𝚝𝚎𝚗
— Claro, docinho — A voz de Hanma estava mais pretensiosa do que você se lembrava, mas resolveu não ligar para isso. Já tinham coisas demais na sua cabeça.
— Que horas fica melhor pra você?
— Passo aí pra te buscar logo de manhã, antes do seu irmão acordar — Você raciocinou bem o que ele falou e chegou na conclusão que realmente seria melhor sair antes só irmão acordar do que ter que inventar alguma desculpa esfarrapada.
— Certo, vou estar pronta.
— Só não deixa o Draken dormir aí hoje.
Suas sobrancelhas se franziram levemente e você saiu do banheiro, entrando no quarto e indo até a janela, passando os olhos por toda a rua.
— Como sabe que ele tá aqui?
— Por favor, docinho, pelo menos finge que sabe que eu sou um cara profissional.
— Se continuar mandando homens até minha casa, pode esquecer nosso encontro.
— Então é um encontro? — O tom malicioso dele fez você revirar os olhos.
— Você entendeu.
— Tudo bem — Ele respondeu, depois de um suspiro, como se tivesse desistido de te provocar — Passo aí às 5, esteja acordada.
— Vou estar — Foi a última coisa que você respondeu, antes de deixar seu corpo cair na cama e soltar um suspiro exausto.
Seus olhos se fecharam enquanto sua mente estava atolada de pensamentos conflituosos. Mesmo assim, se apressou em se levantar e colocar o celular para carregar, saindo do quarto e descendo as escadas logo em seguida. Seria muito ruim se Draken desconfiasse de alguma coisa. Mas, para o seu azar, quando você subiu as escadas, o loiro havia pegado o celular, vendo a mensagem de Mikey lá.
"Porra! Será que ela viu?" Era o único pensamento constante na mente dele.
Draken estava dividido. Tinha que se aproximar de você para confirmar se você sabia sobre eles ou se estava se encontrando com Henma. Ao mesmo tempo, ele realmente gostava de passar tempo com você. Mas a ideia de que você tivesse lido a mensagem e pensado que ele só estava com você por causa das informações, fazia o loiro sentir ódio de si mesmo.
Somente os seus passos voltando para a sala o fizeram acordar dos pensamentos e virar o rosto para você. Você estava com um sorriso nos lábios, o convencendo de que não havia visto a mensagem de Mikey. Tudo mentira.
— Você demorou — Ele disse, se levantando do sofá em que estava e indo até você, lhe roubando um selinho.
— Tive que responder as mensagens da minha mãe — Você mentiu, ainda com um sorriso no rosto, depois que separaram seus lábios — Vamos comer? Tô' morrendo de fome.
— Vamos.
Sem nenhuma demora, vocês se sentaram na mesa, lado a lado. O loiro havia pegado os pratos e talheres, já deixando tudo pronto para quando você voltasse. Vocês conversavam de forma descontraída, com pequenos sorrisos nos lábios. Mesmo assim, como vocês estavam por fora não refletia nem um pouco como estavam por dentro.
— Naquele dia, da festa... — Draken começou, no meio da conversa — Que você foi parar naquele beco.
Você assentiu com a cabeça, em sinal para que ele continuasse, já que sua boca estava ocupada com a pizza. Ainda assim, preferia que ele não tocasse mais nesse assunto, mas, só o fato de todos eles insistirem tanto nisso comprava que todos eles já suspeitavam do seu encontro com Hanma.
— Você disse ao pessoal que tinha encontrado um cachorro — Ele continuou, fazendo você franzir levemente as sobrancelhas — Mas tinha dito pra mim e pro Mikey que era um gato antes.
— Eu sei lá, Draken — Você disse, o mais descontraída possível, soltando uma risada levemente forçada — Tava escuro naquela hora e foi muito rápido, não me lembro bem se era um gato ou um cachorro.
— Se foi tão rápido assim, por que passou tanto tempo naquele beco?
