84.Decisões

Pré-revisado

A = meu comentário pessoal no capítulo

Decisões

As vezes grandes ideias se tornam verdadeiras catástrofes....

Desde que AFO pisou no Kraken e se viu rodeado de policiais, foi tratado como um verdadeiro lorde. O multi-individualidades já estava há dois dias naquele lugar, liberto como se fosse sua própria casa e a vontade o suficiente para determinar cada passo, aos poucos seus planos voltava a ativa e o doutor que muitos acreditavam estar morto, lhe sorria com convicção, Shiga estava na merda e provavelmente sua vida não demoraria a ter fim, entretanto, bem disposto o suficiente para por em prática o que viria a ser seu último plano.

-- Quanto tempo até essa recessão passar? -- AFO questionou um pouco irritado. Shiga tinha em mãos uma seringa, deixou que o líquido escorresse um pouco antes de se aproximar do velho 'amigo' e a injetar na veia do braço esquerdo.

-- Provavelmente um mês, Mirai foi esperta o suficiente para me enganar sobre seu sangue, não imaginei que ela usaria as cápsulas em você.

AFO riu, se recordando do momento e de como ela foi inteligente em não o matar, no fim tinha razão. O transformaria no mártir perfeito e no verdadeiro símbolo da rebelião dos vilões.

-- Minha filha tem o espírito livre da mãe dela, só precisa ser quebrado da maneira correta e terei uma marionete perfeita em mãos e no fim não sobraria nada. -- Moveu os dedos como se manipulasse uma boneca, enquanto sentia o líquido adentrar pelas veias.

-- Esse não é o trabalho de Tomura?

Ele apoiou o rosto sobre a mão.

-- Deveria ser, mas parece que Tomura passou por um pequeno desvio, nada que não possa ser consertado.

O corpo dele apresentava mudança parcial, as células se moviam como uma cachoeira em seu rosto, os olhos bem delineados o sorriso branco e os fios lilases bem claros, tão claros que se assemelhavam ao branco intacto, no entanto, não havia sinais de melhora interna.

-- A regressão provocada por aquela criança é impressionante, quando for adulta terá um controle absoluto, mas, a anulação de Mirai é muito mais forte. Creio que seu corpo demore a se adaptar e talvez não consiga possuir a individualidade dela por completo ou sequer usar todas as suas nesse processo. -- Dr.Shiga informou levando-o a sorrir de lado.

-- Ou talvez esteja na hora de buscar meu novo corpo.

O idoso observou a perspicácia do homem que um dia foi capaz de deteriorar o corpo de All Might.

-- Está dizendo que...

-- Sim, contate Kurogiri e comece a trabalhar na captura, minha querida filha já se divertiu demais...

Duas semanas se passaram desde que ambos os líderes se movimentavam, pelo mar AFO planejava seu ato final e pela terra Hikai se prevenia de todas as formas possíveis utilizando de todo o conhecimento daqueles que o ajudaram e o conheciam para acabar de vez com o 'mal supremo' segundo o Kazani, em nada AFO se parecia com Tomura, pois, por mais que o prateado afirmasse que não sentia nada e que todo o seu tormento acabaria quando destruísse tudo, ainda se importava com os membros da liga que de certa forma tornaram-se sua família e agora realmente estava construindo uma com Mirai grávida e diferente dele AFO mataria a própria filha nessa mesma condição apenas para obter o que precisa principalmente por julgá-la como uma fraqueza para o seu jovem pupilo.

O mais velho suspirou percebendo que precisaria de mais tempo e que talvez todo o projeto não fosse o suficiente para matar o desgraçado, de certa forma se via cego pela vingança e sendo bem sincero isso veio desde o momento que pôs uma arma nas mãos da ainda pré-adolescente Mirai, tudo com a ideia de proteção, mas no fundo só queria matar o filho da puta que tirou sua amada, aquela que deteve todo o seu coração em um amor tão puro e sem qualquer intenção amorosa. Ele simplesmente a amava por ela ser... Ela, uma amor não romântico e correspondido da mesma forma, a geneticista só tinha olhos para o mal que no fim a corrompeu e ele nunca superou tal perda, Mirai cresceu sem mãe e sem saber que por alguns anos de sua infância foi criada em meio aos experimentos, já que Liza despertou desse fulgor chamado paixão que por muito tempo a cegou. O homem jurou que nunca explicar a respeito do ocorrido, porém, não a deixaria no escuro e se um dia Mirai perguntasse sobre sua mãe saberia por ele mesmo quem foi Liza Nonato, uma das mulheres mais brilhantes e carinhosa que já conheceu, a responsável pelo elemento crucial do projeto Fênix, aquela que desafiou AFO e escondeu a filha bem debaixo dos olhos dele que lutou para que todas aquelas crianças saíssem dali sem um arranhão e por fim que deu sua vida pelo que acreditava, pena que nada disso durou, confiar em Marawani foi um erro e Hikai não chegou a tempo.

