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—Lily! — ouvi a voz de Effie atrás de mim e me virei em sua direção. — Seu avô quer conversar com você.

Respirei fundo já esperando o que ia acontecer. Com certeza ele vai falar do meu relacionamento com Peeta e sobre o meu futuro relacionamento com Finnick além de que, é para eu ficar na Capital depois da Turnê, mas eu não quero ficar, quero voltar para o 12 junto com os outros.

Olhei para Peeta, que estava com um olhar preocupado.

—Me espera no carro, prometo que irei voltar. — digo com um sorriso fechado.

—Tudo bem, mas volte mesmo.

Ele deu um beijo na minha testa antes de sair andando com Katniss. Estranhei seu ato mas lembrei que éramos para parecer um casal. Effie começou a me puxar para dentro da mansão, onde meu avô nos esperava no hall de entrada.

—Irei te esperar lá fora. — disse Effie. Assenti com a cabeça e ela saiu da mansão.

—Um noivado? Não foi isso que combinamos, meu rouxinol. — disse meu avô quando estávamos sozinhos.

—O senhor queria que eu o convencesse que estava apaixonada por Peeta, era a única solução.

—Bom, mas o plano ainda vai continuar. Você irá ficar na Capital e depois de algum tempo irá terminar com o Peeta e depois anunciar seu relacionamento com Finnick.

—Não. — digo firmemente. — Irei voltar para o 12.

Ele arqueou uma de suas sobrancelhas.

—Não está fazendo isso porque está gostando do garoto, não é?

Fico pensativa em relação a isso. Por que eu quero tanto voltar para o 12? Que pergunta! Por causa de Gale e de Katniss, Peeta é só mais um motivo.

—Tenho amigos no 12, quero passar mais tempo com eles.

—Não estou de acordo. — disse sério. — Você irá ficar na Capital e iremos seguir o plano que eu fiz.

—Mas eu não quero. — digo firmemente. — Ou o senhor deixa eu ficar no 12 até a septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes, ou eu me mudo para o 12 e o senhor nunca mais vai saber sobre mim. — meu tom de voz era de ameaça. — É isso que o senhor quer, vovô? Perder o contato com sua querida neta que sempre fez tudo que o senhor quis mesmo contra a minha vontade?

—Desde quando começou a ficar tão afrontosa? — perguntou um pouco surpreso. — Você sabe que eu não gosto que me desafiem, Lily Snow.

Eu odeio quando ele me chama de Lily Snow, porque na maioria das vezes ele me chama assim quando está irritado.

—Ótimo, finalmente temos algo em comum. — dou um sorriso irônico. — Eu irei voltar para o Distrito 12 e só quando e se eu quiser irei voltar para a Capital, anunciar meu término com o Peeta e ficar com o Finnick como o senhor sempre quis. Está decidido.

Eu me virei e comecei a caminhar em direção a saída da mansão com passos largos e rápidos.

—Saiba que vai ter consequências por causa desses seus atos. — disse em tom de ameaça, o que me fez eu parar.

—Eu não ligo. — digo e saio da mansão.

━━━━━━━━ ❆ ━━━━━━━━

O que foi que eu fiz?! Por que eu fiz aquilo?! Eu estou louca?! Colocando em risco todas as pessoas que eu amo?! Parabéns Lily Snow! Agora você e seus amigos estão na mira do seu avô por sua causa! Ótimo!

Eu deveria ter aceitado, ter ficado na Capital e depois terminar com o Peeta para me casar com o Finnick. Mas eu deixei meus sentimentos assumirem novamente. Peeta e eu estamos começando a se aproximar, não quero deixar Gale e Katniss, tem muito mais motivos para eu ficar no 12 do que na Capital que é um lugar que fico solitária e triste na maioria das vezes. Mas essa minha atitude pode ocasionar em várias consequências, não só para mim mas para todos que estão ao meu redor.

