𝟬𝟮 ✧◝ 𝗘𝗟𝗘𝗠𝗘𝗡𝗧𝗔𝗥𝗬 𝗠𝗬 𝗗𝗘𝗔𝗥 ! 💭
𝟬𝟮 ៸៸ elementar minha querida !
FOI uma ótima conversa, esclarecedora e leve. Apesar de não ter saciado totalmente sua curiosidade, a detetive já não se sentia em desvantagem. Mas como tudo que é bom dura pouco...
Olhando o relógio a detetive sentiu uma pequena tristeza em ter que encerrar a conversa.
Ela havia ficado muito interessada...
Não que precisasse realmente avisá-lo que teria que ir. Isso Sung sabia. Portanto, quando ela se deu conta de que era necessário ir, ele fez o primeiro movimento. Levantou-se vestindo o sobretudo que havia retirado em algum momento e parando ao seu lado.
— Se não estiver de carro, posso oferecer uma carona. Imagino que o trânsito não esteja legal pra um táxi a essa hora.
— Não será necessário – negou o pedido gentilmente – vim de carro, além do mais, a delegacia fica apenas a duas quadras daqui, eu só preciso pegar o retorno e estou estou acostumada a fazer o trajeto, não dura mais que quinze minutos.
A detetive notou o arquear da sobrancelha esquerda do moreno, mas não o questionou quando ele decidiu acompanhá-la.
— Okay... Vá na frente, eu acompanho.
Agradecendo a gentileza eles saíram juntos da lanchonete. Parando a frente do carro da detetive, a mesma deteve seus passos quando notou o trânsito totalmente estagnado a frente do pequeno estacionamento.
A princípio não entendeu absolutamente nada, mas sabia muito bem quem podia esclarecer as coisas. Dirigiu o seu olhar ao homem alto com o sorriso mais convencido que ela já vira em toda a sua vida.
— Como sabia? Nossa janela não dava pra ver esse lado da rua, então como? – Não completou a pergunta, mas sua expressão de confusão era bem óbvia e isso divertia Sung.
— A três dias atrás foi anunciado um pequeno evento na rua principal previsto para o fim do mês, imagino que saiba do que se trata, antecipei que as obras aconteceriam hoje porque soube que os veículos de apoio a obra estavam andando pela avenida durante a madrugada — o melhor horário para se transportar cargas pesadas — e hoje soube que estão consertando alguns trechos da estrada na avenida principal, imaginei que eles começaram o serviço às sete e meia mais ou menos, por isso o meu pequeno atraso para chegar, tive que pegar um pequeno desvio. Foi uma conclusão óbvia.
A detetive estava um pouco perdida se é que podia usar essa palavra para descrever a sua sensação de desatenção. Ela sabia da obra, ela sabia, mas não conseguiu pensar a frente disso.
Droga eu sabia que não devia ter ido dormir tão tarde, a falta de sono está começando a atrapalhar meu raciocínio lógico — era o que a loira pensava.
— Okay... – Sung começou a andar de uma forma despreocupada na direção da traseira do carro da Detetive, enquanto a mesma ainda falava em suas costas; — Eu ainda não entendi a carona, de qualquer forma a iríamos ficar presos no trânsito e–
A loira calou ao ver o Sung sentando na garupa da Ducati monster 1200¹. Mais uma vez não se deteve em observar o belo conjunto de belezas a sua frente. Ela nunca foi fã de motos, mas conhecia o suficiente para escolher seus modelos preferidos, já o homem acima da máquina, ela preferia não dar ouvidos ao que sua cabeça dizia sobre ele. Assim, levou o olhar afiado apenas à moto.
— Gosta desse modelo? – pergunta o moreno antes de pôr o capacete.
— Ela e a Scrambler² são as minhas favoritas – disse olhando para Sung.
— Uau... Uma coincidência entanto – a surpresa em seu rosto era genuína — Também são meus modelos favoritos.
— Bom, devido ao seu bom gosto e ao maldito transito, reconsidero aceitar a carona, teria algum problema?
— Nenhum problema detetive – disse com um sorriso enquanto levantava para pegar o capacete reserva no bagageiro embaixo do banco.
— Aliás, eu esqueci de dizer, mas você está oficialmente no caso, o que significa que pode passar lá na delegacia a hora que quiser para iniciarmos todo o trabalho.
