xxvi. see you soon, my little nightingale


—Eu confio em você, sempre confiei. — ele segurou minha mão. — Graças a você esse pesadelo pode acabar. — eu sorri.

—Eu posso dormir com você hoje? — ele deu uma pequena gargalhada.

—Pode, claro.

Não sei se pessoas de outros compartimentos pode dormir com outra pessoa de outro compartimento, mas eu não me importo se essa regra existe. Eu só queria estar do lado do Finnick que é praticamente meu irmão. Ele está me lembrando Jeremy a cada dia que se passa. Lembro que sempre dormia com Jeremy quando tinha algum pesadelo ou sonho ruim e ele sempre estava lá para me acolher.

—Finnick como você convive com isso? — pergunto olhando para ele.

—Faço força para sair dos pesadelos e não é nenhum alívio acordar. — é, isso devo concordar. Sempre que acordo dos meus pesadelos com Peeta parece que fico pior do que quando estava sonhando. — Mas é melhor não se entregar ao desespero. Leva dez vezes mais tempo para se reerguer do que desmoronar.

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—Lily? — acordei com a voz de Boggs e o olhei. — Venha comigo.

Me levantei e comecei a segui-lo. Passamos pela porta, subimos a escada, percorremos o corredor até um dos elevadores multidirecionais e finalmente chegamos à Defesa Especial. Nada ao longo de nosso percurso foi destruído, mas ainda estamos numa profundidade muito grande. Boggs me guia até o interior de uma sala virtualmente idêntica ao Comando.

—Resistimos bem ao poder de fogo deles. — disse Coin. Eu apenas assenti com a cabeça sem saber o que responder. — As Everdeen e o seu bebê estão bem?

—Sim, estão. — respondi.

—Preciso que faça uma coisa para nós. — começou a dizer. Fazer alguma coisa por eles? Será que ela não se lembra do que eu disse? — Dizer a Panem que sobrevivemos a um ataque da Capital sem nenhuma baixa. E que permanecemos em plena atividade.

Outro pontoprop? Será que eles não entendem que eu só vou continuar apoiando essa causa rebelde quando finalmente resgatarem o Peeta? Bom, talvez se eu concordar, eles podem agilizar o resgate. Preciso ser o Tordo até eles finalmente resgatarem o Peeta.

—Certo. — concordei.

—Deve saber uma coisa. — ela disse se aproximando. — Tivemos oito minutos extras para evacuar graças ao aviso de Peeta. Não vou esquecer disso.

Em outras palavras ela quis dizer que está agradecida e que logo a operação de resgate vai acontecer. Bom, pelo menos espero que sim.

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Todos nós estávamos subindo uma escada que nos levaria para fora do Distrito 13. Boggs ia na frente, eu atrás dele, Haymitch, Gale e Katniss atrás de mim, Effie atrás deles, a equipe de gravação da Capital atrás de Effie. Preferiam gravar o pontoprop ao ar livre, e acho que vai ser até melhor para eu respirar um pouco de ar puro depois de ficar dias naquele bunker. Effie repetia as minhas falas o tempo todo para eu decorar. Eu já havia decorado "o 13 está bem e vivo assim como eu", é só não acontecer que nem aconteceu da outra vez. Fácil.

Meus olhos começaram a doer por causa da claridade, é ficar presa naquele bunker deu nisso. Mas não demorou muito para os meus olhos se acostumar com a claridade. Comecei a olhar em volta e vi ao meu redor tudo em destroços por causa do bombardeio. Caminhei mais um pouco e vejo várias rosas brancas recém-colhidas espalhadas pelo chão. Me aproximei das rosas e peguei uma com a mão, senti meu corpo ficar em choque. Essas rosas, tinha uma dessa lá em casa quando fui para o 12. 

—Por que deixariam isto aqui? — perguntou Gale.

—Acho que são para mim. — digo ainda olhando para a rosa ainda em estado de choque.

—Pronta para começar, Lily? — ouvi a voz de Cressida e olhei em sua direção. — Vamos fazer parecido com o que fizemos no 8. Fale sobre as rosas. Diga a seu avô que o 13 está vivo e bem.

Eu sabia o porquê daquelas rosas estarem ali, eu sabia. É um aviso. Vovô está punindo Peeta para me atingir, por eu ser o Tordo. Algo ruim vai acontecer e eu sei muito bem o que é. Ele vai matar o Peeta.

