Cap.13 Fim de semana dos infernos parte 2

As lembranças no flashback vão do presente para o passado, só para não confundir.

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 13 - Fim de semana 

dos infernos parte 2

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Por Shigaraki:

Faz alguns dias que Mirai sumiu. Aquela desgraçada adora me tirar do sério e, para piorar, tenho realmente sentido falta da forma espaçosa com que domina minha cama. Respirei fundo, tentando afastar tais pensamentos a respeito dela, enquanto abria meu armário longo, tendo meu olfato invadido pelo seu perfume e minha mente inundada pelas mais diversas lembranças:

"Meu corpo inteiro parecia imerso em uma paz devastadora. De certa forma, isso me incomodava profundamente. Não era uma reação à qual estou acostumado e, para piorar, era claramente viciante. Respirei fundo, sentindo o perfume dos cabelos dela sem que percebesse, e, ao mesmo tempo, senti raiva.

O que essa maldita está fazendo comigo?

Sem perceber, ativei minha individualidade enquanto tocava seu braço e, mais uma vez, comprovei o ocorrido na noite passada. Ela realmente foi feita para mim.

A única diferença é que sou completamente fragmentado. Enquanto ela... Se não souber lidar com tudo que está por vir... vai quebrar."

Oh, she's beautiful
A little better than a man deserves
Oh, I'm not insane
Please tell me she won't change
Maybe I should let her go...

Ai ela é linda

Um pouco melhor do que um homem merece

Ai não sou maluco

Por favor me diga que ela não vai mudar

Talvez eu deva deixá-la ir ...



"Eu realmente transei com essa garota..."

Mirai dormia tranquilamente em meu peito, sua perna repousava sobre as minhas enquanto me embalava. Era confortável demais estar em seus braços desde a primeira vez que me tocou, mas jamais deixarei isso claro.

Fazia exatos trinta minutos que eu estava acordado, sentindo sua respiração pesada e alisando suas costas. Nem me dei conta de como estava envolvido nesse momento. Apenas fui lá e fiz.

Meu celular tocou, e eu o desliguei rapidamente, não queria acordá-la. Toquei seus lábios mais uma vez em um selar único antes de me levantar, notando a pequena mancha na cama.

E, por todos os demônios que há na terra, não sei quem é mais louco: se sou eu ou ela!


But only when she loves me (she loves me)
How can I just let her go?
Not until she loves me (she loves me)...

Mas só quando ela me ama (ela me ama)

Como posso simplesmente deixá-la ir?

Não até que ela me ame (ela me ama) ...


"Mirai tinha que me beijar? Por acaso perdeu a noção do perigo?"

Que vontade de desintegrar aquela maldita com todas as minhas forças. Desde que Dabi me convenceu, por meio de uma aposta, a ir naquele cassino, decidi que não teria mais contato com ninguém. E agora essa pirralha ousou me beijar!

Mas ela não perde por esperar. Vou esmigalhar essa vontade petulante de me confrontar até que não sobre mais nada!

Se ela é mesmo minha, apenas uma ferramenta, vou usá-la do jeito que quiser.


How can I just let her go?

Not until she loves me (she loves me)

Como posso simplesmente deixá-la ir?

Não até que ela me ame (ela me ama)


Balancei a cabeça, deixando de lado tais pensamentos, e notei meus dedos sobre os tecidos finos. Havia desintegrado grande parte de suas belíssimas e caríssimas roupas, e só por isso sei que ela vai enlouquecer.

Me joguei na cama, respirando tranquilamente, e levantei uma calcinha de renda vermelha que peguei em sua gaveta, apenas para apreciar a peça e imaginá-la usando. Eu sei que minha mulher é um furacão — só não se deu conta disso ainda.

Meu sorriso se contorceu em um amargo ao notar tais palavras. Mirai não é minha mulher, e sim uma das minhas ferramentas particulares. Me envolver com ela foi o maior erro de todos.

Erro esse que pretendo cometer mais vezes.

Porém, preciso dar um jeito de conversar com ela sem que minha raiva fale mais alto — o que, ultimamente, tem sido impossível!

Off

Momento atual: 

Todos estavam salvos, exaustos, com mais adrenalina correndo pelas veias do que deveriam suportar — exceto a garota de fios lilases, que continuava a sangrar. O que deveria ser um fim de semana de missão tranquila se tornaria infernalmente intenso...

— Droga, ela não está respirando! — A voz de Sato saiu visivelmente irritada enquanto tomava Mirai dos braços de Balaor e abria espaço na mesa de madeira do atual QG. O incubus pressionava a garganta da garota com a ponta dos dedos, tentando sentir o pulsar das veias, mas, a cada falha, sua expressão se tornava mais desesperada. — ELA NÃO ESTÁ RESPIRANDO! Skell, eu vou te matar!

