v. fire

𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗖𝗜𝗡𝗖𝗢
❝ fogo ❞

—VOCÊS TEM PLONG NA CABEÇA?! — exclamou Minho após alguns minutos descansando um pouco no chão. Sua respiração estava pesada e a mente fervilhando com o que acabara de acontecer. — Principalmente você, Ella! Tem noção que agora todo mundo perdeu os dois melhores corredores da Clareira?! Por que fez isso?!

"Ele ainda pergunta?" — pensou a ruiva enquanto revirava os olhos, como se a resposta fosse óbvia.

—Lembra da nossa conversa de ontem? Quando você me perguntou até onde eu iria por você? — ele assentiu lentamente, seu olhar se tornando mais sério à medida que as peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar. — Aí está a sua resposta, Minho.

—O que aconteceu com ele? — indagou Thomas quando se aproximou de Alby e olhou a situação do líder desacordado.

—O que parece que aconteceu? Ele foi picado! — o asiático respondeu, mas sua mente ainda estava presa nas palavras da ruiva.

—O que houve com a cabeça? — outra pergunta do novato.

—Fiz o que tive que fazer.

—Claro que fez, sabemos disso. — diz Ella dando uns tapinhas no ombro de Minho e se levantou, indo até Alby, ficando de frente para Thomas.

O barulho dos Verdugos um pouco distante assustou os três. O terror ia começar, e eles podem ter o mesmo destino que Ben e Alby se não agirem.

—Vamos, temos que ir! Thomas, me ajude a levantá-lo!

"Claro, madame, vamos lá." — uma voz irônica soou em sua mente, fazendo a ruiva encarar o garoto à sua frente com uma expressão confusa.

—Você disse alguma coisa? — ela questionou, fixando o olhar no moreno enquanto Minho também se voltava para ela com uma expressão confusa. Nenhum dos dois sabia ao certo com quem a ruiva estava falando. — Thomas? — chamou o garoto, deixando claro que era com ele que estava falando. — Você disse alguma coisa?

"Será que eu pensei alto?" — pensou Thomas, sentindo um frio na barriga.

—Não... Não disse nada. — respondeu meio sem jeito e confuso. Será que ela ouviu o que ele pensou?

"Será que estou ficando doida?" — pensou a ruiva, que balançou a cabeça para afastar esses pensamentos.

Mais um barulho assustador dos Verdugos ecoou, cortando o silêncio tenso entre os três, e junto veio som do Labirinto mudando, fazendo com que Minho se levantasse e começasse a andar.

—Nós temos que ir. O Labirinto já está mudando. — diz o asiático.

—Não, Minho! Temos que ajudar o Alby. — ordenou a garota, fazendo com que ele olhasse para ela e Thomas, que estavam próximos do líder. — Não podemos deixar ele aqui!

Os três optaram por dois carregarem Alby enquanto um dos corredores os guiarem para o melhor caminho. Por um tempo, Ella líderava a guia e Minho e Thomas carregavam Alby, mas, depois a ruiva revezou com o asiático e agora, Ella e Thomas carregavam o líder enquanto Minho assumia a liderança pela guia.

O céu já estava começando a ficar escuro, o que aumentava a tensão e o medo no trio. Os Verdugos logo dariam as caras e sabe lá o que vai acontecer com eles se virem um. E com Alby inconsciente, ficaria difícil de fugir caso estiverem encurralados.

E para piorar, novamente a visão de Ella oscilava entre sua visão normal e a visão turva alaranjada, assim como sua cabeça estava queimando, como na noite da fogueira e no dia anterior. E agora vem o novo sintoma de alguns minutos atrás antes de entrar no labirinto: suas veias começaram a queimar, como se tivessem chamas no lugar de seu sangue.

—Eu tenho uma pergunta para você. — Thomas quebrou o silêncio enquanto olhava para Ella, que não aguentava mais o peso de Alby e estava quase trocando de lugar com Minho.

