Capítulo XXX
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Ah! Dentro de toda a alma existe a prova
De que a dor como um dartro se renova,
Quando o prazer barbaramente a ataca...
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— Quer dizer que vai passar a noite sozinha com o Ben & Jerry's e hoje? — Perguntei para Bella, vendo ela arrumar suas coisas para o suposto "acampamento com as meninas" que Alice tinha inventado para Charlie. Cruzei meus braços, me encostando no batente da porta.
— Ssh, fala mais baixo Ada. Charlie pode te ouvir. — Ela sussurra, fechando sua mochila.
— Relaxa que ele tá na cozinha. — Dou de ombros, abrindo um sorriso malicioso. — Acha que vai conhecer o picolé dele?
— Ada!
Caio na risada, vendo o rosto dela ficar cada vez mais vermelho. Era ótimo tirar sarro de Bella com esses assuntos, já que ela sempre se envergonhava fácil.
— É uma boa oportunidade. Aproveita e raspa tudo, irmã. — Me desencosto da porta, saindo do quarto. — Vai que ele resolver que quer chupar outra coisa ao invés de sangue.
Passo pelo corredor, subindo para o sótão onde meu mais novo quadro esperava para ser finalizado. Era uma pintura da matilha, com Sam à frente e todos os outros garotos rodeando ele. Eu, como espectadora, estava ao fundo vendo toda minha família. Joguei os sapatos para o lado e coloquei o avental, despejando mais tintas na paleta e pego o pincel, mergulhando na tinta verde.
Quando termino, passei a tarde toda no estúdio. Me afasto da tela, olhando com atenção para cada detalhe. Ouço batidas na madeira e me viro, vendo papai entrando no sótão. Coloco a paleta na mesa e tiro o avental.
— Bella já foi com Alice. — Assinto, querendo rir do fato de que pela passaria a noite com Edward e não com Alice e Rosalie, as meninas Cullen que papai confiava. — Gostei do quadro. É...?
— Minha matilha. — Aponto para a tela de pintura, indicando quem era cada lobo.
— Você não está na pintura? — Charlie se aproxima com as mãos na cintura, olhando para o quadro e recebendo as informações.
— É o meu ponto de vista da matilha. — Dou de ombros. — Claro que eu poderia me pintar, porque já me vi na mente dos outros lobos, mas achei que ia ser mais legal me deixar de fora dessa.
— Entendo. — É a única coisa que papai fala sobre o assunto, respira fundo e se vira para mim. mudando a expressão. — Comprei pizza e hoje vai ter jogo. O que acha de ver comigo?
Observo Charlie, gravando ele na minha mente para o caso de ser nossa última noite juntos. Estava apreensiva sobre amanhã, mesmo com Jasper dizendo que teríamos uma boa vantagem já que lutaríamos juntos. Muitos vampiros recém-criados ainda me parecia algo a temer e isso me deixava tensa.
Pisco meus olhos, tentando afastar o incômodo que surgiu neles.
— Claro, vamos lá. Vou poder tomar cerveja?
Charlie dá as costas, indo até o alçapão do sótão e gargalha irônico.
— Quando você tiver 21 anos, mocinha.
— Para a sua informação, papai, meu primeiro porre foi aos 14, bebendo com os garotos na reserva. — O sigo, descendo a escada do sótão.
Charlie virou para mim, surpreso.
— O seu padrinho deixou isso acontecer?!
— O meu padrinho estava ocupado bebendo demais com Sue, Harry e o Velho Quil.
Ele nega com a cabeça, desacreditado e vai para a cozinha.
— Já tendo bebido ou não, comigo por perto nem pensar.
Dou risada, me sentando no sofá. Pego duas fatias de pizza, colocando uma em cima da outra e fazendo um sanduíche. Charlie logo vem para a sala, trazendo uma garrafa pequena de cerveja em uma das mãos, e na outra uma latinha de coca-cola. Ele me entrega o refrigerante e senta ao meu lado, abrindo sua cerveja enquanto vê o quarterback do time da casa adentrar na endzone do adversário, marcando mais um ponto no placar.