Seu impulso foi impedido pelas mãos de Hikai, que respirou fundo.

— Deixa ela estável que eu cuido do resto.

Sato se acalmou o suficiente para deitar o corpo da garota no chão. Suas garras se alongaram e, sem pensar duas vezes, rasgou a lateral do macacão antes de cravar as unhas em volta das costelas dela. Mesmo incapaz de gritar, Mirai abriu os olhos, tomada pelo desespero.

Os olhos de Sato demonstraram certo alarde, como se algo estivesse errado. Mas foi quando as unhas de Mirai se alongaram e rasparam contra sua pele que ele teve certeza.

A pele dela começou a empalidecer, e ele se sentiu fraco, como se algo estivesse drenando suas forças.

— Merda. — A voz de Hikai ecoou, preocupada. — June, vai até o escritório e pega a morfina! E vocês, o que ainda estão fazendo aqui? SAIAM!

Raras eram as vezes em que o líder da mansão se descontrolava. Os outros membros da pequena formação se dispersaram — alguns foram para o ringue extravasar, outros para o bar, e alguns simplesmente resolveram descansar. Agora, sozinho com as pessoas que considerava família, o mais velho permitiu que algumas emoções além da costumeira ironia, bom humor e sarcasmo viessem à tona.

Alisando o rosto da garota, claramente em choque, tentou se manter calmo.

— Se controle, minha querida. Você consegue.

Em toda a sua vida ao lado dela, só a vira daquele jeito uma vez: na noite em que tirou a primeira vida.

Quando June retornou com a morfina, tratou de aplicá-la no braço de Sato.

— Mas que porra...

— Você vai me agradecer depois.

— Quer que eu te substitua? Minha resistência é duas vezes maior que a sua, e minha regeneração também.

A garota se ajoelhou ao lado dele, tirando a jaqueta e expondo os braços tatuados. Mexeu os dedos, sorrindo de canto.

— Eu sempre quis fazer isso. — Piscou.

Diferente de Sato, ela era menos delicada, porém mais eficaz. Com a mão esquerda livre, empurrou o incubus para trás e tomou seu lugar. Mesmo inconsciente, Mirai gritou.

— Podem ir, rapazes. Isso vai levar horas.

No entanto, ninguém se moveu. Permaneceram ali, observando a individualidade da garota agir...

Foram cerca de seis horas assim. Hikai consumiu álcool suficiente para derrubá-lo por três dias, mas continuava de pé apenas pela força de vontade e, claro, porque Sato o estava drenando constantemente.

Quando a lilás finalmente fechou os olhos, as unhas se desprenderam do corpo feminino, e ela adormeceu.

— Meu trabalho está feito. — June se levantou. — Eu preciso de um cigarro.

Hikai prontamente tirou um charuto do bolso interno do famigerado paletó branco e o entregou.

— Isso vai servir.

Ela tragou calmamente após acendê-lo e se jogou na cadeira. O silêncio se instalou entre eles. A pequena e descomunal família passou a observar a garota, que respirava tranquilamente.

— E aí? Vocês acham que ela vai lembrar disso? — Sato estendeu a mão para June, que lhe entregou o charuto.

— Ela não vai, não. Na verdade, ela nem sabe usar.

— Como assim, Hik? — June franziu o cenho.

— Antes daquele maldito doutor levá-la daqui, ele me deixou conferir os arquivos dela. — Desdenhou. — Minha filha sendo tratada como o Projeto 6500... patético.

Mirai possui uma individualidade chamada "Três Estágios".

— Disso nós sabemos. — June comentou.

— Negação é o primeiro estágio. Ela pode anular qualquer individualidade. Aceitação é o segundo, onde pode facilmente obrigar qualquer um a fazer o que quiser. E, por fim, Absolvição, onde rouba o equivalente a 1% do nosso poder para si e pode usá-lo em uma única descarga.

O problema é que, apesar de serem poderosas, essas habilidades não casam entre si. Mirai jamais poderá combiná-las. E os danos que sofre ao usar o segundo e o terceiro estágio, mesmo que involuntariamente, são extremos.

O azulado tirou outro charuto do bolso, cortou a ponta e o acendeu, tragando calmamente.

— E, diferente das outras, o último estágio é ativado de forma independente, como um mecanismo de defesa. Sinceramente? Não faço ideia do que pode acontecer caso ela aprenda a controlar isso e, pior, combinar essas loucuras que fizeram com ela.

