—Corram! — gritei. — Corram! A névoa é venenosa!

Todos que estavam dormindo acordaram com o meu grito. Peeta foi o primeiro a correr, Finnick joga uma Mags meio adormecida nas costas, comecei a correr atrás de Peeta e logo eles dois começaram a correr atrás de nós. A adrenalina era tanta que nem sequer prestei atenção na dor em minha mão. Eu não prestava atenção no chão, apenas corria, o que fez eu tropeçar em alguns galhos e cair no chão. Olhei para atrás e vi a névoa se aproximando mais, Peeta me ajudou a me levantar, e isso fez com que a névoa atingisse um pouco nós dois, mas nos levantamos e voltamos a correr. Acho que juntou a névoa nos atingiu e o ocorrido do campo de força, fez Peeta ficar um pouco lento e tropeçar o tempo todo. Segurei em sua mão e o puxava para correr comigo. Ouvi os gritos de Finnick não muito longe de nós, provavelmente Mags e ele foram atingidos um pouco pela névoa. Peeta acabou caindo no chão, provavelmente estava fraco por causa dos efeitos colaterais tanto do campo de força tanto da névoa. Imediatamente me abaixei ao seu lado e vi as bolhas brancas que se formaram em seu rosto. Ele não ia conseguir continuar sem alguém para carregá-lo, e eu não iria conseguir fazer isso. Finnick se aproximou com Mags e se abaixou também.

—Eu não consigo carregá-lo. — digo olhando para Finnick, fazendo ele e Mags olharem para nós dois.

E então o que acontece em seguida é tão rápido e sem sentido que fiquei completamente confusa. Mags se levanta e dá um selinho nos lábios de Finnick e então começa a caminhar até a névoa.

—Mags? Mags? — Finnick a chama e quase se levanta para ir até ela, mas eu segurei o seu braço antes dele fazer isso. — Mags! — ele gritou quando a mulher entrou na névoa e logo o canhão soou indicando sua morte. — Mags!

—Finnick! — o chamei para ele me olhar e ele me olhou. Sei que Mags é como se fosse sua mãe e sei como é perder alguém importante, mas nesse momento precisamos correr antes que seja tarde demais. — Finnick, precisamos ir. Temos que sair daqui.

—Tudo bem, vamos. — disse se levantando e levantando Peeta junto, passando seu braço pelo seu pescoço enquanto o outro passava pelo meu. Voltamos a correr.

Corríamos o mais rápido que podíamos, mas com o peso de Peeta sobre nós dois ficava um pouco complicado. Foi quando a névoa atingiu nossas costas novamente e caímos rolando morro abaixo. A dor era tanta que nem fiz um esforço para me levantar, apenas fiquei olhando a névoa se aproximar e irei assistir ela nos atingindo e iremos perder nossas vidas do mesmo jeito que Mags. Mas ela não se aproximou de nós como achei que ela iria, era como se ela estivesse sendo pressionada por uma parede invisível. Respirei aliviada, mas ainda estava com dor por causa das queimaduras. Comecei a rastejar até o um lago que havia perto de nós, coloquei minha mão no lago e um grito de agonia escapou de meus lábios, mas logo o alívio tomou conta do local. A água salgada ajudava nos ferimentos.

—A água. A água ajuda!

Peeta se aproximou do lago e começou a entrar aos poucos, também gritando de agonia. Também entrei no lago e logo os locais dos ferimentos estava melhorando. Fomos até Finnick e o trouxemos para a água também, Odair também soltou um grito de dor. O ajudamos a lavar os locais de ferimentos.

—Precisamos das nossas armas. — digo.

Mellark foi pegar nossas armas que estava na superfície. Ficamos com as armas próximas enquanto nos lavamos e Peeta pegava um pouco de água. Já estava quase amanhecendo.

—Eu sinto muito pela Mags. — digo para Finnick que estava com uma feição triste. Aposto que se estivesse sozinho estaria chorando como nunca.

—Ela jamais iria conseguir. — disse. Eu o abracei para te dar conforto.

—Infelizmente. — digo quando nos separamos.

Seu olhar pousou em algo atrás de mim e eu me virei, me deparando com dois macacos em um galho. Lentamente peguei uma flecha e ajeitei no arco, para qualquer ameaça que aparecer. Eram bestantes. Tenho certeza. Eles são bem maiores do que deveriam ser.

—Peeta. — o chamei, logo ele me olhou. — Venha para cá devagar.

