Cap.44 Verdade amarga
Pré-revisado
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Verdade Amaga
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Por Mirai,
De todos as coisas que se passaram na minha cabeça essa nem de longe era uma delas. Depois que saímos do circo June me deixou dormir a vontade afinal de contas além de alimentarmos as crianças do local ajudamos os "meta-humanos" a arrumar a sujeira, ficamos em um hotel mediano para não levantar suspeitas e o local é bem aconchegante e agora são exatas quinze horas e resolvi ligar a tv por quê? Eu não sei, talvez o tédio ou o fato de não ter nada nesse quarto para se fazer no momento e em todos os canais só se fala da queda de Overhaul e em como os heróis obtiveram sucesso no resgate de uma garotinha, havia um outro senhor sendo levado em uma maca, mas não faço ideia de quem seja e o que me surpreende de verdade é o fato da garotinha ter passado por tudo isso e em como não notei nada. Será que sou desligada a esse pontou ou o meu mecanismo de defesa foi completamente falho? Já que exigi não saber demais e agora sinto uma certa repulsa por não ter feito nada. Respirei pesado fechando meus olhos de certa forma aliviada já que tudo acabou e espero nunca mais ver o Chisaki na minha vida, pois mesmo que ele tenha me tratado bem ferir uma criancinha é demais para mim, pode parecer hipocrisia já que estou dentro dessa loucura de vilania, mas espero que Shigaraki nunca cometa esse mesmo erro e parando para pensar nele só me recordo da nossa última discussão e em como eu não queria ter passado por aquilo, estava tudo tão... Bem, tive um aniversário maravilhoso onde tivemos bons momentos juntos para depois se romper por conta de uma suposição e se eu disser que não estou magoada é mentira, mesmo seguindo em frente tudo o que eu queria é que Tomura entendesse que as pessoas próximas a si não são descartáveis principalmente quando há sentimentos envolvidos e duvido muito que me apaixonei sozinha.
Abracei meus joelhos recordando de tudo o que fiz, desde o momento em que nos beijamos a toda as confusões que me meti, minha mente tem se embaralhado com facilidade como se tudo fosse se resolver com uma única solução e não paro de me perguntar até que ponto eu estou convencida de que esse é o meu caminho, até que ponto estou disposta a ignorar tudo o que me aflige e me machuca para continuar servindo aos objetivos dele e onde isso irá me levar. Suspirei e continuei encarando a tv sem prestar atenção, só queria esquecer tudo, apagar da minha mente quaisquer vestígios do Tomura e segui em frente, senti algo quente pingar no meu punho e pisquei atordoada levei a ponta dos meus dedos ao meu rosto sentindo-o úmido e só então me dei conta de que estou chorando trazendo á tona o que tanto evitei.
— Mirai— A voz de June me assustou, nem percebi que havia voltado para o hotel, olhei para minha amiga sorrindo sem vontade e ela se aproximou me abraçando.
— Acho que aceito o seu ombro agora. — Sussurrei sentindo os dedos dela em meu couro cabeludo em um cafuné mínimo e acolhedor como se procurasse dizer com seus toques que não tinha problema algum em eu estar tão confusa.
Off
Por Shigaraki,
As cápsulas estavam em minhas mãos enquanto eu rodava entre os dedos me recordei da cara de pavor daquele maldito e em como isso me satisfez, não deveria ter me subestimado ou ido contra a liga e agora não fará mais nada.
— O que faremos agora? — Toga perguntou curiosa e fechei a caixa com as cápsulas deixando sobre o balcão.
— Vamos deixá-los em paz. — Minha reposta fez com que todos me encarassem e bebi um pouco d'água. — Eles baixarão a guarda e aí atacamos como se a liga fosse sumir por um tempo, vamos dar a vantagem a eles. — Ri, meus planos iam muito além. — Enquanto isso continuaremos trabalhando.
— Eu gosto desse plano. — Compress mencionou.
— Mas precisamos de grana pra movimentar o mercado sem sermos vistos. — Spinner concluiu.
— Ah isso é com o caixa da liga e por falar nela... — Dabi Ironizou me olhando, esse desgraçado ainda vai me fazer perder a paciência.
— Boa observação chamuscado. Shigaraki cadê a sua garota? Será que ela fugiu? Tomara! — Ignorei completamente as palavras de Twice bebendo a minha água sentindo cada vez mais amarga.
— Bem lembrado ela não estava na mansão e nem nos túneis. — Eu sabia que se não falasse algo continuariam nesse assunto até saturar.
— Ela está com o portal inferior. Agora aproveitem o restante do dia e não encham o meu saco. — Me levantei deixando o copo para trás fui até o quarto e liguei o vídeo game, no fim das contas ainda é o melhor passatempos, da menos trabalho e não tem sentimentos. Passei a primeira fase tranquilamente e batidas soaram na porta. — Entre — Pronunciei me concentrando na próxima fase.