— Tava procurando o Mikey.
— Você consegue detonar cinco caras só com as mãos, é a fodona no videogame, mas não consegue identificar se o animal era um gato ou um cachorro.
— Eu consigo detonar cinco caras só com as mãos, sou a fodona no videogame, mas não tenho visão noturna.
Vocês dois se encaravam com os olhos levemente estreitos. Ambos sabiam muito bem que mentiras era o que mais pairava no ar.
— Você quer me contar alguma coisa, [Nome]?
— Não sei, você quer me contar alguma coisa, Draken?
— Tipo o que?
— Tipo eu nunca conseguir ficar sozinha por cinco minutos que um de vocês já chega perto de mim, como se estivessem me protegendo — Você começou, fazendo o loiro arquear levemente as sobrancelhas, surpreendido sobre como você começou a abrir o jogo — Naquele dia que os caras da Moebius foram atrás de Baji e Mitsuya, eu sabia que tinha alguma coisa de errado, mas nenhum de vocês me falava a verdade, só inventavam um monte de desculpas esfarrapadas.
Draken desviou os olhos dos seus, assim que você parou de falar, porque ele sabia que agora era a hora em que ele falava toda a verdade para você. Mas não podia fazer isso. Ele não sabia qual era o motivo de Takemichi não querer abrir o jogo com você, mas ele confiava cegamente no seu irmão, o suficiente para saber que existia um bom motivo para isso. Além do mais, ele sabia que não podia simplesmente se meter em um assunto da sua família assim, mesmo que você o odiasse por isso.
— Eu sei que você ficou aqui comigo só pra tentar descobrir alguma coisa — Suas palavras tiveram impacto suficiente para atrair as íris dele de volta para você — E eu fico me perguntando se você não se aproximou de mim só pra isso, desde o início.
Seus olhos não o encaravam mais, olhavam para a fatia de pizza no seu prato, enquanto todo o seu apetite ia embora. E o fato de o loiro estar demorando para responder, só fazia a raiva dentro de você crescer ainda mais. Se Draken não tivesse tocado nesse assunto, vocês poderiam fingir que nada aconteceu, talvez até transassem antes de você inventar alguma desculpa para ele não poder dormir aqui, e se encontraria com Henma amanhã de manhã.
Mas, infelizmente, tudo estava indo por água a baixo.
— [Nome], eu não...
— Eu vi a mensagem que Mikey te mandou.
O coração do loiro errou uma batida ao ouvir isso. Ele já tinha diversas suspeitas de que isso pudesse acontecer, mas ouvir de você acabava com toda a esperança de que isso não tivesse acontecido. A ideia de você pensar que ele só estava com você por interesse era repugnante.
— [Nome]...
— Sai daqui... — Sua voz saiu falha, ao mesmo tempo em que algumas lágrimas pesadas ameaçavam cair de seus olhos — Sai daqui, agora! — Você repetiu, gritando dessa vez, quando ele não te deu resposta.
Draken ponderou por pouco tempo sobre o que fazer, mas tinha certeza que, nesse momento, o melhor era te deixar sozinha. Por isso, ele suspirou e se levantou da cadeira, caminhando sem pressa até a porta, tentando ignorar os soluços fracos que ouvia vindo de você.
Ver você, a garota mais forte que ele já havia visto na vida, chorando por causa dele, fazia Draken querer bater em si mesmo.
Depois de pegar a carteira e o celular, o loiro abriu a porta, mas, antes de sair, se virou mais uma vez na sua direção.
— Não fiquei com você só porque o Mikey pediu — Ele disse, em um tom baixo, quase melancólico — Fiquei porque gosto de você.
Suas sobrancelhas se arquearam levemente, mas você não teve coragem de se virar para ele. Percebendo que você não mudaria de ideia só com aquilo, o loiro saiu da casa, fechando a porta atrás de si. Assim que parou de ouvir o som dos passos dele se afastando, você deixou toda a frustração e raiva que sentia no peito aflorarem, não tentando mais conter as lágrimas que rolavam descontroladamente pelo seu rosto.