— Como assim fizeram? — A voz de Sato ecoou no ambiente, carregada de inquietação.

June se levantou, tomou o charuto das mãos de Hikai e tragou antes de responder:

— Ora, Sato, você realmente acha que "Projeto 6500" é só um apelido? Me assusta que ela tenha sobrevivido a tanto.

— Hunf. Quando ela conseguir controlar o próprio poder, será uma vilã estrondosa.

Hikai sorriu com orgulho, mas June estreitou os olhos.

— Isso se ela quiser ser uma vilã...

Os três então voltaram o olhar para a garota, que dormia tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

E pelo resto do dia foi assim—o trio se divertindo entre charutos, comida e lembranças.


[...]


Não foi surpresa alguma para Mirai acordar em completa escuridão. Tentou se levantar, mas o mundo girou ao seu redor.

— Vai com calma, amor. — As mãos de Sato impediram seu movimento. — Deixa que eu te levo pro quarto.

Sem esperar que ela entendesse qualquer coisa, passou os braços ao redor de seu corpo, segurando-a atrás das coxas e pelas costas, à altura dos pulmões. Subiu as escadas, seguido por June e Hikai. Quando a deitou na cama, ambos se afastaram minimamente.

— Vou mandar trazerem seu jantar.

— Espera, pai... Por quanto tempo eu dormi? — murmurou, levando a mão à cabeça.

— Bem mais do que deveria. — Hikai respondeu, sem rodeios.

— E quanto aos negócios? Preciso...

— Você não precisa de nada. Para de ser teimosa. Come alguma coisa e depois conversamos. — June a cortou.

Mesmo contrariada, Mirai assentiu.

— Você vai passar a noite aqui, e eu vou garantir que não saia antes das dez da manhã. — Sato decretou, deitando-se ao lado dela e cruzando os braços.

A comida não demorou nem duas horas para chegar. Mirai se deu por vencida no instante em que viu o pote de sorvete de morango lacrado à sua espera. Mas, antes da sobremesa, entregou-se aos pratos salgados, acompanhada por Sato.

Hikai conhecia bem a garota que criou como filha e sabia que, se ela quisesse conversar sobre algo pessoal, esse alguém seria Sato. Por isso, após se certificarem de que ela estava bem, ele e June deixaram o quarto. Tinham suas próprias vidas e negócios a tratar.

Quando só restava o sorvete, Sato quebrou o silêncio:

— E então, como está se sentindo? — perguntou suavemente.

— Bem... eu acho. — Mirai hesitou. — Depois que me feri, apaguei. Não lembro de nada.

Sato sorriu. Como Hikai previra, ela não fazia ideia do que havia acontecido.

Sem aviso, ele a puxou pela cintura, fazendo com que Mirai ficasse entre suas pernas. Compartilhavam o sorvete agora, enquanto ele a abraçava de forma casual.

— Você só dormiu, não aconteceu nada além disso. Agora só precisa de um banho.

Mirai recostou a cabeça no peito dele.

— Ah, qual é... Depois do sorvete.

Ele riu.

— Acho que está absorvendo os maus hábitos do seu namorado.

Ela engasgou e corou instantaneamente.

— Shigaraki não é meu namorado! — rebateu, sentindo o rosto arder.

Sato gargalhou.

— Ah, então foi só um sonho?

— Eu estava dormindo, seu idiota! — retrucou, enfiando uma colherada generosa de sorvete na boca para se distrair.

— Como quiser. Mas, se estivesse realmente com ele, teria um péssimo gosto. — Sato ironizou, lançando-lhe um olhar provocativo. — Olha pra mim, tenho tudo o que você precisa!

De imediato, Mirai se lembrou dos beijos brutos castigando seus lábios, dos cabelos puxados sem piedade e dos movimentos que ficavam cada vez mais intensos. Era inacreditável como ele conseguia descontar toda a raiva e tensão que sentia quando seus planos não saíam como queria. A lembrança das últimas posições a fez sorrir, envergonhada.

— O que foi?

— Na-nada! — balbuciou, desviando o olhar. — E eu não tenho mal gosto! Além disso... minha vida pessoal não te interessa.

Sato arqueou uma sobrancelha.

— Olha, não dá pra te entender... sinceramente.

— Para de drama, Sato. Apenas aproveita o momento.

Ele soltou um meio sorriso, e juntos terminaram o sorvete.

Sentindo-se renovada, Mirai seguiu para o banheiro. Depois de tomar banho e fazer sua higiene, retornou para a cama, vestida e limpa. No fim, ambos pegaram no sono, confortavelmente lado a lado.

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Notas finais: Trechos da música no flashback Killpop - Slipknot

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