O Kazani havia bebido seis shots de tequila e meia garrafa de whisky andando de um lado para o outro enquanto Drac se controlava para não voar no pescoço dele por estar enchendo a cara dentro do hospital.

-- Vai para casa agora e toma um banho! -- Ordenou tirando-o de seus pensamentos embaralhados a respeito da família.

-- Hum? E os resultados? -- Divagou.

-- Ainda não sequenciaram o código genético, vá ver Mirai. Sabe que ela vai detestar ser a última a saber da novidade, fora que a barriguinha dela já está aparente e ficou ainda mais bonita. – Drac sorriu de maneira amável tentando por um pouco de juízo na cabeça do 'amigo'.

-- Eu só vou aceitar por que estou desesperado para ver My sweet baby. -- A face dele clareou e não pode deixar de sorrir -- E Damien depois que isso tudo acabar vamos sair pra jantar ainda temos algumas conversas pendentes. -- Afirmou fazendo com que o médico revirasse os olhos.

-- Fala pra Mirai que eu farei o parto. -- Ele respirou tranquilamente antes de concordar e sumir de vez a calmaria que habitava em si seria balançada em breve pelo ressentimento e ódio que portava em seu âmago esquecendo completamente que não existe salvação pra mudar todo o ocorrido e a vingança contra a insanidade resultaram num ciclo maldito, uma disputa entre heróis e vilões que mais matava e deteriorava o mundo do que seres humanos com poder de fogo.

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Por Mirai,

Eu estou há uma hora discutindo intensamente com Shigaraki visto que ele não respeita a minha opinião sobre como devo levar MINHA gravidez.

– Mirai você não vai trabalhar e acabou! -- Reclamou mais uma vez se vestindo, visto que havíamos acabado de tomar banho.

– Shigarki quem decidi isso sou eu! Estou grávida e não doente, que inferno! – Estou começando a ficar estressada.

– Mulher... – Ele passou a mão pelos fios. – Nós vamos dar o troco aos heróis em breve e isso vai estourar em uma guerra que provavelmente vai acabar com essa cidade e não preciso e nem quero ter que me preocupar com você e com o bebê, sua individualidade não vai servir por que o seu corpo está fraco!

Revirei meus olhos.

– Se quer tanto ajudar fique com aquele idiota no prédio central, é bem distante da confusão e não terá problema em delegar algumas ordens ao lado do narigudo enquanto eu faço o que sei de melhor.

Massageei minhas têmporas, é difícil lidar com esse cabeça dura e com minhas ideias também, contudo, uma ideia passou por minha cabeça, nem tão agradável e sequer compreensível para um momento como esse. Me sentei na cama com ele me encarando sério antes de se aproximar.

– Diaba... – Suas mãos seguraram meus tornozelos assim que ele se sentou na cama colocando sobre suas coxas e massageando meus pés. – Pare de pensar só em você ou esqueceu que está grávida?

Deixei que continuasse com a massagem e me deitei, meus pés estão levemente inchados e agora minha barriga está perceptível.

– Não é isso que me incomoda no momento. – Fui clara.

– Então diga, estou aqui para lhe ouvir. – Ironizou subindo os dedos por minha coxa, indo e vindo em um carinho tão bom e como não gosto de enrolar falei de uma vez:

– Shigui e se a criança quiser ser uma heroína, o que você vai fazer? – Ele ficou mudo, o carinho em minha perna também parou e Tomura passou a encarar a minha face. Não faz muito tempo que conversámos abertamente sobre o passado então sei que essa pergunta pode criar um pequeno caos na mente dele além de despertar lembranças nada agradáveis. – Você iria contra o que...

