( 009 ) ⋆ My Lissy

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A noite passou rápido demais na visão de Calista, ela precisava de mais sono da beleza para ficar mais bonita do que normalmente já era. A garota foi a última a acordar entre os amigos e logo quando fez isso foi tomar um bom banho quente, por sorte no trem tinha um pequeno banheiro em uma das cabines que servia bem para, pelo menos, um banho de corpo rápido.

O look que a filha favorita de Afrodite escolheu dessa vez era mais despojado e casual que o outro, uma saia jeans de lavagem azul clara e uma blusinha branca simples, por cima uma jaqueta com tecido macio da cor verde claro, nos pés ela usava um tênis todo branco.

Ao sair do banheiro com o cabelo penteado e arrumado caindo sobre os ombros, Calista foi até o vagão dela e dos amigos, onde viu que eles não se encontravam mais e então deviam estar comendo, Calista não estava com fome na hora e qualquer coisa comeria os lanchinhos que Annabeth comprou depois, a morena borrifou seu perfume parisiense de lírios pelo corpo todo e então estava pronta, ela viu que em sua Prada não estava Channel e deduziu que ela estava explorando o vagão, se preocuparia com ela depois.

Calista se dirigiu ao vagão de refeições onde viu Annabeth, Percy e Grover conversando sentados em uma mesa, ela se sentou ao lado de Percy no banco estofado, o garoto abriu um sorriso fechado ao vê-la, inalando o perfume agridoce que ela usava e intoxicou o ar de um jeito bom. Ele amava o cheiro que ela emanava, como ele sempre estava perfumada, a presença dela fez suas preocupações diminuir.

Annabeth percebeu como ele estava a olhando e deu um sorrisinho discreto revirando seus olhos castanhos, pensando em como Percy era um completo bobo apaixonado que não escondia isso mais.

ㅡ O que estão conversando? ㅡ Calista perguntou ao grupo, se recostando no banco.

ㅡ Estava dizendo que falta dois dias para chegarmos até Los Angeles. ㅡ Grover se prontificou a explicar, um sorriso de alívio estava estampado em seus lábios. ㅡ Estamos com folga para chegarmos no Mundo Inferior.

ㅡ Eu posso fazer uma pergunta idiota? ㅡ Questionou Percy.

ㅡ E quando você não faz? ㅡ Calista retrucou, não para o chatear, estava brincando com a cara dele, logo em seguida Annabeth disse:

ㅡ Parece que você gosta que eu e ela zoe você.

Calista concordou rindo baixo, seu ego indo lá em cima.

ㅡ Acho que ele gosta de ser zoado por garotas bonitas. ㅡ Ela disse dando de ombros, olhando Annabeth que concordou sorrindo confiante também.

Percy apenas balançou a cabeça com um sorrisinho travesso e não discordou, tanto Calista quanto Annabeth eram lindas e qualquer pessoa podia ver isso... Mas ele gostava de ser zoado especialmente pela filha de Afrodite, sempre foi ela.

Mudando o rumo da conversa, Grover o encorajou a compartilhar suas preocupações e o garoto loiro respirou fundo, voltando a ficar sério.

ㅡ Enfim... Eu nunca pisei em Los Angeles... E acho que vocês três nunca foram para Los Angeles, então como a gente vai saber para onde está indo?

Calista e Grover se entreolharam, ambos nunca tinham pensado nisso também. Para ir ao reino de Hades eles tinham que ir até Los Angeles, mas onde na cidade dos anjos? Eles não tinham uma base, nada, sem celulares, sem GPS, nem mesmo um mapa.

ㅡ Não faço ideia... ㅡ Grover disse sendo sincero, como sempre com muita calma. ㅡ Mas esse é o passo trinta e sete e ainda estamos no passo quatro. A gente resolve isso quando chegar a hora.

ㅡ Aproveitando a pergunta idiota...

ㅡ Cara. ㅡ Annabeth resmungou se jogando para trás no banco, ela não tinha um pingo de paciência com Percy e não tinha problema em esconder isso.

No entanto, por mais que Percy estava dizendo que a pergunta que iria fazer era idiota... Calista sentia que não, viu como ele começou a olhar fixamente na mesa e seus ombros estavam tensos.

ㅡ E irá fracassar naquilo que mais importa no fim. ㅡ Repetiu Percy lembrando a todos da profecia cruel do Oráculo. ㅡ Lá em Jersey, eu disse o que o Oráculo me disse e depois disso ninguém mais tocou no assunto... Acho que é uma coisa que a gente podia levar mais a sério.

ㅡ O que mais importa para você, Percy? ㅡ Calista questionou olhando ele.

Percy pareceu pensar um segundo em sua resposta - ele se importava com muitas coisas, Calista tinha lugar especial em sua lista - antes de dizer o que todos já esperavam vindo dele:

ㅡ Minha mãe. ㅡ Disse o garoto firme, engolindo em seco. ㅡ Isso significa que irei perder ela?

ㅡ Talvez sim, talvez não... Só saberemos quando chegar a hora. ㅡ Respondeu Annabeth com seu tom de voz pesado, era um assunto delicado e por enquanto, não seria bom eles pensaram nisso e ficarem paranóicos antes da hora.

Percy assentiu, mas sua atenção foi desviada para a janela quando Grover mostrou para eles cavalos que logo se mostraram ser centauros correndo livremente pelo campo naquele dia que estava com o céu alaranjado, a imagem era linda de se ver.

ㅡ Olha só aquilo... ㅡ Percy sussurrou surpreso, enquanto Grover tinha um brilho de admiração em seus olhos castanhos. ㅡ Eles são...

ㅡ Centauros. ㅡ Concluiu Annabeth o pensamento e fala de Percy.

ㅡ Eles são tão rápidos, deve ser legal ser metade cavalo. ㅡ Calista disse animada e sorrindo, o que fez Percy e Annabeth a encararem com estranheza, eles não tinham nada contra com esse pensamento dela, mas estavam curiosos. ㅡ Que foi, gente? Eu assistia My Little Pony até ano passado e meu sonho sempre foi usar as roupas da Rarity.

ㅡ Calista, você é impossível. ㅡ A Chase soltou uma risada balançando sua cabeça e Calista apenas deu de ombros rindo também.

Percy por sua vez apenas pensava que se ela fosse metade cavalo eles não poderiam ficar exatamente juntos e então estava grato por ela ser apenas uma linda semideusa.

Conforme o trem avançou, os centauros que as crianças admiravam simplesmente 'voltaram' a ser simples cavalos, a Névoa os encobriu.

ㅡ E ninguém sabe que eles estão ali... ㅡ Sussurrou o Jackson olhando para os lados e se certificando que os outros passageiros humanos não estavam vendo o que eles viam.

ㅡ Existiam muitos deles para todo lado... ㅡ Grover sussurrou, sua expressão indicava que ele estava resignado, a atenção agora voltada para ele. Percy perguntou a ele o que tinha acontecido com os centauros e logo ele respondeu a resposta mais objetiva:
ㅡ Humanos.

Humanos sempre estragavam tudo e queriam tudo o que não era deles, onde passavam causando destruição. Eram raros humanos realmente bons de coração e alma.

ㅡ Alguns milhares de anos atrás, Pan, o deus da floresta... Desapareceu... Desde então, sem Pan para proteger o Mundo Natural... Os humanos estão fazendo de tudo para acabar com a natureza.

ㅡ Os sátiros mais corajosos se ofereceram para serem buscadores, para encontrar o Pan... ㅡ Continuou Annabeth, olhando Calista para ela continuar a explicação também.

ㅡ Nenhum deles o achou ou voltou. Mas os sátiros continuam tentando, pelo bem da natureza... ㅡ Complementou Calista com um suspiro, olhando Grover e querendo nada mais que abraçar ele.

Seu pai e seu tio foram um dos muitos sátiros que saíram em busca de Pan e
infelizmente nunca mais retornaram.