—Manda. — ela respondeu, tentando ignorar o fato de seus braços e cabeça estarem latejando e de sua visão estar oscilando. Talvez essas perguntas de Thomas poderia a distrair de alguma forma.

—Pensa, se eu sonho com você, é porque de alguma forma nos conhecemos antes de vir para cá. Não acha? Tem certeza que não tem nada que você saiba?

Cansada, Ella respirou fundo, não aguentando mais o peso de Alby. A dor latejante em sua cabeça e braços parecia se intensificar a cada segundo que passava.

—Vamos deixar ele no chão um pouco. — sugeriu a garota, e o moreno assentiu, percebendo que a ruiva está realmente cansada.

Os dois encostaram Alby em uma parede próxima, Minho imediatamente se aproximou deles para ver o que aconteceu.

—Está tudo bem? — ele perguntou para Ella, que apenas assentiu com a cabeça rapidamente, mesmo que nada estivesse bem.

—Minha cabeça está doendo, só isso. — respondeu forçando um sorriso ao olhar para o asiático. — Só preciso de alguns segundos para me recompor.

Logo, Thomas e Minho repararam no olhar da ruiva: novamente estavam em um brilho laranja intenso, como se as chamas de um fogo interno estivessem dançando em suas íris. O que levantou uma ponta de confusão nos dois.

—Ella... Seus olhos... — Thomas começou a dizer enquanto apontava para as íris da garota, que imediatamente desviou o olhar.

"Merda, merda, merda", pensou a ruiva, com o coração acelerado."De novo isso?!"

—Por que seus olhos estão assim? Isso sempre aconteceu? — questionou o moreno.

—Não! Gostaria de saber tanto como você! — respondeu enquanto pressionava as suas mãos contra a sua têmpora, para fazer a dor e a queimação parar. Era como se um vulcão estivesse prestes a entrar em erupção dentro dela.

Minho se aproximou de Ella e tocou suavemente seus ombros, começando a acariciar o local com delicadeza. Ele estava preocupado, não é feitio da ruiva de ficar assim, com esse mal estar estranho.

Bem estranho aliás.

—Thomas, continue com as perguntas. — ela ordenou, fazendo com que o garoto ficasse confuso. — Vamos, fedelho, anda! Se você me distrair com essas perguntas, talvez eu fique melhor.

Thomas ficou um pouco pensativo, pensando em qual pergunta iria fazer. Pensou novamente em fazer as perguntas que tanto o atormentam.

—Voltando a aquele assunto, e se esses sonhos que eu tenho com você forem uma espécie de lembranças? Tipo, não pode ser do nada que eu sonho com você, e... — ele foi interrompido por Minho, que o encarou de uma forma séria.

—Espera... Você sonha com ela? — perguntou.

"Pelo o amor de Deus, agora não..." — pensou Ella em desespero.

—É, desde quando descobri o meu nome, e...

Dessa vez, Thomas foi abruptamente interrompido quando Minho o pegou pela gola da camisa e o chocou contra a parede com força. Esse ato repentino fez Ella sobressaltar em um misto de surpresa e medo.

"Mas o que..." — novamente a ruiva pensou, seu coração batendo rápido demais enquanto tentava processar a cena diante dela.

—MINHO! — ela o chamou em um tom agudo com o objetivo de o afastar do moreno antes que a situação saísse ainda mais do controle.

—Como assim você sonha com ela seu mértila?! — perguntou entre dentes, sua expressão carregada de raiva, fazendo com que Thomas ficasse assustado com essa explosão repentina do corredor.

Ella até pensou em intervir, mas uma fisgada intensa em sua cabeça foi mais forte do que qualquer impulso. Ela não ouvia e nem via mais nada ao seu redor. Sua visão ficou totalmente turva com tons alaranjados e sua cabeça parecia queimar, assim como suas veias, o que fez com que ela fechasse os olhos com força, tentando ver se não era coisa da sua cabeça ou até mesmo um sonho bem real.