Sung fez uma careta mas logo em seguida pareceu pensativo sobre o assunto, dando de ombros e se dirigindo a loira:
— OIha pra ser sincero, eu não tenho nada para fazer agora, gostaria de ir agora se pudesse. A ideia de entrar naquele prédio só, com o tanto de gente que me odeia lá dentro, me assusta um pouco. Sou sem noção, mas tudo tem limites.
— Por que diz isso? – a detetive falava enquanto arrumava o capacete na cabeça.
— Até ontem eu sequer te conhecia, como concluí que alguém lá dentro não goste de você?
— Espere e verá detetive, espere e verá...
E essa foi a última fala dos dois antes de Sung cantar pneu para fazer a curva no estacionamento e arrancar para sair dali.
Ao chegar no departamento de polícia, a detetive cumprimentou os colegas de trabalho com tranquilidade, já estes, a observavam com vincos na testa e expressões de confusão ou surpresa. Na certa por estar acompanhada com o homem às suas costas. Escolheu ignorar essa reação para não provocar um maior alarde mas era difícil não ficar curiosa com o tanto de atenção que o moreno recebia.
Alguns olhares assustados, outros confusos...
— Imaginava algo menos dramático, discreto talvez.
— Não sei se vai gostar da minha presença então... Eu gosto do drama. Odeio as outras coisas, mas o drama é legal.
— A que "outras coisas" você se refere? – O olhar sob os ombros da detetive encontrou os de Sung e ela observou o sorriso ladino quase inexistente se formar.
— Vai ver em breve.
— Acho que não, chegamos – A loira abre a porta da sala — Aqui, minha humilde bat-caverna, fique a vontade pra olhar a teia se quiser.
— Você tem uma teia de verdade? Ficou mil vezes mais interessante pra mim.
— Eu ou o caso? – A detetive mal terminou de falar e já se arrependia.
— O caso – Respondeu simples, e a detetive quase sentiu o peso da decepção, mas antes disso Sung falou da sua forma estranhamente magnética — Sobre você detetive, eu nunca tive dúvidas.
A Hae-hi estava surpresa com isso, seu ego nunca foi tão bem alimentado, e sua curiosidade nunca esteve tão latente.
— Nossa! Isso é algo bom? Pelo que pude pesquisar você não parecia ter muito muito interesse em parcerias.
— De fato, não sou a pessoa mais aberta a trabalhos em equipe... Na verdade eu acho que muita gente pensando da mesma forma não leva a lugar nenhum.
O moreno analisava a teia de pistas do caso de forma superficial enquanto falava, estava mais atento aos detalhes do escritório em si.
— Então acha que em geral os detetives pensam todos iguais.
— A maioria sim. Como se seguissem uma receita de bolo – Seu olhar circulava a sala atentamente agora, olhando detalhe por detalhe do espaço de sete metros quadrados – Quando nada dá certo eles arrumam uma solução simples, ou então o caso vai para numa pasta parda num armário com cadeados onde as coisas que entram nunca são resolvidas e sim acumuladas.
Seu olhar chegou ao da detetive sentada atrás da mesa e então caminhou lentamente até ficar a sua frente, nenhum dos dois cortou o contato visual em nenhum momento até ali. Nem quando Sung foi atrevido o suficiente para sentar-se parcialmente sob a mesa, nem mesmo quando a detetive juntou seus cotovelos sob o tampo apoiando seu rosto nas mãos e olhando de volta na direção do mais alto.
— A diferença entre você e os outros, detetive... – Sung continuou, arqueando a sobrancelha pela audácia nos atos da loira – É que você não tem nenhuma pasta parda no seu nome. Trabalha a quase dez anos nessa profissão e resolveu todos os casos, nenhum segue padrões, também não faz tudo sozinha sempre, se dá bem em equipe, é esforçada e dedicada, extremamente profissional... Como?
— Sou adaptável.
Se sentia encurralada, intimidada e porque mentir? Extremamente atraída. Ele parecia ter tanta curiosidade quanto demonstrava, o que era bom para a detetive já que a sua curiosidade sobre ele parecia aumentar a cada segundo também.
— Sim, parece que sim. – Foi a última coisa que disse antes de cortar o contato visual.
— Mãos à obra então, Ah e antes de tudo, eu não tenho equipe – Disse após colocar a caixa de evidências sobre a mesa.
— Lá vamos nós ler a papelada inútil... – O tédio pingava de suas palavras, e o revirar de olhos deixou isso ainda mais claro.
— Vamos lá, ela não é inútil – A detetive tentou ser otimista recebendo o revirar de olhos.