ㅡ Seu tio, o Ferdinando... Ele era um buscador? ㅡ Percy perguntou a Grover com delicadeza, o sátiro olhou para a mesa, sentindo seu coração se apertar, depois ele voltou a olhar o campo vivo e verde pela janela e apenas assentiu dizendo que sim em falar nada, doía nos três semideuses que se apegaram a Grover o ver daquele jeito.

ㅡ O Oráculo não disse que a missão falhará... ㅡ A filha de Atena mudou de assunto rapidamente, antes que o clima pesasse mais. ㅡ Fracassara naquilo que mais importa. Podem ser muitas coisas. É assim que as profecias são, é assim que o destino funciona. Pode ser um monte de coisa. Quanto mais você se esforça para entender, mais difícil fica... Às vezes tem que esperar para se revelar na hora certa.

ㅡ Com licença... Passagens, por favor.ㅡ Um policial os interrompeu, Calista estava tão focada na explicação de Annabeth e em sua voz que não percebeu ele se aproximando do seu lado, e se assustou um pouquinho quando viu o homem alto, ela ouviu Percy rindo baixo dele e deu um tapa no joelho dele para o calor.

Eles deram suas passagens ao homem, que pegou cada uma para avaliar. O quarteto trocou olhares confusos e ansiosos, Annabeth achava aquilo ridículo, eles eram apenas crianças aos olhos dos humanos. Por que ficar na cola deles?

ㅡ Estão na cabine Dezessete B? ㅡ Perguntou o policial duramente, encarando específicamente Annabeth de um jeito que estava claramente desconfortável para ela.

E pelo seu olhar, eles estavam em problemas.

ㅡ Sim, senhor... Estamos. ㅡ A filha de Afrodite disse, arrumando sua postura para parecer mais séria, chamando a atenção do policial para ela. ㅡ Algum problema?

O homem riu com um ar irônico, seus olhos avaliando cada um deles. Mas parando mais sempre em Annabeth e Grover e todos sabiam bem o porquê.

ㅡ Acho que vocês já sabem, por favor, me sigam. ㅡ Disse o homem duramente com seu olhar severo, nem os esperando e saindo na frente deles.

Os amigos se levantaram da mesa e começaram a seguir o policial sem muita escolha, todos achando muito suspeito.

ㅡ Será que seremos presos? ㅡ Perguntou Percy sussurrando, andando ao lado de Calista que não estava nem um pouco preocupada com isso.

ㅡ Não, nem pensar. Listras e laranja já saíram de moda. ㅡ Calista se apressou a dizer, estremecendo só de pensar em ser presa e ter que usar o macacão laranja todo santo dia, ela não gostava da cor, já tinha tentando convencer Quíron e o Senhor D mudar a cor da camisa do acampamento para rosa, mas eles disseram que ali não era a Barbieland e recusaram sua proposta, o que para ela, devia ser considerado um grande crime a moda. ㅡ Até parece que ele pode prender crianças, além disso, eu tenho como pagar nossas fianças, caso isso aconteça.

ㅡ Como? ㅡ O garoto perguntou confuso. ㅡ Como você poderia pagar a fiança de quatro pessoas?

ㅡ Com dinheiro, é óbvio.

ㅡ Hahaha, engraçadinha. ㅡ Percy disse irônico. ㅡ Sério, como?

ㅡ Eu tenho dinheiro de sobra e mesmo que meu pai tenha me largado no acampamento, ele me manda uma mesada todo mês. Uma mesada bem generosa. E está comigo aqui. ㅡ Calista sussurrou apenas Percy ouvir, não era bom todos saberem que ela estava andando com muito dinheiro.

ㅡ As vezes eu esqueço que você é rica. E filha de um cantor. ㅡ Percy constatou balançando a cabeça, parecia uma coisa irreal...

A realidade deles eram bem diferentes fora do acampamento e o pensamento de que talvez eles dois não poderiam ficar juntos um dia porque ele não era bom o suficiente para ela cruzou em sua cabeça e ele não gostou dessa nova preocupação desbloqueada, mas por enquanto, ele sabia que tinha que focar apenas em sua mãe.

Finalmente, eles chegaram em sua cabine que para total surpresa de todos, estava toda destruída e revirada, Calista procurou por sua bolsa com os olhos enquanto tentava olhar por cima do ombro de Annabeth e por pura sorte não a achou destruída, o que significa que ela ainda estava escondida de baixo da cama, como ela tinha deixado antes de sair da cabine.

ㅡ Podem explicar isso? ㅡ Perguntou o policial não querendo realmente saber a reposta para essa pergunta, porque qualquer reposta que as crianças dessem, ele não iria acreditar.

ㅡ Espera... Acha que fizemos isso? ㅡ Questionou Percy olhando o lugar destruído não escondendo sua indignação em seu tom de voz, a janela estava quebrada e uma grande ventania entrava na cabine por conta disso e da velocidade do trem.

ㅡ Fizeram? ㅡ Perguntou o policial de novo, Calista revirou seus olhos e Percy cerrou seus punhos.

ㅡ Assim, como e por que faríamos isso?!

ㅡ Senhor, quando saímos para o café da manhã estava tudo intacto. ㅡ Garantiu Grover. ㅡ Não fizemos isso.

ㅡ Temos uma testemunha que disse ter ouvido a janela se quebrando e vozes de crianças. ㅡ Disse o mais velho, as mãos em seu cinto de policial, ele olhou para trás onde uma mulher alta e aparentemente amigável conversava com outra mulher também policial.

Calista a encarou, seu semblante ficando sério quando os olhos dela se encontraram com o da mulher. Ela era problema, e ela sabia bem disso, isso tudo não estava cheirando bem.

ㅡ Fala sério! ㅡ Percy continuou resmungando, bufando. Ele poderia ser preso por inúmeros motivos, mas esse era o mais improvável de todos.

ㅡ Vamos ser presos? ㅡ Annabeth que estava em silêncio o tempo todo, deixou-se arriscar a perguntar. O homem a encarou feio.

ㅡ Olha é melhor você não falar assim comigo. ㅡ Ele disse ameaçador, ou tentando, Calista voltou sua atenção para ele e o olhou de cima a baixo com desdém. Quem ele pensava que era?

Annabeth agora se irritou, o homem era claramente um racista porque tudo o que ela fez foi uma simples pergunta. Ela decidiu desafia-lo dessa vez, seu tom de voz mais alto: ㅡ Nós vamos ser presos?

ㅡ Olha só, mocinha...

Calista pigarreou, cortando o policial, ela levantou sua voz doce e abriu um sorriso que encantava qualquer um, pronta para desferir suas ameaças disfarçadas:

ㅡ Ela está falando normalmente, senhor... Sabe, nenhum de nós cometeu crime algum, mas tem outro bem pior que está ocorrendo nesse exato momento que o senhor está fazendo e fingindo que não, então é melhor o senhor tratar todos nós, especialmente Annabeth, com respeito, assim como nós estamos fazendo com o senhor se não quiser que levemos isso ao nossos pais. ㅡ Ela riu baixo, sem humor em sua risadinha. ㅡ E acredite, eles não são tão calmos, falta chá de camomila onde eles estão morando.

As sobrancelhas do homem se ergueram surpreso com a ousadia e agressividade daquela garota pequena e com olhos azuis tão adoráveis, mas ele não conseguiu evitar tremer e engolir em seco com certo medo de perder seu emprego por seu comportamento nojento e ainda ter que lidar com um processo.

Ele estava sendo ameaçado por crianças, mas olhando para elas novamente, ele tinha certeza que elas realmente não eram apenas crianças. Calista conseguiu intimidar ele.

ㅡ Não quero incomodar seus pais, garotinha. Peço perdão pelo meu tom, não foi minha intenção ofender ou intimidar nenhum de vocês... ㅡ Ele se desculpou, nem ele mesmo acreditando que estava dizendo aquilo, sua mão em seu peito em sinal de perdão, tão falso como Calista. Seus olhos pousando em cada uma das crianças.

