20. Não me testa!

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Não me testa!

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O quadril reclamava com cada passo dado sobre o salto em direção a mesa reservada. No fundo tudo o que queria era deitar numa cama e dormir, mas não poderia.

"Aquele idiota" — Pensou enquanto conferiu o visual no espelho que havia perto da mesa discretamente, encarou o castanho sem a máscara  em um terno verde escuro belíssimo.

— Me desculpe pelo atraso. — Sorriu timidamente recordando de cada detalhe dentro daquele quarto e em como preciso retocar a maquiagem.

"Eu preciso criar vergonha na minha cara" — Pensou.

— Imagino que tenha tido os seus motivos. 

— Exatamente — Confirmou sorrindo, queria ao máximo guardar a vergonha que sentia ao estar ali atrasada e principalmente se a peça intima já que Shigaraki havia desintegrado. — Imagino que você queira algo de mim para ter marcado em um lugar tão...Caro.

— Serei direto garota, quero que comece seus trabalhos junto a minha organização amanhã.

— E você precisava de um jantar para me dizer isso?—Se entreteu com o cardápio por alguns minutos. — Há algo que você quer nesse exato momento Chisaki, só não consigo descobrir o que é. — Sorriu ao decidir o que iam comer. Antes mesmo que pudessem continuar com aquela conversar um trio se aproximou, deixando-a em alerta.

— Me desculpem pelo atraso, minhas queridas não conseguiam decidir o que iriam vestir. — Mirai demorou alguns minutos para o reconhecer, mas quando o fez sentiu um frio correr pela espinha, mesmo que a face do homem estivesse um pouco diferente os olhos eram os mesmos de sempre. 

— Sem problemas estamos apenas começando. — Chisaki estava confiante demais e Mirai tencionava os dedos dos pés sentindo o cheiro da armadilha ser montada ao seu redor aos poucos. De repente o homem olhou nos orbes esfumaçados e sorriu.

— Senhorita Queeny, é um prazer revê-la. — sorriu minimamente sendo correspondido e por dentro ela estava uma pilha de nervos.

"Droga eu devia ter utilizado minha individualidade nele." — Pensou.

— O prazer é todo meu senhor Creation. — Sussurrou e o mesmo pegou na destra beijando o dorso.

— Por-favor, não precisa de tanta formalidade, aqui sou apenas um homem comum, pode me chamar de Haruki. — Comentou pedindo ao garçom uma taça de vinho branco e ela sorriu.

— Devo presumir que esse não é o seu verdadeiro nome. 

— Certamente. Agora vamos aos negócios só espere um momento — se virou para uma das acompanhantes — Bright peça meu jantar e Coffee a sobremesa e decidam o que querem também. — Ambas concordaram.

— Agora vamos aos negócios afinal foi pra isso que eu vim. — Do bolso do smoking tirou um pen drive e sorriu.  — Espero que minha carga fique intacta. 

— E ficará, espero que você cumpra a sua parte do combinado do contrario eu odiaria ter que me indispor com alguém do governo. — Os dedos da mão esquerda tamborilavam pela mesa mediante a sutil ameaça e o homem sorriu, não demonstraria que sentia medo daquele que na escuridão do submundo aos poucos conquistava seu posto. 

— Não costumo falhar Overhaul. 

Chisaki riu.

— Excelente. Que tal degustarmos o jantar como uma forma de aliança? 

— Claro, não vejo problema algum em servir aquele que esta em busca do posto de All for One.

Duas coisas se passavam na cabeça de Mirai ao observar os homens erguerem as taças antes de tomá-las: primeiro, como Kai se mantinha distante dos demais e claramente estava armando algo mais, já que ficou claro que possuía muito mais ramificações em seus planos do que demonstrava e segundo: será que Haruki não sentia remorso? Uma coisa é ser um vilão e ter uma causa e um ideal assim como os heróis, outra é trabalhar para os dois lados assistir o sofrimento daqueles de quem é próximo esboçar uma falsa pena e o fim não sentir nada.

"Realmente essa sociedade não presta." — Pensou se mantendo em silêncio escutando a conversa e uma questão se tornou bastante clara para a lilás, Overhaul havia marcado aquele jantar para demonstrar que estava a par de tudo, tendo ciência daquilo que nem mesmo Shigaraki imaginava.