Somente depois de alguns longos minutos, você percebeu que já havia passado tempo demais chorando. Por isso, se levantou e guardou o resto da pizza que sobrou, jogando os pratos de qualquer jeito na pia, para que fossem lavados depois. Com pressa, subiu até seu quarto e colocou algumas mudas de roupa em uma mochila, junto com matérias de higiene pessoal.
Encarou seu celular na cama algumas vezes. Precisava sair daquela casa, e sabia exatamente para onde podia ir.
Com um suspiro frustado, desbloqueou o aparelho e entrou na sua conversa com Hanma, que ainda não havia nenhuma mensagem, até agora.
Você: Pode vir me buscar agora?
O nervosismo tomava conta do seu corpo enquanto esperava por uma resposta. Depois de alguns segundos demorados, você suspirou frustrada e jogou o aparelho na cama novamente, que, assim que tocou o colchão, apitou. Rapidamente, você o pegou novamente, sentindo o coração acelerar quando viu a resposta de Henma.
Henma: Em cinco minutos eu chego aí, docinho.
Do outro lado da linha, o homem de cabelos pretos, com algumas mechas loiras, sorriu triunfante. Assim que recebeu uma confirmação sua de que estaria esperando por ele, o mesmo desligou o celular e olhou para a mulher ajoelhada na frente dele. A ruiva chupava o membro do vice comandante da Valhalla, com o maior profissionalismo. Mesmo assim, o homem segurou firme nos cabelos dela, puxando a cabeça da mulher para longe dele.
Sem nenhuma explicação, Hanma se levantou da cama na qual estava sentado, mesmo que ainda estivesse completamente excitado, e começou a vestir suas roupas, deixando a mulher confusa no chão.
— Senhor Hanma..? — A voz dela saiu baixa, por mais que ela estivesse tentando não vacilar, mas o olhar dele a deixou ainda mais nervosa — Não quer que eu acabe o trabalho?
— Não — Ele respondeu, seco, já completamente vestido, indo até a carteira e tirando a maior nota de lá — Suma — Falou, com o tom autoritário de sempre, depois de jogar a nota perto de onde ela estava.
Assentindo diversas vezes consecutivas com a cabeça, a ruiva pegou a nota e se levantou, pegando a bolsa e saindo de lá o mais rápido possível.
Ainda com um sorriso excitante no rosto, ao se lembrar do seu pedido a poucos minutos, ele ouviu alguém entrando no cômodo.
— Senhor, aconteceu alguma coisa?
Hanma nem precisou se virar para saber que era Hayato, seu homem de maior confiança.
— Prepare o carro, vamos sair.
— Para onde, senhor?
— Casa dos Hanagaki.
— Achei que a gente só ia buscar a [Nome] amanhã.
— Eu também — Finalmente, o chefe de virou para ele, ainda com aquele sorriso no rosto — Imagina minha surpresa quando recebi uma mensagem dela pedindo pra ir lá agora.
— E se for uma armadilha?
A risada que Hanma soltou depois da última pergunta fez parecer que a resposta era óbvia.
— [Nome] é esperta demais pra fazer uma merda dessas — Ele olhou ao redor do próprio quarto — E pede pra alguém vir arrumar essa bagunça. Não quero que ela perceba que outras mulheres vieram aqui hoje.
— Certo.
Sem precisar de mais nada, o subordinado saiu às pressas, procurando por alguma faxineira para atender ao pedido do vice comandante. Enquanto isso, Hanma ia até o banheiro, tomar uma ducha rápida, apenas para tirar o cheiro de sexo que impregnava o corpo dele. Depois de escovar os dentes e passar perfume, ele vestiu as roupas e colocou seus típicos óculos redondos.