– NÃO! – Eu jamais a deixarei sem escolhas, por mais que eu odeie os heróis nunca farei isso.

Pisquei diversas vezes antes de sorri para ele.

– Meu bem... Você consegue se ouvir? – Me sentei na cama e coloquei minhas mãos em seu rosto antes de respirar fundo e olhar em seus belos e hipnotizantes olhos:

– Eu nunca farei com que tenha que escolher, todavia, deve pensar sobre isso. Como pode continuar afundando o mundo no caos para que uma espécie de nova ordem surja se o nascimento dessa criança pode por tudo por água a baixo? Já parou para pensar se ela decidi ser uma heroína justamente para combater os vilões que tem destruídos anos de ideais do símbolo da paz, sendo que esse Vilão é você? – Seu olhar exprimia espanto, mas ele logo retornou ao usual.

– Não creio que deva fazer essa escolha agora, mas precisa pensar nisso. Afinal de contas cada passo que damos deixa claro que não podemos ter tudo e isso de certa forma me deixa ansiosa, pois, cada ação tem uma reação equivalente e não sei até onde nossos rumos vão nos levar.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha antes de alisar minha face.

– Está com medo de que algo ocorra com você hum? – Ralhou os lábios pelo canto direito da minha boca. – Saiba que isso é impossível.

– Essa não é a minha preocupação e sim que uma hora terá que escolher, não por mim ou sequer por você. Tudo está apontando que esse será o seu, ao melhor, o nosso destino. A vida é feita de escolhas Shigaraki e agora somos responsáveis por uma vida, todo e qualquer impulso que damos vai reagir diretamente sobre ela e sinceramente isso é muito exaustivo.

Nunca pensei em agir de maneira tão preocupada com esse bebê, mas se vou trazer uma criança ao mundo pelo menos que eu saiba o que estou fazendo, ele pareceu pensar sobre minhas palavras, meneou com a cabeça e se afastou deixando um selar leve na minha testa.

– Por hora Diaba vamos comer sei que ambos são esganados. – Arqueei a sobrancelha o olhando de maneira descrente antes de dar um leve tapa em seu braço o fazendo rir de lado.

– Se você não come é problema seu!

Ele sorriu com malícia.

– A mais eu como e muito bem, agora vamos logo.

Revirei meus olhos com seu trocadilho idiota e saímos do nosso quarto, andando pelo corredor até descer as escadas e irmos em direção a cozinha, me sentei no banco da bancada enquanto ele ia em direção ao fogão, Shigaraki sabe se virar muito bem para um ser que é praticamente esotérico.

– O que você vai querer comer diaba?

– Que tal um pão com bastante queijo, bacon e morangos. – Ele me olhou descrente.

– Porra esses desejos estão cada vez piores. Não vou botar morango nesse sanduíche!

Respirei de maneira insatisfeita fazendo um beicinho e saindo do banco.

– Tudo bem, só faz o sanduíche que eu ponho morango no meu. – O abracei pelas costas enquanto ele ficava de frente para o fogão, eu realmente posso me acostumar com isso.

– Vai querer ovos também? – Afirmei. – Então pega pra mim na geladeira.

Adoro quando ele prepara o lanche, se fosse eu tentaria fazer aquela vitamina que aprendi na cada de Overhaul e depois faria um pãozinho com tapioca e morango, o olhei de maneira apaixonada sem que ele percebesse e me peguei sorrindo boba entregando o que me pediu, sei que esses momentos não duraram para sempre e irei aproveitá-los ao máximo.


Off


Hikai encarava a ambos do vidro da porta da sala, Mirai estava sentada a mesa com Shigaraki, as pernas sobre o colo dele que fazia carinhos em suas panturrilhas enquanto comiam e óbvio que ela tentava fazê-lo provar a mistura maluca que saciaria sua criança.

