Capítulo XXXIV

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Lute com determinação, abrace a vida
com paixão, perca com classe e vença
com ousadia, porque o mundo pertence
a quem se atreve e a vida é muito
para ser insignificante.

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— Você teve uma lesão traumática na sua medula espinhal. — Carlisle explicou, apontando para a chapa onde mostrava minha espinha com um rompimento na L3. O olhei sem ânimo sorvendo o que ele falava mas não dando a devida importância. — Seus outros machucados já se curaram, e seus osso foram postos no lugar, mas este machucado vai demorar mais para se curar. É uma lesão grave não só no osso, mas nos nervos, e por isso você não está sentindo nada mais do que um formigamento na sua perna.

Sim. O formigamento estava ali, assim como uma coceira estranha em um músculo que eu não podia mais me mover. Minha sensibilidade tinha ido pelos ares e alguém podia quebrar minhas pernas que eu não iria sentir.

— É demorado, mas vai curar, não é? — Jacob perguntou, logo atrás de mim. Suas mãos seguravam com força a cadeira de rodas e, ao lado dele, Charlie ouvia atentamente tudo o que Carlisle falava.

— É claro. Uma pessoa normal não poderia se curar de uma fratura como essa, mas como Ada tem a cura dos transmorfos, é algo de meses até estar andando novamente. Ou correndo como loba.

Tentei sorrir com essa informação, mas não consegui. Meses. Meses sem conseguir ficar de pé, sem conseguir fazer as coisas sozinha. Sem conseguir tomar banho sozinha, ou ir ao banheiro sozinha. Meses. Eu estava me sentindo fora de mim. Como se esse corpo não fosse meu, ou que a qualquer momento eu iria acordar desse pesadelo. Suspirei, me convencendo que era loucura pensar nisso. Não era a droga de um pesadelo, porque a dor foi traumatizante.

Tão traumatizante que fazia três dias que eu não conseguia dormir direito, desde que tudo aconteceu. As cenas rodando e rodando na minha cabeça, Jacob se machucando e depois eu. Os recém-criados grudando em mim como malditos carrapatos e eu sem poder fazer nada.

— Isso é bom, não é, Ada?

— Parece que sim. — Sussurro, recostando na cadeira de rodas e cansada de falar sobre aquele assunto. Eu só queria deitar e dormir... Dormir até que minhas pernas funcionem direito.

— Você vai precisar fazer fisioterapia, é claro. — Edward disse, entrando no cômodo. — Eu irei te ajudar com isso. Não sou de me gabar, mas sou formado em medicina e sei algumas coisas sobre fisioterapia.

Bufo, revirando os olhos.

— Não é de se gabar, hm?

Ele ri baixo e logo Bella entra, segurando em mãos uma bandeja com meu almoço. Estava me irritando já. Bella cuidava de mim como se eu fosse uma inválida. Eu sabia que ela só queria ajudar, mas parecia pior todas as vezes que ela fazia isso.

— Esme fez o almoço. Bife, purê, molho e arroz. Eu fiz a salada. — Ela colocou a bandeja na mesa, sorrindo para mim.

— Eu tenho mãos. Posso fazer meu próprio almoço. — Resmungo, irritada por me tratarem como um bebê.

— Ada, Esme e Bella só estão tentando ajudar... — Charlie começa e eu nem dou ouvidos. Era o mesmo papo. A mesma coisa de sempre.

Como em silêncio, ouvindo os passos de todos saindo do cômodo. Bem, de quase todos. Jacob se sentou a minha frente, mexendo em seu celular e sorriu, digitando de volta o que quer que seja. Quando notou minha curiosidade, ele levantou seus olhos para mim, estendendo seu celular.

— Rachel vem para La Push no final de semana. — Mostra a conversa com a irmã, que parece empolgada em ver como todos estão na reserva. — Ela está preocupada com você. Papai acabou soltando no meio da conversa ao telefone com ela.

Reviro os olhos novamente.