O restante do jantar ocorreu tranquilamente e quando tudo acabou ela e Chisaki se despediram do trio e ao seguir para lado externo notou que Chisaki havia posto uma máscara comum enquanto aguardava o manobrista trazer o carro.

— Entre. — Ordenou e ela ergueu uma das sobrancelhas descrente. — Te levarei até o seu hotel, mas esteja ciente que há um atirador a te observar. 

A garota revirou os olhos.

— Você é muito dramático Kai, vai por mim se eu fosse fugir não teria vindo nesse jantar e sinceramente espero que arrume um quarto bem amplo e confortável se não nada feito. — Piscou ao adentrar o carro e por o cinto ele seguiu para o banco do motorista e fez o mesmo.

—  Tudo para você não passa de uma brincadeira, que garota insolente.. — Ironizou e ela riu.

—  Não faz a menor ideia do que te aguarda Chisaki, será divertido trabalhar com você. — Depois de tais palavras o silêncio retornou ao carro enquanto o moreno dirigia tranquilamente pelas ruas de Musutafu.

...

Por Toga,

Eu estava descrente em ouvir aquele idiota, só de lembrar o que ele fez com a Magne me dá vontade de esfaqueá-lo, porém o plano de Shigaraki é tão sensacional que só me deixa mais ansiosa para cumpri-lo.

— Garota vamos ter que testar você. — A voz de um dos mascarados me deixou completamente inerte.

— Escuta aqui oh tucano ninguém avisou isso pra gente não. — Twice revidou.

— Estou avisando agora.

— E o que te faz achar que vou aceitar essa porcaria com facilidade? —  Rodei a minha faca em meus dedos, a minha vontade é de sangrar cada um que tem aqui, mas não por querer ver o lindo vermelho de seu sangue e sim por raiva.

— Bem vocês aceitaram a parceria conosco então não tem escolha, fora que é um serviço rápido.

— Se é rápido vão lá vocês e façam, oh cambada de gente inútil. — Twice sempre ficava divertido quando estávamos em situações estressantes.

Um dos mascarados se aproximou com uma arma em mãos, tive que sorrir, se aquilo era pra ser uma ameaça é óbvio que não funcionaria.

— Façamos o seguinte. — Ele desarmou a arma e pôs sobre a mesa. — Um joguinho amistoso entre nossas individualidades quem ganhar pode ter o seu pedido atendido, seja ele qual for exceto pular fora do trabalho. Combinados? — Estendeu a  mão, pode parecer loucura mas eu adoro um bom jogo principalmente quando é impossível perder.

Off 

A loira caminhava com a faca levemente suja nas mãos o jardim da parte inferior da casa fora usado para a aposta e agora sorria notando Twice carregar alguns doces em seus braços fora as garrafas de vodka e um urso de pelúcia em tamanho mediano, indicando que haviam passado em um fliperama no meio do caminho.

— Você se divertiu Toga? — A voz era amável enquanto ela terminava de limpar a faca.

— Foi aceitável, mas escuta: não podemos baixar a guarda por aqui, portanto deixa pra beber na liga. — Ele assentiu.

A dupla estava prestes a cruzar o corredor e ir embora pelos fundos quando ouviram e viram a garota de fios lilases: Mirai usava um vestido branco drapeado com estampa de Sakura e Overhaul estava ao seu lado, logo atrás vinha um homem sem máscara carregando duas malas e sem pensar duas vezes a loira atravessou o recinto indo de encontro a amiga.

— Não contava com visitas, mas para mostrar minha benevolência pode ficar com ela contanto que não mexam com os meus negócios. — A lilás revirou os olhos, foi até a loira puxando-a para longe dali.

— Mi o quê foi isso?

— Vamos para a liga e eu te conto no caminho. — Sussurrou, o trio seguiu para longe, até às ruas aparentemente abandonadas de Musutafu, onde o esconderijo da liga se encontrava. No caminho chegaram a passar pelo mercadinho onde Mirai recordou ter comprado muitos frappuccinos e outras coisas mais.

— Escuta colorida, você e o Shigaraki terminaram? Por que se você está trocando de lado saiba que é um puta mal gosto. — Twice comentou rompendo com os pensamentos da garota que automaticamente sentiu a vergonha lhe alcançar.

— Não é nada disso tá legal, estamos trabalhando. — Justificou.

— Eu não acredito que você aceitou isso Mi. — Toga batia a pontinha da faca.