— É verdade, ela se mostra útil em cinco por cento dos casos quando um agente do governo não está envolvido.
— Já ficou sabendo de tudo, né?
— É eu dei o meu jeitinho.
— Certo, eu estava pensando em começar com o contador, o que acha?
— Genial! Como eu disse, não há padrões! – Disse o moreno de forma animada.
— Ao que se refere? – Perguntou confusa.
— Se você fosse uma chata, como a metade desse departamento. Você começaria com o Policial a paisana que estava trabalhando de vigia no dia que Huang Dong-Suk morreu, que não saberia nada e se soubesse dificilmente nos contaria. Ao invés disso, você poupou tempo e esforço passando pra alguém que realmente pode saber de algo.
— Isso tudo fora o fato do policial à paisana ser um dos nossos.
— É. Isso é realmente algo importante.
— E então? Se quiser começar hoje, é o momento de ir comigo.
— Ou melhor, você vai comigo. Já que seu carro está muito bem guardado no estacionamento do café.
A detetive tinha esquecido esse fato, mas não fez questão demais, afinal seria uma viagem mais rápida desse modo.
— Não vou discutir isso. Eu acho que vou pedir uma moto para a D.P...
— E enquanto ela não chegar, você estará em segurança na minha garupa — Disse de forma convencida.
— A palavra segurança não casa muito bem com você pilotando. Fala sério como conseguiu passar no exame pra ter carteira? – ela brincou de volta.
— Uou! Não precisa ofender, eu sei que você gostou da adrenalina.
— Diz isso baseado no que?
— Nas suas mãos...
Sung passou a frente de Hae-in com seu sorriso espertinho sem olhar pra ela, o que foi bom, pois assim ele não podia vê-la corando violentamente ao lembrar-se do jeito que sorriu e apertou mais forte a cintura de Jin-woo quando eles atravessavam a toda velocidade a avenida principal de Seul.
Ao saírem de sua sala, a policial deu uma breve olhada no departamento, muito cheio para aquele horário.
— Movimentado até demais – disse consigo.
— Não é sempre assim? – perguntou o moreno, arqueando a sobrancelha.
— Bem, alguns dias sim, hoje no entanto... Não era pra ser.
— Desconfiando de algo?
— Tá mais pra um pressentimento, mas não há o que fazer. – Assim ambos seguiram em frente, quase chegando à saída do departamento, não fosse pela figura esguia de aproximadamente um metro e noventa parado à frente do corredor.
Vestido numa camisa social vinho que combinava perfeitamente com os fios ruivos avermelhados e ostentando no peito um distintivo de capitão, o cargo chefe daquela delegacia, Choi Jong-In estava parado conversando confortavelmente com seus subordinados, pareciam estar falando de algo recente e animador, pelo menos era o que parecia pra quem os via de fora.
Mas assim que Chae se fez mais próxima e os olhos se direcionaram a sua mais nova dupla, o entendimento acerca do que se passava ficava nítido.
— É óbvio que as fofocas já chegaram aos ouvidos de todos... Dele principalmente.
— Detetive... Devo dizer que não coloquei muita fé que aceitaria o caso, devo desculpas a Chae por isso, ela parece ter firmado um ótimo acordo visto que chegaram juntos aqui, isso é admirável, digno de nota eu diria.
A todo tempo ele falava com Sung mas seu olhar de canto queimava em Chae-in. Ela sabia que ele sabia que conseguiria, sabia que ele nunca duvidou, mas algo em sua face demonstrava uma ponta de irritação.
— É a minha melhor, espero que entenda a importância disso.
— Eu não aceitei por diversão, e garanto que fiz direitinho meu trabalho de casa, sei muito mais que alguns e isso basta.
— Basta? – A sua sobrancelha arqueada indicava um certo tom de ironia, ou desafio... — A quem?
— A nós. – A resposta, apesar de curta e certeira, não soou grosseira, pelo contrário, foi suave e sucinta como uma carícia, sutil e cordial eu diria, até que completou com: — A mim e a minha parceira somente. E isso pareceu atingir a Jong-in como um tapa, um delicado tapa de luvas de pelica, que apenas acabou com seu ego inflado.
— Espero que sim — Desse modo, ambos cruzaram os olhares mais faiscantes possíveis antes de simplesmente virarem as costas.
Assim que ambos passaram pelas portas do lugar, a detetive se aproximou inquisidora.