ㅡ Acho que o senhor deve um pedido de desculpas a Annabeth, minha amiga não gostou nem um pouco do seu tom, senhor. ㅡ Calista exigiu, os olhos dela estavam com um brilho diferente... Ela estava usando o charme dela para persuadir a sua vontade.

ㅡ Hmm, claro, sim... ㅡ Disse o homem sorrindo fraco, sentindo um formigamento estranho pelo corpo. ㅡ Desculpe-me, Annabeth. Não irei te desrespeitar novamente.

Annabeth encarou o homem e trocou olhares com Percy e Grover, ambos sabendo que aquilo estava acontecendo por conta de Calista, e não pela própria vontade dele. Mas era melhor que nada.

ㅡ Tudo bem. ㅡ A filha de Atena disse com a testa franzida, achou a atitude da amiga legal, mas sabia que não era genuíno o que o policial estava dizendo.

Calista piscou desviando o olhar e policial piscou também, confuso e um pouco desnorteado, mas não questionou nada.

ㅡ Enfim, sem mais desentendimentos, me sigam crianças. ㅡ O policial caminhou na frente esperando que os meninos o seguissem.

Sua mente se perguntava porque ele simplesmente cedeu às ameaças de uma garota de doze anos... E ele não tinha uma resposta concreta para isso. Simplesmente a obedeceu e agora não tinha como voltar atrás, e agora Calista o assustava, claramente ela não era normal para ele e ele não queria mexer com ela.

ㅡ Calista, você foi genial, ele é um babaca. Viu a cara dele? Você o dobrou e ainda o fez ficar com medo.ㅡ Disse Grover rindo, tocando o ombro dela ao passar por ela, Calista assentiu mordendo o lábio inferior, ela queria não ter que fazer isso, mas sempre ia defender Annabeth.

Pela primeira vez ela realmente tinha conseguido usar o poder dela propositalmente e não foi um fracasso total.

ㅡ Vocês duas foram ótimas desafiando ele. Annabeth tem sorte de ter você como amiga. Eu queria socar ele. ㅡ Percy sorriu olhando as duas com um sorriso de pura admiração, contendo ainda sua raiva, ele e Grover foram andando na frente, Annabeth e Calista ficaram para trás, a Chase esperando Calista pegar sua bolsa para elas irem juntas.

ㅡ Obrigada, Cali. ㅡ Annabeth mostrou um sorriso fraco em agradecimento, situações assim eram quase comum para ela fora do acampamento e nem sempre ela tinha e teve o apoio que precisava, afinal, Annie ainda é só uma garotinha e já passou por muito que não deveria apenas por sua cor de pele. ㅡ Você não precis...

ㅡ Claro que eu precisava, ninguém mexe com você na minha frente e vai sair impune. ㅡ Calista prometeu, seus olhos brilhando de amor por Annabeth, ela iria até o Tártaro por ela ou mais. Ela foi pegando na mão de Annabeth e acariciando as costas, passando seu conforto para ela.

Calista sempre pegava nas mãos das pessoas que importavam para ela, era a forma dela de dizer mais intimamente que nunca as abandonaria independente da situação, como um laço inquebrável.

Os garotos seguiram de volta a o vagão que estavam, sentando-se na mesa, e como se fossem criminosos, estavam sendo escoltados pelos policiais, tentando ser discretos, o grupo discutia sobre quem era o possível monstro que atacou as coisas deles, descartando a possibilidade de ser o policial babaca, ele não era o tipo de monstro que realmente os assustava.

A conversa deles foi interrompida quando a mulher que os acusara chegou por trás de Annabeth, tocando levemente o ombro dela.

ㅡ Será que eu posso sentar? ㅡ A mais velha questionou, colocando seu cachorrinho que estava na especie de gaiola para cães na mesa do lado a deles.

As crianças ficaram em silêncio total e Calista se sentou mais ereta ao ver a mulher com rugas de expressão revelando que estava por volta da casa dos quarenta encarar ela com um grande sorriso perfeito, sorriso que ela não retribuiu.

Nesse momento, ela sentiu algo peludo e macio se enrolar em suas canelas e seus olhos encontraram Channel em baixo da mesa se esfregando nela, ela se abaixou e pegou a gata em seu colo, aliviada por ela estar bem, mas antes que Calista fizesse um carinho nela, ela pulou para o colo de Percy que estava sentado ao seu lado.

O garoto ficou tenso na hora quando sentiu a gata se acomodando nele, ele arregalou seus olhos azuis com medo, e Calista o olhou um pouco enciumada e confusa e ele apenas deu de ombros respirando fundo, dando um sorrisinho ao ver Channel se aconchegando na barriga dele, fazendo carinho na gata arisca que simplesmente estava aceitando, deixando o queixo de Calista no chão.

ㅡ Traidora... ㅡ Ela murmurou balançando a cabeça em negação, voltando sua atenção a mulher que sua intuição não dizia coisas boas sobre ela.

ㅡ Pobres criaturinhas... ㅡ Disse a mulher com falsa lamentação. ㅡ Os seus pais não estão aqui, não é? Não é verdade, Preciosa? As crianças não ficam bem mais assustadas quando estão sozinhas?

Ela começou a falar com o cachorro que parecia a cada segundo que passava mais agitado em sua caixa.

ㅡ Tudo bem, eu sou mãe, eu sei como devem estar assustados... Não é? ㅡ Ela olhou para Calista que sentiu seus olhos sobre ela e a encarou, mostrando um sorriso desconfortável.

Ela não tinha medo dela, mas tinha um mal pressentimento sufocando seu peito.

ㅡ Com licença, a senhora pode nos dar um tempinho... Acho que está deixando eles assustados. ㅡ Ela pediu olhando a policial que os observava, a mulher fardada assentiu saindo de perto e a mulher risonha voltou-se para os três semideuses e o menino sátiro.

ㅡ Eu quero que saibam... Que eu não acho que fizeram aquela bagunça na cabine... Eu só queria um tempo a sós com vocês... Quero que entendam algumas coisas. ㅡ Calista fechou os olhos e mordeu a língua. Ligando os pontos ao trocar olhares com Annabeth e Percy, Grover ainda parecia um pouco perdido.

ㅡ Tem alguma coisa na sua blusa... Parece que é... ㅡ O Underwood disse avaliando minuciosamente o suéter da mulher, observando cada detalhe. Os olhos dele cresceram levemente ao se dar conta. ㅡ Parece que é vidro.

O sorriso confiante da mulher foi desaparecendo conforme Grover a avaliava.

ㅡ Ninguém quebrou a janela de dentro. Foi pelo lado de fora. ㅡ Disse ele a encarando.

O cachorro preso dela latiu e rosnou mais agressivamente em sua caixa e a mulher foi preocupada ao verificar, falando com ele novamente:

ㅡ Oh, meu bem... Eu sei, eu sei... Você está impaciente. Mas já estamos quase lá.

Calista olhou Channel, ela odiava estranhos, odiava outros animais, odiava qualquer humano e provavelmente odiava um pouco até ela, mas estava calma aceitando o carinho de Percy e não estava incomodada com o cachorro rosnando o tempo todo da mulher, era um cenário muito incomum e suspeito...

Tinha algo muito errado acontecendo ali.

ㅡ Não é culpa de vocês... Mas infelizmente, vocês vão ter que pagar o preço pelos erros dos seus pais hoje. ㅡ A mulher se voltou para eles, ficando em pé na frente da mesa, o sorriso macabro mais uma vez em seus lábios, sua voz tão gentil que fazia o estômago de Calista se revirar.

ㅡ Escuta, moça, eu não sei quem você é... ㅡ Percy declarou direto, parando de acariciar Channel. ㅡ Mas desconfio do que seja... Já encontramos alguns monstros iguais a você e já acabamos com todos.

