𝚎𝚒𝚐𝚑𝚝
Seus pés doíam por causa das longas horas que você passou em pé, dançando. O cheiro de cigarro e maconha já estavam completamente impregnados na sua roupa. Seus ouvidos doíam por causa da música alta que tocava, bem perto de onde você estava. Mas você não poderia ligar menos.
As mãos de Draken seguravam a sua cintura, lhe puxando para perto e colando seus corpos. Sua boca estava colada na dele, no meio de um beijo intenso e repleto de desejo. Você estava completamente entregue àquele homem, simplesmente aproveitando cada sensação que a língua dele despertava em você. E era simplesmente delicioso.
The Nights, de Avicii, preenchia toda a sua sala, abafando os sons das conversas paralelas. Você não tinha ideia de onde os outros estavam, mas não ficou preocupada com isso agora.
Você e Draken só separavam seus lábios quando ficavam sem ar, ou quando iam beber alguma coisa. Somente quando você começou a sentir sua bexiga implorando por um banheiro, por causa da quantidade de álcool que ingeriu, você falou no ouvido do loiro:
— Vou subir pra ir no banheiro — Quando ele assentiu, concordando, você continuou — Eu já volto.
Antes de ir, Draken puxou você para um selinho rápido. No meio do caminho até a escada, você percebeu que ainda tinha um sorriso bobo no rosto. Mesmo assim, se apressou em chegar no seu quarto, vendo que a porta do banheiro estava fechada. Suas sobrancelhas franziram levemente, mas você andou até lá e bateu nela.
Nenhuma resposta.
Você bateu novamente.
Ainda, nada.
Com um suspiro mais pesado, você girou a maçaneta, percebendo que estava destrancada. Devagar, abriu a porta, espiando o interior. Mas, quando você viu uma pessoa sentada no chão, com o rosto perto do vaso sanitário, acabou de abrir a porta por completo e se apressou em pegar um prendedor de cabelo.
— Puta merda, Baji — Você falou, se ajoelhando atrás dele e prendendo os cabelos longos do moreno em um coque alto. Logo em seguida, ele vomitou de novo — Pelo menos você tá acertando o vaso.
— [Nome]..? — Ele perguntou, com a voz arrastada e baixa, pouco antes de vomitar novamente — Des..culpa.
— Relaxe com isso — Falou, com um sorriso pequeno, enquanto acariciava as costas dele — Se concentra em acabar aí.
— Sai.. daqui.
— Não vou sair — Você correu o olhar pelo banheiro. Estava tudo limpo, mas, ao olhar para o amigo, você percebeu que as roupas de Baji estavam sujas, provavelmente de bebida, já que um cheiro doce e enjoado emanavam delas — Levanta os braços, vou tirar sua camisa.
Mesmo que relutante, o moreno fez o que você pediu, que rapidamente tirou a peça de roupa do corpo dele e a jogou no cesto de roupa suja. Baji ainda vomitou por mais um tempo, sempre pedindo que você fosse embora para não vê-lo daquele jeito. O modo como ele embolava as palavras fazia você rir divertida, se esquecendo completamente da vontade de fazer xixi.
— Sério.. vai embora — A voz dele estava completamente embriagada, e você se perguntava se ele iria se lembrar disso no outro dia.
— Já disse que não.
— Você é.. perfeita, sabia? — Você riu com o comentário dele, balançando a cabeça negativamente — É sério.. — Agora, ele olhava nos seus olhos, virando a cabeça levemente para o lado, já que você estava sentada no chão, perto dele — Se eu fosse hétero, até tinha chance de eu me apaixonar por você.
Suas sobrancelhas franziram quase que imediatamente, ao mesmo tempo em que sua mente tentava processar o que ele havia acabado de falar.
— Você é gay!? — Você não conseguiu esconder um tom de puro choque quando foi falar, o que arrancou uma risada divertida de Baji.
— Não acredita?
— Se você tá dizendo, é claro que eu acredito.
— Vai me julgar também?