— O que acabou de acontecer? — Sua expressão adquirira uma certa confusão.
— Achei que você pudesse me explicar, o que foi aquela cena?
— Nunca vi ele assim, achei que tinha algum ressentimento entre vocês.
— Ele sente alguma coisa confusa sobre mim, mas sempre recorre a mim quando não consegue algo, talvez seja seu ego. Nunca trabalhei junto dele diretamente para descobrir sua personalidade. Me pareceu ciúmes.
— Eu não sou uma boneca dele, nem um troféu. — Arqueou a sobrancelha em desaprovação.
— Eu sei disso, talvez ele não saiba — O sorrisinho discreto e ladino não passou despercebido enquanto Chae pegava o capacete oferecido por ele.
O caminho até o escritório do contador foi rápido e sem surpresas, tão logo saíram do estacionamento do departamento, já estavam estacionando a frente de um prédio comercial no centro da cidade.
— Quer dizer então que você concorda com a minha suspeita inicial.
— O contador? — A detetive acenou positivamente.
— Um cara que tem na folha de pagamento desde a escória dessa cidade até os empresários mais bem consagrados é no mínimo digno de nota.
— O que acha dele?
— Sua pergunta tem muitos sentidos, discorra sobre...
— Honesto, desonesto... — Enquanto conversavam, trocavam olhares com as moças na recepção, mostrando as credenciais rapidamente.
— Precisamos de vinte minutinhos com o Senhor Kim Sang-Shik por favor.
— Avisaremos de sua chegada, ele está em sua sala no andar 18.
Voltando a atenção a Chae após sua rápida troca de palavras com as recepcionistas Sung responde de forma vaga.
— Eu acho que ele trai a esposa se isso serve para definir os seus parâmetros de honestidade.
A face intrigada da detetive refletida nas portas fechadas do elevador divertiu muito o mais alto.
— Como pode afirmar isso com tanta certeza? você sequer o conhece.
— Não tenho certeza, é um chute. Mas terei assim que ver o escritório dele.
O mais alto não se sentiu no clima de explicar nada e logo passou para o próximo assunto, uma coisa que estava na sua cabeça a um tempo.
— Talvez seja inveja.
— O que disse? — A mudança rápida de assunto atordoou um pouco a detetive.
— O que o capitão sente. Não gosto de especular o que não é da minha conta, porém, nesse caso eu me senti tentado, já que me envolveu de alguma forma.
— A quem seria endereçado esse sentimento? Eu mesma não vejo motivo algum para ser invejada.
As portas duplas do elevador abriram e Sung disfarçou a sua curiosidade sobre aquela fala olhando rapidamente o local onde havia um outro hall e a outra recepção à sua frente.
— Talvez devesse rever seu renome e sua importância no seu local de emprego.
— Talvez devesse ter noção do seu.
Os dois se encontravam parados próximos à recepção, absortos nesse assunto, as atenções presas um no outro e na conversa.
— Não sou muito conhecido.
— Conhecimento e renome são duas coisas completamente diferentes. Talvez ele esteja subitamente curioso sobre sua decisão de fazer questão de entrar em cena dessa vez.
— Touché detetive. Se esse for o caso, do qual eu não tenho muita firmeza, em breve ele vai notar minhas motivações.
— Por que sempre misterioso?
— Porque o suspense me cai bem.
Outra recepcionista aparece para acompanhá-los até a sala, batendo de leve na porta antes de abrir e apresentar os dois recém chegados.
— Sejam bem vindos, mal posso esperar para saber no que sou útil — A animação falsa deixou Chae incomodada mas essa não se deixou abalar por isso nem um pouco, escolhendo ser simples e direta.
"Se ele não quer ser incomodado, eu muito menos" assim pensava.
— Estamos aqui para saber sobre suas conexões com Hwang Dong-Seok, como deve saber, estamos falando com todos os que tiveram contato com ele durante as semanas que antecederam o seu trágico assassinato.
— Ah... O falecido, imaginei que fosse sobre ele — Durante um breve instante ele pareceu relaxar, coisa que a detetive notou, mas não guardou como algo digno de nota — Não o conhecia tanto quanto o irmão, embora ele estivesse na lista dos clientes aos quais eu gostaria de representar um dia.
— E o irmão? O senhor trabalhava para ele, não?
— Sim, tínhamos uma relação profissional, eu cuidava da finança de suas casas noturnas.
— Cuidava? — Chae foi incisiva.