Já era de noite e eu não conseguia dormir. Eu fechava os olhos e os pesadelos apareciam. Me levantei da cama e fui para uma porta invisível que havia no meu quarto no trem, abri a porta e adentrei o local onde estava meu piano, também tem uma sala dessa aqui no trem visto que gosto bastante de tocar. Me sentei no banquinho e peguei meu caderno de músicas junto com uma caneta, começando a pensar em uma nova música para me distrair, eu tinha algumas ideias, era só ver se ia dar certo.

—Ei. — me assustei ao ouvir a voz de Peeta na porta. Como ele me achou? — Também não consegue dormir?

—Como você... — fui interrompida.

—Já me mostrou uma porta dessa lá no alojamento, lembra? Meio que sei que quando você some é porque tem uma sala dessa escondida. — ele deu de ombros. — Está fazendo o que?

—Escrevendo uma música e ver se ela fica legal. — digo batendo a caneta no caderno. — Quer escrever comigo?

Isso o fez ficar um pouco surpreso.

—Eu? Tem certeza? — assenti com a cabeça.

—Eu te devo um treinamento, lembra? Vamos lá, podemos escrever e tocar juntos.

Peeta ficou pensativo por alguns segundos e logo se sentou ao meu lado no banquinho do piano. Ficamos muito tempo escrevendo essa música e decidindo como seria a melodia da música no piano, decidimos que os dois tocariam juntos a melodia da música enquanto cantava a sua parte.

—Acho que agora está pronto. — digo colocando o caderno no suporte do piano para colocar tal objeto. — Pode começar.

O loiro respirou fundo antes de começar a tocar as notas no piano, dando início a melodia da música.

I found a love for me... — começou a cantar sua parte com sua linda voz doce, que para mim, é perfeita para a música. — Darling, just dive right in and follow my lead...

Well, I found a boy... — começo a cantar minha parte começando a tocar as notas do piano. — Beautiful and sweet...

I never knew you were the someone waiting for me... — cantamos e tocamos as notas juntos.

'Cause we may be kids... — ele cantou sua parte sozinho.

Começamos a tocar juntos já que as próximas estrofes seriam de nós dois juntos.

But we're so in love
Fighting against all odds
I know we'll be alright this time
Darling, just hold my hand

Be my girl, I'll be your man... — ele cantou.

Be my man... — cantei como segunda voz.

I see my future in your eyes... — ele cantou novamente. As próximas estrofes seriam de nós dois.

Baby, I'm dancing in the dark
With you between my arms
Barefoot on the grass
Listening to our favourite song

When I saw you in that dress, looking so beautiful... — ele cantou sozinho.

I don't deserve this... — eu cantei.

Darling, you look perfect... — ele cantou sua parte.

Eu segurei suas mãos e me levantei, o fazendo se levantar também, ele estranhou no começo mas apenas seguiu os meus passos.

Baby, I'm dancing in the dark... — comecei a dançar levemente com ele enquanto cantávamos juntos. — With you between my arms... — coloquei minhas mãos em seu ombro enquanto as suas envolviam a minha cintura. Continuamos dançando enquanto cantávamos as próximas estrofes.

Barefoot on the grass
Listening to our favourite song
I have faith in what I see
Now I know I have met an angel in person
You look perfect

I don't deserve this (I don't deserve this)
You look perfect
Tonight

Nós dois estávamos com um sorriso no rosto quando terminamos a música. Aquilo fez minha noite ficar melhor.

—Somos uma ótima dupla. Ainda devemos cantar juntos na praça do 12.

—Eu passo. Prefiro cantar apenas eu e você aqui. — rimos.

—Obrigada Peeta. Você fez minha noite que estava ruim ficar melhor. — digo com um sorriso.