— O que? Claro que não — Você se apressou em dizer, pegando na mão dele, que estava apoiada no chão — Só fiquei surpresa porque não imaginava.
— Agradeço se não.. contar pra ninguém.
— Os meninos não sabem?
— Só Kazutora — Você o encarava sem reação. Não entendia porquê ele estava falando algo tão importante assim para você. Obviamente ele estava bêbado, mas, ainda assim, não parecia ser o tipo de coisa que ele falaria para qualquer um — E, claro, Chifuyu, porque é com ele que eu tô ficando.
— Você e Chifuyu? — De novo, você não conseguiu esconder a surpresa, arrancando outra risada do moreno — Caralho. O pior é que já tinha passado na minha cabeça que vocês dariam um casal da porra.
— E damos mesmo — De repente, o sorriso que ele tinha no rosto não estava mais lá — Mas a gente fica escondido. Não sei como os caras vão reagir a isso.
— Eu posso conhecer eles a pouco tempo, mas não acho que eles são o tipo de pessoa que te julgariam por isso — Você suspirou, tentando encontrar algo para falar para ele — Mas, se você não quiser contar agora, pelo menos pode conversar comigo.
— Valeu, [Nome] — Agora, o moreno tinha um pequeno sorriso nos lábios — E eu não tava brincando quando disse que você era perfeita.
— Obrigada por alimentar minha autoestima, mas eu não sou.
Seu comentário arrancou uma risada alta por parte dele, e você também acabou rindo junto. Ambos estavam sentados no chão do seu banheiro. Baji estava sem camisa e muito suado. Além disso, as calças que ele usavam também estavam completamente molhadas de bebida alcoólica. Mesmo assim, em meio a toda essa confusão, você se sentia extremamente confortável e leve, somente em estar junto daquele garoto.
— Sabe que é minha melhor amiga, né? — A fala dele atraiu sua atenção para os olhos dele novamente, que tinham um ar mais sóbrio do que antes, e completamente sincero.
— E você sabe que é o meu.
— É claro que eu sei — Ele disse, com um tom convencido e debochado — Quem mais te aperreia todo santo dia?
— Nisso, com certeza, você ganha.
As risadas preencheram o cômodo novamente. A vibe da festa havia mudado completamente desde que você saiu de lá, e isso podia ser percebido já que Stressed Out, de Twenty One Pilots, estava tocando nas caixas de som. Vocês podiam ouvir a música do banheiro, mas continuaram conversando por um tempo. Baji tinha parado de vomitar, e estava ficando mais sóbrio aos poucos.
— Acho melhor você tomar um banho — Você disse, se levantando do chão e erguendo os braços para também ajudá-lo.
— Nem fodendo que eu consigo ficar em pé no box.
— Eu te ajudo.
— Quer me ver pelado, sua safada? — O tom de brincadeira que ele usou arrancou uma risada sua — Mas aceito a ajuda.
Você revirou os olhos e o fez se apoiar no seu ombro, tentando o deixar estabilizado em pé. Com certa dificuldade, Baji conseguiu tirar o cinto e abrir a calça, a abaixando um pouco, até metade da coxa. Depois disso, você o ajudou a sentar no vaso sanitário, já com a tampa baixa e descarga dada. Com isso, você puxou o resto da calça do corpo dele, também colocando no cesto de roupa suja, pouco depois de ter tirado os sapatos dele.
Baji estava agora somente de cueca e ainda sentado no vaso.
— Vai querer tirar o resto? — Você perguntou, sem saber se ele ficaria realmente confortável completamente nu na sua frente.
— Não ligo se for você — Ele respondeu, dando de ombros.
Você assentiu, ficando de joelhos na frente dele e pegando a barra da única peça de roupa que ele usava, prestes a abaixá-la. Mas, no exato momento em que você estava fazendo isso, a porta do banheiro se abriu.
— Desculpa, eu... — Mas a pessoa parou de falar assim que reconheceu quem estava dentro do banheiro — [Nome]..? — Você olhou na direção da voz, a tempo de ver a expressão de surpresa no rosto de Draken.