Assim que ele se virou, um macaco estava a sua frente e rugiu para ele, fazendo com que Peeta se aproximasse de nós dois. Vários deles começaram a aparecer. Estávamos cercados. Esses animais tinham dentes enormes, ressaltando minha teoria de que são bestantes. Antes que eu pudesse pensar em alguma estratégia, um deles avança em mim, vejo Peeta o matar com sua faca e logo os outros começaram a rugir para nós e deixando amostra seus dentes afiados. Agora eles vão nos atacar. Comecei a atirar flechas neles enquanto Finnick os matava com seu tridente como se fossem peixes e Peeta os matava com sua faca. Muitos deles começaram a aparecer e eu atirava em todos que apareciam. Olhei para atrás e vi que havia uma praia um pouco mais para frente. Foi quando ouvi um dos bestantes avançando em mim, me fazendo cair na água, meu arco era a única coisa que separava seus dentes afiados de mim, foi quando alguém o matou, fui puxada para fora da água.

—Vamos para a praia. — disse Peeta me puxando para ir com ele.

Nós matavámos os bestantes no caminho para a praia. Comecei a usar a espada visto que eu havia poucas flechas, e talvez eu precise delas. Foi quando um dos macacos aparece e fica entre Peeta e eu. O loiro estava encostado na árvore enquanto o bestante rugia e mostrava seus dentes grandes para ele, pronto para o atacar. Quando eu ia matá-lo com a espada, uma pessoa, uma mulher, sai do meio das árvores e se coloca já frente do bestantes, este que enterra os dentes em seu peito. Peeta imediatamente matou o bicho com sua faca. Me aproximei deles.

—Quem é? — pergunto.

—A Morfinácea. Me ajude!

Por parte me perguntei o por quê dele querer ajudá-la, mas apenas aceitei. Haymitch disse que os morfináceos não seriam uma ameaça, então ela não deve ter matado ninguém. Ajudei Peeta a arrastar o corpo da mulher até a praia. Finnick corria atrás de nós, achei que os bestantes iam nos alcançar, mas eles pararam assim que chegamos na praia, ajudei Peeta a levar a Morfinácea até a água. Odair apontava seu tridente para os macacos, mas eles não deram nem mais um passo. Mellark segurava a mulher, que estava desesperada e com a respiração descontrolada, dentro d'água.

—Ei, está tudo bem. Está tudo bem. — ele disse enquanto eu o olhava. É por isso que ele quer ajudá-la, ele é gentil, assim como foi gentil em ter me dado aquele dinheiro, assim como é gentil quando me ajuda quando tenho algum pesadelo. Se for para definir Peeta Mellark em uma palavra, essa com certeza seria a gentileza. — Quer ver uma coisa? Dê uma olhada. — o garoto olhou para o céu, e eu acabei levantando o rosto junto com eles, vendo o céu do amanhecer. — É incrível, não é? Todas essas cores. Não se preocupe com mais nada. Está tudo bem.

Olhei para ela de volta e vi que não piscava mais os olhos. O som do canhão soou logo em seguida, indicando que ela estava morta. Peeta soltou o corpo gentilmente que boiava na água. Voltamos para a superfície e percebi que Peeta estava triste com a sua morte. Não a conhecemos, mas querendo ou não, era uma vida, uma vida que foi tirada pela Capital, essa que deveria sentir o que passamos dentro dos Jogos. Vimos o aerodeslizador se aproximar e pegar seu corpo morto, como se fosse um objeto qualquer. Mesmo vivendo na Capital e sendo mentora dos Jogos por dois anos, até hoje não sei o que fazem com o corpo dos tributos mortos. Será que a família tem chance de ver o corpo ou eles simplesmente somem com o corpo e a família não tem o direito de enterrar?

—Ela se sacrificou por mim e eu nem sabia seu nome.

—Acha que ela se sacrificou? — perguntei o olhando e ele assentiu com a cabeça.

—Foi o que parece.

Finnick conseguiu pegar alguns peixes naquela água e encontramos algumas ostras. Ele estava sentado ao lado direito de Peeta e eu estava sentada ao lado esquerdo do meu companheiro de Distrito. Eu cortava o peixe cru em alguns pedaços com a minha adaga para facilitar na hora de comer. A textura era horrível, o gosto? Pior ainda. Mas pelo menos ia me deixar alimentava por algumas horas. Bem que Haymitch poderia ter pena de nós e nos enviar um bom banquete.

—Aqui. — a voz do Peeta me fez o olhar. Ele havia acabado de abrir uma ostra e estava com uma pérola em mãos, estendendo para mim. — Para você.