Ele apenas sorriu, aquele sorriso doce e gentil que estranhamente gosto muito. Estávamos com nossos rostos bem próximos a ponto de sentirmos a respiração um do outro, isso fez com que meu coração ficasse acelerado. Reparei melhor em seus olhos, lindos olhos cor de mel que transmitem doçura e gentileza. Sem dúvidas Peeta é muito lindo, mais lindo do que posso admitir. O olhar do loiro foi para os meus lábios e não demorou muito para ele colar os nossos lábios, iniciando um selinho, fiquei um pouco surpresa no começo mas retribui. Sua mão que estava em minha cintura foi para minha bochecha esquerda. Não sabia que precisava de seus lábios sobre os meus até senti-los. Eles eram macios como aparentavam. Esse selinho durou apenas alguns segundos. Nossos rostos ainda estavam próximos e vi as bochechas de Peeta mudar para um tom mais avermelhado. O que eu não imaginava é que iria desejar seus lábios mais ainda, e para piorar, queria sentir seu toque.

—M-Me desculpa, e-eu não sei porque fiz isso. — disse um pouco nervoso. — Boa noite, Lily.

Ele se virou para sair da sala mas imediatamente segurei o seu braço e o puxei para perto de mim de novo, não demorei muito para beijá-lo novamente. No início ele ficou surpreso mas retribuiu. Peeta pediu passagem para a língua e eu abri os lábios permitindo a passagem. Nossas línguas dançavam em uma dança sincronizada, assim como nossas vozes são quando cantamos. No começo o beijo era calmo mas foi se intensificado. Minha mão foi para debaixo de sua blusa e comecei a passar as unhas levemente em suas costas, provocando arrepios. Sem parar o beijo, Peeta segurou minhas coxas e me ergueu para cima, fazendo eu rodear sua cintura com as minhas pernas, senti que ele me colocou em cima do piano ao ouvir o som das teclas, mas isso não impediu nosso beijo. Peeta ficou no meio das minhas pernas e imediatamente senti o volume que se formava em sua calça, fazendo eu sentir a famosa sensação debaixo das pernas. Sua mão foi para minha coxa por debaixo da minha camisola, começando a acariciar o local e apertar levemente, enquanto a outra estava em minha nuca fazendo um carinho reconfortante enquanto intensificava mais o beijo, isso me causou arrepios e um desejo de tê-lo que eu nunca imaginei que teria com alguém. Quero que ele realize esse desejo que tanto anseio, quero que ele me leve ao céu até o inferno. Os seus toques me traz uma sensação inesquecível que eu nunca quero esquecer. No calor do momento, minhas mãos que estavam debaixo de sua blusa foram para a barra do tecido e comecei a levantar sua blusa lentamente, isso fez com que ele parasse o beijo. Nós dois estávamos ofegantes, nossos rostos ainda estavam bem próximos e eu sentia sua respiração assim como ele devia sentir a minha, meu coração estava tão acelerado que até dá para ouví-lo. Me pergunto por quê ele parou.

—Tem... Certeza que quer isso? — perguntou um pouco hesitante.

Nós dois acabamos de nos tornar amigos e só somos um casal na frente das câmeras. Isso que estamos quase fazendo seria algo que um casal faria, não é? Mas pouco importa! Estou o desejando tanto que tudo o que quero é ele. Provavelmente irei perder tudo depois de algum tempo, já que meu avô não vai ficar sem fazer nada por causa do que eu fiz. Se for para aproveitar a oportunidade, que seja agora.

—Sim, eu quero.

Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, isso fez eu sorrir também. Ele me ergueu novamente, fazendo eu rodear sua cintura com suas pernas. Peeta caminhou até meu quarto e me deitou na cama, ficando por cima de mim. Não demorou muito para ele selar nossos lábios novamente, voltando naquele beijo intenso de antes.

É só uma noite e uma única oportunidade de esquecer os problemas que provavelmente irei ter no futuro, tenho que aproveitar, afinal, não irei vê-lo mais após voltar para a Capital depois dos Jogos. Isso será totalmente esquecido.