—Ele vai matar o Peeta. — digo baixo.

—Vamos tentar de novo. — ouvi a voz de Cressida novamente. — Repete comigo, o 13 está vivo e bem, assim como eu.

—Ele vai matar o Peeta. — digo baixo novamente.

O fato de saber disso me faz ficar mais nervosa do que eu já estava. Minha mente é tomada por ele. Não posso fazer isso, não posso. Sinto meus olhos começar a arder por causa das lágrimas. É impossível ser o Tordo. Impossível completar até mesmo essa única sentença. Porque agora sei que tudo que disser recairá diretamente sobre Peeta. Resultará em tortura para ele e até mesmo a própria morte, tudo isso para me atingir. Sinto a ânsia de vômito vir pela minha garganta mas engoli com força para não vomitar ali. Senti minhas mãos começarem a tremer por conta do nervosismo. Ele vai matar o Peeta, por minha culpa.

—Eu não posso. — minha voz saiu fraca.

—Lily? — Cressida me chamou.

—Você consegue, Lily. — ouvi Gale me encorajar.

—Eu não posso fazer isso.

"O 13 esta vivo e bem, assim como eu." — ouvi Cressida repetir minha fala.

—Ele vai continuar fazendo isso. Vai continuar fazendo isso até matá-lo.

—Cressida, é melhor finalizar. — ouvi Effie dizer.

Vejo Haymitch se aproximar de mim e me dar um abraço para tentar me acalmar. Ele me entende, ele ama Peeta também.

—Está tudo bem, passarinha. — ele disse tentando me acalmar.

—Não, não está tudo bem! — me separei dele. — Ele me avisou, ele me alertou sobre isso. Ele está fazendo isso porque eu sou o Tordo! Ele pune Peeta para me punir! — extravasso. — Eu não vou fazer isso. — começo a andar em direção a entrada do Distrito 13.

—Lily! — Cressida me chamou.

—Não me obrigue a fazer isso! — digo alterando meu tom de voz.

—Deixe ela ir. — disse Boggs.

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Não sei quanto tempo passou e muito menos que horas são. Estou escondida em uma das salas subterrâneas que quase ninguém tem acesso, as mesmas salas subterrâneas que tentava ficar quando tinha algum pesadelo na ala hospitalar. Quero ficar sozinha por um tempo, apenas eu e minha pequena opala. Meu rosto estava completamente molhado pelas lágrimas que caiam sem parar e os soluços ainda estavam saindo. Peeta pode morrer, e tudo isso por minha culpa, por causa de tudo o que eu fiz, desde de salvar Katniss e ele na arena até agora. Tudo o que eu queria era ele aqui do meu lado, vendo nossa pequena crescer e nascer. Ser o Tordo está sendo um perigo, tanto para mim e para a minha bebê, tanto para o Peeta que está sofrendo nas mãos do meu avô. Se ao menos ele estivesse longe dele, tudo estaria bem, eu iria para a Capital e acabar com essa guerra o quanto antes, mas não posso fazer isso, não posso colocar a vida de mais alguém em risco, eu não quero perder mais alguém importante para mim. Já não basta minha família verdadeira que nunca nem sequer soube de sua existência, mas só de ser minha família de sangue já se torna importante para mim, mesmo se eles me abandonaram no 12, minha família do Bando, Dawn, que apesar do pouco tempo que passamos juntas já foi importante para mim, Gavin, que se encaixa na mesma situação que Dawn, Cinna, Mags, não quero perder mais ninguém. Ouço a porta da sala se abrindo e meu olhar vai para a pessoa que entrou, mas logo meu olhar voltou para os meus joelhos quando vi que essa pessoa era Haymitch. Ele se aproximou de mim e se sentou ao meu lado.

—Então, este é o fim? — começou a dizer. — Vai se esconder aqui embaixo para sempre?

—Eu não posso ser o Tordo... — digo com a voz fraca.

—Não o Tordo. Apenas Lily. — ele disse acariciando meus fios de cabelo. — Sabe, você é a única amiga de verdade que tenho aqui. — eu fiquei em silêncio por alguns segundos. — Eles não te deram nenhum remédio?

—Você é inacreditável.

