Capítulo IX

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O destino conduz o que
consente e arrasta o que
resiste.

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— O que está acontecendo comigo? — Pergunto, a respiração ainda acelerada enquanto meus olhos não conseguem desviar dos de Jacob, que estão grudados em mim.

Meu corpo tinha virado geleia, meu coração estava acelerado e, o pior de tudo, eu podia ouvir com clareza o bater descompassado e rápido. Eu estava consciente de tudo ao meu redor, mas ao mesmo tempo não. Minha atenção completamente focada em observar Jacob. Seu rosto estava duro, como se deixar transparecer as emoções o machucasse e ele engolia em seco com frequência, mas era incapaz de quebrar o contato de nossos olhos tanto quanto eu.

Paul vem para o meu lado e passa o braço pelos meus ombros, me levantando do chão onde eu estava ajoelhada e estática. Suas mãos me passavam conforto, mas franzi a sobrancelha ao sentir um rosnar dentro de mim. Não eram as mãos certas.

— Quando ela se transformou? — A voz de Jacob quebrou o silêncio que se instalara na sala. Estava rouca e saía entre seus dentes cerrados.

Ele parecia bravo. E feliz. Uma mistura desconcertante que fazia meu estômago revirar. Eu conseguia sentir tudo. Suas emoções sendo intrusas no meu corpo, fazendo-me ficar sem ar mais uma vez com aquela intromissão.

Por que eu conseguia sentir o que ele estava sentindo? E por que ele parecia tão furioso?

— Jacob, por favor... — Minha voz foi um sussurro dolorido quando uma mágoa sem tamanho tomou conta do meu ser. Não era um sentimento meu. — Pare com isso. — Pedi numa lamúria.

— Parar com o que? — Sua voz foi suave quando se referiu a mim, mas seus sentimentos eram dolorosos.

Me encolhi nos braços de Paul, buscando conforto em uma pessoa que jamais poderia me confortar completamente.

Isso. Seus sentimentos estão me sufocando!

Alguém arfou atrás de mim, e finalmente todos aqueles sentimentos ruins foram substituídos pela surpresa.

— Você está sentindo as emoções de Jacob, Ada? — Billy perguntou, se aproximando. Sua voz estava cautelosa como nunca vi antes.

— Sim. É como uma intromissão. A mágoa de Jacob me sufocou, padrinho. O que está acontecendo?

— Eu não sei, criança. — Ele disse sério. — Isso não é comum em um imprinting, mas nunca tivemos antes um lobo e uma loba como alvos de um imprinting.

— Im-o que? Isso é ruim? — Mordo meus lábios, ansiosa. — Merda, parece ruim. Sua cara tá ruim.

Billy desfez sua feição séria e um sorriso afetuoso brotou em seus lábios. Suas mãos vieram para o meu rosto, acariciando como se eu fosse uma criança que não sabe nada do mundo.

— Não, meu bem. Isso não é ruim. É apenas... inusitado.

— E o que é isso, então, se não é ruim? Por que estão todos se olhando? — Pergunto, finalmente ciente de todos que estavam na sala.

— Você já ouviu falar em... amor à primeira vista? — Emily perguntou, vindo para o meu lado. Sua voz era carinhosa, o que me fez olhar para ela com carinho. — É quase como isso. Os lobos receberam um presente, pelo bem que fazem a reserva. Essa magia faz com que almas gêmeas se encontrem e saibam que são os companheiros um do outro. Entende o que eu digo?

Imprinting... Merda, eu tive um imprinting pelo Jacob? Mordi a beirada do meu dedão, pensando no assunto. Ele também teve um por mim. Padrinho disse isso. Jacob e eu éramos almas gêmeas... Mas por que ele parecia tão magoado?

Ele ainda amava Bella? O pensamento me fez ficar triste e Jacob arfou do outro lado da sala. O olhei, vendo como estava quieto e parecia prestes a fugir da casa de Sam. Sim, ele ainda amava ela e estava magoado.

Magoado por que sua alma gêmea era a droga da irmã errada.

Suspirei outra vez. Não quero ser a segunda opção de ninguém, por isso enterrei os sentimentos que tinha por ele desde a infância bem fundo no meu peito. Eu merecia mais do que isso. Merecia um amor épico, e não as sobras de um sentimento que era para outra pessoa.

— Isso é obrigatório? Esse... amor à primeira vista?

— Vocês serão o que precisarem ser um para o outro. Não é obrigatório serem amantes, mesmo que uma hora ou outra possa acontecer isso. Podem ser amigos, parceiros. O que necessitar, o outro vai prover. — Sam explicou, sentado em sua poltrona. Seu rosto estava sério. Sam e Emily eram um casal imprinting. Finalmente juntei os pontos, vendo a adoração que ele olhava para ela.

Sorrio, tentando disfarçar o desconforto que cresce dentro de mim. Me solto de Paul, dando de ombros.

— Bem, eu não preciso de nenhuma alma gêmea. — Rio, tentando soar descontraída. — Quero dizer, cara, eu só tenho 16 anos. Sou nova para o tchan rolar comigo. Pode ficar tranquilo, Jake. Você não vai ter nenhuma cadelina apaixonada em cima de você.

Como se fosse uma intervenção divina, meu celular tocou no bolso da calça. O peguei, vendo que era papai quem ligava e atendi, querendo fugir daquela situação.

— Oi, pai. E aí?

"Você parece bem melhor, filha. Como está a febre?"