— Sim, cuidava, depois da morte do irmão ele decidiu se livrar de alguns dos funcionários e eu pelo jeito não era um de seus empregados relevantes — Suspirou profundamente, com uma decepção aparente — Acontece.
— Acha que ele tinha motivos pra desconfiar dos funcionários?
— Sem dúvidas! O acharia um tolo se não desconfiasse.
— Sem mais perguntas, acho que tenho o que preciso.
— Eu tenho uma.
As atenções de Chae e do senhor Kim foram para a figura sentada confortavelmente na cadeira. Tão confortável que nem parecia dispor de todo o seu tamanho e seriedade. A detetive parecia um pouco ansiosa sobre sua intervenção, o tempo todo esperou alguma ação dele, mas ao escutar sua indagação, sua animação pareceu morrer.
— Sei que é casado, sua mulher é loira?
O silêncio se fez por alguns segundos, mas Sung parecia estar completamente confortável com ele também.
— Qual o seu nome, rapaz?
— Sou o detetive Woo.
— Detetive Woo — Começou sério, em um tom de aviso — Não imagino, no que isso será útil, mas como nunca gostei de enfrentar problemas com autoridades como o senhor, acho de bom tom encerrar respondendo seu questionamento impertinente, minha esposa é morena.
— Aprecio sua vontade de ajudar, garanto que sua resposta será muito útil no andamento do caso, e me desculpe pelo incomodo.
O sorriso cínico não passou despercebido aos olhos de Chae, nem o tom zombeteiro. Se levantando, ambos se despediram do senhor San-Shink com um aperto de mão que durou mais tempo que o necessário com Sung.
Sung notou que o olhar do contador continha um certo interesse na detetive, sendo assim fez questão de cobrir a visão dela com o seu corpo sustentando o sorrisinho cínico até a detetive sair do escritório, e então dirigir ao velho sentado na cadeira um olhar lotado de seriedade e mortalmente frio antes de fechar a porta, deixando o velho contador surpreso com a mudança instantânea de postura.
— O que foi aquilo? — Chae perguntou quando já estavam sozinhos no elevador.
— Foi a confirmação do meu palpite.
— Não está falando sério.
— O que a faz pensar dessa forma?
A detetive travou ao notar a seriedade com que Sung disse aquilo, então suspirando decidiu deixar que ele explicasse.
— Mesmo que você tenha razão, eu duvido muito... Como isso faria algum sentido? Você o viu por cinco minutos, como saberia que ele está traindo ela?
— E foi mais do que o suficiente. Se duvida do meu julgamento, é só voltar lá daqui a meia hora, ele estava arrumado como se tivesse acabado de sair de um banho, as cortinas do escritório estavam fechadas, o banheiro privativo tinha as portas fechadas mas a luz estava acesa, a mão esquerda sem a aliança. Ele é casado há quinze anos, tem dois filhos e a família perfeita não merece um espaço num porta retrato na mesa dele? É ingênua acreditar que ele não está traindo ela.
A exposição daquelas observações tiraram a detetive do eixo por um instante.
— Do que adiantaria ir lá daqui a meia hora?
— Você prestou atenção nas recepcionistas?
— Sim, todas pareciam... Não... — Os olhos arregalados na surpresa genuína daquela observação já expressavam o entendimento que se passava na cabeça da detetive.
— Sim detetive. Nosso contador tem uma queda por loiras de cabelo curto. Tanto que todas as funcionárias do andar pareciam ter essas características. E eu tive essa certeza assim que você virou as costas pra ele — O jeito que ele destrinchava aquelas observações impressionava Chae, em partes por que sua postura parecia muito mais séria naquele momento, e ia além da mudança de postura, a detetive sequer notou aqueles fatos, nenhum deles, e não conseguia imaginar como o homem à sua frente havia notado tudo isso mesmo estando o tempo todo conversando com ela — Mas eu não vi a secretária dele, aposto que estava aproveitando a banheira e escutando tudo que dizíamos. Nada melhor que perguntar sobre a esposa para um adúltero enquanto a amante ouve tudo.
Sacudindo a cabeça levemente a detetive voltou ao eixo aceitando a dedução que agora parecia óbvia, mesmo sem entender como aquilo aconteceu.
— Vendo por esse ângulo, faz sentido a impaciência que ele demonstrou com o questionamento.
— Elementar minha cara, ninguém gosta de um idiota fazendo perguntas desconfortáveis — A citação de Sherlock fez a detetive sorrir de lado.