—Tudo bem, mas pelo menos fui sincero. — ele suspirou. — Olha, eu vim aqui para que saiba que estão resgatando o Peeta. — aquela notícia fez eu finalmente olhar para ele.

—O que? — pergunto sem acreditar.

—A hidroelétrica destruída no 5 tirou muita energia da Capital. Derrubou o sinal de defesa deles. Beetee está no sistema deles, fazendo todo o tipo de estrago. Uma janela se abriu. Até quando? Eu não sei. Imagino que até a Capital recuperar a energia.

—E a presidente Coin?

—Sabe, nunca poderei apoiar aquela mulher à luz da abstinência que mantém neste lugar, ainda mais depois de algumas coisas que ouvi sobre ela.

—O que você ouviu?

—Sabe, parece que ela está te usando não apenas para ajudar a rebelião mas sim para ela ser a presidente. Se o seu avô cair, pela lógica você seria a próxima presidente visto que é a próxima na linhagem Snow. E ela quer fazer de tudo para tirar isso de você.

—Bom, isso eu já imaginava. — digo dando de ombros. — Ela parece pior que meu avô algumas vezes.

—É, mas isso não importa agora. Plutarch foi informado que Peeta e as outras estão no Centro de Treinamento. E sem energia, Coin vê nisso uma oportunidade. Ela sabe que Peeta é a arma da Capital assim como você é a nossa. E ao invés de ter vocês dois trocando acusações, ela vai resgatá-lo.

—Eu preciso ir ajudar. — digo me levantando mas sou impedido por Haymitch, que me fez sentar de novo.

—Ei, calma passarinha. Vai fazer o que? Saltar do duto de ar e atacar a Capital com sua voz encantadora e suas notas musicais? — ele disse dando uma gargalhada. — Além disso, duas coisas. Primeiro, você está grávida. Segundo, já está em andamento. Foram seis soldados, apenas voluntários, mas Boggs fingiu não reparar em mim quando balancei a mão no ar. Está vendo? Ele já demonstrou uma boa capacidade de julgamento! — deu mais uma gargalhada. — Mas esse não é o ponto. Quero que você adivinhe quem foi os dois primeiros corajosos a se apresentar antes de mim.

Não é difícil saber quem são esses dois corajosos. É claro que eu sei.

—Katniss e Gale. — respondi baixo.

—Mas, tem uma coisa que você pode fazer. — começou a dizer. — Eles precisam de uma distração, não só a Capital, mas em principal o seu avô. Estamos organizando pontoprops aqui no 13 para distrair a Capital enquanto eles resgatam o Peeta e as meninas. Mas o seu avô também precisa de uma distração para não atrapalhar o plano, e quem seria a melhor distração do que a própria neta dele?

—Eu irei fazer um pontoprop ou uma chamada com ele? — o loiro negou com a cabeça.

—Você vai para a Capital e vai conversar com ele até conseguirem resgatar eles. Assim que tudo der certo, você encerra a conversa e voltamos. Tudo bem? — assenti com a cabeça.

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—Estarei te esperando aqui. — disse Haymitch. — Também estarei te ouvindo o tempo todo pelo dispositivo assim como você vai me ouvir. — balancei a cabeça em concordância. — Você consegue, passarinha. — ele disse com um sorriso.

O aerodeslizador me deixou na porta da mansão do meu avô. Estava apenas Haymitch e eu, além dos pilotos, no veículo. O outro aerodeslizador com os soldados estava no Centro de Treinamento. Preciso ser rápida se quero que dê tudo certo. Respirei fundo e desci do veículo, logo ele sumiu no ar. Comecei a tremer de nervoso ao ver aquele lugar novamente, o que um dia também já foi minha casa. Respirei fundo mais uma vez e comecei a andar em direção a entrada da mansão. Se eu ainda conheço bem o meu avô, com certeza ele deve estar em seu escritório como de costume. Aquele lugar estava em uma escuridão completa por causa da hidroelétrica no 5 que foi destruída. Eu caminhava em passos rápidos mas ao mesmo tempo tomando cuidado para não esbarrar em nada. Entrei em seu escritório assim que cheguei na porta. O local estava do mesmo jeito que o resto da mansão, em completa escuridão.