Assim que saiu do quarto, duas mulheres entraram lá, com matérias de limpeza. Depois de verificar o celular e ver que já havia passado cinco minutos, ele se apressou em descer as escadas da casa e ir até a garagem, onde Hayato já estava esperando dentro do carro.
— Não pegue leve na velocidade, eu já tô atrasado — Hanma disse, assim que fechou a porta de trás do carro, depois de se sentar em um dos bancos.
— Nunca vi o senhor tão apressado por causa de uma mulher.
— Ela não é qualquer mulher.
Sem contestar mais nada, Hayato pisou fundo, como o chefe havia pedido, sem se importar em ultrapassar o limite de velocidade permitido ou em furar vários sinais vermelhos. Hanma mandava mensagens para você, sem se importar em colocar o cinto de segurança
Hanma: Já estou chegando.
Você: Seus 'cinco minutos' foram quase uma hora.
Hanma: Tive que me arrumar pra ver você, docinho.
Claramente, ele não conseguia te ver pelo outro lado da tela, mas podia imaginar você revirando os olhos ao ler a mensagem dele. E foi exatamente isso que você fez.
Depois de receber as mensagens de Henma, decidiu esperar por ele já na rua. Por isso, apagou todas as luzes da casa e saiu pela porta da frente, a trancando logo em seguida. Assim que chegou na calçada, uma BMW 360i, preta, parou bem na sua frente. Você nem precisava tentar descobrir para saber quem era, mas ficou grata quando a janela do banco de trás abriu, relevando Henma, com um sorriso vitorioso.
— Sentiu minha falta, docinho?
Como de costume, você apenas revirou os olhos e abriu a porta do carro, entrando logo em seguida. Assim que você fechou a porta, o homem que estava dirigindo arrancou o carro, mas não tão rápido quanto vieram.
— Por mais que eu esteja lisongeado — Hanma disse, com um leve tom de deboche — Por que me pediu pra vir mais cedo?
— Queria logo que a gente conversasse — Respondeu, dando de ombros.
— E o Draken?
— Não sei dele.
— Então brigaram?
Você o encarou pela primeira vez, com os olhos estreitos e sobrancelhas franzidas. Geralmente, você conseguia ler as pessoas, mas Hanma era um mistério. Parecia que ele estava brincando a todo o momento, o que lhe confundia sempre. Mas, isso meio que te deixava intrigada.
— De qualquer forma — Você desviou o olhar, quando percebeu que ele ainda manteria aquele sorriso convencido no rosto — Para onde estamos indo?
— Minha casa — A resposta dele fez você arquear levemente as sobrancelhas, o que arrancou uma risada divertida dele — Não se preocupe, docinho — Ele aproximou o rosto do seu pescoço, fazendo as próximas palavras roçarem na sua pele exposta — Não vou fazer nada que você não queira.
— Ótimo — Você respondeu, firme e debochada, virando o rosto para encara-lo e, mesmo que seus lábios estivessem apenas a centímetros de distância, você mantinha os olhos nas íris dele — Então não vamos fazer nada além de conversar.
Seu tom provocativo arrancou o sorriso do rosto dele, mas Hanma logo se recuperou e o colocou ali de volta, pouco antes de soltar uma pequena risada divertida. Ele fixou os olhos, descaradamente, nos seus lábios, somente desviando a atenção quando o carro parou, alegando que haviam chegado no destino.
Hayato foi o primeiro a descer, abrindo a porta de Hanma logo em seguida. O homem de mechas loiras desceu do veículo, antes de estender a mão para você, lhe ajudando a sair do carro. Você agradeceu com um sorriso meio sem jeito, não tendo certeza se ele havia feito isso apenas para provocar ou para ser educado.
— Trouxe uma mochila? — Ele perguntou, assim que percebeu, pela primeira vez, a bolsa em suas mãos.
— Vou dormir em um hotel essa noite — Respondeu, suspirando, enquanto andavam até dentro da casa — Não tô muito afim de encontrar meu irmão hoje.
