xxix. play my role
Mas como? Eu vi ele morrer! Ele morreu na minha frente! Como isso é possível? Ele aparentemente está bem e saudável, mas como?
—Pela sua reação, você não esperava, não é? — o mais velho começou a dizer. — Após aquele fiasco com o vestido, eu tive que tomar algumas providências contra isso. Mas o que eu não esperava era que Cinna iria resistir bem aos espancamentos. Quando eu recebi sua carta, achei que seria uma boa ideia ele estar com você.
Eu ainda estava em completo choque enquanto olhava para o homem a minha frente. Estava com medo de não ser real, de ser alguma brincadeira da minha mente. Eu vi o Cinna morrer na minha frente! Bom, pelo menos eu acho que vi ele morrendo, não sei se quando os Pacificadores tiraram o seu corpo inconsistente se ele estava morto ou apenas desacordado.
Senti meus olhos arderem por causa das lágrimas que começaram a se formar, eu me aproximei dele um pouco desnorteada e o abracei, Cinna imediatamente retribuiu.
—Eu achei que você estava morto. — digo com a voz fraca ainda abraçada a ele. — Eu vi, eu vi seu corpo inconsciente.
—Eu estou bem, Lily. — ele disse se separando do abraço e me olhou. — Apesar de tudo o que aconteceu, eu estou bem.
—Vocês dois vão ter todo o tempo do mundo para conversarem. — meu avô interviu. — Você quer ver o garoto, não é? — imediatamente assenti com a cabeça. — Ele vai ficar muito feliz em ver você.
Nós quatro saímos do escritório e caminhamos pelos corredores luxuosos da mansão. Meu coração acelerava a cada passo que eu dava, indicando que estávamos perto de onde Peeta estava. A ansiedade atingiu seu limite máximo quando paramos na frente de uma porta. O que vou dizer a ele quando o ver? Ou melhor, o que vou fazer? Ah, mas quem se importa? Independente do que irei dizer ou fazer, Peeta vai ficar extasiado e provavelmente vai me dar um beijo. Imagino se vai ser como aquele beijo que demos na praia. Se vai ter os mesmos sentimentos que eu tive ou se vai ter mais incluídos. Meu avô abriu a porta e eu entrei na sala hospitalar, já sentindo mais lágrimas se formando em meus olhos. Ele estava de costas para mim com as roupas brancas da sala hospitalar. Pessoalmente ele estava bem mais magro com hematomas e machucados espalhados por seu corpo. Os médicos o examinavam, colocando luz em seus olhos, medindo sua pressão. Ele está bem ali, na minha frente, depois de tanto tempo longe de mim. Só Deus sabe a felicidade que estou sentindo ao vê-lo tão perto de mim.
—Peeta. — o chamei com a minha voz fraca por causa do nó que se formava em minha garganta.
O efeito foi imediato, a cabeça que antes estava baixa se levantou ao ouvir a minha voz. Caminhei até ficar de frente para ele, vendo melhor seu rosto sem aquela maquiagem. Seu rosto estava bastante machucado, com cortes e hematomas espalhados em diversas partes do seu rosto, seus olhos estavam fundos e vermelhos com olheiras bem mais aparentes do que na televisão. Seu olhar parecia emocionado ao me ver mas logo ele foi se transformando em um olhar que não conseguia decifrar. Desejo? Desespero? Certamente ambos. Um sorriso surgiu em meus lábios e as lágrimas que antes eram de tristeza quando o via na televisão agora são lágrimas de felicidade. Meus braços começaram a se levantar para abraçá-lo quando ele se levantou de repente e avançou em mim com as mãos em meu pescoço, apertando o local com força. Sou jogada para atrás onde meu corpo se choca com um armário de vidro. Caímos no chão com ele por cima de mim, ainda apertando o meu pescoço com mais força. Meus olhos estavam arregalados e senti a ânsia de vômito aparecendo. Eu tentei fazer ele soltar meu pescoço dando tapas em seu braço ou tentando o puxar, mas Peeta é forte demais, não ia conseguir fazer ele soltar meu pescoço. Minha visão já estava começando a ficar turva e a escurecer e a última coisa que vi antes de apagar completamente foi alguém batendo na cabeça de Peeta com algo que não consegui identificar.
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Abri os olhos devagar tentando me acostumar com a iluminação, mas algo apertando o meu pescoço me fazendo ficar sem ar me faz entrar em desespero e levei a mão até o local assustada enquanto ouvia os aparelhos apitando. Logo duas mãos tiraram as minhas do que está no meu pescoço, o que quer que seja que está lá.
—Ei, Lily, calma. — ouvi a voz de Cinna. Ele ainda segurava as minhas mãos. — Você está inchada. Não toque. Você está bem. Fique calma. — aos poucos fui me acalmando, mas ainda não conseguia respirar. Ele olhou para a porta e viu uma enfermeira. — Avise que ela acordou.