— Digamos que não tive muita escolha, então por um tempo vou morar com os preceitos e por que você está aqui Toga e você também Twice?

— Tivemos que trabalhar para Overhaul, mas tudo faz parte de um plano do Shigaraki e... — O mascarado fora interrompido pela loira.

— Shigaraki pediu discrição, fora que... —  Olhou para o lados conferindo se estavam mesmos sozinhos. — A Mi não vai gostar do plano. — Mesmo sem saber Mirai concordou.

— Faz parte das minhas regras, se não vai afetar o meu trabalho, não preciso saber. — Comentou.

— Que regra besta, você pode ser pega de surpresa com facilidade. — Twice acendeu um cigarro levantando minimamente a máscara.

— E no entanto nunca aconteceu. Não é por que não sei o que estava acontecendo que não vou tomar meus devidos cuidados. — A lilás piscou e a loira estalou a língua no céu da boca.

— Depois desse trabalho você vai ter que fazer uma sessão de purificação, imagina absorver manias daqueles idiotas. — toga se mexeu como se estivesse arrepiada de nojo.

Mirai tentou segurar o riso mais não deu, riu de leve e olhou para a loira que arqueava a sobrancelha.

— Relaxa Toguinha depois desse trabalho vamos pro ring, vou adorar te ver emersa em vermelho novamente e sei que a June não ver a hora de torcer por você pessoalmente. — As maçãs do rosto da loira ganharam um tom de rubro adorável enquanto ambos andavam até o covil ao adentrar notaram o silêncio.

— Essa já é a terceira reunião da semana. — Toga comentou e por um lado Mirai se sentiu preocupada imaginando como a liga estava custeando os gastos com ela longe, por outro não poderia ficar tinha que seguir a risca as ordens de Shigaraki.

...

A lilás andava pelos corredores da mansão despreocupada, havia graças a direção de seu quarto, no meio do caminho sentou a barriga roncar e se desviou andando pelos caminhos que achou que dariam na cozinha se deparou com uma porta enviesada.

— O que faz aqui garota? — A voz do preceito ecoou e ela o observou.

— Você fica menos pior sem a máscara. — Ironizou. — Estou com fome. —  O prateado revirou os olhos.

— O jantar já foi servido, mandarei que levem até o o seu quarto. — Discretamente ela agradeceu e retornou ao espaço que lhe foi disponibilizado, abriu as malas e retirou de lá um vestido rodado preto sem estampa e chinelos além de uma lingerie azul clara, pegou a tolha, kit para os cabelos, o hidratante de banho e perfume e seguiu para o banheiro não se preocupou se ia demorar ou não apenas tomou um bom banho aproveitou para lavar os cabelos e examinou o corpo com calma notando que não havia mais marcas deixadas pelo azulado e de certa forma sentia-se bem, tendo ciência de que tinha o controle de sua própria vida em mãos. Mirai enrolou os cabelos na toalha e seguiu para o quarto mal fechou a porta do banheiro e se deparou com o jantar na mesa e o homem de fios castanhos e olhos âmbar sentado em uma das cadeiras.

— Vejo que já está a vontade. — Os olhos vagaram pelo corpo alheio, sem os saltos e a maquiagem a garota possuía um semblante doce e tão observação deixou-a atenta e levemente desconfortável. Não estava acostumada a ser vista tão despida de suas facetas.

— Bom, não é porque trabalho com e para vilões que não mantenho meus bons costumes e a higiene é uma delas. — Tirou a toalha dos fios e deixou-a pendurada rapidamente no box antes de voltar  e se sentar de frente para Kai, quando destapou os pratos sorriu com gosto notando que a comida era bem estruturada e nada de porcarias, montou o prato e deu uma garfada sentindo o estômago agradecer. — Pelo visto está satisfeita.

Engoliu a comida.

— Ora senhor Chisaki me diga o que quer, aposto que não veio até aqui para apreciar a minha companhia, se bem que sei o quão maravilhosa eu sou. — Evitou sorrir e voltou a comer, ele bem arqueou a sobrancelha antes de retirar a máscara e prestar atenção, em cada detalhe da garota e se perguntava o por que dela ser tão bem tratada por Hikai e requerida por Shigaraki. 

— Quero testar você. — Ela largou o garfo pegou um pouco d'água.

— Como?

— Você não é surda. Quero testar você, recentemente descobrir que é boa com armas, vamos ver o quanto.

— Devo recusar. 

