Cap.11 Planos
Capítulo pré-revisado.
*╔═══❖•ೋ° °ೋ•❖═══╗*
Cap. 11 Planos
*╚═══❖•ೋ° °ೋ•❖═══╝*
Por Mirai,
Faltava apenas um dia para finalizar a caça que a morte do decodificador havia iniciado. Sentada na beira da cama, encarei a maleta repleta de dinheiro que parecia pesar tanto quanto as decisões que tomara até aquele ponto. O brilho das notas, em vez de me fascinar, fazia meu estômago revirar. A raiva que ainda queimava em mim não ofuscava o fato de que havia trabalho a ser feito.
Soltei um suspiro pesado e me levantei, caminhando até o armário. Peguei uma mala menor e, sem muita cerimônia, comecei a separar uma parte do dinheiro para meu próprio uso. Uma quantidade razoável, suficiente para garantir que eu não dependeria de mais ninguém, nem mesmo deles.
O restante, deixei cuidadosamente na maleta maior. Fechei ambas com firmeza, como se o som metálico pudesse selar o peso de toda essa situação. Antes de sair, deslizei minha Glock para a cintura, o toque frio do metal me trazendo uma estranha sensação de segurança.
Ao sair do quarto, respirei fundo. A mansão estava em seu habitual frenesi, cheia de vozes e movimentações. Mas eu não me deixaria distrair. Ainda tinha um último compromisso: entregar o dinheiro para a Liga. O que aconteceria depois disso, só os próximos passos do Shigaraki poderão dizer.
[...]
Sempre será estranha a sensação de entrar na liga vazia. Kurogiri lia um livro tranquilamente, o que me fez encará-lo por alguns segundos.
— Boa tarde, Kuro. — Me aproximei do balcão e coloquei a maleta sobre ele. Kuro fechou o livro e virou-se em minha direção.
— Por onde esteve, senhorita?
Desviei o olhar, constrangida. Não queria relembrar toda a confusão com Shigaraki.
— Trabalhando, oras. Esqueceu que precisamos cobrir o rombo dos últimos eventos, além das cargas? — Empurrei a mala em sua direção.
— O dinheiro dos últimos trabalhos ainda está rendendo, e o mestre está pensando em adentrar o mercado financeiro. — A voz de Kuro me fez repensar.
— Ele ainda está pensando? Não é possível! A mente dele só funciona para criar o caos! — Reclamei.
— Senhorita, se comporte. — Prendi a risada. O guarda-costas de Tomura estava me repreendendo, e nunca, jamais, eu o desrespeitaria. Afinal de contas, Kuro é como um irmão mais velho para mim.
— Tudo bem. Nunca é demais se podemos ganhar mais. Agora vou indo, preciso de algumas coisas. — Saí da banqueta e, antes que pudesse chegar ao primeiro degrau da escada, o azulado parou ao meu lado.
— Kurogiri, preciso que busque o carregamento para mim e leve a caixa. — Tomura me ignorou, e, mesmo detestando tal ato, fiquei aliviada. O olhar dele vagou em direção ao meu, e sua aura intimidadora se fez presente. — Não pense que esqueci de você.
Tentei sorrir e demonstrar tranquilidade, algo totalmente oposto ao que sentia no momento, mas não poderia deixá-lo no controle. Não quando tinha plena consciência de tudo o que ele me causava, do que viria a causar, e principalmente de como minha desobediência o deixava completamente instável.
— Você nunca esquece. — Estalei a língua no céu da boca, obtendo o resultado que queria, e segui para o quarto, despreocupada.
Mal adentrei o lugar e ouvi o barulho da porta sendo fechada com força.
— Olha, se quebrar a porta vai ser mais um gasto no orçamento da liga. Já basta aquele rombo que vocês abriram naquela missão malsucedida e no cassino ao melhor puteiro. — Ironizei, indo de encontro ao armário que dividíamos. Abri as portas à procura das minhas roupas e não encontrei nada.
— O que foi, alguém devorou a sua língua? — Shigaraki se aproximou, esboçando um enorme sorriso psicótico. (A: aquele mesmo que ele deu para o Overhaul antes de cortar um dos...)
Fiquei um tempo tentando entender o que estava acontecendo. O idiota realmente jogou minhas roupas fora? Abri a gaveta de lingerie e encontrei todas intactas, assim como minhas joias.
— Shigaraki Tomura, cadê as minhas roupas?
— Essa carinha de frustrada é impagável! Suas roupas ocupavam muito espaço, então eu as reduzi para você. — Ele levantou a mão direita, sorrindo.