━━━━━━━━ ❆ ━━━━━━━━

Acordei após um pesadelo, sem gritos ou respiração falhada, apenas abri os olhos. Se eu estiver certa, já deve ser bem de madrugada. Percebi que estava abraçada com Peeta, com minha cabeça em seu peito, onde eu ouvia seu coração, sua mão em meus ombros nus e a minha em seu abdômen. Lembrei do ocorrido de algumas horas atrás e eu sorri ao lembrar, aquilo melhorou mais ainda minha noite e me fez esquecer da discussão que tive com meu avô e das possíveis coisas que ele pode fazer. Tentei voltar a dormir mas eu não conseguia. Com cuidado, me levantei da cama para não acordar o Peeta, este que dormia profundamente, peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto e me vesti, saindo do cômodo em seguida. Comecei a andar pelo trem e passei por uma cabine que estava entreaberta e vejo um Pacificador vendo televisão, discretamente comecei a ver o conteúdo e me assustei ao ver o que era. O Distrito 8 estava lutando contra os Pacificadores, com o símbolo do Tordo erguido em um papel grande. Isso fez com que eu me lembrasse da minha conversa com meu avô antes da Turnê falando sobre os levantes, se eles ainda estão fazendo os levantes, isso significa uma coisa, eu falhei. E isso só vai piorar ao lembrar da minha discussão com ele após a festa. Minhas mãos começaram a tremer, já imaginando o que pode acontecer no futuro. Sei que essas pessoas estão abrindo seus olhos, mas isso vai me custar bem caro, não só para mim mas para todos ao meu redor. Minha mente vai para Peeta e eu algumas horas atrás e imediatamente o arrependimento de ter feito aquilo me consumiu. Merda, Lily! O que você tinha na cabeça?! Fazendo algo intimo com alguém que na verdade deveria ser por amor mas na verdade você fez porquê estava com vontade? Isso além de machucar os sentimentos do próprio Peeta, pode fazer com que meu avô coloque ele na mira, isso se ele já não estiver em sua mira. Preciso dar um ponto final nessa história antes que seja tarde demais, por mais que eu não queira isso. Gosto da companhia de Peeta, amo quando ele dorme comigo quando tenho algum pesadelo, mas para o bem dele, preciso me afastar. Não quero que ele sofra as consequências por minha causa. Preciso tomar alguma decisão em relação a Gale e Katniss também. Finnick provavelmente não corre perigo, ou talvez sim.

No dia seguinte o trem começa a parar na estação do 12. Pego as minhas coisas e sai assim que o trem parou.

—Lily. — ouvi a voz de Peeta e senti ele segurar meu pulso delicadamente. Olhei para ele. — Sabe, sobre ontem a noite...

—Foi um erro. — o interrompi, isso o fez ficar um pouco confuso.

Não, não foi um erro, eu amei aquela noite. Não quero me afastar de Peeta e muito menos tomar uma decisão sobre os meus amigos, mas preciso fazer isso por mais que doa nele e em mim.

—Erro? — perguntou confuso.

—Sim, um erro. Somos adolescentes, esses deslizes acontecem. — digo o mais séria o possível, tentando não demonstrar que estava querendo chorar. — Para isso não acontecer de novo, é melhor nos afastarmos.

Soltei meu pulso de sua mão e me virei para ir embora antes dele falar mais alguma coisa. Irei pedir desculpas e explicar tudo quando souber que meu plano de fuga irá dar certo. Andei em passos largos e rápidos em direção a área de mineração onde Gale trabalha, se meus cálculos estiverem certos, ele deve estar saindo do trabalho agora. Vi que estava certa quando cheguei no local e vi os homens saindo, alguns me olhavam de um jeito estranho mas eu não me importava. Vi Gale no meio desses homens e me aproximei dele.

—Quando você...

Eu o interrompi com um abraço forte. Gale é outra pessoa que não quero perder. Eu já perdi Jeremy, não quero perder outro irmão.

—Precisamos conversar. — sussurrei em seu ouvido.

Me separei dele e começamos a andar em direção a floresta, que é o lugar mais seguro para conversarmos.