—Meu rouxinol. — me assustei quando ouvi sua voz no meio da escuridão. Olhei na direção de onde veio a voz e aos poucos minha visão foi se acostumando com a escuridão e comecei a ver seu rosto. Ele estava sentado na cadeira de frente para sua mesa. — Quanta honra em te ver aqui. Creio que não está fazendo essa visita para me agradecer pelas rosas.

—Eu nunca pedi por isso. — começo a dizer enquanto me aproximava da mesa. — Nunca pedi para estar nos Jogos. Nunca pedi para ser o Tordo. Eu só queria salvar Peeta e mantê-lo vivo. Por favor, o liberte. Eu paro de ser o Tordo e o senhor nunca mais vai nos ver.

—Meu querido rouxinol, não poderia fugir disso mais do que poderia fugir dos Jogos.

—Por favor. Você já venceu. Já nos derrotou. Liberte o Peeta e me aceite como refém, irei fazer tudo que quiser que eu faça.

—Não existe mais a possibilidade de tão nobre sacrifício.

—Me diga o que fazer. Eu sempre cumpro minhas promessas, sabe disso.

—Tem certeza? Você disse que não queria uma guerra e é isso que está causando. — seu tom de voz era irritado. Vi ele se levantar. — Eu avisei que a paz era uma coisa frágil. E mesmo assim, como uma criança, vocês dois se regalou em acabar com ela. Eu sei que as vezes você odeia ser comparada comigo, mas tenha dó Lily Snow, você se preocupa apenas com si mesma, o que dá a entender que é a minha cópia, da para perceber isso pelas suas ações. Duvido que saiba o que é honestidade.

—Se eu sou a sua cópia quer dizer que sou uma péssima pessoa. — murmurei. — O senhor me pediu que eu te convencesse que estava apaixonada por Peeta. Não fiz ao menos isso?

—Me diz você. Acha que me convenceu? — eu dizer? Mas é ele quem tem que me dizer! — É daquele garoto? — perguntou apontando para a minha barriga enquanto se aproximava de mim. Apenas assenti com a cabeça. — Como?

Arqueei minha sobrancelha.

—Acho que você sabe como. — ele soltou uma gargalhada.

—Claro, que pergunta a minha. — um sorriso surgiu em seus lábios. — Apesar de que eu queria que o pai do meu bisneto fosse Finnick Odair como havia planejado para você, estou feliz. — disse tocando na minha barriga, mas imediatamente tirei sua mão. — Sabe meu pequeno rouxinol... — começou a dizer olhando no fundo dos meus olhos. — São as coisas que mais amamos, que nos destroem. — o que ele quer dizer com isso? — Acha mesmo que não sei que seus amigos estão no Centro de Treinamento e que sua visita é apenas para ser minha distração?

Eu congelei em completo choque quando ele disse isso. Ele sabia? Como? É aí que a ficha cai. Droga Lily! Ele estava te manipulando o tempo inteiro! Te manipulando como uma serpente pronta para te dar o bote!

—Podemos fazer um acordo, Lily. Eu deixo você ir e não vou fazer mal a você e ao seu bebê. Mas não irei garantir que seus amigos tenham a mesma sorte que você teve.

Minhas mãos começaram a tremer e senti um nó se formar na minha garganta. Meu Deus como eu pude ser tão idiota?!

—Por favor... — comecei a suplicar com a voz fraca. — Por favor... Deixe eles irem, por favor...

—Eu já disse, eu deixo você voltar para o Distrito 13 sã e salva. Caso contrário, quem vai sofrer as consequências não vai ser só você. — ele novamente tocou na minha barriga, mas dessa vez eu não tive forças para tirar sua mão do local. — Vá antes que eu mude de ideia.

Meio desnorteada e ainda em completo choque, me viro e começo a ir em direção a saída do escritório.

—Te vejo em breve, meu pequeno rouxinol. — parei quando ouvi ele dizer isso, mas logo voltei a andar.

Meus passos eram mais rápidos do que da última vez, eu tropeçava em alguns móveis e até mesmos nos meus próprios pés. A mansão ainda estava em completa escuridão o que facilitava nos meus tropeços. Ao chegar na entrada da mansão, o aerodeslizador já me esperava. Minhas pernas estavam fracas e quase cai no chão se Haymitch não tivesse me segurado e me puxado para dentro do veículo. A porta do aerodeslizador fechou e o mais velho me ajudou a sentar nas cadeiras. Minhas mãos tremiam e senti o suor frio começar a escorrer pela minha testa.