Em sua mente, tudo o que ela conseguia pensar era em fogo. Era como se uma força primitiva estivesse despertando dentro dela, clamando por expressão.

Ao abrir os olhos novamente, ficou surpresa ao ver que fogo saia de sua mão. As chamas se contorciam e dançavam com uma elegância hipnotizante. A luz quente iluminava seu rosto e refletia em seus olhos cheios de espanto e curiosidade. Ella achava essa situação assustadora e ao mesmo tempo... divertida. Era uma coisa que a garota não fazia ideia que podia fazer.

Os garotos olharam em sincronia para a ruiva. Eles estavam completamente estáticos, com os olhos arregalados e a boca entreaberta em choque, enquanto Ella estava entretida com o fogo em sua mão, fascinada pelo que sua mão criava.

—Que que é isso? — perguntou Thomas, ainda surpreso.

—Eu... Não sei... Mas é engraçado! — ela deu uma pequena gargalhada.

—Engraçado? Ella, não tem nada de engraçado! Nós vamos morrer e você está aí achando isso engraçado! — exclamou Minho enquanto passava a mão em sua cabeça enquanto tentava processar o que estava acontecendo.

Ella resolveu não retrucar para não causar confusão, mas se saíssem dali, ela iria jogar na cara dele que eles conseguiram e que de nada valeu ficar com aquele pessimismo.

Sua única preocupação agora, era como cessar aquelas chamas em sua mão. Não fazia ideia de como fazer isso. O que fez ela começar a se desesperar. Sua respiração começou a ficar ofegante, como se precisasse de ar. De repente, essa situação não era mais engraçada.

E esse desespero, fez com que as chamas em sua mão aumentasse, dançando de forma frenética e ameaçadora. E bom, se antes ela estava desesperada, agora a garota estava em pânico total. A pressão no peito se intensificava, e a falta de ar se tornava cada vez mais presente, sua testa suava frio e um zumbido no ouvido começou a ficar constante.

Se ela não se acalmasse, a situação poderia sair do controle.

Minho, ao perceber o estado da ruiva, se aproximou dela cautelosamente, tocando seu ombro com delicadeza, tomando cuidado para não se aproximar demais da mão em chamas. Ele estava preocupado, e iria tentar ajudar de alguma forma.

—Ei, ei. Calma, tá? Fica calma... Vamos conseguir dar conta disso. — ele tentava a acalmar enquanto acariciava suavemente seus ombros. Mas nem ele ao certo sabia o que fazer diante daquela situação tão caótica.. — É... Faz assim, respira fundo para ver se ele apaga, beleza?

Ella assentiu com a cabeça, fechando os olhos para tentar seguir o conselho dele. Ela respirou profundamente, sentindo o ar fresco entrar em seus pulmões. Porém, ao abrir os olhos novamente, ficou horrorizada ao ver que o fogo em sua mão permanecia exatamente da mesma forma que antes de fechar os olhos. O desespero voltou com tudo.

—Espera, o que você estava pensando quando essa... Chama, apareceu em sua mão? — perguntou Thomas.

—Pensei em... Fogo, literalmente. — Ella respondeu com um tremor na voz.

—Então por que não tenta fazer o inverso? Pensa nele se apagando enquanto tenta manter a calma e respira fundo? — sugeriu o novato.

Apesar de estar desconfiada se essa ideia daria certo, Ella decidiu seguir o seu conselho. Ela fechou os olhos novamente e respirou fundo uma vez mais. Em sua mente veio cenas de fogo se apagando, como velas sendo sopradas até sua chama ser apagada e as chamas de uma fogueira se cessando até restar apenas cinzas.

Ao abrir os olhos novamente, ficou espantada ao ver que essa sugestão de Thomas realmente deu certo. Sua mão estava livre de qualquer chama, sua pele agora estava normal e tranquila. A garota olhou para o moreno com um sorriso.