—Vamos fugir. — digo assim que chegamos em um local seguro na floresta. Ele pareceu surpreso.

—Fugir? Por que essa decisão agora?

—Eu não posso mais ficar aqui, não posso fazer mais isso! Ele vai me matar!

—Do que está falando? Quem vai te matar?

—Meu avô. — sua feição surpresa virou uma feição confusa.

—Por que ele te mataria? Você é a neta dele!

—Acha que ele ficou feliz quando trapaceei nos Jogos para tirar Peeta e Katniss vivos? Não importa se sou a neta dele ou não, ele vai me matar!

Gale fica pensativo por alguns segundos antes de falar alguma coisa.

—Para onde iríamos?

—Para a floresta, como você já falou comigo um dia. Se partirmos agora, nós estaremos longe ao anoitecer.

—Nós quem? Eu, Katniss, você e seu noivo?

—Não se trata mais sobre eu e Peeta. Ele vai matá-lo, assim como vai matar você e Katniss também!

—Mais alguém?

—Ele não deu uma cópia exata da lista, mas pode incluir as Everdeens, sua família, e meu amigo Finnick.

—A menos que o que? Que você e Peeta se casem?

—A menos que nada agora. — respirei fundo. — Vamos lá, Gale! Conseguimos fazer isso! Juntamos todo mundo e fugimos para bem longe daqui. O que me diz agora?

—Você me ama? — essa pergunta fez eu ficar um pouco confusa.

—Gale, é claro que eu te amo! Você é o meu irmão!

—Não estou falando desse sentido.

Logo entendi sobre o que ele falava. Ele me trata bem, mais do que precisa. Ele é bem carinhoso comigo. Nossas conversas na floresta junto com Katniss eram os melhores momentos que poderia passar aqui no 12. Mas sempre achei que ele me tratava assim porque também me considerava como uma irmã, não porque havia outros sentimentos no meio.

—Você me ama? — perguntou novamente.

—Gale... — respiro fundo. Não é a hora certa de pensar nisso. — Você sabe meus sentimentos por você. Amor é a última coisa que estou pensando agora. Sabe o que eu sinto todos os dias desde a Colheita? Medo, pânico, ansiedade, nervosismo, e todos os sentimentos ruins que você possa imaginar. Não há espaço para mais nada. Mas talvez, se fugirmos daqui, as coisas podem ser diferentes.

—Você já pensou na possibilidade do presidente estar blefando?

—Ele não está blefando. Moro com ele há três anos, sei quando pode estar mentindo, o que não é o caso agora. E isso só foi confirmado depois que vi uma coisa.

—Como assim? O que você viu?

—As pessoas estavam lutando nas ruas, e tiros dos Pacificadores nelas, mas as pessoas estavam... — hesitei um pouco para falar.

—Estavam o que?

—Estavam revidando. — finalmente falei.

—Está acontecendo. — ele disse mexendo a cabeça. — Enfim está acontecendo.

—Eu devia ter me matado na arena e deixado Gavin sair vivo, assim todos estariam a salvo.

—A salvo do que? Da fome? Trabalhar como escravos? Mandar seus filhos para a Colheita? Não tem escutado o povo. Você deu uma chance a eles. Só precisam ter a coragem de abraçá-la. Já se comentam nas minas, Lily. O povo quer lutar.

—Gale, temos que ir antes que nos matem. Me escuta, eles vão nos matar!

—E quanto às outras famílias? As que vão ficar. O que acontece com elas? As pessoas estão te olhando.

—Eu não quero ninguém olhando para mim como um símbolo de uma revolução, como alguém que pode ser a salvação delas! Não posso ajudá-las. Pelo menos não agora.

Ouvi um barulho de carro não muito longe de nós e nos abaixamos rapidamente. Vi uma fileira de carros indo em direção ao 12, imediatamente reconheci que eram Pacificadores.

—Faça o que quiser. Eu vou ficar aqui. — ouvi suas palavras e me senti um pouco traída.

—Achei que você iria comigo. — digo de um jeito meio ríspido.