— Pode dormir aqui se quiser — Mais uma vez, o comentário dele fez você arquear as sobrancelhas, arrancando uma risada alta dele — Sem nenhuma maldade, é sério, pode ficar aqui se quiser.
Você assentiu levemente com a cabeça, esboçando um sorriso gentil em agradecimento, mas ainda não sabia se podia confiar totalmente em Hanma. Algo nele fazia você tremer e seus sentidos ficarem alerta.
— Quer conversar logo agora? — A pergunta dele tirou você de seus pensamentos, lhe fazendo encarar aquelas íris douradas.
— Posso tomar banho primeiro?
— Claro — Ele respondeu, depois de soltar uma risada fraca — Vem comigo — Ele fez um sinal com a cabeça para que você o seguisse, o que você fez.
Subiram juntos pela escada principal, passando por alguns homens que andavam de um lado para o outro, provavelmente trabalhando. Alguns deles olhavam sorrateiramente para você, mas nunca por muito tempo, já que Hanma sempre percebia os olhares maliciosos.
Quando chegaram na última porta do corredor, o homem a abriu, revelando o quarto mais bonito que você já viu na sua vida. Com pouca mobília e um ar mais moderno, ele conseguia ser perfeito.
— O banheiro fica logo ali — Hanma falou, apontando para uma porta do lado direito do cômodo — Tem toalha no móvel em baixo da pia. Pode ficar a vontade.
Por mais engraçado que parecesse, ele não havia falado em um tom provocativo ou brincalhão. Estava sendo apenas receptivo.
Você sorriu de lado, depois de agradecer, e ir até o banheiro, não se espantando com como ele era incrível, assim como o quarto. Não demorou muito para você tirar todas as suas roupas e entrar de baixo da água morna, enquanto Something Just Like This, de The Chainsmokers e Coldplay, tocava pelo seu celular.
Entre diversos suspiros, você pensava sobre como o dia tinha acabado um belo de um desastre. Nem sabia ao certo como iria encarar o seu irmão ou seus novos amigos, já que Draken, com certeza, contaria o que aconteceu. Todos eles teriam certeza de que você estava mentindo, e que você sabia que eles estavam mentindo também.
Somente quando os seus dedos começaram a enrugar, você desligou o chuveiro e se enxugou com uma toalha, trocando de roupa logo em seguida. Resolveu colocar roupas leves, já que, depois da conversa, iria direto dormir. Estava exausta, não fisicamente, mas psicologicamente. Você não via a hora de finalmente dormir.
Assim que estava pronta, abriu a porta do banheiro e entrou no quarto, não conseguindo deixar de arregalar os olhos quando viu Hanma deitado na cama.
— O que foi, docinho? — Ele perguntou, inocente, mas divertido.
Ele estava usando somente um shot moletom, deixando todo o abdômen e peitoral definidos dele à mostra, e porra, como ele era gostoso. Você nunca tinha se preocupado para pensar como era o corpo de Henma, mas chegou à conclusão de que qualquer pensamento não superaria a realidade.
Somente quando ele soltou outra risada divertida, você percebeu que estava encarando por tempo demais, então desviou o olhar e limpou a garganta.
— Desculpa — Você murmurou, baixo, completamente envergonhada, o que fez ele parar de rir e te olhar, com as sobrancelhas levemente franzidas.
— Vem cá — Ele disse, dando alguns tapinhas na cama, lhe chamando.
Você obedeceu, se sentando na enorme cama de casal, ao lado dele. Hanma te olhava com um olhar curioso, como se estivesse tentando ler a sua alma. Do mesmo jeito que você não conseguia compreender o que se passava na cabeça dele, ele não tinha ideia do que se passava na sua.
— Você é bem interessante, sabia disso? — Ele disse, fazendo seus olhos se encontrarem com os dele.
— Hm... obrigada?
Isso foi o suficiente para arrancar uma risada alta dele, o que acabou arrancando uma risada baixa sua. Mas, logo depois, você pôs a mão na boca para esconder um bocejo. Aparentemente, estava mais cansada do que achava.