—Obrigada. — agradeceu de uma forma doce e sincera. Até que essa presença de Thomas estava ajudando de alguma forma.

Um barulho ensurdecedor de Verdugo novamente ecoou pelo Labirinto. Dessa vez, quem se desesperou foi Minho.

—Nós temos que ir! Nós temos que ir! — apressou o asiático enquanto começou a andar e olhar em volta.

—O que está dizendo? Temos que escondê-lo! — diz Thomas.

—Onde? — perguntou ainda olhando ao redor.

—Eu não sei! Não há um lugar para onde levá-lo?

A paciência de Minho se esgotou, e novamente ele agarrou Thomas pela gola da camisa e o chocou na parede de novo.

—Você realmente quer que eu arranque sua cabeça não é, cara de mértila?! Olhe ao redor! Não há para onde ir! — por fim, ele largou Thomas. — Você não entende... Já estamos mortos.

—Isso é o que você acha! Vamos estar mortos se ficarmos aqui sem fazer nada! Para de ser pessimista! — dessa vez, Ella não segurou a sua língua, o que fez Minho a encarar.

—Eu não estou sendo pessimista, Ella! Estou sendo realista! Diferente de você que vê as coisas boas até demais! Você é muito ingênua em achar que tudo vai ficar bem!

A feição séria da ruiva foi bastante visível.

—Antes ser ingênua e achar que tudo vai ficar bem do que uma covarde que aceita a morte sem fazer nada para mudar esse destino! — retrucou a ruiva. A reação de choque do asiático foi instantânea. — Por que não prendemos Alby nas heras? — ela diz apontando com a cabeça para a parede cheia de heras ao lado deles. O que fez tanto Minho, tanto Thomas olharem para onde Ella indicou.

Os três então amarraram Alby nas heras e começaram a puxar o homem para que ele fosse para cima e ficasse o mais alto e disfarçado o possível naquela parede. Assim, o trio poderia fugir e correr sem nenhum problema.

Porém, Minho parou de puxar a hera e olhou para o corredor ao lado com pânico no olhar quando ouviu o som do Labirinto se movendo.

—Por que parou? — Thomas perguntou ao ver que o asiático parou de puxar a hera.

—O que aconteceu, Minho? — dessa vez quem perguntou foi Ella.

Onde Minho olhava, uma parede se abriu, e Atrás dela estava um Verdugo, a criatura grotesca emanando uma aura de terror que fez com que o corredor entrasse em pânico.

—Nós temos que ir! Nós temos que ir! — ele exclamou voltando a atenção para os dois.

—Não! Mais um pouco, e o deixamos pendurado! — Thomas insistiu.

O corredor novamente olhou para onde o Verdugo estava e viu que o bicho já começava a caminhar lentamente em direção a eles.

—Nos ajude, Minho! Só mais um pouco! Estamos quase lá! — Ella também insistiu.

—Desculpe. — ele lamentou em um sussurro, o que fez os dois ficarem sem entender.

—O que? — o moreno indagou vendo o asiático soltar a hera e começar a correr.

Quando a hera foi solta pelo mais forte dos três, Ella e Thomas foram puxados para mais perto da parede e Alby havia descido um pouco. Mas, o corredor se virou novamente ao ver que a garota não o seguia.

—Ella, vamos! — Minho chamou a ruiva ao ver que ela não havia se movido para segui-lo.

Ella apenas olhou para ele, um olhar decepcionado e em seguida negou com a cabeça e voltou a dar sua atenção para Alby lá em cima.

—Eu estou aqui, Thomas! Vou te ajudar! — ela sussurrou para o novato.

E então, Minho decidiu deixar os dois ali, mesmo com o coração apertado, e voltou a correr. Ele não queria abandonar a garota, mas o medo que o envolvia era mais forte do que sua vontade de ficar.

Gritos e passos do Verdugo se aproximando, fez Thomas se esconder debaixo das plantas e puxou Ella junto contigo. Os dois seguravam fortemente a hera para Alby não cair e aquele bicho não acabar de vez com a sua vida.