O som de um tiro disparado nos fez correr em direção ao 12. Estava uma bagunça. Pessoas correndo e gritando, Pacificadores quebrando e queimando mercadorias e itens de outras pessoas. O que estava acontecendo?

—Ripper! — digo ao vê-la. Ripper vendia as famosas bebidas que Haymitch bebe aqui no 12. Ela estava com a mão em seu olho e sua mão estava com bastante sangue. — Venha, irei te ajudar.

A ajudo a levantar e ando com ela até onde teria uma fonte. A coloquei sentada em um banco que tinha lá e peguei um pano que sempre levo para os lugares, molhei o pano com água e coloquei em seu olho, logo ela colocou a mão pressionando o pano no local. Escuto de longe uma agitação em direção a praça.

—Lily! — ouvi a voz de Katniss e olhei em sua direção. Ela corria até mim. — O que está acontecendo?

—Eu não sei. Vamos lá ver. — olhei para Ripper. — Fique segurando, tudo bem?

Ela assentiu com a cabeça. Começamos a correr em direção a praça, vi um aglomerado de pessoas assistindo alguma coisa, ouvia o som de gemidos de dor e de chicotadas. Peço passagem para as pessoas que imediatamente deixam eu passar. A indignação cresceu dentro de mim quando vi aquela cena: os pulsos de Gale estavam amarrados em um poste de ferro, de joelhos no chão, suas costas em carne viva e ensanguentada. Atrás dele estava em pé um homem que nunca vi na vida, mas estava com um uniforme que reconheço muito bem. É o designado para o Chefe dos Pacificadores, mas onde está Crey?

Meus pés se movem rapidamente em direção a eles quando vejo que o Chefe dos Pacificadores levantava seu chicote em direção a Gale.

—Não! — grito enquanto corria. — Não! — gritei novamente, dessa vez segurando o braço do homem que estava com o chicote. — Pare! O que acha que está fazendo?!

Ele se solta de meu braço e rapidamente me deu um soco forte no rosto. Cai no chão e senti os grãos de areia arranhar as minhas mãos. Levantei meu rosto e vi melhor as costas de Gale. Alguém me ajudou a levantar e logo vi que era Katniss. A coloquei atrás de mim e fiquei na frente dos dois, com os braços mais abertos o possível para protegê-los. O homem levanta o chicote com um sorriso sarcástico.

—Saia da frente. — ele disse, mas não movi nem um músculo. — Quer mais uma?

—Vá em frente. — minha resposta o fez tirar uma arma do bolso e apontar para mim.

—Espera! Espera! — ouvi a voz de Haymitch e ele ficou na nossa frente. Por parte a voz dele me trouxe certo alívio, por mais que eu quisesse cortar a cabeça daquele Pacificador com uma espada. — Você não quer atirar nela.

—Que tal eu atirar nos três?

—Comandante, você é novo aqui. — começou o homem de cabelos loiros. — Acredite estou tentando te ajudar. Sou Haymitch. Você a reconhece? — ele aponta para mim. — Lily Snow. A queridinha da Capital e neta do nosso presidente. — o homem abaixou a arma.

—Ela se meteu com um Pacificador.

—Não falei que ela era esperta. Você já a acertou, certo?

—Não foi o suficiente. — ele ergueu a arma em nossa direção novamente. — Ela é uma agitadora! — vi a silhueta de Peeta se aproximar e a arma ser apontada para ele.

—Calma, calma. — o loiro mais novo se intrometeu mas foi puxado para atrás.

Ele se colocou na minha frente enquanto Haymitch tentava argumentar com o outro homem.

—Será que Snow quer quatro Vitoriosos mortos? Porque é o que está para acontecer. Já é bem ruim ter marcado o rosto dela às vésperas do casamento. Acha que Snow vai ficar feliz se você matar a neta dele? Vamos todos acalmar os ânimos.

O silêncio ficou naquele lugar por alguns segundos, mas finalmente o homem abriu a boca.