A moça riu, a ameaça de Percy não a assusta nem um pouco.

ㅡ Monstros iguais a mim? ㅡ Ela questionou com cinismo, inclinando a cabeça e não levando as palavras de Percy como um insulto. ㅡ Ora... É claro que são iguais a mim... ㅡ O olhar dela endureceu, uma chama de raiva se acendeu em seus olhos castanhos. ㅡ Eles eram meus filhos.

ㅡ Filhos? O que quer dizer? ㅡ Perguntou Percy ainda mais confuso.

Calista olhou para mesa fixamente, se ela era mãe dos monstros ela só podia ser uma pessoa - ou monstro - especificamente.

ㅡ Então você é...

ㅡ A Mãe dos Monstros... ㅡ Grover declarou com a voz trêmula, continuando o pensamento de Calista.

ㅡ Equidna. ㅡ E Annabeth disse, concluindo os pensamentos de Grover sobre quem era aquela mulher.

Agora o perigo estava sobre a cabeça deles, ela não era uma simples ameaça apesar de sua aparência inofensiva, Equidna era metade cobra por natureza da cintura para baixo, mas a Névoa a Escondia, ela era casada com Tifão e os maiores monstros do mundo sobrenatural eram filhos dela, como a Esfinge, Hydra, Cérbero e entre outros monstros horríveis e assustadores.

ㅡ Monstros... Que palavras estranhas. ㅡ Equidna disse ainda sorrindo, fingindo acalmar seu cachorrinho raivoso com sua mão, que devia ser tudo menos um cachorrinho qualquer, olhando Percy em seguida:

ㅡ Se pensar que a minha vó, é a sua bisavó. E que isso sempre foi um caso de família... ㅡ Ela fez uma pausa, colocando as mãos juntas na frente do corpo. ㅡ Mas ao meu ver... O semideus, é a criatura mais perigosa... Desordeira... ㅡ O cachorro latiu novamente, cada vez mais agressivo enquanto ela falava. ㅡ Violenta... Se fosse para eu escolher um propósito, seria para escolher o caminho de monstros como vocês.

Calista foi para mais perto de Percy no banco, agora sim ela estava com medo de Equidna e principalmente do seu cachorrinho, os latidos dele arrepiaram a nuca dela.

ㅡ A minha pequena aqui, é só um filhote agora... Coisa linda. ㅡ Disse a Mãe dos Monstros para seu filhote. Tão calma que era assustadora. ㅡ Hoje, vocês serão a presa dela.

ㅡ Filhote de satanás, só se for. ㅡ Calista sussurrou apenas aos amigos enquanto Equidna fazia seu monólogo, como todo monstro que eles encontravam. Era sempre o mesmo roteiro.

ㅡ Já estão com medo? ㅡ Disse Equidna levantando as sobrancelhas e se sentando novamente, só que dessa vez no banco ao lado. ㅡ Tudo bem, medo é natural, e essencial para a caça... Seu medo... A sua dúvida. ㅡ Ela deu uma risada doce. ㅡ A sua confusão. Eu queria mesmo que entendessem o que estava acontecendo, para ela rastrear seus cheiros. ㅡ A mulher apontou para seu filhotinho.

Calista ficou com mais medo ainda e ela podia jurar que ouvia seu coração batendo em seus tímpanos, e quis segurar a mão de Percy, mas quando foi fazer isso, para sua surpresa, Channel mordeu seu dedo.

ㅡ Ai! ㅡ Ela disse baixinho, vendo o sangue rubro escorrer da palma de sua mão que começou a doer no mesmo instante, não era um corte pequeno, Channel a mordeu para valer com seus dentes afiados.

Percy notou e preocupado com Calista jogou Channel no chão, a gata miou alto, mas Percy não estava preocupado com ela. Ele pegou a mão de Calista em suas mãos para ver o machucado sendo que o maior dos problemas deles nem de longe era isso, enquanto isso, Equidna continuava falando com um sorriso de satisfação e a caixa de seu cachorro se abria sozinha:

ㅡ Isso tudo é para que ela aprenda e cresça. Porque é isso mesmo que uma boa mãe faz para o seus filhos... Não que vocês saibam disso.

Calista prendeu a respiração e sentiu que iria vomitar, estava indo tão devagar que era torturante. Mas então, a caixa estava finalmente aberta e um silêncio mortal fez todos prenderem suas respirações.

ㅡ É melhor vocês correrem agora. ㅡ Assim que Equidna disse essas palavras com um sorriso inocente, da caixa saiu uma calda escamosa afiada que desviou de Calista - ela também se pressionou no banco, com medo no olhar - e acertou o ombro de Percy em cheio, Annabeth foi rápida o suficiente para com sua adaga atacar o monstro logo depois, salvando Percy.

ㅡ Corram! ㅡ Gritou ela aos amigos, segurando o monstro como podia. Eles não pensaram duas vezes e saíram correndo pelo vagão, Annabeth estava logo atrás.

Calista tentou voltar porque se lembrou que esqueceu Channel, mas Percy agarrou o pulso dela e puxou com ele, não deixando ela parar de correr e voltar para trás.

O trem balançava e se mexia o que dificultava para eles correrem, os passageiros comuns não entendiam porque isso estava acontecendo, pensavam que tinha haver com algum pequeno terremoto ou problema no trem.

Para eles, eram apenas policiais idiotas que começaram a perseguir e que não conseguia pegar pequenas crianças, e um chihuahua fofinho correndo atrás deles animado.

Annabeth com sua astúcia, trancou a porta para retardar os policiais. E Grover aproveitou para averiguar o ferimento de Percy.

ㅡ Percy! ㅡ Disse ele preocupado, suas mãos pegando da roupa do loiro um espinho. Calista ainda estava em choque processando tudo o que tinha acontecido.

ㅡ O que é isso? É grave? ㅡ Ela perguntou, sua mão ardia pela mordida que Channel lhe deu, mas adrenalina era tanto que ela nem se importava e o caso de Percy parecia mais preocupante.

ㅡ O que é isso? ㅡ Perguntou Percy ofegante.

ㅡ Um espinho! ㅡ Annabeth disse de voltando para eles, os policiais ainda gritavam para eles abrir a porta deixando tudo mais tenso.
ㅡ Grover sabe que tipo de monstro tem um desse?

Grover olhava mais atentamente ao espinho, não podia ser o que ele achava que era.

ㅡ Acha que esse espinho é venenoso? ㅡ Questionou Percy, segurando seu ombro que começava a dar pequenas pontadas de dor.

ㅡ Eu não sei. ㅡ Annabeth falou ainda mais preocupada e nesse momento as luzes piscaram e vagão tremeu de novo, Calista se apoiou na parede e passou as mãos no cabelo, precisava se acalmar, mas não adiantava muito com as portas simplesmente aparentemente quebrando-se sozinhas.

ㅡ A gente tem que ir! ㅡ O Sátiro ordenou se movendo e ninguém o contestou, não queria ver o que era o que estava os perseguindo.

Para sorte - ou azar - deles, o trem parou instantes depois devido ao balançar suspeito, como estavam indo no vagão final, não foi difícil para eles saírem do trem sem serem vistos pela parte de trás.

ㅡ Por que ela não 'ta atrás da gente? ㅡ Percy questionou, esperando que a qualquer momento o monstro que os perseguia saísse do trem para os atacar.

ㅡ Seja lá o quê esse animal for, a Equidna disse que ainda é um filhote, então não vai muito longe da mãe dela. ㅡ A Chase disse. ㅡ Está aprendendo a caçar. E essa parece que é a parte da caça.

ㅡ A não, me recuso a morrer hoje, não estou vestida adequadamente! ㅡ Calista disse um tanto quanto dramática, esse animal realmente estava a assustando e agora eles eram o lanchinho dela.

ㅡ Acho que se você morrer sua roupa não vai importar muito... ㅡ Disse Percy querendo acalmar ela, ele se aproximou e segurou os braços dela, a olhando nos olhos. ㅡ E eu não vou deixar você morrer. Tudo bem?