— Não é um pedido garota e sim uma ordem fora que o nosso atirador está meio avariado. — Sorriu ameno.

— E vocês só tem um pelo visto, aposto que foi o Shin que se machucou. Tadinho ele tem cara de fraco. — Ironizou enquanto Overhaul apenas a observava. 

— Sairá pela madrugada. — Continuou a degustar a comida sem se preocupar, ele simplesmente saiu do quarto e a lilás ao terminar de comer foi até o banheiro escovou os dentes e se jogou na cama sem se importar com mais nada.

O celular tocava de maneira incessante a garota se revirava na cama a espera de que a pessoa do outro lado da linha entendesse que ela não iria atender, porém não funcionou. A contragosto desbloqueou a tela encarando o número anônimo:

— Quem me perturba a uma hora dessas? — O humor estava ácido demais.

— Srta.Mirai, precisamos conversar. — Pela voz soube que algo não estava bem, coçou os olhos.

— Estou ouvindo Kurogiri, pode prosseguir.  — Por grande parte da noite os ouvidos estiveram ocupados conversando com a névoa e quando acabou percebeu que sobre a mesa do quarto havia mais comida e um bilhete:

"Seu lanche, se não gostar ligue pra xx-xxxx-xxxx. "

Ao destapar sorriu involuntariamente pensando que  Overhaul havia feito uma pesquisa detalhada.

— Bolo de morango, pelo visto você fez mesmo o dever de casa Overhaul. — Sussurrou e após se deliciar com o bolo e o suco pegou a roupa dentro da bolsa: um macacão preto com bolseta lateral, a braçadeira criada especialmente para por balas, além de um suporte para faca na perna, prendeu os cabelos em um rabo antes de se vestir e sair do quarto. 

— Ora-ora até que ela é rápida. — Um dos preceitos comentou e ela riu em ironia.

— Seria ainda mais rápido se você não tivesse se metido em confusão, mas não se preocupe vou limpar a sua bagunça. — Piscou. 

O preceito respirou pesado por baixo da máscara. 

— Garota eu ainda vou meter uma bala em você. 

Mirai apenas riu, antes de segui-lo para os fundos até uma porta metálica, os olhos esfumaçados da garota notaram o mecanismo acessado através de digital e scanner ocular e quando a porta foi aberta não pode conter o sorriso de felicidade: ali haviam as mais variadas armas e por um minuto se questionou sobre a situação financeira da Yakuza que não condizia em nada com o que via.

— O jovem mestre foi muito bondoso deixando você escolher a sua peça favorita, mas as balas só serão entregues lá. — Ela revirou os olhos indo em direção as armas mais comuns e optando por um revólver de calibre trinta e oito, além de uma pistola de pressão 5.5 e uma glock. 

— Deve dá. 

— Se não der você se vira. — Nemoto estava com raiva e a conduziu até o jardim externo localizado nos fundos da casa onde Kai a esperava e ao olhá-lo sentiu raiva, raiva por estar sendo testada de forma tão fútil sendo que suas habilidades seriam melhor trabalhadas dentro de um escritório, gostava de atirar. Na verdade gostava de missões como esta, mas somente quando ordenadas por seu próprio pai já que o azulado nunca a colocaria em tal situação.

— O que eu devo fazer? — Foi direta.

— É simples, vai invadir um barco clandestino, conferir a carga e algo der errado vai matar. — Abriu a destra mostrando um ponto de comunicação e uma câmera. — Coloque-a na frente do seu traje quero ver em primeira mão se é mesmo útil.

Trincou os dentes.

— Chisaki eu não tenho que provar nada pra você, foi você quem me oferece o trabalho e se fez o seu dever de casa sabe que meu objetivo é aumentar as suas finanças e só isso. — Cruzou os braços.

— E você vai, mas primeiro quero que invada a embarcação. — A garota bateu a arma no ombro diversas vezes, se Shigaraki não tivesse exigido que o observasse de perto já teria feito uma grande besteira sem saber o quão perigoso Kai Chisaki pode vir a ser.

...