—Está bem. — ele disse abaixando a arma e se aproxima de Haymitch. — Mas, dá próxima vez, enfrentará o pelotão de fuzilamento.

—Ótima ideia.

—Não me importa quem sejam. — o loiro mais velho assentiu com a cabeça. — Saiam da praça! — gritou o homem no rosto de Haymitch, fazendo com que ele se assustasse. — Estão todos sob o toque de recolher! Quem sair depois do anoitecer será executado no ato!

As pessoas se espalharam e começaram a andar rápido até suas casas. O homem fez um sinal para que saíssemos dali. Ajudei Katniss, Peeta e Haymitch a soltarem Gale e nós andamos rápido e com dificuldade até a casa das Everdeen. No caminho uma senhora nos vendeu uma tábua para levar ele, nós o deitamos na tábua e começamos a ir para a Aldeia dos Vitoriosos, pessoas começam a chegar até nós e ajudar a carregar a tábua com ele. Ao chegarmos na casa, Prim e sua mãe esvaziaram a mesa da cozinha assim que entramos no local. Gale foi colocado de barriga para baixo ali.

—Novo chefe dos Pacificadores. Nada pacífico. — disse Haymitch.

Prim veio em minha direção e começou a olhar meu rosto. Com o tempo acabei me aproximando da irmã de Katniss, e acho que ela acabou se apegando a mim também.

—Não parece grave. — disse segurando meu rosto.

—Eu estou bem. — digo com um sorriso.

—Peeta, traga neve. Vou triturar as ervas. — Prim disse se afastando.

Fiquei surpresa ao ver a sua agilidade. Ela com certeza herdou os dons medicinais de sua mãe. Peeta sai da casa para pegar neve. Vejo a senhora Everdeen jogar um líquido, provavelmente era álcool, nas costas de Gale, isso o fez soltar um gemido de dor.

—Isso está machucando ele! — Katniss e eu dissemos juntas.

—Ele precisa de morfináceo. — diz a senhora Everdeen deixando a garrafa na mesa e se afastando para pegar o morfináceo.

Vejo Haymitch pegando a garrafa e cheirando, colocando o líquido em uma xícara logo em seguida. Pego a garrafa de sua mão imediatamente.

—Se não ajuda, não atrapalha! — o repreendi. Ele apenas dá de ombros e se afasta, bebendo o líquido da xícara.

—Mãe, deixa que eu faço isso. — ouvi a voz de Prim e olho para ela. A vejo pegando o morfináceo e a seringa das mãos da senhora Everdeen e colocando o conteúdo na seringa, Prim leva a seringa até Gale e injeta o conteúdo, o fazendo se acalmar aos poucos. — Agora está melhor.

Novamente fico surpresa com sua agilidade e jeito como médica. Lembro da pequena garota de doze anos que foi sorteada na Colheita, completamente assustada e desorientada. Ela está crescendo a cada dia que se passa. Se eu estou orgulhosa, imagina Katniss e sua mãe.

Horas se passaram, Gale estava dormindo com a neve em suas costas. As Everdeen fizeram um ótimo trabalho. Eu estava sentada na cadeira perto da mesa onde Gale estava. Katniss havia ido descansar visto que ficou um bom tempo com ele aqui, e ela precisa dormir. Eu tive tanto medo dele morrer com aquelas chicotadas. Tive tanto medo de perder meu irmão de consideração. Comecei a fazer carinho em sua cabeça e deixei um beijo em sua testa. Lembrei de Jeremy, eu fazia isso com ele quando se machucava feio na floresta, eu ficava com ele até dormir. Sinto tanta falta dele.

—Achei que tivesse fugido. — ouvi sua voz.

—Não irei fugir. Vou ficar aqui e causar todo o tipo de problemas. — ele sorriu e isso fez eu sorrir também.