—Ele sabia, Haymitch, ele sabia o tempo todo. — minha voz saiu fraca. — Temos que avisar eles, era uma armadilha.

—Desculpa passarinha, mas não há sinal para contatá-los. — ele disse acariciando meus ombros para tentar me tranquilizar mas aquilo só fez meu desespero aumentar.

—Não! Por favor não! Haymitch, ele sabia o tempo todo! Ele estava me manipulando! Eles ainda estão lá, devemos fazer algo! — minha tremedeira começou a aumentar e meus olhos começaram a arder por causa das lágrimas que estavam se formando. — Eu perdi os três essa noite? — falei com a minha voz que estava começando a ficar embargada e Haymitch me envolveu em seus braços para ver se me acalmava. — Eu perdi os três essa noite? Eu perdi os três essa noite? — eu repetia isso enquanto chorava desesperadamente.

Isso é pior que todos os meus pesadelos. Eu não posso perder apenas Peeta, mas sim Katniss e Gale também. E é isso que aumentava mais ainda meu desespero.

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Eu estava sozinha em meu compartimento sentada na minha cama enquanto abraçava meus joelhos e chorava sem parar. Eu posso perder três pessoas importantes para mim essa noite. A última vez que vi Peeta foi na arena. Será a última vez que o vi? A última vez que senti seus lábios sobre os meus? Eu nunca mais vou sentir seu toque novamente? Ouço alguém entrar no compartimento e meu olhar vai para a pessoa que entrou. Era a presidente Coin, essa que se sentou a minha frente. Eu a olhava com um pingo de esperança que ainda restava.

—Não há notícias. — foi o que ela disse. O resto de esperança que eu tinha foi embora. — Eu sinto muito.

Eu apenas assenti com a cabeça e coloquei minha cabeça entre meus joelhos novamente quando senti que mais lágrimas começaram a cair.

—É a pior tortura do mundo. — começou a dizer o que fez eu olhar para ela novamente. — Esperar, quando se sabe que não há nada a fazer. Especialmente para pessoas como nós. Mas seja qual for a força, coragem, loucura, que nos motiva, vai encontrá-la, em momentos assim. Você tem isso, soldado. É o que manteve você viva todo esse tempo. E não vai falhar agora.

Eu não disse nada, apenas balancei a cabeça, assentindo e voltei novamente a minha posição de antes. Ouvi seus passos se distanciando e logo fiquei sozinha novamente, onde voltei a chorar como estava chorando antes. É isso, eu realmente perdi os três, meu avô tirou mais três pessoas importantes da minha vida. Primeiro foi Dawn e Gavin, agora Peeta, Katniss e Gale. Quem vai ser o próximo? Por que ele não me deixou ficar em troca da salvação deles?

Eu levantei minha cabeça e vi meu violão ao lado da minha cama. Eu respirei fundo e peguei o objeto. Ajeitei ele e comecei a tocar algumas notas que veio a minha mente. Em questão de minutos um trecho de uma nova música começou a se formar em minha cabeça de acordo com as notas que eu tocava.

To kiss in cars and downtown bars... Was all we needed... — comecei a cantar, com a minha voz fraca devido ao choro. —You drew stars around my scars... But now I'm bleedin'...

'Cause I knew you
Steppin' on the last train
Marked me like a bloodstain, I
I knew you
Tried to change the ending
Peter losing Wendy

Minha voz quase não saiu na última estrofe e logo eu estava chorando novamente. Coloquei o violão no chão, onde ele estava e comecei a chorar em posição fetal na minha cama. Minha mão foi para onde estava o medalhão e peguei a pérola que estava lá dentro para eu não a perder. Coloquei a pérola contra o meu peito e os soluços começaram a sair de meus lábios.

—Me desculpa, Peeta... — começo a lamentar entre soluços. — Me desculpa, eu deveria ter feito algo para te tirar de lá o quanto antes, eu nunca deveria ter atirado naquele campo de força, eu deveria morrer como deveria naquela arena... É tudo culpa minha...