Eu sorri e peguei a pérola de sua mão, a analisando com o olhar. Era linda. Eu tenho algumas joias de pérolas no meu quarto da Capital, mas nenhuma é tão linda quanto essa que Peeta me deu. Sabem por que? Porque foi um presente, um presente dado de coração. Um presente da minha mais nova pessoa favorita. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, lágrimas de emoção. Eu o olhei com um sorriso.

—Obrigada. — digo de um jeito doce ainda com um sorriso no rosto, o que o fez sorrir também. — Eu não tenho nada para te dar.

—Você já me deu os melhores presentes que eu poderia receber.

Ele ergueu a manga e me mostrou a pulseira com pingentes de lírios que havia dado para ele. Pronto, se antes meus olhos estavam cheios de lágrimas, elas começaram a cair.

—Você está usando.

—É claro, eu prometi que iria cuidar e nunca tirar, se lembra? — ele se aproximou de mim e secou minhas lágrimas com seus dedos. Logo sua mão foi para a minha barriga. — Não tem presente melhor do que esses que você já me deu, Lily.

Seu ato foi um pouco estranho no início, mas ele só quer reforçar melhor a mentira da gravidez. Se caso der certo, podemos receber mais dádivas dos patrocinadores. Meus olhos se encontraram com seus lindos olhos cor de mel, esses que estavam brilhando. Droga, meu coração já está ficando acelerado de novo, o que acontece toda vez que meus olhos se encontram com os seus. Sem perceber, eu já aproximava o meu rosto do seu, fazendo ele fazer o mesmo. Nossos rostos estavam bem próximos e nossos lábios quase se tocando quando me assustei ao ouvir um estrondo, fazendo eu me afastar no mesmo instante. Fui a primeira a me levantar com a adaga que estava cortando o peixe em mãos e os outros dois garotos me acompanharam e todos olhamos para frente. Uma onde grande que cobria as árvores da arena surgiu seguido de gritos e som de canhão. A água foi até a Cornucópia e se abriu por ela e logo chegou em nossos pés. O aerodeslizador novamente desceu e pegou o corpo morto.

De longe escutei alguém se aproximar da praia, puxei Peeta para se camuflar nas folhas comigo e Finnick se camuflou também. Não era uma pessoa, mas sim três, tentei identificar mas eles estavam cobertos de sangue, não conseguia ver seus rostos.

—Johanna. — disse Finnick. — Johanna! — ele gritou seu nome e saiu correndo até eles.

—Finnick! — ela gritou de volta.

—Parece que temos mais aliados. — disse Peeta.

Começamos a correr para nos aproximar deles. E fiquei assustada ao ver o tanto de sangue que estava neles. O que será que aconteceu?

—Estávamos na floresta, onde pensei que era mais seguro. — comecei a ouvir Johanna falando enquanto Beetee se limpava na água. — Foi quando começou a chover. Pensei que era água, mas era sangue!

—Tique taque. — Wiress disse andando de um lado para o outro.

—Estava quente e grosso! — ela disse empurrando a outra mulher levemente assim que ela tocou seu ombro. — Sufocamos, tropeçamos, estávamos engasgando nele, cegos.

—Tique taque.

—Foi quando Blight bateu no campo de força. — ela respirei fundo. — Não valia muita coisa, mas era de casa.

—Tique taque.

—O que ela tem? — pergunto para Beetee.

—Está em choque. A desidratação não ajuda. Tem água?

—Posso conseguir.

—Ei, pare com isso! — ouvi Johanna gritar com Wiress e ameaçar atacá-la quando segurou em seus braços.

—Ei! — gritei enquanto me aproximava delas. — Deixa ela em paz!

Segurei seu braço com força, ela me olha e logo joga Wiress no chão, isso me irritou completamente e quando menos percebi, minha mão começou a puxar seu cabelo com força. Isso fez ela me empurrar com força no chão, aproveitei a chance e dei uma rasteira nela, fazendo ela cair. Eu me levantei rapidamente e peguei minha espada, indo em sua direção. Johanna se levantou e começou a rir.

—Olha só, a Garotinha Arco-Íris aprendeu a lutar? — disse de um jeito sarcástico. — Não vejo Mags por aqui. Será que você ao invés de usar suas habilidades para ajudá-la, você estava se divertindo enquanto a matava?