— Seria surpresa se Billy conseguisse segurar a língua na própria boca. — Falo irônica, pegando um bocado do purê com molho e comendo.

Jacob ri, concordando enquanto bloqueia o celular.

— Sim, você tem razão.

Ficamos em silêncio por um momento. Jacob estava sempre por perto agora, me rodeando como se eu fosse de cristal e até ajudou papai a desconectar as beliches e levar minha cama para a sala, já que eu não posso subir e descer escadas. Era uma merda dormir na sala, de qualquer jeito. E no fim, eu só acaba assistindo TV até o sol raiar. Para não levantar suspeitas na escola, mesmo que eu estivesse de férias agora, Charlie me transferiu para a escola da Reserva, onde a diretora, Mavina Ateara, era filha do Velho Quil e sabia da minha condição.

— Os garotos estão pensando em fazer uma fogueira hoje. O que acha? — Jacob pergunta como quem não quer nada. Era a segunda vez que os garotos estavam pensando em fazer uma fogueira, só nestes últimos três dias. Me surpreendo de eles não terem tentado me chamar para uma fogueira ontem.

— Não sei, Jake. — Suspiro pesado, e apoio o talher no prato quando termino de comer. Eu não colocava os pés na reserva desde o acontecido, querendo evitar ver meus companheiros de matilha. Não queria que me vissem tão debilitada, tão... dependente.

Eu odiava me sentir assim. Com todas as minhas forças, eu odiava essa situação. Até padrinho tentou conversar comigo, já que ele mesmo era paraplégico e não tem chances de cura para ele. Mas, no fim, meia dúzia de palavras motivacionais não foram o bastante.

— Eles sentem sua falta.

Assenti, sabendo disso. Todos os dias eu recebia mensagens dos garotos, desejando melhoras e me chamando para passeios na reserva. Ontem, às duas da tarde, Quil me chamou para pular de penhasco e, dois minutos depois, mandou quinze pedidos de desculpas, dizendo que tinha esquecido. Dou uma risada baixa ao lembrar, Quil todo desesperado, pedindo perdão e falando que faria qualquer coisa para recompensar.

— Terminou? — Bella perguntou, aparecendo na porta.

— Não, a comida ficou invisível. — Falo sarcástica, levantando uma sobrancelha para ela.

Ela faz um sinal negativo, vindo até mim e pegando o prato. Em seu rosto, um sorriso leve está tomando conta da sua boca.

— É ótimo ver que seu humor não foi embora.

— Não preciso das pernas para fazer piadas.

Bella gargalha, segurando a bandeja junto a barriga. Nisso, vejo o grande anel em seu dedo anelar e mordo o lábio, erguendo meu olhar para Bella.

— O que foi? — Ela pergunta, curiosa.

— Acho que ela quer saber se marcou a data do casamento. — Jacob diz, olhando para mim para confirmar. Assinto.

— Edward parece querer se casar o mais rápido possível. O bom é que não vou ter que ficar de pé durante a cerimônia.

— Ada! Para de brincar com isso. É coisa séria. — Bella ralha e eu, novamente, reviro os olhos.

— A doença é minha, então brinco o quanto eu quiser.

Bella faz um som exasperado com a boca, como se desistisse de me repreender e eu dou graças a Deus.

— Vamos fazer o casamento depois que você melhorar. — Ela morde os lábios, como se tivesse preparando o que queria dizer. — Queremos que você e Jake sejam nossos padrinhos.

Uau. Nunca imaginei isso. Faço um cara surpresa, dando de ombros.

— Por mim tudo bem. Jake?

— Tranquilo. — Ele concorda, se apoiando na cadeira de madeira que estava sentado. — Quantos vampiros vão vir na festa, para que eu venha de prendedor no nariz?

*×*

[ n o t a s ]

e com isso chegamos ao fim de eclipse, e encerramos um arco. a intro pra amanhecer vai ser postada assim q postar esse, e aí a gente vai ver a recuperação da Ada.

beijinhos.

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