Você olhou de volta para Baji, que estava com uma expressão confusa no rosto, sem compreender muito bem o que estava acontecendo. Assim que percebeu em que situação você estava, seus olhos se voltaram para o loiro novamente.
— Draken, não é... — Mas, antes que você pudesse acabar de falar, ele fechou a porta novamente, saindo completamente do seu campo de visão.
— Aquele era o Mikey?
A pergunta de Baji faria você rir em situações normais, mas você apenas se levantou rápido e saiu do banheiro, segurando o braço de Draken, que já estava saindo do seu quarto.
— Draken, por favor — Você falou, relativamente ofegante por toda a emoção do momento — Não é o que você tá pensando.
— Então você não tava ajoelhada não frente do meu amigo, indo tirar a porra da cueca dele!? — O tom dele era irritado e triste ao tempo tempo, e ele não olhava nos seus olhos momento algum.
— Baji tá bêbado — Você se apressou em explicar — Eu ia ajudar ele a tomar banho. Só isso.
— Só isso!? — Agora, ele finalmente encarou os seus olhos — Você vai mesmo dizer que não tem nada demais em ver ele pelado?
Você abriu a boca para falar, mas fechou novamente. Já estava prestes a dizer que não tinha nada demais, primeiro por Baji não se importar, segundo por não existir chance de algo entre vocês, já que ele é gay. Mas Draken não sabia disso, e não seria você a pessoa a contar.
— Por que você não me ajuda então? — Você falou, por fim, fazendo o loiro arregalar levemente os olhos, em surpresa — Ele precisa de um banho, tá fedendo a álcool.
Draken ficou encarando você por longos segundos, analisando toda a sua expressão facial. Se fosse qualquer outra pessoa, teria medo dele agora, mas você nem piscou sobre o olhar intenso dele. Somente depois de um suspiro fundo, ele voltou a falar.
— Tudo bem — O grandão desviou o olhar de você, olhando novamente para a porta do banheiro — Vamos.
Com um pequeno suspiro de alívio, você o seguiu de volta para onde Baji estava, encontrando o moreno completamente nu, sentado no chão, como se tivesse acabado de cair.
— Consegui tirar a cueca, [Nome] — Ele disse, com um sorrisinho orgulhoso no rosto.
Você segurou uma risada alta quando viu a expressão de surpresa no rosto de Draken, que estava ao seu lado. Balançando negativamente a cabeça, o loiro se aproximou do amigo, o segurando pelo braço e deixando-o em pé. Com sua ajuda, o grandão colocou Baji no box, ainda apoiado em vocês.
Com cuidado, você ficou dentro do box, enquanto a água caia pelo chuveiro, em cima de Baji, mas também molhando você. O moreno falava algumas coisas sem sentido, enquanto você e Draken tentavam dar o melhor banho que conseguiam. Você lavou o cabelo dele, enquanto o loiro ensaboava o corpo do amigo. Ainda que a situação não estivesse das melhores, você e Draken riram bastante, lhe fazendo perceber que ele já não estava mais com tanta raiva assim.
Somente quando Baji estava devidamente limpo e cheiroso, vocês o tiraram de baixo da água e o vestiram apenas com a cueca, já que as roupas estavam sujas. Depois disso, vocês o coloraram na sua cama, de baixo dos lençóis.
— [Nome]... — A voz do moreno estava mais embriagada que antes, mas você percebeu que era por causa do sono — Você é foda. Obrigado por cuidar de mim.
— Tenta descansar um pouco — Você disse, acariciando levemente os fios longos e negros dele, ainda molhados pelo banho — Pode dormir aqui. Amanhã eu te acordo.
— Tá bom — Ele respondeu, simples, e fechou os olhos suavemente — Agradece ao Mikey.. também.
Você colocou a mão na boca, tentando segurar a risada que ameaçava sair de seus lábios.
— Pau no cu — Draken sussurrou, irritado por Baji ter confundido ele duas vezes com o baixinho.