Calista queria balbuciar qualquer coisa, mas toda a situação e o jeito que Percy olhava para a deixava como se fosse um computador com pani no sistema.

Os olhos dele eram lindos a luz dia, e só de pensar isso Calista quis se socar.

ㅡ Só vai proteger ela? ㅡ Annabeth perguntou com um sorrisinho malicioso e Percy soltou Calista, virando-se para Annabeth e dando de ombros, o olhar de Annabeth o fez sentir suas bochechas queimando.

Enquanto isso, Calista estava apenas em silêncio encarando o chão, Annabeth foi ao seu lado e segurou a mão dela, dando o apoio silencioso que ela precisava.

ㅡ Bem, claro que não, nenhum de nós vai morrer e vamos todos se proteger, certo? Vamos logo. ㅡ O loiro disse coçando a garganta e levantando o queixo, não esperando a resposta de ninguém, Percy seguiu o caminho, sem saber que era na direção oposta que estava seguindo.

ㅡ Ah... Percy. ㅡ Grover o chamou.

ㅡ Que foi?

ㅡ É para o outro lado que temos que ir. ㅡ Avisou Grover rindo baixo da distração do amigo, Percy girou os pés e respirou fundo, apontando para a direção certa.

ㅡ Para lá, eu sempre soube. Estava apenas te testando, Grover. Agora vamos.

E assim eles foram, Percy deixou Grover liderar o caminho porque ele mesmo não sabia de nada a partir dali. A melhor escolha para eles naquele momento era ir até um Templo de Atena, que por pura sorte, estava localizado no destino atual deles: a cidade de Saint Louis.

ㅡ Ele tem mais de 1,90 metros de altura e largura e ambos os lados são muito precisos. Ele não tem suporte interno e cada lado está perfeitamente equilibrado, o arco é segurado pela simetria. É segurado pela matemática.ㅡ Annabeth informava, enquanto eles estavam entrando no templo, passando pelo pátio onde estava lotado de pessoas que visitavam o lugar, o dia estava ensolarado.

E o arco simétrico e gigante estava sobre a construção, era a grande atração do lugar e segundo Annabeth tinha sido feito para adorar sua mãe.

ㅡ E é a prova de terremotos, para Poseidon não destruir. ㅡ Annabeth complementou, guiando os amigos. ㅡ É assim que se mostra o amor pela Atena, um monumento do poder da perfeição.

ㅡ Legal.

ㅡ É um monumento de outras coisas também... ㅡ Naquele momento o templo era um museu de animais extintos, seus ossos ficavam em exposição para os humanos ficarem olhando e admirando.

ㅡ Você tá falando do que os humanos pensam que é, eu estou falando do que esse lugar realmente é. ㅡ Annabeth disse com firmeza, Grover ainda não estava convencido com isso, e odiava como o lugar estava tratando os seres da natureza que deveriam descansar em paz.

ㅡ Tanto faz. ㅡ Mormurou ele. ㅡ A gente tá seguro aqui, né?

ㅡ Nenhum monstro pode entrar, nem mesmo a Equidna. Tá seguro.

ㅡ Ótimo. Tá bom. ㅡ O sátiro disse, se virando para os amigos. ㅡ Já que o nosso trem explodiu, eu vou atrás de outras passagens para a gente. Não dá para ficar aqui para sempre... ㅡ Ele ficou um segundo em silêncio, Calista percebeu o desconforto de Grover e entendia porque ele queria mais que qualquer um sair logo dali. ㅡ A gente já é a presa, não precisamos ficar indefesos também.

Grover se retirou, deixando os três semideuses sozinhos, o clima entre eles depois disso ficou meio pesado e Percy foi falar pelo amigo:

ㅡ Ele não gosta quando as pessoas mexem com os animais.

ㅡ É, Eu sei... Eu só... Não quis dizer assim... Eu sei. ㅡ Annabeth sussurrou sentindo-se mal por ter chateado Grover, mesmo que ela não tivesse culpa de nada.

ㅡ Tudo bem, Annie. Entendemos, não é sua culpa o que fizeram aqui. Tenho certeza que Grover não está chateado com você. ㅡ Calista a confortou, sorrindo terna para ela.

ㅡ Acho que vou falar com ele. ㅡ A filha de Atena declarou, e determinada se enfiou entre os estudantes a procura de Grover para se desculpar de mesmo que sem querer, ter o chateado.

Quando percebeu isso, Calista se amaldiçoou baixinho por ter surtado antes no ataque de Equidna, a vergonha enchendo ela da cabeça aos pés.

ㅡ Como está sua mão? ㅡ Perguntou Percy, dando dois passos mais perto de Calista e apontando com a mão dele, a dela, ela nem percebeu que acariciava onde Channel tinha a mordido. E falando nisso, ela se lembrou que a deixou para trás, parte dela se culpava, no entanto sabia que ela saberia se cuidar sozinha.

Se duvidar, Channel era mais esperta que todos os quatro juntos.

ㅡ Bem, quero dizer, arde um pouco, mas estou bem. ㅡ Ela garantiu vendo dois pontinhos avermelhados profundos em sua palma, Channel não tinha mordido para brincar.

ㅡ Você tem que cuidar disso, pode infeccionar. ㅡ Disse o loiro sério, olhando ela com preocupação, sem esperar uma reposta dela, ele pegou na mão dela na sua e passou seus dedos com a outra mão sobre o machucado, Calista por sua vez sentia seu coração bater cada vez mais acelerado perto dele.

ㅡ Não é nada com que se preocupar, sério, Percy. ㅡ Ela riu baixo, tentando puxar a mão, mas ele a segurou, não convencido, o que a fez revirar os olhos. ㅡ É sério, Jackson. Você foi atacado por um bicho que nem sabemos qual é e está preocupado com minha mordida de gato?

ㅡ Estou. ㅡ Ele disse sorrindo para ela. ㅡ Nem estou tão mal assim. ㅡ Continuou, dando de ombros. ㅡ Mas sério, é bom cuidar disso, vai que sua gata tem raiva.

ㅡ Gatos não pegam raiva, bobo. ㅡ Calista afirmou, mesmo que não tivesse certeza disso. Mas até onde ela sabia, apenas cachorros pegavam essa doença.

Quando estivesse com seu celular de novo, fez uma nota mental para pesquisar isso.

ㅡ Você tem raiva, então sim, acho que gatas pegam raiva. ㅡ Percy flertou com ela descaradamente e Calista, novamente, corou e riu baixo, ele foi criativo.

ㅡ Você precisa de cantadas melhores, Jackson. ㅡ Ela disse fingindo que não estava afetada por isso, que seu coração bobo não acelerou pelo elogio dele.

ㅡ Nah, eu acho que funcionou. Você corou. ㅡ Apontou o garoto, com um sorriso pequeno e convencido.

ㅡ Está calor, você está vendo coisas, Percy. Não tem nada a ver com você. ㅡ Calista se defendeu, o rubor ficando mais forte. Deuses, por que com ele, ela era um livro aberto?

Percy deu uma risadinha, ela era adorável. Como ele não se apaixonaria por ela? Era uma missão impossível.

ㅡ Por que você invés de falar essas coisas não vai falar com seu pai? Aqui é o lugar perfeito. ㅡ Ela disse bufando, cruzando os braços. Tentando se manter firme.

ㅡ Prefiro te irritar, Esquentadinha. ㅡ Ele usou de novo o apelido, e ela inclinou a cabeça olhando nos olhos dele, sem conseguir desviar o olhar por um tempo.

Ela estava sendo tão burra, se apaixonando pelo garoto que ela mesma encantou.

ㅡ Percy, estou falando sério. É uma chance que você não pode perder.

ㅡ Eu também. Conversar com você vale muito a pena do falar com ele. ㅡ Ele deu de ombros, sem dúvidas em suas palavras. ㅡ Você, Annabeth e Grover fizeram mais por mim do que ele na minha vida toda.