—Pee... — tentei falar mas minha garganta doeu como nunca, como se minhas cordas vocais estivessem sendo rasgadas.
—Não tente falar. Peeta está bem. Eu juro. Só tivemos que afastá-lo de você. — o alívio em saber que ele está bem foi imediato.
A equipe médica me explicou e me garantiu que não há danos permanentes, mas ainda sim continuo sedenta por ar. Eu não conseguia respirar direito. As principais preocupações da equipe médica – danos na minha medula espinhal, nas vias respiratórias e nas artérias – foram afastadas. Hematomas, rouquidão, laringe inflamada, essa estranha tosse, nada disso é motivo de preocupação. Tudo vai melhorar. A nova porta-voz da Capital não pode perder sua voz. A Lily que ama cantar não pode perder sua voz. Mas por enquanto, não tenho permissão nenhuma para falar.
—Meu Deus, Lily! — ouvi a voz de Effie e olhei para ela apenas com o olhar. Ela já estava com suas roupas extravagantes e peruca na cor azul. A mais velha segurou a minha mão. — Como ela está?
—Vai ficar melhor. — respondeu Cinna. Ele me entregou um pequeno quadro branco e um marcador específico para escrever nesse tipo de quadro com um apagador na tampa. — Use isso para se comunicar. — assenti com a cabeça e comecei a escrever no quadro.
"E a minha bebê? Ela está bem?" foi o que eu escrevi e mostrei para eles.
—Ela está bem. A equipe médica se certificou de que sua filha estava bem e se não sofreu nenhum dano quando Peeta te jogou na porta do armário de vidro e caíram no chão. — explicou Cinna.
Ouvi a porta do quarto se abrir e nossos olhares foi na direção de quem entrou. Meu avô, que estava com um sorriso nos lábios.
—Tenho certeza de que você não esperava isso. — ele ainda estava com um sorriso. — É claro que você merecia uma punição por seus atos, e usar o telessequestro em Peeta foi a melhor punição que eu pensei. — eu fiquei confusa. O que é telessequestro? — Ah, claro, você não sabe o que é. Vamos supor que fizemos uma lavagem cerebral nele. O telessequestro é feito com veneno de teleguiadas que causam efeitos dissociativos na pessoa que recebe o veneno, e com as torturas que fazíamos com ele, tiramos sua identidade. E então alteramos as lembranças dele em relação a você, como se você fosse uma ameaça. — aquele sorriso dele estava me irritando e eu cerrei os dentes com força e o meu punho. Eu respirava fundo com certa raiva. — Podemos reverter isso, mas é claro que não irei fazer isso facilmente. Então aqui está outra condição para nosso acordo, se você exercer bem o seu papel, iremos fazer o tratamento para reverter o telessequestro de Peeta e assim vocês podem viver felizes para sempre com a filha de vocês, caso o contrário, não vai ser eu que irei matar você e a sua filha.
—Você... É... Um... Monstro... — eu me forcei a dizer isso, mesmo com as minhas cordas vocais inchadas e minha garganta doendo.
—É, eu posso ser um monstro. Mas se lembre que não é eu que preciso de você, é você que precisa de mim. Se eu não te ajudar, como que Peeta vai voltar a seu estado normal? Só eu consigo curá-lo e só eu irei conseguir fazer vocês dois terem o seu tão sonhado final feliz.
Eu sentia tanta raiva dele que era capaz de eu atacá-lo se tivesse oportunidade. Mas ele está certo, eu preciso dele para Peeta voltar a ser ele mesmo. Para ele saber que vai ser pai. Para ele ver nossa filha.
—Você vai aparecer ao meu lado no pronunciamento de hoje. Você não irá falar nada, apenas mostrar que agora você está ao lado da Capital e que vai ser nossa porta-voz. Entendido? — eu fiquei imóvel, sem respondê-lo enquanto o encarava com um olhar de raiva e se eles pudessem matar ele já estaria morto. — Entendido? — disse firme enquanto alterava seu tom de voz. Eu assenti com a cabeça. — Ótimo. Até mais tarde meu pequeno rouxinol. — por fim, ele saiu do quarto.
Eu abaixei a cabeça quando percebi que ia começar a chorar. Um nó se formou em minha garganta e meus olhos começaram a arder por causa das lágrimas que estavam se formando e logo elas começaram a cair sem parar. Os soluços ameaçavam sair mas minha garganta doía tanto que nem eles conseguiam sair. Eu estava tão feliz, tão feliz que ia ver o Peeta, tão feliz que finalmente ele ia saber que vai ser pai, mas agora tudo o que eu sinto é tristeza e culpa. Novamente a vontade de ter sido morta na arena apareceu, nada disso estaria acontecendo se eu tivesse apenas deixado Gavin ter saído vivo da arena. Eu não seria neta de Coriolanus Snow e essa confusão não teria acontecido. Senti Effie me envolver em seus braços, onde comecei a chorar sem parar.