Os dois prenderam imediatamente a respiração quando ouviu o ruído de suas patas de metal batendo contra o piso. Através do espaço entre as folhas da hera, podiam ver que aquela coisa era três vezes maior do que eles juntos. Agora, Ella entende o porquê de Minho ter fugido sem olhar para trás.

O som da criatura diminuiu, o que fez os dois soltarem a respiração que estavam prendendo. Ella fez um sinal para que Thomas saísse junto com ela. O novato viu uma raiz mais forte e teve a ideia de amarrar a hera ali.

—Vai rápido! — sussurrou a ruiva quando ouviu o rugido e os passos do verdugo se aproximando novamente.

Assim que Thomas amarrou a hera, Ella puxou o moreno rapidamente para se esconder em uma parede do outro corredor. Assim que os passos se afastaram, a ruiva olhou para o novato.

—Olha, dentre nós dois, eu conheço esse Labirinto de cor. Então, me siga, não se afaste e não grite, tá legal? — ordenou. — E se ver uma dessas coisas, só corra, corra como se sua vida dependesse disso. Mas não deixe de me seguir. — diz enquanto olhava para o corredor para ver se a passagem estava realmente livre.

"Claro que irei correr, acha que irei ficar parado como um besta?" — novamente a mesma voz de algum tempo atrás ecoou na mente da ruiva, o que fez ela olhar para Thomas com o cenho franzido.

—Dessa vez eu ouvi! — ela exclamou olhando para o garoto com os braços cruzados. Isso fez com que Thomas ficasse confuso.

—Ouviu o que? — perguntou meio confuso.

—"Claro que irei correr, acha que irei ficar parado como um besta?" — repetiu o que havia ouvido em sua mente. A expressão surpresa de Thomas foi instantânea.

—Eu não disse isso!

—Disse sim! Eu ouvi!

—Não! Eu não disse! Eu só... pensei... mas não disse nada!

Ella ficou confusa. Como ela havia escutado seu pensamento?

Apenas uma coisa passou pela sua cabeça, e queria muito testar para ver se é verdade.

—Faz de novo. — ordenou. Thomas arqueou a sobrancelha, confuso.

—Fazer o que?

—Fale comigo, mas sem falar. Pense diretamente para mim e depois eu faço o mesmo.

O moreno respirou fundo e logo obedeceu a ruiva.

"Assim?" — a voz ecoou em sua mente de novo. A expressão de Ella foi uma mistura de espanto com surpresa.

—Que bruxaria é essa?! — perguntou a garota incredulamente. Thomas apenas deu de ombros, sem entender do que ela falava. — Vou tentar também.

E então, Ella olhou para Thomas e na sua mente treinava para que o que ela pensasse fosse diretamente para ele. Como se suas mentes estivessem conectadas por aqueles telefones feito de latinha e barbantes que brincávamos quando éramos crianças.

"Consegue me ouvir?" — perguntou mentalmente para Thomas, esse que arregalou os olhos em surpresa.

—Como isso é possível?! — indagou meio surpreso.

—E eu sei lá! — deu de ombros, e logo fez um sinal para que ele a seguisse, começando a andar pelo corredor.

Foi então que enquanto andava, ela se recordou de um sonho, onde eles dois falavam por telepatia.

—Eu lembro que nos meus sonhos, a gente estava conversando por... telepatia. — ela diz olhando para ele. — Talvez é um dom que só nós temos.

—Espera, então você também tem esses "sonhos"? — ele fez aspas com as mãos, e a ruiva assentiu com a cabeça. — E por que não me disse antes? Você disse que não sabia de nada!

—Não é o melhor momento para explicar isso! Depois a gente conversa mais sobre esse assunto. — respondeu ela, tentando manter o foco na situação.