— Vamos a boate a noite vai vir? — Foi a voz de Dabi que ecoou.
— Não. — O desgraçado adentrou o quarto pegou o outro controle e se conectou no jogo.
— Nem adianta ficar com essa cara, me mandou pra puta que pariu atoa e quase fui preso.
Tive que sorrir.
— Seria um estúpido se tivesse sido pego.
— Idiota. — Começou a jogar, no fim das contas eu estava com raiva. Jogamos por uma hora e nesse meio tempo, meu quarto lotou, Spinner, Toga e Twice se juntaram a nós. — Não ouse sentar aí. — Desviei o olhar para Twice que se aproximou da minha cama.
— A Mi fez milagre nesse lugar. — Toga comentou.
— Sairemos hoje ou não? Vamos e acabou! Não vamos não! — Twice.
— Apenas sumam do meu quarto tenho mais o que fazer. — Vim para o meu quarto no intuito de descansar e é evidente que não conseguirei, por esse motivo levantei e deixei que os desocupados que andam comigo se divertissem, desci as escadas e segui para o saguão observei Kurogiri quieto atrás do balcão e me aproximei. — Vamos dar uma volta.
Creio que essa é a primeira vez que faço isso desde que me entendo por gente, sair de livre e espontânea vontade para andar pela parte da cidade onde sei que os heróis não vão. Adentrei ao mercado devidamente encapuzado e segui até às bebidas, meus cafés estão acabando e sem a diaba aqui para fazer toda a contabilidade e buscar mais, me vejo na obrigação de vir atrás de bebidas. Selecionei uns sete copos de café pronto e uma garrafa de whisky barato paguei tudo e retornei para a rua, Kurogiri havia ficado no beco para não chamar tanta atenção.
— Deveria ir atrás dela.
— Não se meta nos meus assuntos Kurogiri. — Coloquei uma das minhas mãos no bolso do casaco e com a outra continuei segurando a bolsa, lembranças do dia em que acompanhei ao mercado local vieram em minha mente, assim como as recordações do aquário subversivo e para completar aquele maldito sorriso de quem estava feliz demais ao meu lado.
— Está sofrendo atoa Tomura a garota irá te perdoar. — Kurogiri quebrou meus pensamentos com sua afirmação e tudo o que fiz foi continuar ignorando-o e retornar a liga.
Meu quarto estava vazio e nem me dei ao trabalho de por as bebidas na geladeira, deixei a bolsa no balcão e no momento me encontro no banheiro, sim, estou tomando a porra de um banho! Infelizmente aquela maldita me contaminou com certas manias e o banho frio é uma delas, já que o quente irrita ainda mais a minha pele, exceto quando estou com ela já que geralmente não tenho tempo para pensar nisso, minha me te divagou por seu sorriso, aquele jeito doce de me ludibriar e principalmente os sons mais impuros que posso arrancar daqueles lábios com tanta facilidade e de certa forma isso me enfureceu. As emoções desnecessárias que tanto descarto e que agora insistem em ocupar um lugar na minha mente, sem pensar muito encostei os cinco dedos da esquerda no azulejo me afastando quando o piso começou rachar, olhei para minha própria mão e sorri. Foi para isso que fui feito, destruir é o que faço de melhor, me acalma, me enche de satisfação e no fim todas essas emoções somem e volto a ser como um nada, uma folha de papel pronta para ser rabiscada e esse processo se repete todas as vezes, mas agora, algo dentro de mim se recusa a morrer e toda vez que vejo o sorriso dela tatuado nos meus pensamentos sinto uma fúria fora do comum.
Mirai deveria ser apenas minha ferramenta e não uma parte da liga. Meu plano desde o começo era bem simples: corrompê-la ao ponto de perder o controle, se transformando na arma perfeita e quando chegasse o momento eu deveria estar apto para conseguir superar sua individualidade, assim poderia liberá-la perto dos heróis principais enquanto eu os mataria sem esforço algum, porém tudo deu errado. Mirai não só entrou para a liga, como se tornou amiga de Toga e se dá bem com todos e pelos sete infernos ainda permanece ao meu lado, me afrontando na frente de todos mesmo que no fim seja punida, uma mulher insana que adora me provocar e que não sai da minha cabeça e tudo que eu preciso é matar essa sensação quente e ligeiramente aconchegante que está percorrendo cada veia do meu corpo e no momento me fazendo coçar minha pele ao ponto de sangrar.
Off
Ambos ruíam em tempos e de maneiras diferentes, enquanto June levava Mirai de volta para mansão alegando que lá ela teria todos os potes de sorvete do mundo, Shigaraki já vestido se concentrava em catar os cacos dos pisos adjacentes ao que foi desintegrado e o que era para ser um dia de comemoração, para o não casal se tornou uma melodia agonizante de tudo o que sentiam e negavam á expressar. Um sentimento turvo, caótico e que poderia simplesmente ferrar com tudo ou ser absorvido e compreendido como uma parte de si.
