex namorado, que descia ela com pressa e entrava na casa, depois de ser revistado pelos homens. Um sorriso divertido tomou conta dos lábios de dele, que se afastou da janela e voltou a se sentar na mesma cadeira de antes.

— Pode ir agora — O loiro disse, voltando a verificar os papéis em cima da mesa — Pede pra alguém trazer aquele idiota aqui.

Depois de soltar uma risada fraca, mas divertida, Hanma saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Os pensamentos do vice comandante sobre você ainda estavam relativamente conflituosos. Mesmo assim, ele se concentrou em esvaziar a mente e chamar o primeiro homem que viu, o mandando trazer Hiroshi até a sala de Kisaki.

O loiro ainda tinha um sorriso divertido nos lábios, imaginando como seria dar um fim à Touman, de uma vez por todas. Algo que sempre foi um empecilho muito grande para ele, não passaria de uma mera lembrança desagradável.

Os pensamentos dele só foram interrompidos por uma batida firme na porta, que tirou o sorriso alegre do comandante. Depois de gritar para que o homem abrisse a porta, um sorriso educado tomou conta dos lábios dele quando viu Hiroshi passar pela porta, visivelmente assustado.

— Boa noite — Kisaki disse, assim que o mais velho entrou, e fez um sinal com a mão para que ele se sentasse na cadeira em frente a ele — Eu não imaginava que você fosse voltar tão cedo.

— Eu também não — O moreno respondeu, se sentindo na frente do comandante, ainda levemente receoso — Achei que ia conseguir trazer [Nome] pra cá, mas aquela mulher é osso duro de roer.

— Conseguiu alguma informação útil, pelo menos?

— Consegui fazer ela chorar, se conta alguma coisa — A forma orgulhosa como ele falava aquilo arrancou uma risada leve, mas divertida de Kisaki.

— Eu te pedi pra trazer ela até aqui ou conseguir alguma informação útil sobre o paradeiro dela nas próximas semanas — O loiro começou a falar, agora sério — Mas, ao invés disso, você só fez ela chorar?

— Se você tivesse me deixado usar a força, eu tinha trazido ela.

— E eu duvido muito disso.

— Acha que eu não consigo lidar com uma garota feito a [Nome]? — O moreno nem tentava esconder o tom de indignação, o que alargou ainda mais o sorriso que Kisaki tinha acabado de colocar no rosto.

— Eu tenho certeza que não — Devagar, o loiro se levantou da cadeira em que estava, colocando as mãos para trás e caminhando pela sala, indo até a mesma janela de antes e olhando por ela — Não me leve a mal, Hiroshi, mas um cara como você não conseguisse derrubar uma mulher como ela.

— E o que você sabe sobre a [Nome]?

— Muita coisa — Novamente, ele se virou para o moreno, mas, dessa vez, com uma arma apontando para o mais velho — Afinal de contas... — O som do tiro preencheu todo o cômodo e, logo um segundo depois, Hiroshi estava no chão, tentando, desesperadamente, usar as duas mãos para estancar o ferimento da bala — ...eu sou amigo dela.

Os resmungos e gemidos de Hiroshi preenchiam a sala, mas ele não ousava gritar. A bala tinha o atingido na barriga, provavelmente acertando o estômago. A poça de sangue que se formava já era enorme e ia se espalhando cada vez mais pelo piso de madeira importada.

— Sabe, você até seria um ótimo membro da Valhalla — Kisaki começou a falar, enquanto ia até um pequeno bar, que tinha no canto esquerdo da sala, e servia um copo de whiskey — Mas eu ainda tenho a cicatriz daquela facada que você me deu.

— Você... — Hiroshi tentava falar, quase sussurrando — Era o... cara da... Valhalla?

— Pois é — O loiro respondeu, obviamente se divertindo com a situação — Devia ter me matado naquele dia.

Mais um tiro, dessa vez na cabeça.

Um suspiro aliviado escapou dos lábios de Kisaki e, depois de virar todo o copo de whiskey que tinha em mãos, foi caminhando devagar até a janela. A lua estava mais brilhante do que o normal, algo que ele via como um sinal de sorte.

Quando percebeu que tudo estava caminhando para que o plano dele desse certo, um sorriso ainda mais largo tomou conta do rosto dele. Em pouco tempo, você traria a vitória para ele.

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