A filha de Afrodite suavizou olhando ele com tristeza, em parte entendia o que ele estava dizendo. Mas queria que ele usasse essa chance que tinha para falar com seu pai, ele tinha grandes chances de se arrepender depois.

ㅡ Percy... ㅡ Ela se aproximou mais dele para o tocar, e antes que chegasse perto dele de novo, ela viu as pernas dele tremendo e ele fraquejando. Ela foi mais rápida e o segurou pela cintura dele, o apoiando, ele passou um dos braços pelos ombros dela. ㅡ Percy! Não morra!

ㅡ Não pretendo, mas não é como se eu tiver escolha, Lissy...

ㅡ O que aconteceu?! ㅡ Annabeth e Grover voltaram, olhando Percy preocupados, rapidamente foram até eles.

ㅡ Acho que é o espinho... ㅡ O garoto loiro sussurrou, a respiração ficando mais pesada.

ㅡ Eu tenho uma idéia! ㅡ Annabeth afirmou pensando rápido e olhando Grover, enquanto Calista tinha seus olhos sobre Percy com pura preocupação e o ajudava se manter de pé.

ㅡ Tá bom... ㅡ Os três seguraram Percy e começaram a seguir o plano de Annabeth, fora do Templo, havia uma fonte com água.

Percy era filho de Poseidon. Claramente estava envenenado. A água deveria curar ele.

Eles jogaram Percy na água, Calista, no entanto, se afastou quando isso aconteceu, não querendo molhar sua roupa. Ela ficou apenas observando Annabeth e Grover darem um banho em Percy como se fosse um bebê. Se a situação não fosse crítica, e a água não estivesse não o curando, seria engraçado.

Mas ela está cada vez mais preocupada.

ㅡA água curou você lá no acampamento, deve funcionar aqui também. ㅡ Disse Annabeth, Grover já não estava tão confiante quanto ela.

ㅡ Não tá funcionando... Uma ótima ideia. ㅡ Percy sibilou com sarcasmo, deixando todos angustiados.

ㅡ Tenta falar com seu pai! ㅡ Calista sugeriu, se abraçando enquanto os observava, a fala dela fez Percy revirar seus olhos azuis. Se ele quisesse realmente o ajudar, já teria feito isso.

ㅡ Eu acho que tem que ser água natural... ㅡ Annabeth explicava, mas foi interrompida quando um alto barulho de carro soou atrás deles. Calista se virou assustada, vendo carros sendo batidos uns contra os outros por uma força invisível e os gritos das pessoas ficando mais altos.

ㅡ Puta merda, nós temos que sair daqui agora! ㅡ Disse ela em desespero. Mas Percy ainda estava em estado crítico.

ㅡ A gente tem que continuar tentando! ㅡ Gritou Grover.

Mas Annabeth estava firme em sua nova ideia: levar Percy até o altar dentro do templo e eles pedirem ajuda a Atena.

Todos trocaram olhares tensos.

ㅡ Achei que a gente não pedia ajuda... ㅡ Percy disse, confuso. Porém, eles não tinham tempo para dúvidas, Equidna vinha lentamente na direção deles.

ㅡ Vamos! ㅡ Annabeth ordenou, ela e Grover o puxando o filho de Poseidon, cada um pelo seu antebraço, Percy cambaleou saindo com Grover na frente, Calista estava logo atrás com Annabeth.

ㅡ Gente... Ouviram isso? ㅡ Ela questionou ao escutar um som suspeito, Calista franziu a testa e negou junto com os outros. ㅡ Deixa pra lá.

Eles correram para dentro do Templo, empurrando as pessoas, entraram em uma pequena cápsula que levava ao topo do lugar.

ㅡ O que foi aquilo? O que você ouviu? Ela falou com você? ㅡ O loiro indagou, percebendo a expressão preocupada de Annabeth. ㅡ Alecto fez isso comigo no museu de Nova York, o que ela disse?!

Antes que Annabeth respondesse, a porta da cápsula se fechou, mas não sem antes Calista conseguir vislumbrar a mulher e uma grande sombra a seguindo. Eles estavam ferrados.

ㅡ Aquilo era a Quimera? ㅡ Grover perguntou, sua voz trêmula e fina pelo medo. ㅡ Eu acho que era a Quimera! Como a Quimera entrou aqui dentro? A gente tá num santuário!

Percy encarava Annabeth, as peças se juntando em sua cabeça. Ele trocou um olhar com Calista que estava sentada na frente dele e ao lado de Annabeth.

ㅡ Annabeth. ㅡ Ele disse um pouco irritado.

ㅡ Atena teria que deixar ela entrar... Por que ela faria isso?! ㅡ Grover dizia em desespero.

ㅡ Não é culpa dela. ㅡ Calista engoliu em seco, encarando Percy de volta, ele insistia que Annabeth olhasse para ele.

ㅡ Não disse que é, mas a Equidna disse alguma coisa pra ela. ㅡ Ele disse olhando Calista, seus olhos depois se movendo para Annabeth. ㅡ O que ela disse pra você?

Annabeth respirou fundo, irritada consigo mesma.

ㅡ Ela disse que minha impertinência irritou o orgulho da minha mãe, e que isso será a minha ruína.

O coração de Calista gelou ao escutar as palavras da amiga, e logo apertou a mão dela na sua. Atena não iria ajudar eles, eles estavam por si só agora. Sempre estiveram. Calista pensou em Afrodite, ela nunca escutava as orações dela. Ela só conseguia falar com ela por sonhos. Dificilmente ela os ajudaria.

ㅡ Impertinência? Que tipo de impertinência... A cabeça da Medusa.ㅡ Percy parou de falar, se dando conta das transgressões que eles cometeram durante toda a viagem, a da Medusa aparentemente sendo a pior. Ele, sendo um filho de Poseidon, estar naquele Templo de Atena, já era uma impertinência por si só.

ㅡ Envergonhei minha mãe.

ㅡ Mas... Fui eu que enviei a cabeça dela para o Olímpo, eu até assinei, mandei um bilhetinho! ㅡ O garoto respirou fundo, frustado. Deuses eram confusos demais para ele. Calista matou, ele enviou. E Annabeth levava a culpa? Qual a lógica disso?

ㅡ E eu concordei com isso! ㅡ Retrucou Annabeth. ㅡ Envergonhei ela. Agora ela está brava.

ㅡ Gente... O que vamos fazer? ㅡ Perguntou o sátiro, olhando Calista que deu de ombros, sem saber também, eles não podiam lutar contra uma Quimera e a própria Equidna. Annabeth virou a cabeça, resignada.

ㅡ Ela não vai nos ajudar a salvar o Percy.

ㅡ Pera aí, o que a gente vai fazer com a Equidna e a Quimera? Elas vão estar bem atrás da gente!

A cápsula chegou no último andar, Percy foi segurado por Grover já que a cada minuto ficava mais fraco, Calista seguiu Annabeth, procurando alguma solução em sua cabeça. Mas estava em branco. Ela não conseguia pensar em nada para os ajudar - além de sua espada - e para ela tirar de sua bolsa.

ㅡ Não temos muito tempo, elas vão estar aqui a qualquer momento e se minha mãe não for nos proteger. Vamos ter que lutar aqui em cima.

ㅡ E só melhora... ㅡ Calista sussurrou com sarcasmo, preparando seu coração. Uma coisa era ela lutar contra alguns campistas, ela não era a melhor espadachim, mas dava seu jeito. Agora contra monstros assim? Ela só sabia correr, mas como ela ia correr no ar?

Para piorar, o último andar do Templo estava repleto de visitantes que se não saíssem logo dali, seriam lanche de Quimera.

ㅡ Ah, não, temos que tirar todos daqui! ㅡ Grover disse com urgência. Calista pensou rápido e procurou pelo lugar um botão de emergência, ela achou e logo foi até ele, o apertando, logo todos foram saindo rapidamente com medo.