Enquanto continuavam a andar, Thomas pisou em uma espécie de gosma viscosa que grudava em seu pé. Ele parou abruptamente, balançando a perna na tentativa de se livrar daquela coisa nojenta. Um grunhido ameaçador ecoou ao redor deles, e Ella virou-se instintivamente, o medo pulsando em suas veias.

—Rápido, Thomas! Vamos! — apressou ela, gesticulando para que ele seguisse. A última coisa que queria era ficar cara a cara com aquelas criaturas.

Mas antes que pudessem avançar mais, uma nova gosma escorregadia começou a cair do alto em cima do ombro de Thomas. Os dois olharam para cima ao mesmo tempo e viram um verdugo pular no chão. O susto foi tão grande que ambos soltaram um grito estridente ao mesmo tempo. Thomas perdeu o equilíbrio e caiu no chão enquanto a criatura aterrissava mais perto dele e rosnava em sua direção.

—CORRE THOMAS! CORRE! — berrou Ella enquanto começava a correr. Thomas não pensou duas vezes antes de se levantar e a seguir.

Mesmo em desespero e com a adrenalina percorrendo o seu corpo, Ella sabia qual corredor virar sem nem parar para pensar, e Thomas confiava plenamente no senso de direção da garota.

O problema é que o verdugo também sabia em qual corredor virar para encurralar os dois. O que fazia a ruiva mudar sua direção junto com o novato.

Mas, no desespero, Thomas acabou virando para outro corredor, o oposto do que Ella havia virado.

—THOMAS! — gritou Ella em desespero ao perceber que ele havia se separado dela. Seu coração disparou ao notar o erro dele. — NÃO TEM SAÍDA!

Mas, tarde demais, Thomas já estava preso em um beco sem saída. Ele se virou rapidamente na esperança de voltar atrás, mas o verdugo já estava ali, bloqueando sua única rota de fuga e deixando-o realmente sem saída.

Ella tinha duas opções: ou correr e deixar o garoto para atrás, ou distrair o verdugo e o salvar. Ela resolveu seguir a segunda opção.

A garota tentou fazer aquelas chamas voltarem para a sua mão novamente, como uma forma de distrair o verdugo. Mas nada. Sua mão estava normal. O que fez ela bufar em frustração e procurar outra coisa para distrair a criatura e ir até Thomas.

A ruiva avistou uma pedra de tamanho médio no chão e a pegou. Logo foi para o corredor onde o moreno estava encurralado.

—EI! — ela gritou para chamar a atenção da criatura, o que fez o bicho se virar. Ella lançou a pedra com o máximo de força que conseguia, acertando o verdugo. Esses poucos segundos de distração fez com que a garota conseguisse ultrapassar o verdugo e chegasse até Thomas. — Me segue! — ordenou enquanto ia para outro corredor sem saída.

Lá havia uma parede com várias heras. Ella pegou impulso em uma pedra meio levantada no chão e começou a escalar a parede com a ajuda das plantas, e Thomas a seguia. Nessa hora, o verdugo já estava os seguindo de novo. Ao chegar no topo, eles começaram a correr e a pular de muro em muro, para escapar da criatura.

O objetivo de Ella, era chegar em uma parede onde havia mais heras, para assim pular e chegar ao chão novamente, sem se machucar.

Por fim, eles chegaram na beirada de um muro, de frente para essa parede. O verdugo estava um pouco longe ainda, então dava para se prepararem antes de pular.

—No três, tá? — ela diz para o moreno, ofegante.

Thomas a olhou com um olhar incrédulo, ainda processando o que eles iam fazer.

—Espera, a gente vai pular?! — perguntou, ainda incrédulo e percebendo agora o que a ruiva queria fazer.

Ella revirou os olhos antes de responder.

—Não! Vamos criar asas e sair voando! É CLARO QUE VAMOS PULAR SUA ANTA! — ela diz com sarcasmo.

—Grossa... — ele murmurou.

—Se você não tivesse ido por outro caminho, nada disso estaria acontecendo! — os passos do verdugo começaram a se aproximar. Era a hora. — Um... — começou a contar, a cada passo metalizado que escutava. — Dois... TRÊS!