— Ele mentiu várias vezes e com muita tranquilidade, isso é digno de observação.
— Se refere a mudança de estado de espírito quando anunciou seus interesses?
— Isso também.
— Vejo que as perguntas lhe levaram a algum lugar afinal.
— Não sei que meios usou pra fazer suas deduções, mas eu tenho os meus próprios meios.
— Ficaria decepcionado se não — E lá estava novamente o sorriso ladino que a detetive achava no mínimo charmoso.
— Ele disse que foi demitido junto com todos os outros funcionários, isso foi uma mentira. Ele foi demitido um mês antes. Entretanto, continuou na folha de pagamento até os outros funcionários serem demitidos.
— Uma ótima cortina de fumaça, o que essa cabeça loira está pensando sobre isso?
— Ele ainda trabalha na empresa dos irmãos Huang, eu conheço os prestadores de serviço dessa gente, eles são temperamentais e não se conformam com a demissão daquele jeito. A menos que um acordo muito bom esteja por trás. Esse é meu chute.
— Brilhante! — Um sorriso eufórico e genuíno despontou no rosto do moreno.
As bochechas de Chae adquiriam um tom de pêssego e esquentaram consideravelmente. Aquele sorriso era mais poderoso que a face séria do mesmo.
— Bom, vou voltar a esse peão na próxima jogada, enquanto isso, eu preciso de um mandato para ir até o mais velho dos irmãos.
— Me deixe adivinhar, ele não tem cooperado muito.
— Ele não oferece nenhuma resistência a cooperar, mas parece obstinado a me tratar como uma idiota, talvez sua implicância não seja com a instituição.
— Talvez ele não queira uma espertinha de olho nos assuntos dele.
— Se for o caso, eu me sinto tentada a descobrir que assuntos são esses...
— Como a boa espertinha que é.
— Talvez – A detetive tinha realmente um sorriso travesso ao responder o mais alto.
— Para onde agora detetive espertinha?
— Já são onze da manhã! — A loira disse exaltada olhando os ponteiros do seu relógio antes de aceitar o capacete que lhe era oferecido.
— E o que tem isso? — Indagou Sung levantando uma das sobrancelhas em confusão.
— Esperava que pudesse trabalhar um pouco na investigação dos contratos antes do almoço, mas pelo andar da carruagem terei que fazer isso enquanto almoço.
— Conheço um lugar onde servem um ótimo Yakisoba.
— Você tem certeza? Não quero alugar você nem nada disso.
— Fique tranquila detetive. Se aceitei ajudar, preciso estar em perfeita sintonia com minha parceira.
— Mas- — A fala da mais baixa foi interrompida pelo som do acelerador sendo testado, propositalmente por Sung.
— Além do mais, duas cabeças pensam melhor que uma, ainda mais se essa uma estiver planejando comer cupnoodles³ e chamar de almoço.
A expressão de surpresa foi genuína, logo depois substituída por uma forte confusão. Suspirando com um revirar de olhos divertido e um falso tédio, o moreno explicou a situação.
— Eu vi algumas embalagens na sua lixeira mais cedo.
— Podiam não ser minhas.
— Considerei o hábito de comer rosquinhas um indício.
— Não tenho mais defesa.
— Nem escolhas.
— Sendo assim, para onde vamos detetive Woo?
— Vamos almoçar um belo Yakisoba enquanto passamos a tarde trancados dentro de um escritório..
— Me parece um convite tentador.
— Não sem antes passarmos na minha casa, eu preciso dos meus materiais de trabalho.
— Ainda mais tentador.
— Sem dúvidas detetive.
✶ curiosidades 〟
〟¹ Ducati monster 1200
〟² Ducati Scrambler 800
〟³ Cupnoodles É o famoso Lamen no copinho.
˗ˏˋ N O T A S 'ˎ˗ ˗ˏˋ N O T A S 'ˎ˗ ˗ˏˋ N O T A S 'ˎ˗
: ̗̀➛ Eu ADORO os diálogos desse capitulo, foi muito gostoso criar toda a vibe do Sung de menino prodígio mesclado ao jeitinho bad boy engraçadinho, ele tem um carisma absurdo e é sempre divertido poder mostrar isso da perspectiva da Chae.
: ̗̀➛ Como sempre vou adorar saber como foi a experiência de leitura de vocês, como sempre: todo feedback é bem vindo! Então é isso, nos vemos em breve no próximo capitulo, até mais! 𓆩♡𓆪
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