— Você desintegrou minhas roupas? — Ele fingiu desentendimento enquanto eu perdia completamente a paciência. Peguei minhas joias na gaveta de peças íntimas e passei por ele, que segurou meu braço.
— Onde pensa que vai?
— Bom... você me deixou sem roupas, logo, não tenho mais motivos para permanecer aqui. — Antes que pudesse me dar por satisfeita, ele desintegrou a roupa que eu vestia, expondo apenas meu sutiã.
— E como vai embora agora? — O sorriso malicioso de Shigaraki estava me tirando do sério.
— Você acha que isso vai me impedir? — Senti meu rosto queimar com a possibilidade de sair daquele lugar vestida apenas com um sutiã. A única pessoa que já me viu assim estava agora à minha frente, tirando sarro da minha cara.
— Se você passar por aquela porta mostrando o que é meu, vai acabar voltando para aquele quarto entediante. E garanto que não é isso que você quer.
— Como você sabe o que eu quero, Shigaraki? Desde quando você se importa com qualquer outra coisa que não seja você e seus planos?! — Andei até o armário, puxei um dos moletons dele, vesti a peça e respirei fundo. — Não era nem pra estarmos conversando. Você foi tão babaca comigo que nem merece a minha presença. — Cruzei os braços, tentando me conter.
— E por que você voltou, Mirai? Está sumida há dias, e nesse tempo eu não me recordo de ter ido atrás de você ou precisado da sua individualidade. Na verdade, não fez a menor diferença.
Mais uma vez senti algo dentro de mim quebrar, mas não deixaria isso me abalar.
— Então por que desintegrou minhas roupas?
— Elas ocupavam muito espaço... além de terem um cheiro floral irritante. — Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Ok. Nesse caso, já vou indo. Não quero mais ocupar seu tempo. — Ironizei, e ele riu.
— Não disse que pode ir.
— Ah... foda-se? Já que não sou necessária, vou fazer o que eu quiser e quando eu quiser. — Não esperei por nenhuma resposta. Desci as escadas segurando meus pertences.
Kurogiri não estava mais ali, e eu me apressei para sair da liga antes que as lágrimas começassem a se formar.
Depois de mais um desentendimento com esse idiota, só me resta descarregar minha raiva da melhor forma possível: atirando. Afinal, não posso me dar ao luxo de ficar inconstante, não quando Hikai planeja derrubar um cartel.
Por Shigaraki,
Aquela mulher me tirava do sério em tantos graus que, no fim das contas, minha única vontade era atirá-la na minha cama e puni-la de todas as formas que minha mente podia imaginar.
Mirai sumiu por dias e ainda teve o disparate de achar que eu não faria nada! Aquela diaba desgraçada precisava de uma lição, e a única coisa que podia apagar aquele sorrisinho doce dos lábios dela era a perda de suas tão preciosas roupas de grife e dos presentes dados por aquela dupla de idiotas. Claro, poupei as lingeries — ela sempre fica uma delícia quando está usando só aquilo.
Respirei fundo, tentando controlar a vontade de desintegrar mais alguma coisa que tomava conta de mim.
Maldita mulher! Mesmo me livrando de quase todos os pertences dela, o cheiro inebriante ainda permanece aqui. E, no fim das contas, quem está imerso nessa merda de lembrança sou eu.
Off
I'm feeling out of bound, out of bound
I'm running out of time, out of time
I know there's no such thing as either of them bode
It doesn't make me feel any better
Out of sight, out of mind...
Estou me sentindo fora dos limites, fora dos limites
Estou ficando sem tempo, sem tempo
Eu sei que não existe nada como nenhum deles pressagiar
Isso não me faz sentir nem um pouco melhor
Fora de vista, fora da mente...
[...]
Sábado, 9hs praça perto do mercado local - 600m do covil:
A lilás andava apressada, vestindo um macacão preto e coturnos com salto. Os fios coloridos estavam presos em um rabo de cavalo, e um óculos igualmente caro adornava seu rosto.
Mirai pegou o celular e observou a foto que Toga havia mandado: um garoto de aparência gentil e olhos estupidamente expressivos em um tom azul-claro. Na hora, concluiu ser alguém do passado da loira, mas decidiu não entrar em detalhes. Avistou o garoto parado perto da fonte, aproximou-se com cautela e, em seguida, o abraçou com força.
— Vai com calma, sua maluca. — O sussurro a desconcertou, e seu rosto enrubesceu ao imaginar que poderia ter abraçado a pessoa errada.
— Me desculpe, a-a... — Balbuciou, mas a gargalhada que ecoou a interrompeu.
— Você tinha que ter visto a sua cara. "Me desculpe, a-a!" — Ele imitou a voz trêmula dela, ainda rindo.