Eu deveria ter deixado Gavin ter saído vivo no meu lugar na arena. Nada disso estaria acontecendo se eu apenas morresse naquela arena. Eu não iria ser neta de Coriolanus Snow, não teria conhecido Peeta. Eu deveria ter aceitado o fim que o destino me reservou quando era para acontecer.

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Finnick havia se juntado a mim em meu compartimento. Ainda esperávamos alguma notícia, até mesmo a ruim iria valer, pelo menos uma notícia, era só isso que eu queria. Eu tentava distrair minha mente tocando algumas notas no violão e ele fazendo nós em sua corda. Até que usando o violão como distração estava me ajudando um pouco, mas ainda sim pensava em Peeta, Katniss e Gale, se eles estão realmente mortos ou se conseguiram sair vivos da Capital. Ouço a porta ser aberta, olhei em sua direção e vi Haymitch.

—Eles voltaram.

Eu não conseguia controlar meus pés, comecei a correr em direção a ala hospitalar, seguido por Haymitch e Finnick. Aquele lugar estava um caos, médicos correndo para todo o lado.

—Eu não quero isto! — ouvi uma voz conhecida atrás de vários médicos. Que se afastaram ao ver que me aproximei. Era Johanna. Com hematomas e machucados espalhados pelo corpo e rosto, com a cabeça raspada e bem magra. Ela tirava todos os equipamentos médicos que colocavam nela.

—Johanna. — sussurrei seu nome. Ela estava horrível! O que fizeram com ela?

—Finnick! — escuto outra voz gritando o nome do garoto ao meu lado e reconheço a voz. Olho em direção e vejo Annie, que arrancava o esfigmomanômetro que estava em seu braço. — Finnick! — ela o chamou novamente, se levantando e correndo em sua direção.

—Annie? — ele disse seu nome andando em sua direção. — Annie! — Finnick a segurou no alto e a abraçou. Parecia que nada ao redor daquele casal existisse. Eu sorri ao ver aquela cena. Eles realmente se amam de verdade. Assim como Peeta e eu nos amamos.

Comecei a andar mais um pouco pela ala hospitalar para ver se achava Peeta ou um rosto conhecido além de Haymitch e Finnick.

—Katniss! Gale! — chamei seus nomes quando os dois ao lado e me aproximei deles. Abracei Katniss com força e logo abracei o Gale, esse que retribuiu de uma forma estranha, não com a mesma intensidade que eu o abracei. — Vocês estão bem? — nenhum dos dois me respondeu. Ambos estavam um pouco pensativos. — O que foi?

—Eu não entendo. — Gale começou a dizer. — Todas as armas estavam apontadas para nós, e passamos reto. — meu olhar de confusão foi bem nítido.

—Eles nos deixaram ir. — disse Katniss ao ver meu rosto confuso.

Eu ainda procurava Peeta com o olhar pela ala hospitalar. Mas não o via. Onde ele está?

—E o Peeta? Não o vejo aqui. Onde ele está? — pergunto, já sentindo o sorriso querer aparecer em meus lábios. Só de pensar que irei ver ele me traz uma felicidade genuína. Mas a troca de olhares entre Katniss e Gale fez o sorriso que estava prestes a aparecer não querer aparecer mais. — O que aconteceu?

Eles dois ainda ficaram em silêncio por alguns segundos.

—Ele não estava lá, Lily. — respondeu Gale. O que fez meu coração apertar. — Não o achamos. Era para ele estar com as meninas no Centro de Treinamento mas sua cela estava vazia.

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Meu Deus, eu quase chorei escrevendo esse capítulo, juro para vocês🤡🥲

Se prepare que daqui para frente só para atrás!

Não imaginei que esse capítulo ia ficar tão grande, quase 4k de palavras meu Deus!

Quero oficialmente agradecer aos 500 votos! Sério gente, muito mas MUITO obrigada mesmo a todo apoio e carinho que a fanfic está recebendo, saibam que isso me motiva a cada vez mais a continuar escrevendo🩵✨️

Mais uma vez eu digo, vocês não estão preparados para o que vai acontecer nos próximos capítulos! Se preparem para chorar e surtar muito😃

Gente esse capítulo está sendo meio complicado de postar viu? Wattpad bugou tudo😻

Peço desculpas pelos erros ortográficos, tento ao máximo evitá-los, mas tem vezes que passa despercebido.

Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️

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