Estava no começo do segundo quarto do jogo, mais de 15 minutos já haviam se passado e os times tinham só mais dois quartos do tempo para ganhar, já que o jogo só tinha 60 minutos, sem contar o intervalo.
Abro minha coca e dou um grande gole enquanto mastigo um pedaço da pizza. Fazia tempo que eu não ficava de bobeira com Charlie desse jeito e, mesmo gostando mais de Basebol do que de Futebol Americano, assistir um jogo com ele era sempre emocionante.
No intervalo do jogo, a pizza já tinha acabado e papai pediu mais duas, surpreso pelo meu apetite. Mesmo tomando três latinhas de coca, meu estômago ainda poderia aguentar uma pizza facilmente. Ri com a expressão dele enquanto ia pagar o entregador.
— Você vai acabar me falindo. — Ele diz, pondo as duas pizzas em cima da mesa e tirando a caixa vazia. — Não tenho dinheiro para sustentar uma loba. O bom é que a Bella come pouco.
Dou risada e tampo meu nariz, sentindo a coca subir pelo canal respiratório já que eu estava tomando refrigerante. Sinto a ardência do gás e levanto, indo até a pia da cozinha e deitando meu rosto para a coca escorrer pelo meu nariz. Atrás de mim, quem dá risada é Charlie, enquanto me estende duas folhas de papel toalha.
— O senhor é cruel. — Ele dá de ombros, ainda rindo.
— Eu sou justo. Ninguém manda rir de mim.
Quando o jogo acaba, Charlie está cochilando no sofá e eu estou sem sono. Amanhã será o dia. Passo o tempo encarando a TV desligada, ouvindo os roncos de Charlie ao meu lado e penso no quanto eu daria tudo o que eu tinha para não perder aquilo. Levantei do sofá, juntando as caixas de pizza e as latinhas de refrigerante, jogando no lixo reciclável e depois pego as garrafinhas de cerveja que Charlie bebeu, arrumando a sala em silêncio.
A verdade é que eu queria me ocupar para não pensar no que poderia acontecer comigo amanhã. Ou com a matilha. Ou com Bella e os vampiros dela. Eram boa gente, tive que admitir enquanto lavava louça. Meu preconceito por eles no começo era apenas por causa dos pensamentos dos outros da matilha e as lendas do meu povo, que os retratavam como criaturas cruéis e sanguinárias. Os Cullen eram diferentes, apenas. Por eles eu podia fazer uma excessão ao ódio pela raça.
Afinal, não pediram para serem transformados e, no fim, negaram a si mesmo, seu instinto mais poderoso, escolhendo caçar coelhos na floresta do que enfiar as presinhas em um pescoço bonito.
Depois da breve conclusão, coloco as louças na pia para secar e vou até a sala, cutucando Charlie para ir para a cama. Ele acorda desnorteado e olha ao redor como se nunca tivesse visto aquela casa na vida, o que me faz dar risada.
— Levanta daí, velho. Vai acabar ficando com a coluna travada.
Ele resmunga, levantando do sofá e para me fazer rir mais ainda, reclama que deu mau jeito nas costas enquanto dormia. Quando papai está quase alcançando as escadas para subir para o quarto, eu o chamo. Charlie se vira para mim, curioso pelo que eu poderia falar e eu suspiro.
— O que foi? — Pergunta, com as sobrancelhas arqueadas.
Vou até ele e o abraço, sentindo aconchego em seu corpo quente. Se alguma coisa acontecesse comigo amanhã, queria pelo menos me despedir do meu pai. Mas ele não pode saber o que vai acontecer, então me contento em simplesmente o abraçar.
— Te amo, pai. Obrigada por ter cuidado de mim, mesmo que sozinho.
*×*
[ n o t a s ]
dia 6 da maratona!
capítulo postado aos quarenta e cinco do segundo tempo! mas aqui estamos nós.
a batalha tá chegando!!!
seria esse capítulo a calmaria antes da tempestade??
até amanhã gente, beijinhos!
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