— Idiota! Isso não tem graça! — Mirai elevou um pouco a voz, claramente irritada.
— Ah, para, Mi! Isso foi muito bom. Então, quem vamos cortar? — A mudança de assunto deixou a loira animada e a lilás também.
— Vou te contar desde o início, está bem? — A loira concordou, e Mirai explicou tudo: o decodificador, os trabalhos que fez e, principalmente, as informações que obteve com ele.
— Eu quero viver em um mundo onde posso ser eu mesma, viver do meu jeito, e não estou nem um pouco afim de me preocupar com essa escória. — O olhar de Toga brilhou com uma intensidade única.
— Também não vejo a hora de matar cada um deles... — A loira sorriu ainda mais. Eram raros os momentos em que Mirai sentia tamanha sede de sangue.
— Vou escolher algumas facas especiais. — Toga bateu as pontas dos dedos, pensativa.
— Toguinha, não acho que desperdiçar suas lindas facas com seres tão nojentos valha a pena. A propósito, vai precisar de mais sangue? — Mirai estendeu o braço, mas foi surpreendida por um abraço apertado.
— É por isso que eu te amo! Quero te cortar com a minha melhor faca! — Riu, entusiasmada.
— Ok, baby, só não pode me matar. — Piscou, provocando, enquanto Toga ria ainda mais.
— Óbvio que não! Você é a minha melhor amiga. Além disso, se eu te matasse, o Shigaraki faria um escarcéu. Fora o estresse desnecessário... Olha só você, aturando aquele chato quando ele está mal-humorado.
O rosto de Mirai ficou ruborizado, pois automaticamente lembrou-se da última vez que "acalmou" o azulado.
— Ok, Toga, eu te pego na liga à noite. Vamos partir da mansão e...
— Não precisa, Mi. Eu vou para lá, e pode ter certeza de que o Twice também vai. Ele meio que está livre hoje. — Mirai assentiu.
— Só não esquece de contar o plano para ele, do contrário, vai dar ruim.
As duas se despediram. Enquanto Toga seguiu para um beco mais escuro para se desfazer do disfarce, Mirai dirigiu-se à mansão. Ainda precisava ouvir o plano de Hikai e seus subordinados...
Ao chegar, não foi surpresa alguma encontrar a mansão movimentada. Até mesmo o ruivo narigudo, da última tortura, estava presente.
— Minha resposta é não. Ninguém vai participar disso. — O ruivo comentou, e Hikai riu. Afinal, ele sempre fora o prestador número um de serviços, mas, ao mesmo tempo, tinha seus próprios objetivos.
— Por acaso está envolvido com isso, Rikiya?
O ruivo apenas riu.
— Sabe muito bem o que acontece com aqueles que tentam me tratar como idiota. Não tenho que explicar nada a você. — Rikiya declarou, sua voz carregada de desprezo enquanto cruzava os braços com desdém.
Mirai retribuiu o riso ácido, chamando a atenção para si.
— Se não vai ajudar, o que veio fazer aqui? Atrapalhar? Porque, com ou sem a sua participação, vamos seguir em frente. Se o problema é a sua imagem, fique tranquilo. Deve estar acostumado a ter alguém para fazer seu serviço sujo. — Piscou provocativamente.
O sorriso que surgiu no rosto de Rikiya era puro veneno.
— Garota atrevida. — Ele arqueou uma sobrancelha, seu olhar avaliando-a com malícia. — Do que vocês precisam?
Antes que Sato pudesse abrir a boca, Mirai tomou a dianteira, interrompendo-o com firmeza.
— Não precisamos de nada. Se você quer participar, que sejamos todos iguais.
HiKai observava a interação com olhos brilhando de satisfação. Ele não poderia estar mais orgulhoso da postura confiante de Mirai.
— Então que assim seja. — Rikiya puxou um charuto de dentro do paletó, acendendo-o enquanto avaliava a garota. Ela exalava confiança, algo intrigante diante de um plano tão arriscado.
— Só tenho um pedido a fazer. — Sua voz carregada de autoridade atraiu a atenção de todos no salão. — Quero ser a isca.
O comentário fez o ruivo rir de forma irônica.
— Por mim, tudo bem. Afinal, é a sua vida mesmo. — Ele comentou, dando de ombros.
Os outros, que conheciam bem a determinação de Mirai, assentiram, embora com certo receio. Porém, foram as palavras de Sato que realmente quebraram o silêncio, despertando curiosidade e apreensão nos demais.
— Isso vai ser um banho de sangue.
•ೋ° °ೋ•
Notas finais: trecho no meio do capítulo Adolescents - Incubus
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top