Devagar e sem fazer barulho, vocês dois saíram do quarto, fechando a porta atrás de si. A música alta voltou a invadir violentamente os seus ouvidos, fazendo você facilmente reconhecer que Sexy Bitch, de David Guetta e Akon, tocava.
— Desculpa por ter gritado — Você se assustou levemente com a voz grossa de Draken ao seu lado, mas se virou para ele lentamente, com um sorriso pequeno no rosto.
— Não tem problema — Você respondeu, antes de um suspiro — Eu tava no banheiro com seu amigo pelado. Não te culpo por ter pensado outra coisa.
— Mesmo assim, eu não devia ter gritado.
Você alargou um pouco mais o sorriso para dele, deixando claro que o desculpava. Enquanto desciam as escadas para a festa novamente, o loiro passou um dos braços por trás da sua cintura, colando a lateral de seus corpos.
Já tinham menos pessoas do que antes, mas a animação delas não estava nem perto do fim. Seu irmão e Hina conversavam animadamente com Kazutora e Mitsuya. Você e Draken estavam se dirigindo até lá, mas, ao olhar para o lado, você encontrou com Chifuyu, que olhava desesperado para todos os lados, procurando alguma coisa.
— Eu já volto — Você disse ao loiro, que assentiu com a cabeça e soltou a sua cintura.
Quase que imediatamente, você foi até o loiro de olhos azuis, tocando no ombro dele e chamando sua atenção.
— Se você tá procurando o Baji, ele deu pt lá no meu banheiro, mas já tá bem — Você disse assim que ele se virou — Ele tá dormindo agora, pode ir lá se quiser.
— Ele.. te contou? — O tom dele era extremamente nervoso e preocupado, quase como se estivesse com medo da sua resposta.
— Contou — Você respondeu, com um pequeno sorriso reconfortante — Fico feliz por vocês.
— Obrigado — Finalmente, a expressão dele suavizou — Vou lá ver como ele tá.
— Certo, a gente se vê.
— E obrigado por cuidar dele, [Nome].
Você apenas assentiu com a cabeça, vendo Chifuyu se afastar no meio da multidão, em direção à escada. Com um sorriso nos lábios, você voltou a procurar Draken, não demorando muito para encontrar a pessoa mais alta da festa. Assim que chegou perto dele, o loiro agarrou sua cintura novamente, juntando os seus corpos.
Em poucos minutos, você já estava com um novo copo na mão, bebendo e conversando com o grupo. Kazutora estava claramente bêbado, e fez você temer ter que cuidar de outra pessoa dando pt hoje. Você não conseguia parar de rir com Mitsuya no brilho e levemente chapado. Toda essa situação estava lhe deixando mais leve, e quase esquecendo de que aquelas pessoas estavam escondendo algo de você.
— Vocês viram meu irmão? — Você tomou um susto com a voz atrás do seu corpo. Quando se virou, viu Emma, com um semblante preocupado.
— Você tem irmão? — Você perguntou por cima da pergunta dela, espantada que ainda não sabia sobre isso.
— Ela é meia irmã de Mikey — Draken explicou, com as sobrancelhas franzidas — Você não achou ele?
— Não — Emma respondeu, com um leve tom de desespero em sua voz — Já tô procurando faz meia hora.
— Fica aqui com a [Nome] — O loiro falou, soltando sua cintura e se virando para os amigos — Mitsuya, vamo lá procurar ele.
— Quer ajuda? — Você perguntou, fazendo todos ficarem tensos.
— Não — Foi o platinado quem respondeu — Fica aqui e cuida da Emma.
Você assentiu, vendo os dois homens se distanciando as pressas. Mesmo assim, um tom de indagação se formava em sua mente, sem entender o porquê de tanta preocupação com alguém como você.
Emma estava nervosa e não conseguia ficar parada, sempre roendo as unhas e se segurando para não deixar lágrimas escorrerem pelo rosto dela. Você e Hina tentavam acalma-lá, mas era difícil. E você entendia completamente. Nem sabia o que faria de Takemichi sumisse.