Passou completamente. — Minto, dando de ombros. — Padrinho me deu um remédio muito louco aqui na reserva e a gripe foi pelo ralo.

"Deve ser o antigo tônico da família Black, garota. — Papai riu do outro lado da linha. — Fico feliz de saber que está melhor. Vou voltar para casa às cinco. Vamos fazer compras."

— Beleza, pai. Beijo. Te amo.

Charlie respondeu, logo desligando o celular. Quando ergui os olhos para quem estava na sala, boa parte dos garotos tinham dado o pé. Principalmente Jacob. Agora na sala só restavam eu, padrinho, Paul, Emily e Sam.

— Preciso estar em casa às cinco.

— Tudo bem. O Joe já está chegando, e depois que você fizer a marca vamos treinar um pouco. — Sam diz, sorrindo para mim. — Aproveite para comer. Se transformar gasta muitas calorias, e isso dá uma fome dos infernos.

— Eu que o diga. — Emily ri, trazendo mais uma rodada de bolinhos.

Pego um bolinho, mordendo e sentindo o chocolate na minha boca. Porra, isso era muito bom! Deus abençõe Emily e seu talento para a culinária.

— Quem é Joe e o que é essa marca? — Pergunto de boca cheia. Padrinho ri do meu lado, enquanto Paul reclama do quanto sou nojenta.

— É o tatuador da reserva. E a marca é a tatuagem da matilha. — Sam responde, também pegando um bolinho. Vira um pouco para o lado direito, mostrando a tatuagem em seu braço.

— Espera, o que? — Perguntei apavorada.

Paul gargalha, caindo para trás no sofá enquanto coloca uma mão na barriga. Não era segredo para as pessoas próximas a mim que eu nutria um imenso medo de agulhas.

A porta de correr se abriu outra vez e um homem baixinho mas forte entrou, ele estava usando bermuda e uma camiseta manga longa, mas o que chamou atenção fora os cabelos longos e pretos presos num rabo de cavalo. Que estiloso.

— Joe, é essa garotinha aqui. — Billy diz, quando o homem coloca suas coisas em cima da mesa depois de dizer um oi geral.

— Ah, não. Não é essa garotinha aqui. — Me levanto, assustada enquanto ele tira a máquina de tatuar da maleta, junto de agulhas e outras coisas.

— Deixa de ser cagona, Ada. Senta aí, sua bunda mole. — Paul zomba.

— Você que é bunda mole!

— Se sente, Ada. — A voz de Sam foi severa e mandona. Estava quase mandando ele ir se foder quando me vi sentando sem nem protestar. O que diabo era aquilo?

Fechei os olhos quando o homem limpou minha pele e ligou a maquininha. Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e minha barriga parecia estar pronta para uma diarréia nervosa.

Mas a dor não foi tão grande. Era como um pinicar, mas nada que me fizesse cagar nas calças e, quando menos esperei, Joe já tinha terminado o trabalho no meu braço direito. Abri os olhos quando o zumbido irritante da máquina acabou e vi o estrago feito. Já tinha parado de doer e, olhando com atenção, parecia já estar cicatrizando rapidamente.

Ok. Super força, audição e olfato apurado, mas agora também tinha regeneração acelerada? Que merda era essa? Superman versão lobo?

Quando Paul me trouxe embora, na caminhonete de Billy, o ar parecia carregado.

— Você não está bem com o papo de imprinting. — A voz dele quebrou o silêncio.

Suspirei, dando de ombros.

— Claro que não tô. Eu... — Faço uma careta. — Amo aquele idiota desde sei lá, meus nove anos de idade? É cansativo ser rejeitada por ele, mas dói todas as vezes. — Dei de ombros.

— Por que não aceitou o imprinting então? — Paul estaciona em frente de casa. Papai já tinha chegado, notei pela sua viatura na garagem.

— E forçar ele a ficar comigo, Paul? — Minha voz deu uma quebrada, e fungo tentando parar o choro. — Não quero um amor que não é para ser meu, entende?

Ele parece tremer enquanto agarra o volante.

— Eu só fico puto, Ada. Jacob é um idiota, prefere aquela amante de sanguessugas à você, isso não faz sentido. Eu só queria dar uma boa surra nele para ver se consigo fazer aquela cabeça cheia de merda funcionar direito.

— Bem, boa sorte. Ele é tão cabeça dura quanto você, amigo. — Me inclino e deu um beijo em sua bochecha. — Preciso ir. É dia de fazer compras com o papai. Amanhã vou ir na reserva, você pode me buscar umas duas da tarde?

Paul assente, ainda puto da cara. Suspiro, sabendo que eu não podia fazer nada.

Saio do carro e me dirijo até a entrada de casa, abrindo a porta e encontrando papai voltando da cozinha já sem o uniforme da polícia.

Ele para no corredor, me olha com as sobrancelhas franzidas e começa a ficar vermelho.

O olho curiosa, preocupada pela vermelhidão do seu rosto. Mas, quando ele finalmente abre a boca, quero me chutar e chutar a bunda de Sam Uley e Billy Black.

— Você fez uma tatuagem, Ada Isobel?!

*×*

[ n o t a s ]

sim, eu sei que falei que ia postar dia 2 mas PUTA QUE PARIU, EVANESCENT CHEGOU AOS 22K!!!!!
Eu tinha que comemorar e dar um presente à vocês, então toma. capítulo novo!
beijinho.

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