Após terminar de contar, os dois pularam juntos em sincronia, chegando até a parede de heras e se segurando ali. O verdugo também pulou, se prendendo na parede. Uma agulha em sua calda acertou a parede, e por pouco não acertou nenhum dos dois. Ella e Thomas começaram a escorregar enquanto segurava as plantas, escorregando mais para baixo do bicho. Porém, o verdugo também começou a descer, e levou consigo as plantas e os dois clareanos, fazendo os três caírem no chão.

A vantagem, é que o verdugo ficou preso nas heras, o que fez os dois conseguirem tempo para fugir de novo e começarem a correr para longe do bicho.

Com os olhos fixos no verdugo, os dois sobressaltaram de susto quando alguém surgiu das sombras, fazendo a dupla se virar na direção do indivíduo.

Minho.

—Vocês realmente são muito loucos! — exclamou o asiático.

—Antes sermos loucos do que covardes! — a ruiva retrucou, fazendo com que Minho novamente se sentisse culpado em ter deixado os dois sozinhos.

Ao olharem novamente na direção do verdugo, viram que ele estava se soltando das heras.

—Venham comigo! Andem logo! — ordenou o corredor com urgência na voz.

Os três começaram a correr, seguindo Minho, sem nem olhar para atrás. Ella começou a olhar em volta e percebeu que o labirinto estava mudando de novo.

—Está mudando! Rápido, vamos! — diz a garota enquanto eles corriam.

No final do corredor, eles viram uma parede começando a se fechar. Era o momento perfeito para despistar o verdugo que os seguiam.

—Essa área está fechando! Vamos despistá-lo! — Minho correu para o outro lado antes da parede começar a se fechar.

Mas, Ella e Thomas ficaram parados e não seguiram o corredor. Essa ideia de parede se fechando acendeu uma lâmpada na mente da ruiva.

"Você está pensando a mesma coisa que eu?" — perguntou Thomas mentalmente.

"Acho que sim..." — ela lhe respondeu.

—Caramba, essa coisa de conversa por telepatia é bem da estranha... — sussurrou Ella para o garoto, que fez um sinal de mais ou menos com a cabeça em concordância.

Os passos do verdugo já estavam se aproximando deles. O que fez Thomas olhar para Ella, dando a entender que era para colocar o plano em prática.

—O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO?! VENHAM LOGO! — Minho berrou do outro lado, mas eles não deram a mínima.

—Vai lá, faz o foguinho. — ele diz apontando para as mãos de Ella.

—Aí é que está... Eu tentei de novo e não consegui... — ela finalmente admitiu, a frustração transparecendo em seu olhar, vendo que um plano incrível foi por água abaixo.

—Faz que nem você fez quando cessou as chamas. Pensa nelas se acendendo!

E então, Ella resolveu seguir novamente o conselho de Thomas. Ela respirou fundo, fechou os olhos e começou a pensar em fogo. Como as chamas de uma fogueira acendendo e aumentando as suas chamas. Ela se concentrou, sentindo a energia ao seu redor se intensificando.

Ao abrir os olhos de novo, Ella ficou surpresa ao ver que o conselho de Thomas deu certo novamente. As chamas em suas duas mãos estavam altas e dançavam lentamente, iluminando seu rosto com uma luz suave e vibrante, como havia acontecido minutos antes.

Mas, não deu tempo de comemorar, o verdugo reapareceu no campo de visão deles.

—VEM CÁ! — Thomas gritou para a criatura grotesca, que começou a avançar velozmente na direção dos dois.

A ruiva não hesitou e direcionou as chamas na direção do monstro, que corria em sua direção, e mesmo com o corpo em chamas, ele não parava de correr. Thomas e Ella perceberam que era a hora certa de correr para o outro lado da parede, essa que já estava prestes a se fechar.