— A gente pode conversar amanhã, se você quiser descansar — Hanma disse, assim que percebeu o seu cansaço.
— Não, eu preciso entender o que tá acontecendo.
— Vai ser uma longa conversa, e bem chatinha também — Ele analisava o seu rosto com cautela, se convencendo cada vez mais de que você precisava dormir — Dorme, amanhã a gente conversa.
— Você quer que eu durma aqui?
— Eu falei que você podia dormir na minha casa.
— Mas tipo... aqui? Na sua cama?
— Por que? — Ele perguntou, depois de uma risada estridente — Acha que eu vou te atacar de noite?
— Não... — Sua incerteza o fez dar mais uma risada divertida — Mas tem tantos quartos nessa casa, por que eu tenho que dormir com você?
— Não confio nos meus homens — Ele deu de ombros — Eles sim podem te atacar de noite.
— Eu não sou uma princesa indefesa.
— E eu tenho certeza disso — Hanma retrucou, com aquele sorriso convencido no rosto — Mas aqui, comigo, não tem nem o perigo de você deixar uns quinze homens meus inconscientes.
Você não estava nem um pouco convencida, mas Henma tinha sido muito receptivo com você, além de ter lhe buscado em casa, essa hora da noite. Por isso, depois de um suspiro, você se deu por vencida e se deitou em baixo das cobertas, virada de frente para ele, mas com uma distância relativamente grande, já que a cama era enorme.
— Boa noite, docinho.
Mas você não respondeu, já que, no segundo seguinte, estava imersa em um sono pesado.
[...]
O som alto fazia o coração de Draken bater mais rápido, ao mesmo tempo em que o cheiro de cigarro eletrônico e maconha invadia as narinas dele. Believer, de Imagine Dragons, tocava em um volume tão alto que Mikey nem conseguia ouvir o mais alto o chamando. Somente quando o de trança tocou no ombro do comandante, ele se virou.
— Tá fazendo o que aqui? — Mikey gritou, mas o outro não conseguia ouvir de jeito nenhum.
Com um sinal de cabeça, o mais baixo chamou todos para saírem daquele lugar. Todos os membros da Toman que estavam com eles, além de Emma e Hina, seguiram o comandante até a área de fora da festa. Mesmo que todos estivessem curiosos para saber o que Draken fazia ali, esperaram o líder perguntar primeiro.
— Tá fazendo o que aqui? — Mikey repetiu, em um som mais baixo, mas audível para todos eles.
— [Nome] me expulsou da casa.
— Nem fodendo — Baji disse, em um suspiro, antes de passar as mãos pesadamente no rosto, como se estivesse frustrada.
— Ela viu a mensagem que você me enviou — O mais alto começou a explicar — E começou a achar que eu só tava ficando com ela por causa das informações.
— Então ela tá sozinha em casa? — A preocupação de Takemichi era evidente e ele começou a ficar mais nervoso a cada segundo — Eu tenho que ir atrás dela.
— Não, fica aqui — Mitsuya falou, fazendo um sinal com o braço para que o loiro de acalmasse — Baji e eu vamos até lá de moto, a gente chega mais rápido.
— Só espero que ela escute a gente — O de cabelos longos disse, claramente triste.
— Eu sei que você gosta da sua amizade com ela, Baji — Mikey começou a falar, atraindo a atenção de todos novamente — Mas não pense muito nisso agora. Vão lá na casa de Takemichi e vejam se ela tá bem.
— Você acha que ela pode não tá bem!? — O Hanagaki perguntou, já começando a roer as unhas — Será que alguma coisa aconteceu com ela?
— No pior dos casos Hanma tá com ela — O comandante não olhava nos olhos de ninguém, apenas encarava o chão, pensativo.
— Ele pode querer usar ela como moeda de troca — Kazutora disse.