O azulado não queria estragar o momento, a princípio até pensou em fazer uma aparição bem cheguei, porém mudou de ideia ao vê-la tão bem ao lado do vilão por quem ainda nutria dúvidas. Como pai sempre queria o melhor para sua princesa, mas estaria mentindo se dissesse que Tomura não está fazendo um bom trabalho. Hikai pigarreou baixo antes de bater na porta atraindo atenção de ambos e de um líder que antes de ver quem era já estava planejando matar, porém, ao abrir a porta e dar de cara com o mais velho apenas passou a destra pela nuca.

– Matusalém... – Shigaraki sussurrou e Mirai se apressou em ir até a sala os olhos brilhantes enquanto o homem passava pelo local trajando o costumeiro terno branco com camisa clara e os cabelos aparados, foi inevitável o sorriso e o abraço apertado dado a ele.

– Pai. Que bom que está aqui. – Shigaraki observou a cena, esse tipo de sentimento ainda lhe era estranho, talvez por recordar de um momento longínquo ao qual recebia afeto, no entanto, eram um alívio para as agressões e somente isso.

– Pelo visto ele cuidou bem de você. – O prateado encarou o mais velho sorrindo de lado.

-- Velhote não abuse da sorte, mal chegou e já esta me irritando. – Arqueou a sobrancelha.

– Shigui! -- Foi repreendido.

– Que seja – suspirou – Estou indo Diaba, vê se não apronta e Matu... – Ela o olhou com raiva. – Sogro ver se toma conta da minha diaba. – A palavra quase engasgou na garganta e até Hikai estava surpreso enquanto Mirai sorria levemente satisfeita. – Nunca mais direi isso então aproveita velhote.

E assim partiu deixando a ambos se entreolhando na sala.

– Pelo visto você mudou ele. – Hikai sorriu

– Não papi creio que Shigui sempre foi assim, só precisava parar de tentar agir de outra forma com uma pessoa que só quer o seu bem.

O mais velho a seguiu até o sofá sentando ao lado e encarando o rosto levemente cheio, indicando que estava saudável na medida do possível além de feliz.

– Está apaixonada por aquele ex-magrelo. – Afirmou deixando-a vermelha. – Agora falaremos do que importa – Colocou a mão sobre a barriga dela. – Minha futura netinha ou netinho!

– Como você soube? Que pessoal fofoqueiro! Espera, se já está sabendo significa que acordou há tempos!

Sentia os afagos no ventre alto e continuava emburrada, Hikai fora até ela para matar a saudade e jamais diria que esteve com os outros maquinando uma forma de matar de vez AFO, entenda, ele não confia em Shigaraki Tomura quando se trata do próprio mestre, afinal de contas o líder da liga nunca lhe deu motivos para pensar ao contrário e a respeito de Mirai é bem simples, não contaria pois ela se envolveria sem pensar duas vezes, então resolveu omitir em partes:

– My baby, my sweet baby. Eu soube antes de você sumir. – Ela o encarou descrente.

– Você saiu da UA e passou mal ou esqueceu? Drac fez os exames e me confidencializou sobre sua situação por isso fiz de tudo para te tirar daquela situação. – Afirmou.

– Foi por isso que veio com aquele assunto de viajar e estudar fora? – Ele assentiu – E por que não me contou antes?

– Como eu contaria algo tão importante a você se estava mergulhada nos problemas da liga, deixaria eles de lado para pensar em si e na criança? – Ela negou – Foi o que pensei.

Ambos suspiraram as conversas sempre pela metade os deixavam divididos e assim passaram uma boa parte da tarde conversando e pondo os assuntos a par, Mirai falou sobre a Rússia, como descobriu que estava grávida e sobre todo o processo que passou além dos planos criados para extrair AFO do Tártaro fora as falhas, ele, em contrapartida explicou que acordou com um ressoar e isso vinha de Sato que deveria estar em pânico, foi então que ela compreendeu que Hikai despertou no mesmo momento em que deveria estar a caminho do hospital após o resgate de Shigaraki, em detalhes contou que quando Sato o salvou provavelmente deve tê-los ligado pois, só assim explicaria o ocorrido. Hikai omitiu tudo a respeito dos testes que estavam fazendo envolvendo o sangue dela e o que guardou um remanescente tanto do projeto fênix e das cápsulas de Overhaul devidamente extraviada e para Mirai estava tudo calmo demais, se por um lado sentia-se bem com isso, por outros seu subconsciente afirmava que algo estava errado e que logo-logo ocorreria alguma espécie de catástrofe e infelizmente estava com a razão...