Sabia que havia um problema só não esperava que fosse daquela forma. A invasão do navio ocorreu com sucesso, porém o silêncio da embarcação lhe chamou atenção. Afinal se aquilo estava cheio de coisas ilícitas como é que não tinha ninguém vigiando? Foi ai que se deu conta de que em meio a tanta calmaria estava em uma emboscada, rapidamente se escondeu sentindo o deck ser coberto pela fumaça claramente tóxica do gás e logo em seguida o som de tiros ao qual acertou de raspão o braço engatilhou a arma dando o primeiro tiro e se esquivando mais uma vez em busca de um lugar seguro e conforme as coisas foram piorando se viu na obrigação de levar aquela situação como risco de vida intensificando ao máximo a individualidade, descarregou a pistola se preparando para se concentrar nas outras .

"Não tem carga alguma aqui."  — mencionou no comunicador enquanto se deitava no chão e rolava mais uma vez em busca de abrigo, ela atirava com vontade mesmo que não mirasse nos pontos vitais.

—  Mais que merda! Quando retornar para a mansão Overhaul vai se ver comigo! —  Berrou no comunicador dando mais um tiro. A arma foi descarregada e a lilás se pôs a trocar o pente enquanto se protegia dos tiros atrás de um container adaptado estava tudo tão confuso que não se deu conta de aquele era o único na embarcação de pequeno porte.

—  Relaxa garota, isso deve acabar em três segundos. — Estranhou a voz de um dos preceitos, mas em questão de segundos tudo foi silenciado.

— O que vocês fizeram? 

—  Por que não sai daí e vai ver? — A contragosto Mirai empunhou a arma e se aproximou da ponta, observou que na proa do navio não havia um único homem de pé e aos poucos saiu e para sua surpresa só havia um homem de pé, grande, musculoso e mascarado.

— SAI LOGO DAÍ PIRRALHA TEMOS TRABALHO A FAZER! —  A voz estridente do preceito ecoou e a lilás baixou a arma bufando de raiva.

— Se iam mandar você pra fazer esse estrago desnecessário me colocar aqui foi inútil! —  Travou a arma guardando para si mesmo o  fato de que claramente Kai mandou-a para uma armadilha.

—  Olha pra mim tanto faz, agora segura essa merda. —  Jogou um dispositivo pequeno nas mãos da garota que só teve tempo de cambiar a arma para o lado. 

— Você ficou maluco? Será que seu cérebro foi consumido por toda esses músculos não é possível! E o que é isso? 

Ele riu.

— Será que a princesa não sabe o que é uma bomba? — Os orbes esfumaçados tornaram-se incrédulos e preocupados.

— B-bomba?

—  Sim uma bo-bo-bomba. Agora coloca essa porcaria na cabine central aperta o botão do meio e vamos dar o fora daqui. — Cruzou os braços. Mirai respirou fundo, a vontade de dar um tiro no preceito era grande, mas tinha que manter a pose e trabalhar sobre os termos dele independente do que fosse. 

Sem problema algum subiu ao convés executou a ordem e ao ir em direção a Kendo teve o corpo segurado por uma só mão. 

— Prende a respiração garota.

— Como...

Não teve tempo de perguntar o baque foi intenso e o medo correu a espinha ao sentir aquela água fria e dura devido a altura em contato com o corpo, o homem a manuseou para trás e tudo o que fez foi segurar no pescoço enquanto o mesmo nadava. O que para ela pareceram ser horas para ele foi questão de minutos, ofegante e tossindo se encontrava largada dentro de um bote elétrico.

— Seu filho da puta. —  Cuspiu um pouco de água que engoliu quando estavam perto de chegar ao bote e o mais velho gargalhou alto enquanto pilotava, Mirai fechou os olhos. Em sua mente aquilo fora uma lição do moreno por toda a afronta que cometeu...

A garota caminhava pela mansão com raiva as armas haviam ficado no balcão da cozinha e enquanto caminhava ainda úmida pela casa ignorava as ordens daqueles que mandavam-na parar, a porta do escritório foi aberta com força e um moreno com ar de superioridade a encarou:

— Chisaki seu desgraçado. — O tom de voz permaneceu baixo e ele simplesmente olhou para o homem com quem dialogava minutos antes da invasão feminina. 

— Shin irá acompanhá-lo até o laboratório. —  O homem apenas ajeitou a gravata e se levantou, olhando para a lilás desgrenhada com desgosto.

— Que assim seja, você precisa adestrar melhor os seus subordinados. — Os olhos de Mirai foram de encontro aos do homem, trajava um terno preto com gravada azul e seus olhos castanhos combinavam com os tons do cabelo.

— Ele não mandou você sair? Então vai! Antes que eu perca a minha paciência. —  Ironizou e foi a vez de Overhaul rir.