— Isso não faz o menor sentido — Foi a vez de Emma falar — Se eles queriam pegar alguém importante, porque não sequestraram a Hina ou eu? Hina é a namorada de Takemichi e eu sou irmã do Mikey. Além disso, [Nome] seria a mais difícil de nós de sequestrar.
— Você tem razão — Toda a atenção foi voltada para Mikey novamente — Hanma nunca seria burro o suficiente pra tentar sequestrar [Nome].
— Então ela não tá com ele? — Baji perguntou, não sabendo onde essa conversa chegaria.
— Depende. Você e Mitsuya vão até a casa dela, se ela estiver lá, tudo bem — O loiro deu de ombros — Se não... Ela foi até o Hanma por vontade própria.
Nessa hora, pela primeira vez desde que a conversa havia começado, Draken levantou a cabeça e encarou o amigo, que o olhava de volta.
— Eu sei que gosta dela — O comandante começou, falando diretamente com o mais alto — Mas não existe outra explicação.
— Existem várias explicações.
— Não é segredo pra ninguém que Hanma provavelmente já entrou em contato com ela, você só não quer ver isso porque tá apaixonadinho por ela.
— Eu não tô apaixonadinho por ela. E mesmo que eu tivesse, não tem nada haver. A gente não tem provas de que eles já se encontraram.
— Então você acredita naquela história dela de que encontrou um gato ou cachorro no beco? Acorda, Ken-chi! A [Nome] mentiu pra a gente.
— Não é como se a gente também não tivesse mentido — A voz de Kazutora atraiu a atenção de todos novamente — Mas, tudo bem, o Baji e Mitsuya já saíram, a gente descobre se ela tá ou não com o Hanma quando eles chegarem lá.
Com um suspiro frustrado, Draken se virou e saiu de lá, decidido a ficar o mais longe possível de todos agora. Bastante afastado dali, ele se sentou no meio fio da calçada, sentindo seus ombros relaxarem minimamente. Mas, a sensação de alívio não durou muito, já que os passos de Mikey chamaram a atenção dele. O mais alto nem precisou virar para o lado quando sentiu um corpo se sentar ao seu lado.
— Desculpa pelo jeito que eu falei — A voz de Mikey era mansa e calma, muito diferente de como ele falava antes — E eu não devia ter acusado a [Nome] assim.
— Tudo bem, você só tá fazendo seu trabalho como comandante.
— Mesmo assim, eu espero que eu esteja errado.
— Eu também.
Um pequeno silêncio pairou entre os dois, mas não do tipo desconfortável. Draken e Mikey eram como irmãos, a muito tempo. Se entendiam de uma forma inexplicável e tinham uma sintonia surreal. O mais baixo tinha uma noção do que o amigo estava passando no momento, mas tinha ignorado isso por ser o caminho mais fácil.
Mas, agora, não tinha como simplesmente ignorarem tudo o que estava acontecendo. Até porque, se você realmente estivesse com Hanma agora, Draken teria que dar prioridade aos assuntos da Toman e se afastar de você.
— Você realmente gosta dela, não é? — A pergunta de Mikey fez o de trança finalmente olhar para o lado e encarar o amigo.
— Gosto — Respondeu, sem tentar esconder mais os sentimentos.
— Nesse caso, vamos fazer o possível pra ela ficar do nosso lado.
A fala infantil do mais baixo arrancou uma risada fraca, mas verdadeira, de Draken. Mikey não precisava dizer muita coisa para reconforta-lo e, pela primeira vez em muito tempo na noite, o mais alto sentiu um enorme peso sair dos ombros dele. Mesmo que você estivesse com Hanma, eles dariam um jeito de te trazer para a Toman de novo.
Mas as chances de você estar com o vice líder da Valhalla eram mínimas. Pelo menos era isso o que ele pensava, até Kazutora chegar perto deles, ofegante por ter corrido até lá, com o celular em mãos.
— Os caras chegaram lá — Ele disse, com certeza dificuldade — [Nome] não tá em casa.
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