Na liga Shigaraki andava de um lado para o outro pensando nas palavras da mulher.

"Uma hora terá de escolher, mesmo que não queira, pois esse é o rumo ao qual o destino está nos levando."

"Como pode continuar afundando o mundo no caos para que uma espécie de nova ordem surja se o nascimento dessa criança pode por tudo por água a baixo? Já parou para pensar se ela decidi ser uma heroína justamente para combater os vilões que tem destruídos anos de ideais e crença do símbolo da paz, sendo que esse Vilão é você?"

A questão é, estava pronto para escolher?

Tais perguntas o deixaram inerte por horas, até que Kurogiri lhe servisse um copo d'água.

– A senhorita está bem?

– Hum?

Não prestou atenção em nada.

– Está sim. -- Respondeu ao dar-se conta da espera.

– Então qual seu próximo passo?

Bebeu de uma vez pedindo para que servisse um copo de vodka indicando que não estava no seu melhor, só costumava consumir além da água apenas franppuccinos, álcool quando estava puto com Mirai ou haviam discutido.

– Não é óbvio. Descobrir o local exato do meu mestre e finalmente eliminar qualquer resquício do símbolo da paz e dessa falsa crença de heróis.

Kurogiri avaliou a face séria do protegido que acabara de virar o conteúdo alcoólico, Tomura estava estranho e retraído, além de alheio aos próprios pensamentos. No fundo as palavras de Mirai ainda capturavam suas certezas as colocando em dúvida e enquanto isso All for one encarava aqueles que lhe serviam satisfeito, tudo saiu de acordo com o plano e por ser um homem paciente não se importou de ter que aguardar praticamente dois meses. Agora vestia seu novo traje aperfeiçoado para suportar o desgaste de seu corpo, afinal de contas foram séculos de absorção e lutas contra o OFA e agora precisava buscar seu novo corpo. Sentia que Tomura estava pronto para ele, sabia que o dacay havia evoluído de maneira absurda tal como a regeneração praticamente instantânea. AFO passou a mão pela barba recém feita imaginando que só havia um problema ao qual se livraria em breve, do bolso esquerdo tirou a última foto enviada pelo braço de Riza antes de ser destruído pela garota e a observou: os fios estavam um pouco maior, os olhos tão claros e a pele escura como a da mãe uma cópia quase perfeita que se diferia pelos fios lilases, amassou o papel jogando fora e respirando tranquilamente, nunca foi sentimental ou sequer amou Liza, mas sabia apreciar uma bela mulher e agora achava uma pena ter que sentenciar a filha ao mesmo destino da mãe já que tinha certeza de que Mirai não aceitaria suas convicções e se curvaria a ele. Com apenas um telefonema AFO conseguiu a abertura que precisava e agora a sala do laboratório escurecia aos poucos, deixando claro que a guerra final estava prestes a começar...

Os rubis encaravam-no de maneira perplexa, a sua frente estava aquele que mudaria tudo, a máscara no rosto o terno bem alinhado e se o rosto estivesse completamente destapado, Shigaraki poderia jurar que estaria com o olhar semicerrado.

-- Mestre. -- A voz saiu em uma mistura de alívio com surpresa.

-- Parece surpreso em me ver Tomura. Por acaso não queria me receber? -- AFO se aproximou adentrando a sala de reuniões do covil.

-- Não mestre, só não consegui localiza-lo antes, a diaba foi muito eficiente em seu sumiço. -- Desconversou, estava desconfortável por dentro e não entendia o por que, enfim, AFO é o seu mestre. Aquele que fazia de tudo por ele, não é?

-- Confesso que fiquei impressionado com a perspicácia dela, puxou bastante da mãe.

Aqui Tomura ficou em silêncio, sua mente trabalhando contra si. Seu mestre estava sempre um passo a frente, afirmando que tudo era para e por ele, mas, se tinha uma filha por que não usá-la? Por que não tentar por a garota em seu lugar?