Você suspirou fundo, olhando para os lados e tentando encontrar algum dos meninos. Takemichi não parecia saber muito o que fazer, então também tentava acalmar Emma, e Kazutora estava bêbado demais para conseguir fazer algo. Quando você correu os olhos pela janela que dava para o jardim da casa, viu um homem passando pela calçada. Ele tinha um cano fino na mão, melado de sangue. Você franziu as sobrancelhas quando percebeu que conhecia ele de algum lugar. Ele era um dos homens da Moebius, que atacou você, Baji e Mitsuya.
— Eu já volto — Você disse, sem tirar os olhos da janela, e já estava indo para lá quando uma mão segurou firme seu braço.
— Não vai, [Nome] — Ao se virar, você viu Takemichi, com um olhar desesperado.
— Por que não?
Sua pergunta saiu de forma simples e inocente, mas seu irmão não respondeu. Ele se embolou um pouco, pensando no que deveria falar. Você arqueou levemente as sobrancelhas, como se pedisse para ele dar uma explicação.
— Se você não vai me falar nada, eu vou indo — Com isso, você puxou o braço da mão dele e se virou para a porta, andando em direção à ela.
Ainda que você conseguisse ouvir a voz de Kazutora gritando para que você ficasse, ignorou. Seus passos eram firmes e determinados, enquanto passava pela porta e sentia a brisa gelada da madrugada entrar em contato direto com sua pele.
Você estremeceu um pouco, mas continuo olhando ao redor, atrás daquele homem misterioso. Quando seus olhos conseguiram se adaptar 100% à escuridão da noite, você conseguiu o encontrar entrando em um beco, não muito longe de onde sua casa se encontrava. Não precisou pensar nem duas vezes antes de ir correndo até lá.
Assim que você passou pela entrada do beco, se arrependeu amargamente de ter confiado somente em seus punhos para isso. Você não conseguiu contar todos, mas tinham mais de quinze homens dentro do espaço escuro, a maioria com canos ou tacos de baseball nas mãos.
— Então você é a famosa garota que deu cabo nos meus homens? — Uma voz fria e autoritária fez todo o seu corpo de arrepiar.
Quando olhou para a fonte daquela voz, viu um homem alto e magro, com cabelos negros, mas com mechas loiras bem no centro. Ele também possuía diversos brincos nas orelhas e estava com um cigarro em uma das mãos. Você também percebeu que ele tinha duas tatuagens, uma em cada mão.
Punição na mão direita e pecado na mão esquerda.
Não soube explicar o porquê, mas um calafrio passou pelo seu corpo e todos os seus sentidos alertavam para perigo.
— Não vai dizer nada, docinho? — O tom dele era de completa ironia e ele não desviava as íris de você nem por um segundo — Ou melhor, [Nome] Hanagaki.
Pela primeira vez essa noite, você se deixou vacilar e uma expressão de surpresa tomou conta do seu rosto. Você se perguntava se esses homens estavam envolvidos com o segredo que seu irmão estava tanto escondendo.
— O que você quer? — Por fim, você perguntou, tentando esconder a instabilidade em sua voz.
— Não posso ficar curioso sobre você? Não é todo dia que uma garota derrota meus homens fácil assim.
— Como sabe meu nome?
— Depois que meus homens seguiram você durante uma semana inteira, não ficou difícil de descobrir que você era irmã de Takemichi — Uma risada divertida escapou dos lábios dele — Mas até agora eu não consigo entender como um idiota daqueles tem uma irmã como você.
Você não respondeu. Apenas encarava os olhos dele com a maior intensidade que conseguia. Mesmo assim, parecia que você estava caindo em um abismo, só de olhar para as íris dele. Aquele homem era intenso, com certeza.
— De qualquer forma, meu nome é Shuji Hanma — Ele voltou a falar, dando de ombros.