—Calma, minha querida, vai dar tudo certo. Só siga o plano que você planejou desde o início e tudo vai ficar bem.
Eu assenti com a cabeça, mas nem eu sei se esse plano vai dar certo. É só eu exercer o meu papel, não é? Se for tão fácil como parece, o plano vai dar certo, caso o contrário, irei morrer nas mãos da pessoa que nunca imaginei que iria me matar.
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—Senhoras e senhores, boa noite. — meu avô começou a dizer.
Eu estava atrás dele na frente da mansão presidencial para ele fazer o anuncio. Eu usava o colar cervical e minha roupa era um vestido branco longo de uma manga só, onde dava destaque para a minha barriga de grávida e eu usava um salto baixo da mesma cor, meu cabelo estava solto mas arrumado de um jeito que parecesse elegante, meu rosto estava com pouca maquiagem, apenas o necessário para eu ficar apresentável para as câmeras.
—Estou fazendo essa transmissão ao vivo para dar algumas notícias para vocês. Como muitos de vocês sabem, houve um incidente nos últimos Jogos, o que ocorreu na rebelião que o país se encontra nesse momento. Esses radicais ainda estão tentando derrubar a Capital, que é o coração desse país, nada vive sem um coração, se derrubarem a Capital, o país vai morrer, como aconteceria se alguém perdesse seu coração. Também teve alguns vídeos do Tordo, que é a porta-voz da rebelião, onde estimulava os Distritos a se reunirem para atacar a Capital, o que não é muito inteligente de se fazer. Porém hoje faço essa transmissão para dizer a todos algo que ninguém esperava, nem mesmo eu. Onde minha neta, Lily Snow, se juntou a Capital para ser nossa porta-voz ao lado de seu noivo, Peeta Mellark. — ele deu espaço para eu aparecer e eu andei até ficar ao seu lado, parada de cabeça baixa enquanto ele continuava falando. — Completamente inesperado. Ela viu que ser o Tordo não era o lado certo a seguir, e teve consciência de seus atos e veio até mim pedir para ser nossa porta-voz. Creio que você deve ter muitas perguntas para ela em relação a esse assunto, mas infelizmente hoje minha neta não irá poder responder devido a um acidente pessoal que não iremos dizer. Mas quando ela se recuperar, Caeser Flickerman irá fazer as perguntas que vocês estão ansiosos para saber.
Eu olhei para a câmera e sorri quando meu avô encerrou a transmissão e segui para dentro da mansão com passos rápidos. Eu deveria voltar para a ala hospitalar visto que só sai para essa transmissão. Com certeza Coin deve estar se remoendo de raiva ao ver que o querido Tordo dela fugiu e se juntou a Capital. Eu não me preocupava com Katniss, Finnick e Haymitch, visto que eles sabem o meu plano real, bom, eu acho que Katniss já contou sobre isso com Haymitch, e nem quero imaginar sua reação, que pode ser tanto boa tanto ruim. Mas eu não me importo com a reação dos outros, já que quem eu quero que saiba do meu real plano já sabem. Minha maior preocupação nesse momento é salvar o Peeta, e para isso eu devo exercer meu papel. Quando Peeta estiver a salvo, aí coloco meu plano em prática para salvar Panem.
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Meu Deus, esse capítulo ficou maior do que eu esperava😻 aqui eu só quis colocar a cena com o Peeta e essa transmissão, mas prometo que os próximos capítulos irão compensar (inclusive, eu escrevi uma cena da Lily e do Peeta que meu Deus, vocês vão amar, bom acho eu, mas confesso que fiquei com vergonha de escrever, mas eu amei🙂)
Gente para que inimigo se a Lily tem o Snow como avô? Meu Deus🤡
Sim, Cinna está vivo! Não foi um sonho e nem alucinação! Tem vários motivos por eu ter deixado ele vivo e que vai ser essencial para a vida da Lily nessa fase da vida dela.
Mano, eu não estou preparada para os próximos capítulos, tô vendo que vou chorar tanto😭😭 mas prometo que a cena que escrevi de madrugada que mencionei acima vai compensar tudo isso🙂🫶🏻
Gente a fanfic está quase chegando nos 600 votos e desde já irei agradecer a TODOS que estão apoiando a fanfic com seus votos e comentários, isso me motiva muito a continuar com a fanfic e a escrever as futuras fanfics que estou planejando em postar🩵
Peço desculpas se tiver algum erro ortográfico, tento ao máximo evitá-los mas tem vezes que passa despercebido.
Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️
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