A verdade é que AFO não se importava com ninguém além de si mesmo, queria e seria o líder supremo roubando todas as individualidades para si inclusive o OFA e para isso precisaria de um ser humano tão quebrado e instável que seria facilmente manipulado confundindo atos vis com proteção, zelo, ajuda e até mesmo carinho.
Lamentável, mas esse foi o resultado do descaso e de anos de abuso velado quando aqueles que poderiam fazer algo simplesmente se negaram e ao primeiro pedido de ajuda após o estopim, mais uma vez lhe foi negado. A humanidade sempre foi falha faz parte dela e as vezes estender a mão a alguém em um mundo onde mais de noventa porcento da população porta alguma individualidade pode fazer a diferença. Talvez se a senhora que viu o ainda criança Tenko Shimura, todo sujo e levemente ensanguentado o tivesse ajudado ao invés de virar a cara pelo pavor em um ato condenável, Shigaraki Tomura não tivesse nascido e esse ciclo de talvez serve para cada um que se negou a ajudá-lo, entretanto, não vale de métrica para aquilo que se tornou.

No momento a mente de Tomura divagava entre as obrigações e o que sentia ao pensar que seu mestre pode muito bem tê-lo enganado.

-- Por que está assim tão calado Tomura? -- AFO pareceu perceber as dúvidas de seu pupilo mesmo não sabendo quais eram.

-- Por que escondeu de mim que Mirai é sua filha?

Ele sorriu se sentando na poltrona luxuosa e cruzando as pernas, apoiou a destra sobre a panturrilha e pediu a Kurogiri uma taça de vinho.(A = fdp gostoso quando está inteiro)

-- Ela é apenas o meio para um fim, mais uma peça em nosso tabuleiro.

Tomura não levantou a cabeça, se encarasse seu mestre de imediato saberia que o prateado odiou o que ouviu.
Sua mente mais uma vez lhe traindo contestando todas as vezes em que AFO afirmou que tudo era para ele, se acha a própria filha descartável então ele é o quê?

-- Falaremos de Mirai depois, minha filha ainda precisa aprender bons modos. Agora meu sucessor está na hora do próximo passo. -- Shigaraki o encarou sério.

-- Em todo esse tempo você foi preparado para isso Tomura, herdará o meu poder e consequentemente nada mais ficará no seu caminho.

Ele piscou diversas vezes, seria um honra e tanto não é? Então por que não se sentia bem com isso? Simplesmente lhe era indiferente.

-- Mestre...

AFO percebeu pelo timbre de voz que algo estava errado, seu pupilo nunca iria contra uma oferta tão generosa.

-- Eu sou grato pelo que fez, mas não quero o All for one, na verdade não preciso. -- A confiança em suas palavras deixaram o mais velho dos vilões em alerta.

AFO não disse nada, apenas se levantou e sorriu de lado.

-- Pelo visto ainda vai me surpreender, não é mesmo Tomura? -- Apesar da pergunta não esperou pela resposta, logo o local escureceu e somente Kurogiri e Tomura restavam na sala. O prateado aproveitou para perguntar a névoa sobre o que tanto lhe incomodava no momento:

-- Onde meu mestre foi Kurogiri?

-- Não estou autorizado a dizer Shigaraki. -- A névoa comentou e ele o encarou desconfiado.

-- Não quer dizer ou não sabe? -- Bateu os dedos no balcão de maneira impaciente.

-- Estou incerto sobre.

Tomura se levantou dando a volta pelo local encarando a névoa que sempre esteve ao seu lado.

-- Você é fiel ao meu mestre Kurogiri e isso é correto, mas eu pensei que a prioridade fosse a minha vontade. -- Jogou, fazendo com que o mais velho o encarasse.

-- Fui criado para lhe proteger.

-- Então deveria dizer onde AFO foi. -- Em todos os seus anos ao lado dele nunca se referiu ao mestre dessa forma, alguma coisa estava errada e o sucessor fazia questão de deixar claro.

-- Ele quer a senhorita, então vai atrás dela. -- O sangue de Shigaraki gelou, sua respiração pareceu travar enquanto ouvia as palavras de seu mestre ecoar:

"Ela sempre foi um meio para um fim, mais uma peça em nosso tabuleiro."

Um arreio lhe correu a espinha enquanto ele imaginava o que fazer.