— Prazer — Seu tom de deboche era evidente em sua voz, o que arrancou uma risada fraca, mas divertida, por parte dele — Mais alguma coisa ou eu já posso ir embora? — Você perguntou, já se virando e caminhando para fora daquele lugar.
— Não quer saber o segredinho do seu irmão?
Assim que ouviu essa frase, você parou de andar, ainda olhando para a frente. Hanma não conseguia ver o seu rosto, mas já conseguia imagina-lo, o que arrancou outra risada por parte dele. Toda essa situação era divertida para ele.
Lentamente, você se virou. Assim que seus olhos se encontraram com os dele, você percebeu que ele não estava brincando.
— O que quer dizer com isso? — Sua voz era firme, tentando esconder a mentira que se passava por trás dela.
— Não se faça de desentendida. Eu sei que você é esperta o suficiente pra perceber que alguma coisa estava errada — Devagar, ele começou a andar em sua direção, fazendo um sinal com a mão para que os homens não o seguissem — Quando seu irmão chegou machucado em casa. Todas as vezes que Baji e Mitsuya te acompanhavam até a universidade. As visitas inexplicáveis de Mikey e Kazutora até sua casa — Agora, ele estava na sua frente, a poucos passos de você — Até o Draken fingir que gostava de você pra te manter por perto — A última parte, ele sussurrou.
Você tentava manter a expressão de indiferença, mas estava impossível. Não conhecia aquele homem e queria acreditar no seu irmão e novos amigos. Mas Hanma sabia de todas as suas inseguranças nas últimas semanas. Ele parecia saber bem mais sobre Takemichi e os outros do que você sabia.
— Não acredita em mim? — A voz dele atraiu a sua atenção novamente — Tudo bem — Com uma das mãos, ele tirou um cartão do bolso, o entregando para você logo em seguida — Me liga quando começar a perceber que tem alguma coisa errada, docinho.
Com um último sorriso convencido, Hanma se virou de costas para você, indo de encontro com seus homens.
— Vamos, rapazes.
Quase de imediato, todos eles obedeceram, se virando de costas e sumindo na escuridão da noite fria.
Você ainda ficou um tempo lá, revezando o olhar entre o cartão em suas mãos e o final do beco, por onde eles sumiram. Um suspiro alto escapou de seus lábios involuntariamente, enquanto você sentia seu corpo querer cair de joelhos no chão.
Tudo isso era muita informação para você.
Somente depois de se recompor um mínimo, você resolveu sair de vez daquele beco, colocando o cartão que Hanma lhe deu no bolso. Não demoraram muitos passos em direção à sua casa até que Mikey e Draken viessem correndo na sua direção.
— Você tá bem? — O mais alto perguntou, assim que chegou perto de você.
— Sim, não aconteceu nada — Você tentava parecer convincente, franzindo levemente as sobrancelhas e colocando um ar de inocência no seu rosto.
— O que foi fazer ali? — Foi a vez de Mikey perguntar, apontando para o beco onde você estava segundos antes.
— Achei que tivesse visto alguém passar.
— E tinha alguém lá?
— Não — Você respondeu, dando de ombros — Era só um gato — Parando para analisar, você percebeu um corte sangrando na cabeça do mais baixo — Você tá bem? O que foi isso?
— Bati com a cabeça em uma placa — Por mais que você não tivesse acreditado na resposta dele, concordou com a cabeça e se aproximou para analisar o ferimento.
— Vou pegar o kit de primeiros socorros — Você aproveitou a oportunidade de fugir da conversa e a agarrou — Vamos voltar e eu faço um curativo.
— Pode ir na frente — Mikey disse — Nós já vamos.
Acenando com a cabeça e sem discutir, você se virou e foi em direção à sua casa, não se importando em deixar aqueles dois para trás.
— Sabe que ela tá mentindo, não é? — O mais baixo perguntou, enquanto tinha as íris fixas em você.
Antes de responder, Draken deu um suspiro cansado. Ele queria acreditar em você, mas sua intuição falava outra coisa.
— Sei.
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