ㅡ Vocês vão com eles. ㅡ Ordenou Annabeth aos amigos.

ㅡ Não!

ㅡ Nem pensar!

ㅡ Não vamos te deixar!

Percy, Calista e Grover disseram em uníssono, sem chances de deixar ela para trás. Eles começaram a andar, Annabeth irredutível sobre seu plano suicida.

ㅡ A gente não vai conseguir, a Quimera mata semideuses, um de nós tem que ficar para os outros fugirem!

ㅡ Se você ficar, eu fico. ㅡ A Marin declarou com firmeza, segurando o braço de Annabeth e logo tirando de sua bolsa seu batom especial. Percy direcionou seu olhar cansado a ela na hora, desespero em seus olhos azuis.

ㅡ Nenhuma de vocês fica. Você principalmente!

ㅡ Você não manda na gente. E você é o que está em pior estado, não tem lugar de fala. ㅡ Calista declarou.

ㅡ Você vai com eles, Cali. ㅡ Annabeth a empurrou gentilmente para a porta de emergência junto com os dois garotos. Calista tentou protestar, mas Annabeth a calou. ㅡ Eu fico contra a Quimera, com Percy debilitado, ele precisa de um semideus, de uma semideusa, para o ajudar. Só o Grover não vai conseguir.

Calista cerrou os punhos, a ideia de deixar ela para trás a fez querer chorar. Mas ela sabia que ela estava certa.

ㅡ Annie...

Annabeth sorriu fraco, olhando cada um deles com carinho. Como se fosse uma despedida, isso destruiu o coração da amiga.

ㅡ Vão, não parem até descer e conseguirem o Raio. Vão! ㅡ Ela ia fechar a porta, mas foi impedido por Percy que sacou sua espada caneta e a estendeu para ela.

ㅡ Fica com isso. ㅡ Quando Annabeth pegou no cabo da espada, ele a enganou e a empurrou para dentro em seu lugar, Calista percebendo que ele ia ficar para fora e sozinho, agarrou a camisa verde de flanela dele e o seguiu, quase caindo de joelhos no chão no processo. Percy fechou a porta de metal causando um baque alto, ouvindo Grover e Annabeth chamarem por eles atrás da porta, quando se deu conta que Calista estava com ele, já era tarde demais, e ele sentiu uma pontada de preocupação e culpa em seu peito.

Se algo acontecesse com ela, ele nunca se perdoaria.

ㅡ Por que você fez isso?! ㅡ Ele rosnou ofegante, apoiado na porta. Cada mínimo esforço dele doía todo seu corpo, mas sua preocupação estava nela agora e no fato de que os dois estavam presos prestes a enfrentar a Quimera.

Pelo mesmo motivo que você fez isso! ㅡ Ela gesticulou com as mãos entre eles, o coração dela estava tão acelerado que ela sentia que poderia explodir. Calista nem pensou, a adrenalina estava em todo seu corpo, quando viu que ele ia sair, foi junto. ㅡ Você é o que está em pior estado entre nós, achou mesmo que eu ia te deixar sozinho?!

ㅡ E você diz que me odeia. ㅡ Ele debochou, revirando os olhos azuis para ela. ㅡ Eu sei me cuidar sozinho!

ㅡ Estou vendo. Você se vira tão bem sozinho e é por isso que está parecendo um espantalho caquético, certo? ㅡ Ela debochou de volta com irritação em seus olhos, ela estava fazendo isso por ele e ele não podia simplesmente agradecer?

ㅡ Bem, princesa, alguns de nós tem coisas mais importantes pra se preocupar do que com roupas e sapatos, a maioria das pessoas não são fúteis como você. ㅡ Ai, aquilo doeu nela. Ele estava falando como todo mundo agora. ㅡ Desculpe se não estou do seu agrado depois de ser envenenado e jogado em uma fonte! ㅡ Ele retrucou, as emoções tão a flor da pele que ele nem pensou no que disse. Apenas saiu da boca dele e no minuto seguinte ele se arrependeu.

Ela o empurrou contra a porta de metal sem pensar, não foi forte o suficiente para o machucar, mas para o deixar atordoado e soltar um gemido de surpresa. Calista olhou nos olhos dele com uma raiva que só ele despertava do interior dela, ela sentiu o peito dele acelerar como um Porsche contra sua palma e afastou a mão, piscando, confusa consigo mesma. Com ele. Com a proximidade deles. ㅡ Só... Para de reclamar, está feito Percy. Brigar comigo não vai adiantar nad...

Calista nem terminou sua frase, atrás dela o monstro gigante rosnou e mostrou sua forma horrenda, a Névoa não o escondia mais. Sua nuca se arrepiou e Percy a puxou para trás dele, sua espada em mãos. Ela o empurrou e ficou ao lado dele, fazendo seu batom virar Heartbreaker. Encarando a besta também. Eles iam fazer isso juntos e ela não aceitava que ele a tratasse sempre como uma dama indefesa, não quando agora ele estava sendo uma dama indefesa.

ㅡ Você pode parar de ser tão teimosa por um minuto? ㅡ Ele sussurrou para ela, sem fazer movimentos bruscos para não instigar Quimera a atacar. Ao mesmo tempo que estava irritado com essa atitude dela de não deixar ele a proteger, ele estava admirado. Ela era leal, corajosa e linda.

ㅡ Qual seria a graça disso tudo se eu não fosse? ㅡ Ela retrucou, sorrindo de lado e o olhando de soslaio, Percy soltou uma risadinha rouca, seu peito doendo com o esforço apenas de rir, mas ele não conseguia evitar com ela.

Tem razão, é parte do seu charme.

Toda a maldita selva dançou no estômago de Calista e ela rolou os olhos, fingindo - para variar - que não se importava.

ㅡ Deuses, você está morrendo, se preocupe com isso.

A resposta dela deixou Percy mais orgulhoso de si mesmo. Ele sabia que a afetava. Ela poderia se fazer de durona sempre que quisesse, mas ele quebrava as barreiras dela com esforço, não importa quantas vezes ela fosse colocar em volta de si mesma. Ele teria o prazer de mostrar que ele seria diferente por ela.

ㅡ Estar morrendo não significa que eu tenha que ser mentiroso. ㅡ Ele sussurrou de volta para ela, e Calista riu baixo, negando com a cabeça, ele era impossível demais.

Equidna, que estava logo atrás de sua filha, os olhou com maldade.

ㅡ Vocês são fofos juntos... Uma pena que terão que morrer... ㅡ Ela sibilou como uma cobra. Sem nenhum remorso na voz.

ㅡ Não seremos nós que vamos morrer hoje. ㅡ A voz de Calista saiu sem medo, ela apertou mais firme sua espada em sua mão e apontou para a mulher.

ㅡ É o fim de vocês, docinhos. Não lutem, só vai ser pior para vocês.

O monstro se aproximou deles, ele tinha chifres enormes, era uma abominação, vários bichos diferentes fundidos nessa besta. Percy deu um passo à frente e passou a espada no que deveria ser uma das canelas da Quimera, sangue espirrou em Calista fazendo a gritar do fundo de sua garganta em horror, sua coragem indo embora no mesmo instante que Percy foi jogado contra a parede pelo monstro.

ㅡ Percy! Se levanta! ㅡ Ela correu até o lado dele e o ajudou a se levantar, Quimera os fitava com seus olhos famintos como se eles fossem pulgas prontas para ele esmagar, ela abriu a boca e cuspiu fogo neles, mas percebendo seu movimento, Calista tirou de sua bolsa um escudo grande e os protegeu.

Enquanto o monstro se recuperava, ela jogou o escudo no chão e puxou Percy mais para trás, o fogo ia se espalhando pelo local e para piorar tudo. Em um movimento de mão, Equidna abriu um buraco no chão com seu poder.