—VEM PESSOAL! NÃO OLHEM PARA ATRÁS! — gritou Minho, sua voz carregada de urgência enquanto tentava encorajar os dois a correrem do verdugo em chamas. — CORREM! RÁPIDO! CONTINUEM! — ele continuava gritando, cada palavra um empurrão para eles seguirem em frente.

As paredes já estavam começando a ficar estreitas, dificultando na passagem de Ella e Thomas enquanto fugiam do verdugo. Se eles não fossem mais rápidos, iriam ter o mesmo destino que o bicho asqueroso.

A última coisa que eles escutaram foi Minho berrando seus nomes com toda a força que lhe restava.

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Já era de manhã na Clareira e as portas começaram a abrir como de costume. Todos os clareanos acamparam na frente das paredes na esperança de que Ella, Minho e Thomas voltassem com vida.

—Gente, levantem! — Chuck diz quando viu as portas se abrindo. Era o único em pé de frente para os muros. Ele era o mais esperançoso dentre todos.

Logo, os outros se levantaram e foram para o lado de Chuck. O pequeno olhava para dentro do Labirinto, esperando os quatro aparecerem. Mas nada. Nenhum sinal deles.

—Já disse, Chuck, — Newt começou a dizer. — eles não vão voltar...

O loiro se recusava a acreditar nisso, mas teria que acreditar. Infelizmente ele havia perdido três pessoas importantes na vida dele.

Após essa fala do líder substituto, todos viraram as costas e começaram a se afastar das portas, tristes e desanimados. Contudo, Zart parou de andar e olhou para atrás, não acreditando no que estava vendo.

—Não acredito. — ele diz, ainda sem acreditar.

Chuck foi o primeiro a se virar de novo, logo todos os outros também se viraram. Os quatro estavam ali. Ella, Minho e Thomas carregavam Alby e estavam caminhando em direção a Clareira.

—ISSO! — o pequeno exclamou alegre.

Pequenos gritos, risadas e sorrisos de alívio saíram dos lábios dos clareanos ao verem que os quatro haviam retornado.

—Eu o pego. — diz Clint segurando Alby, que estava sendo segurado pelos três.

—Cuidado. Devagar. — Ella pediu.

Os dois socorristas colocaram Alby no chão e se ajoelharam ao lado dele. Newt, Ella, Minho, Thomas e Caçarola também se abaixaram.

—Como foi lá? — começou as perguntas. — Como conseguiram?

—Vocês viram um verdugo? — Chuck perguntou.

—É, vimos um. — foi Thomas quem respondeu.

—Acredite, não queiram ver aquela coisa. — brincou Ella enquanto dava uma gargalhada.

—Eles não só viram, eles o mataram! — Minho completou, arrancando suspiros e olhares surpresos de todos que estavam em volta deles.

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Prometi, e cumpri! Mais um capítulo de Fire Blood em homenagem aos 1K de votos!

Sério gente, vocês não tem noção do quanto estou feliz com essa meta! Sério! Muito obrigada mesmo de coração💜 espero muito que vocês estejam gostando da fanfic do mesmo jeito que estou gostando de escrever💜💜

Esse capítulo ficou MUITO maior do que eu esperava KAKAKAKAMAMAKAMAM isso é bom não é?

Muitas revelações! Quero teorias do que está acontecendo com a Ella! Duvido muito que vocês acertem😝

SIM! Assim como nos livros, vai ter sim a conversa por telepatia! E sim, vai ser MUITO importante na fic!

Uma nova amizade bem aí em? Thomas e Ella! Esses aí vão ser os maiores pesadelos do CRUEL😝😝

Como postei esse capítulo antes mesmo de completar o cronograma, então, ainda sim vai valer o cronograma porque literalmente não postei NENHUMA fic depois que postei o capítulo quatro!

O que estão achando da fanfic até agora? Opiniões sinceras por favor!

Peço perdão pelos erros ortográficos ou de roteiro, tento ao máximo evitá-los, mas pode passar despercebido.

Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️

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