A garota nutria através de toda a experiência a confusão entorpecente do primeiro amor e para Shigaraki não era muito diferente só não poderia reconhecer tal sentimento, não quando o que lhe foi apresentado vinha através da dor e tomado por um possível impulso jogou os pedaço que catou para o lado e resolveu sair do quarto. Não se comportaria como uma criança, possuía orgulho, mas a vontade de acabar com uma situação que julgava como cavernosa falava mais alto e de pés descalços alcançou Kurogiri, a sala escureceu e obviamente não gostaria da surpresa que teria.
Mirai agora estava entre as cobertas devorando o terceiro pote de 250g de sorvete de morango, June estava com uma garrafa de vodka do lado e com alguns morangos no pote, a vermelha achou que a amiga desabafaria que choraria as famosas pitangas por horas e ao invés disso enquanto as lágrimas escorriam enchia a boca de sorvete e suspirava.
— Mirai não é assim que desabafa, você precisa falar pra melhorar. — Avisou ouvindo-a fungar e engolir o sorvete com dificuldade.
— A sua presença é tudo o que eu preciso no momento. — Abraçou o pote de sorvete e June revirou os olhos:
— O que aconteceu com você? Fui verificar se poderíamos voltar pra casa e quando abrir a porta você estava que nem um bebê que precisa ser alimentado!
— Que comparação ruim hein, valeu! — E enfiou mais uma colher de sorvete na boca.
— Anda Mirai fala de uma vez. — Continuou a comer e teve o pote tomado das mãos.
— Ok. Eu só me desequilibrei ao perceber que sempre faço as piores escolhas, primeiro Shigaraki e depois Overhaul, o próximo pode ser a própria morte e me levar de vez, se bem que sou tão azarada que nem ela me quis e olha que não foi por falta de vontade dos inimigos. — Suspirou.
— Mirai do que você está falando? Vai com calma que está misturando tudo, ok?
— Não estou não June. Veja bem, se eu não tivesse me interessado pelo Shigaraki não estaria assim, tudo seria apenas trabalho e acabou.
— Mas e o Kai, se interessou por ele também? — Apesar de saber a resposta queria uma confirmação.
— Não seja idiota Hellgirl, com o Kai foi só sexo. — Desviou o olhar. — Eu só queria saber como é ser tratada com... Carinho sabe?
A vermelha fechou o semblante.
— Mirai...
— Eu sei, foi um pensamento ridículo mas quando ele me beijou foi diferente. Um diferente... Bom, agradável e nada que acabaria com a minha energia.
— Mirai isso não é carinho. — June foi direta.
— Eu sei disso June! Afinal de contas o que temos em família me mostrou isso, mas eu precisava descobrir como era ser tratada de outra forma sem a habitual força bruta, um cenário menos caótico e o mais próximo do normal, entende? Pelo menos era o que eu achava, até descobrir que aquela garotinha ficou naquele lugar e provavelmente sofreu muito nas mãos do cara que me comeu. — Divagou.
— E no fim das contas você conseguiu o que queria?
Miria ficou confusa pela pergunta e June balançou a cabeça em negativa.
— Você é muito nova não viveu nada e confundi tudo! Pra mim tudo o que você revelou é que queria provar a si mesma que conseguiria esquecer o idiota, mas pelo jeito não funcionou e está tudo bem.— Colocou a destra sobre o ombro da garota. — Mirai não há como esquecer um sentimento abrindo outro, pra isso você precisa vagar o espaço. Se pensa mesmo em esquecer o tal do Shigaraki não vai ser transando com Overhaul ou qualquer outro que irá funcionar. Você precisa tirar um tempo pra si, se descobrir e aí sim, se sentir vontade de se divertir sair e se aventurar, agora tentar isso através do sexo só serve como métrica entende?
A lilás assentiu voltando a comer, não conseguiu explicar que todas as formas que conhecia de suprimir tais sentimentos eram levadas justamente por ações rápidas e de pouco efeito: roubo, compras, festas etc. No fim o melhor e mais brando dos caminhos a se seguir é tomar um pote de sorvete atrás do outro até que suas dúvidas acabassem.
— Obrigado por me escutar June. — Sussurrou.
— Ok descansa amor, vou te deixar sozinha e volto pela manhã.
— Vai ver a Toga?
— É a vez dela me levar para um lugar interessante. — Sorrindo deixou um beijo estalado nas bochechas e saiu do quarto. Mirai pegou os potes vazios e jogou na lixeira que havia perto da nova escrivaninha, se olhou no espelho repudiando a aparência estava suja de sorvete com a camiseta dele, não iria a lugar algum assim e precisava fazer avanços, com esse pensamento fixo seguiu para o banheiro adentrou o local para depois acender a luz e no momento que o fez sentiu o corpo todo tremer:
— Você nunca aprende diaba...
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