ㅡ Ah, Deuses! ㅡ Os olhos de Calista se arregalaram em puro espanto, ela quase se desequilibrou no buraco de tão rápido que foi aberto. Mas Percy a segurou pela cintura e a impediu de morrer.

A Quimera andou novamente na direção deles, Percy determinado a proteger Calista, rapidamente atacou a fera, só para levar uma chifrada certeira e rolar para o buraco. Calista gritou de novo, tudo o que ela pode fazer foi olhar, sua voz rouca e seus olhos azuis se enchendo de lágrimas, Quimera com seu rabo gigante e forte a empurrou também para o abismo do buraco, a espada dela voou também. Ela fechou os olhos, iria ser seu fim.

Ela ia morrer e ser espatifada no chão como uma batata. Era assim que Calista Marin ia morrer? O que iam dizer sobre ela? Que ela era fútil e mesquinha, burra, ou corajosa e honrada?

Ela pensou em como seu pai e seu avô ficaram desolados, mas e sua mãe...? Ela faria alguma coisa para impedir ou honrar a morte precoce dela?

Muitos pensamentos passaram pela cabeça dela em 3 segundos. Ela focou no lado bom, no seu lado otimista e bem superficial, pelo menos... Ela morreria jovem e bonita.

Jovem e bonita para sempre. Seria uma morte trágica e memorável.

A respiração dela estava presa na garganta quando ela sentiu as pernas flutuando, por um momento, ela pensou que podia voar, que tinha poderes novos... Mas então, sentiu a mão quente e suada de Percy a segurando com força pelo pulso. Tão real. Ele estava lá. Vivo. E ele a segurou como se sua vida dependesse disso.

Eu peguei você. ㅡ A outra mão dele estava se segurando numa parte do chão, o esforço dele era evidente em seu corpo, as veias marcadas em sua testa. Mas ele morreria primeiro antes de a soltar. Todo o corpo dele doía. Mas em hipótese alguma ela morreria enquanto ele respirasse. ㅡ Não vou te soltar. Nunca.

Calista agarrou a manga blusa dele com seus dedos, olhando nos olhos dele, desespero, agradecimento e preocupação brilhavam nos olhos azulados e lacrimejantes dela. Ela estava morrendo de medo de morrer, não conseguia nem olhar para baixo.

Percy... Não vamos sair daqui! ㅡ Ela afirmou, a voz trêmula e chorosa. Mamãe, me ajude!, ela pensava em sua mente, mas apenas o uivo do vento era sua resposta. A realidade da situação fez ela considerar uma situação drasticamente. ㅡ Você não vai sair daqui comigo...

ㅡ Sim, eu vou! ㅡ Rosnou o garoto, ele sentia a cada milissegundo o pulso magro dela escapando de sua mão, ele apertou o mais forte que pode, ouviu ela gemendo de dor e se amaldiçoou por isso, não queria a machucar, mas era necessário, ele faria o necessário para não perde-la, mas ele sentia suas forças indo embora. E isso o apavorava mais do que a ideia dele mesmo morrer ao atingir o chão. Ele fez força para voltar para cima, mas era impossível, seus músculos se contraíram de dor, seu ombro estava pesado, o veneno estava ainda no corpo dele. A fadiga estava vencendo.

Talvez eles tivessem uma chance se Percy não estivesse envenenado.

Talvez.

ㅡ Tão injusto... Você nunca teve chance, não é. ㅡ Equidna afirmou ao se aproximar da borda e observar a determinação de Percy de não cair e principalmente de não soltar o pulso de Calista. ㅡ Quem dera alguém se importar o suficiente para te oferecer um lar...

Enquanto ela falava, os dedos suados de Percy que seguravam a borda, um por um, foram se soltando. Calista sabia que ele não ia conseguir se segurar muito tempo com ela agarrada nele, eles não iam conseguir e se eles caíssem separados, a chance de sobreviver era muito maior na cabeça dela, ela soltou a manga da camisa dele e balançou as pernas, Percy sentiu o pulso dela em sua mão, ele acelerado como nunca, ele rosnou a olhando com pesar, Calista sorriu fraco e puxou o pulso dos dedos dele com uma força que nem ela sabia que tinha, e ela caiu primeiro, fechando os olhos e a boca. Não gritando, ela estava apenas aceitando a sua morte. Em meio esse caos, a pressão foi tanta que ela desmaiou, e seu corpo ficou mole caindo em queda livre.

Percy ficou transtornado, e ele se jogou junto no mesmo segundo, ele mesmo que soltou a borda, por ela, ela não podia morrer na frente dele. Tinha tantas e tantas coisas que ele queria fazer com ela. Tantos sonhos. Ela tinha um futuro brilhante pela frente para morrer desse jeito cruel.

Ele tentou sem sucesso de alguma forma agarrar qualquer parte dela enquanto a via despencar na sua frente, poucos metros de distância. Ele se esticou, estava quase tocando uma mão dela quando uma tromba d'água surgiu e a envolveu por inteiro, tirando a de seu alcance, como se ela fosse comida em um tubo. O coração dele pulou. Percy não teve tempo de ficar surpreso, outra tromba d'água fez o mesmo com ele.

Tudo ficou escuro e, cinco segundos depois, ele abriu os olhos na água suja e verde do rio. Mas sua Calista não estava do seu lado. E seu pé preso em um coral, ele ficou ainda mais desesperado, a água infiltrando e queimando seus pulmões pelo nariz, mesmo que ele estivesse segurando a respiração.

ㅡ Você está com medo... ㅡ Uma voz serena e clama soou ao longe, parecia a de sua mãe, Percy com dificuldades, forçando sua vista, enxergou uma luz branca na água de onde parecia vir o som. ㅡ Tá tudo bem, Percy... O seu pai me enviou para dizer que está tudo bem...

Aos poucos, a voz da mulher foi como um bálsamo para ele. Ele não sabia explicar, mas o desespero estava se esvaziando de seu coração e mente. Ele mexeu os braços tentando soltar o pé preso, por mais que ele quisesse manter a calma, ele nunca poderia estar em paz até ver Calista bem e viva com seus próprios olhos, enquanto a voz mágica continuava falando:

ㅡ Só respire... O seu pai está aqui. Seu pai sempre esteve aqui. Foi muito difícil para ele não interferir... Ver você sofrer. É muito difícil para todos nós... Mas ele está aqui, e ele está muito orgulhoso. Confie nele. ㅡ Percy parou de tentar lutar, olhando a voz. ㅡ Confie nele. Em si mesmo... Só... Respire.

Ele respirou, e saiu nadou para cima rapidamente. Mesmo com a cabeça fora da água, ele se sentia sem ar, sem coração.

Onde sua Lissy se encontrava?


( one ) Quem é vivo sempre aparece né? Como vocês estão? Enfim, gente, perdão pelo sumiço, realmente não sei o que deu em mim, eu acabei trocando de celular e tava super animada pra escrever e depois simplesmente passou?? (Mal de libriana) KKKKK Enchanted tava literalmente no auge, mesmo eu não atualizando pegou +20k de visu, e agora tá indo pra quase 60k ao todo. Peço desculpas pela demora para postar, e muito obrigada pelo amor e carinho que vocês me deram e deram para a estória em si, eu li cada comentário, sério gente, amo vocês de coração. Não irei prometer quando vira o próximo capítulo, eu sou de lua como já deu pra perceber, fiquei 7 meses empacada nesse capítulo e, em quatro/cinco horas, terminei ele inteiro, mas espero que não desistam de mim e da Lissy e do Percy (criem nomes para o ship deles)🫦

( two ) Capítulo revisado, mas por ser muito longo, pode ter erros, perdão por eles. Curiosidade: simplesmente surtei hoje, do nada meus babys vieram na minha mente, liguei a tv que agora tem Disney pirateada e decici escrever, to desde a seis da tarde neles, e eu AMEI esse capítulo, espero que tenham amado também<33

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