Acabei dormindo com a cabeça na mesa. Não havia dormido bem essa noite, toda vez eu acordava para certificar que ele estava bem. Acordei com meu corpo dolorido, a parte do meu rosto que levou o soco estava manifestando sua dor e meus braços e pernas estavam totalmente dormentes. Não foi uma posição bem confortável para dormir.

—Ei. — acordei com a voz de Peeta. Olhei para ele. — Quer descansar um pouco? Posso ficar aqui e cuidar dele. — ia responder mas a voz de Prim me impediu.

—Eu fico com ele. — ela sorriu. — Leva ela para sua casa e fique com ela até realmente pegar no sono.

—Não vai precisar de ajuda? — o loiro perguntou.

—Katniss e minha mãe já vão acordar. Pode ficar tranquilo.

Peeta assentiu com a cabeça. Pensei em discutir, dizendo que estava bem e que podia ficar com ele, mas resolvi deixar quieto. Me levantei e quase cai no chão por causa das pernas bambas que estavam assim por causa da cãibra, tentei segurar no ombro de Peeta mas ele me pegou no colo. Saímos da casa das Everdeen e não demorou muito para chegarmos na minha casa. Disse a ele onde fica o meu quarto. Mellark abriu a porta do quarto e cuidadosamente me colocou na cama, ele tirou meus sapatos e se sentou na cama.

—Por que não se deita comigo? — pergunto o olhando.

—Você não disse que é melhor nos afastarmos para não termos um deslize? — disse um pouco frio. — Se aquela noite foi um erro para você, tudo bem, mas para mim ela foi a melhor noite da minha vida.

Culpa. Foi o que eu senti quando ouvi aquilo. É óbvio que seria a melhor noite dele, Peeta gosta de mim, é claro que ele iria gostar. E também é claro que ele iria ficar chateado com o que eu disse.

—Peeta, me desculpa. Eu não queria ter falado daquele jeito...

—Eu entendo, Lily. Você não é obrigada a gostar de mim do mesmo jeito que gosto de você. Mas tem vezes que suas palavras machucam mais que uma espada no estômago. Acho que até a espada doeria menos. — ele se levantou. — Se precisar de mim, estarei lá embaixo, já que aparentemente para você eu só sou útil quando você precisa ou está carente, certo?

O loiro não deixou eu responder, ele apenas saiu do quarto e fechou a porta com certa força. A culpa cresceu mais dentro de mim. Culpa por aquela noite ter acontecido sem ter um sentimento a mais por minha parte, e culpa por ter falado daquele jeito com ele. Peeta não está errado em ficar chateado comigo, ele está com a total razão. As vezes penso que estou me tornando cada vez mais o meu avô, uma pessoa egoísta que só pensa em si mesmo, nos seus desejos, objetivos e vontades. Talvez eu seja mesmo uma egoísta, e por pensar em mim mesma, acabei machucando os sentimentos da pessoa que estava gostando de passar meu tempo.

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Quero agora pedir desculpas pela demora, confesso que fiquei com vergonha (?) por causa daquela cena na sala do piano KALAKAKAKAKKAAKKAKAKAK não sabia como continuar depois disso e afins. Mas em compensação 5K DE PALAVRAS😃😃

Esse capítulo teve BASTANTE coisa. Lily e Peeta cantando juntos e depois passando uma noite de amor juntos😻 e no final tudo deu merda, como sempre.

Confesso que senti uma raiva imensa da Lily nesse capítulo, juro para vocês! Mas prometo que ela vai ser uma boa protagonista, juro😻

A fanfic está quase chegando nos 200 votos! E desde quero agradecer a TODOS que estão apoiando a fanfic e saibam que isso me motiva cada vez mais a continuar🫶🏻

Se a minha família ver a cena que escrevi deles dois na sala do piano:

"Oh meu Deus, ela é uma tremenda prostituta!"

Peço desculpas se tiver algum erro ortográfico, tento ao máximo evitá-los, mas as vezes passa despercebido.

Acho que não tenho mais nada para falar aqui, e se caso tiver, falo no próximo capítulo.

Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️

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