—  Santrack tenha cuidado como fala, ainda está em minha casa e estressar minha convidada não será um fim digno para você. — O homem sorriu claramente ameaçado antes de sair da sala. Overhaul se levantou e encheu um copo d'água entregando para a garota que o olhou furiosa.

— Não estou com cede seu babaca! —  Bradou. 

—  Veja como fala, não é por que não posso te reconstruir que balas não atingiriam esse belo corpo. —  Voltou a se sentar. 

— VOCÊ COLOCOU MINHA VIDA EM RISCO PRA NADA! ME FEZ DE PALHAÇA PRA NO FIM MANDAR O PURO MÚSCULO! — Nunca se descontrolou tanto e ele estava adorando.

— Como assim pra nada? Os rivais de Hikai que agora são meus tiveram a carga completamente comprometida ou você não fez o seu trabalho sendo uma boa isca? — Ela respirou fundo e sorriu, ele estava jogando e claramente vencendo o jogo ao qual a mesma se colocou.

— Sou completamente competente. — Bebeu a água e se aproximou, pode notar que os orbes âmbar tornaram-se mais intenso desviou o olhar de leve notando que os braços enrijeceram conforme se aproximou e propositalmente passou a mão molhada pela mesa. — Espero que sua equipe tenha sido capaz de camuflar a nossa presença pois não agimos totalmente nas sombras. — Balançou os cabelos respingando gotículas nele e se aproximou mais ao ponto de tocar o bico da máscara com o indicador esquerdo. — E da próxima vez juro que te meto uma bala. — Sussurrou se afastando.

— Isso foi uma ameaça? Deveria ir ao laboratório cuidar desses ferimentos antes de tentar algo contra mim. — O tom era denso e tranquilo e ela sorriu se sentando na ponta da mesa, era possível ver o macacão completamente colado a pele e isso incomodava profundamente mais não sairia dali e por um minuto desejou ter um dos cigarros de Dabi apenas para estressar ainda mais o líder dos preceitos.

— Uma promessa. — Dando uma piscadinha saiu da mesa e seguiu para fora da sala, não foi surpresa alguma encontrar Hari Kurono sem a máscara e completamente revoltado olhando-a de maneira repulsiva.

— O que veio fazer aqui perturbando o mestre sua...

— Não te interessa, se preocupe com as suas obrigações deixe que com o Kai me entendo pessoalmente. — Esboçou um sorriso de vitória antes de tentar sair dali, sendo impedida por Kendo.

— Anda logo pirralha já pra enfermaria que aqui ninguém é babá! — Bufou chateada, será que teria que encontrar com eles a cada dez passos?

— Estou bem. — Teve a cintura apertada e gemeu. — Qual é o seu problema? Não me toca entendeu! — A expressão facial demonstrava certo horror e a adrenalina que ainda corria em suas veias não lhe permitia compreender que precisava dar um jeito naqueles ferimentos.

—  Até que é dura na queda só não vai servir muito se estiver ferida. Então ou vai por bem ou eu mesmo te levo até a enfermaria. 

A contragosto aceitou seguindo o preceito que infligia dor em seus inimigos apenas com os punhos e ao adentrar o laboratório arqueou a sobrancelha indignada.

— É sério que aqui só tem homens? Eu não vou tirar a roupa na frente de vocês não. — Reclamou.

— E nem precisa. Vou cortar aonde deve e pronto. — Mesmo que resmungasse e murmurasse  se sentou sobre a maca e aguardou, no fim preferiu abaixar a parte de cima do traje e ficou aliviada quando todos exceto aquele que faria os curativos deixaram a sala, gemeu de leve quando sentiu a gaze com mercúrio passar sobre a pele ferida e recém limpa.

— Foi só de raspão. — A Lilás reprimiu a vontade de reclamar conforme o homem cuidava de sua ferida.

— Mas darei uns pontos do mesmo jeito, seu braço também vai precisa de um pouco de atenção. — O processo de limpeza e esterilização foi repetido no braço antes de se preocupar com agulha e linha. A garota fechou os olhos se imaginando em um lugar tranquilo procurou no fundo da mente uma memória aceitável que lhe fizesse suportar a costura e encontrou nas risadas de Hikai, June e Sato um alívio para tal momento, o peito apertou com a saudade da família e no fundo era bom ter aquele laço que lhe permitia não ultrapassar os limites.



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