-- KUROGIRI ABRE PARA HINSHITSU VAMOS AGORA DEPOIS LEVA O MATUSALÉM E A PUTA ATÉ A LIGA! -- A névoa não pensou duas vezes antes de obedecer, Shigaraki olhou o ambiente calmo e sem qualquer sinais de que algo estava fora de ordem, sua preocupação era que AFO estivesse ali por mais que não conhecesse o local, Kurogiri sabia exatamente onde levá-lo.
Caminhou pela sala e nada de encontrá-la, subiu as escadas direto para o quarto e começou a ficar preocupado, com cada porta que abria e dava de cara com nada, na cabeça dele o pior se passava até ouvi um baque de algo quebrando vindo do andar inferior, Shigaraki correu pelo corredor descendo as escadas com pressa até estar diante da origem do barulho:

Na cozinha Mirai catava os cacos de algo que havia quebrado, a barriga completamente evidente.

-- Mais que droga! Por que eu fui inventar de fazer tanta comida?! -- Shigaraki estagnou olhando tão tranquila e uma sensação de alívio percorreu seu corpo. Pouco se importando com os cacos pelo chão e ainda calçado andou pelo caminho até a mulher de fios lilases a abraçando. -- Shigui...

Ele não disse uma palavra sequer apenas manteve o aperto ao redor do corpo alheio.

-- O que você tem?

-- Nada Diaba, vou levá-la para outro lugar. -- Lhe ocorreu entregá-la a Hikai e manda-lo abrir um portal.

-- Shigui eu estou fazendo cozido, não da pra sair assim é uma receita difícil e eu nunca cozinhei na vida! -- Ele revirou os olhos antes de desligar o fogão e pegou-a no colo. -- Espera Tomura eu...

-- Kurogiri abre! -- Tudo ao redor escureceu e quando voltaram a si estavam na liga. Mirai estranhou o fato de todos que lhe eram importante estarem por ali.

-- Pelo visto o evento vai ser enorme. -- Comentou arisca já que estava com fome e Hikai riu atraindo atenção.

-- Parece que o garoto finalmente entendeu que não pode ter tudo e a sua linha de pensamento não é a mesma de seu mestre, não é?

-- Você não sabe de nada velhote! -- Vociferou.

-- Realmente, eu desconheço a lavagem cerebral que ele fez em você, contudo, sei muito bem o que é deixar alguém sem escolhas e no momento Tomura está mais encurralado do que um coelho fugindo de seu caçador.

Os olhos dela exprimiram um leve espanto.

-- Ou ou ou, espera ai. O maldito está solto?

Hikai riu de leve.

-- My baby, my sweet baby. Ele nunca esteve preso, o Kraken foi uma ideia excelente mas você não conferiu o contrato dos que estavam lá. Aquele lugar se tornou a casa perfeita para o filha da puta.

-- Então agora vamos ter que nos proteger. -- Sato afirmou.

-- Ou matá-lo de uma vez. -- June.

-- Que tal uma investida e um bom plano? -- Sato.

-- All for one não é qualquer um, são idiotas por acaso? -- Toga.

-- Quem deveria decidir é o líder não acham? -- Mr.Compress.

A pequena discussão estava para se instaurar e ninguém percebeu quando o celular do guardião tocou ou sequer quando parte da sala escureceu, só se deram conta quando os sapatos tocaram o chão e a voz os alcançou.

-- Vejo que me pouparam o trabalho. -- All for one estava sozinho e de frente para aqueles com quem tinha contas a acertar,  seu rosto estava levemente virado para a garota de fios lilases ao quais o olhava com raiva.

-- Não vai dizer um olá para o seu pai?

Por instinto Hikai se colocou na frente dela notando que Tomura fez o mesmo sem perceber.

-- Para que essa hostilidade? Vim apenas conversar, pensei que ficariam felizes em me ver. -- AFO sorriu abrindo os braços até mesmo Toga pegou as facas ao perceber a tensão de June, que estava ao seu lado.

-- Mestre. -- Tomura trouxe a atenção para si.

-- Infelizmente Tomura, dessa vez o assunto não será sobre você. -- ALL for One se sentou:

-- Sabe, existe algo muito extraordinário nas tentativas da minha querida filha em querer me ver morto, se bem que ela sabe a repercussão que isso causaria e fez o certo ao tentar me cauterizar, apesar de suas vã tentativas eu ainda estou aqui e lhe trouxe uma bela surpresa.