É, se antes eu estava irritada, agora fiquei com raiva. Levantei a espada para atacá-la, mas ela se defendeu com o machado. Quando ia tentar atacá-la de novo, senti os braços fortes de Peeta me puxar para longe enquanto Finnick também puxava Johanna para longe.

—Calma. — disse Peeta para mim.

—Me solta Finnick! Eu vou acabar com ela! — Johanna gritou se debatendo.

—Para com isso Johanna! Ela está grávida! — diz Finnick.

—Eu não ligo se ela está prenha! Ou se ela é neta daquele velho! Eu resgato aqueles dois loucos esquisitos para ela e é assim que ela me agradece?

—Para mim? — perguntei baixo. — O que ela está querendo dizer?

—Você os queria como aliados.

Sim, eu queria, mas mudei de ideia ao ver que ninguém era a favor deles serem meus aliados, com exceção de Katniss. Eu não gostava nenhum pouco de Johanna, assim como ela não deve gostar de mim também. Por que ela os resgataria para mim? Algo está estranho, bem estranho. Primeiro, a Morfinácea se sacrifica por Peeta e agora isso. Está realmente estranho e tenho noventa e nove por cento de certeza de que Haymitch está por trás de qualquer coisa que esteja acontecendo.

Joguei minhas armas para longe e fui na direção de Wiress e começamos a caminhar em direção ao mar.

—Vem, irei te ajudar a se limpar. — digo com um sorriso.

—Tique taque.

—Sim, tique taque. — essa situação de Wiress me deixava com pena. Será que tem cura? E se tem, qual seria?

Fomos até a água, ela ficou sentada enquanto limpava seu cabelo, tirando o sangue seco dali. Johanna estava atrás de nós limpando seu machado. Meu olhar foi para Beetee que estava com um rolo em mãos.

—O que Beetee tem ali?

—O rolo? É uma espécie de fio.

—Ele pegou na Cornucópia? — voltei minha atenção para os cabelos de Wiress.

—Levou uma facada nas costas para conseguir.

—Tique taque! Tique taque! — Wiress gritou.

—Não aguento mais. — disse Johanna e ouvi ela se afastando. — Boa sorte com a Pancada.

Pensei em não ligar novamente para seu choque, já que estava se tornando completamente normal para mim, mas o barulho de raios se formando me faz olhar para o local do som. A árvore. A mesma árvore que os raios atingiram depois daquelas badaladas. Voltei a olhar para a mulher que também estava me olhando.

—Tique taque. — ela repetiu.

—Tique taque... — sussurrei.

Doze badaladas ontem à noite. Como se fosse meia-noite. Em seguida o relâmpago. O sol acima de nós agora. Como se fosse a lua. E o raio. Lentamente, levanto-me e dou uma geral na arena. O raio ali. Na fatia seguinte do bolo veio a chuva de sangue, onde Johanna, Wiress e Beetee foram pegas. Estávamos na terceira seção, bem ao lado daquela, quando a névoa apareceu. E, assim que ela foi sugada para longe, os macacos começaram a se reunir na quarta. Tique-taque. Minha cabeça gira para o outro lado. Algumas horas atrás, por volta das dez, aquela onda veio da segunda seção à esquerda de onde o relâmpago está agora surgindo. Meio-dia. Meia-noite. Meio-dia.

—Ai meu Deus! — digo baixo apenas para mim mesma. — Tique taque. — sussurrei novamente. — Isso é um relógio! — disse alto. — Wiress você é um gênio! — digo segurando seu rosto com as mãos animada, e ela compartilhava a mesma animação.

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Peço desculpas ao capítulo curto e chato, mas é que nem eu falei no outro capítulo, não quero que o enredo de "Em Chamas" tenha poucos capítulos como o enredo de "Jogos Vorazes" teve. MAS, bem provável que o enredo de "A Esperança" tenha bastante capítulos (e espero que sejam bons) para compensar esses🫶🏻

A cena da pérola sempre vai ser uma das minhas favoritas! Amo muito escrever elas🥺🫶🏻

Vei, eu tô preocupada com o fato de, minhas aulas voltam dia 15 (mas só irei para a escola dia 19), e eu não sei como vai ser meu ritmo de postagem. Não quero ficar muito tempo sem postar e quero continuar com o ritmo de postagem que estou tendo agora. Estou fazendo uma rotina e espero que ela dê certo!

Peço perdão pelos erros ortográficos, se o capítulo estiver ruim e chato, mas prometo que o próximo irá compensar🙂

Acho que não tenho mais nada para falar aqui, se caso tiver, falo no próximo capítulo.

Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️