A lilás revirou os olhos.

-- Antes tivesse deixado meu pai te matar, assim não teríamos mais problemas! -- As palavras dela saíram calmamente enquanto parte da liga continuava a compreender do que estavam falando.

-- A que pai se refere? Até onde sei ele não conseguiria nem que enfiasse uma granada no meu cérebro, então querida vamos acabar logo com isso.

Tomura deu alguns passos em direção a ela, não estava gostando do rumo da conversa e sabia que um recado dado por ele deixava mortes ao redor.

-- Vejo que todos escolheram um lado. -- Riu. -- Sabe a surpresa que eu tenho é justamente para aqueles que estão atrapalhando o avanço de Tomura.

Os tentáculos de metal sorrateiramente se estenderam pelo chão até que alcançou Kurogiri forçando sua individualidade abrindo portais medianos por toda a sala e passando as hastes de metais por eles, rapidamente o ambiente se tornou uma confusão onde ninguém conseguia chegar perto de AFO e Tomura se via desintegrando tudo o que vinha em sua direção e os outros não se encontrava em estado diferente, no entanto, não passava de uma distração e ao agarrá-la rodeando o corpo como queria tudo sumiu, sem perceber havia desintegrado a haste de metal que ligava ao corpo de Kurogiri, com isso AFO ficou sem saída e Mirai presa em seus braços com um Tomura praticamente rangendo os dentes de raiva.

-- Mestre... Tire as mãos dela agora. -- Dava para ver a descamação nos braços dele ao falar de maneira to branda afastando a todos ao redor.

-- Tomura você precisa se acalmar. -- A voz de Mirai saiu calma olhando ao redor e vendo todos eriçados pela raiva. -- O que você quer AFO?

Ele riu.

-- Acha mesmo que eu preciso de algo que venha de você? Não seja tão ingênua garota.

-- Mestre! Eu não vai pedir de novo, coloca a Diaba no chão! -- A voz de Shigaraki estava densa e aos poucos as rachaduras ao seu redor se iniciavam, já não havia mais sapato em seus pés e AFO sentiu um misto de orgulho e desprezo, orgulho por ele ser realmente o escolhido perfeito e ter se fortificado tanto sem precisar ser submetido a experimentos e desprezo por entender que esse mesmo fortalecimento veio por motivos errados, sem pensar em mais nada balançou a cabeça negativamente.

-- Quer tanto estragar os seus planos assim? Tudo por uma mulher? --Ironizou.

-- Ele não vai estragar nada AFO, você está sendo uma pedra no caminho. Olhe tudo que ele fez sem ter a sua presença ou seus recursos! -- A voz de Mirai saiu um pouco dificultosa enquanto ele notava o relevo com um sorriso miserável nos lábios.

-- Hum... Pelo visto meu pupilo não se contentou em apenas usá-la, não é mesmo? Tomura jamais mudaria a estratégia que lhe foi criada desde cedo, já você -- segurou no pescoço dela. -- Nessa altura do campeonato era para estar morta, eu te coloquei na liga para isso! Ter o poder desenvolvido e depois ser absorvida por mim.

Ela riu de leve.

-- E pelo visto você falhou, não foi? -- A minha individualidade não para, mesmo que eu não possa expandir, ela ainda me protege. Do contrário você já teria tentado absorver o meu poder.

A sala escureceu atrás dele e apenas uma mão passou desintegrando o braço que segurava a garota que antes de cair foi amparada por June.

AFO sorriu mais uma vez notando o braço regenerar lentamente enquanto arrebentava parte da sala e por ali passar, ele não disse uma palavra e nem precisava para entender que Tomura Shigaraki tomou sua decisão e que ela traria a pior das consequências afinal sentia-se traído.


•ೋ° °ೋ•

"Não existe salvação pra mudar tudo isso a vingança contra a insanidade resultaram num ciclo maldito." é um trecho de uma música do Anirap

Eu não tô escrevendo uma one hot com AFO não né? Óbvio que não, Imagina se eu ia escrever algo com esse FDP que no passado era um tremendo de um gostoso 😈

Assim que acabar irei liberá-lo no livro de imagines chamado Imagination


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