33.Matrona

Notas iniciais:

Recomendo que leiam os primeiros capítulos para não ficarem perdidos.

Matrona

Por Matrona,

Faz exatos seis dias que estou acordada e toda vez que Diane me conta algo sobre sua vida me sinto tão... Orgulhosa, orgulhosa da mulher que ela se tornou, mesmo que eu não possa ter estado aqui para lhe acolher quando precisou, lhe dar conselhos ou o abraço que uma mãe costuma designar aos seus filhos e essa perda carregarei para sempre em meu coração. Os olhos brilhantes dela são tudo que me aquecem no momento mesmo que viva me dizendo que eu não preciso me sentir assim e que está ao meu lado e eu sei que aos poucos irei me acostumar com essa nova vida que tenho.

No sétimo dia finalmente tive alta e minha querida me explicou que suas colegas de apartamento estão fora para que eu possa me adaptar e compreender seu lugar, minha filha mora em um bom apartamento que sei que foi provavelmente obrigatório devido a tudo o que ocorreu em Denzel e isso faz a minha cabeça doer, por mais que eu não deva me preocupar com o passado visto que Diane já é uma mulher feita eu não consigo deixar essa sensação de inconclusão de lado.

-- Mamãe você precisa de alguma coisa?  -- Ela apareceu sorrindo e me entregou uma bandeja com comida enquanto me sentei na cama em sua varanda.

-- Não precisa se preocupar querida. -- Encarei seu semblante que apesar de feliz mostrava um leve cansaço, por que não senta aqui comigo? -- Bati no tecido acolchoado e após um sorriso ela se aproximou, assim que se sentou eu a abracei forte, distribuindo um carinho em seus cabelos. Confesso que nunca fui uma mãe de demonstrar afeto dessa forma e sim pelo cuidado que tenho com ela, mas depois de tanto tempo sem ver a minha menina quero compensar cada detalhe que passou. -- Diane eu quero saber tudo sobre você, cada falha, cada acerto, cada evolução, tudo que eu perdi nesse tempo em que estive dormindo.

Ela me sorriu de maneira doce antes de distribuir um carinho pelo meu rosto.

-- E eu vou te contar tudo está bem? Tenho tantas coisas para falar e eu escrevi em diários os detalhes importantes para não esquecer. -- Se afastou saindo da varanda, quando retornou trazia consigo uma caixa cheia de cadernos na cor lilás.

-- Minha filha eu quero ouvir de você, quero olhar em seus olhos enquanto conversa comigo. -- O rubor em sua face demonstrava que havia entendido e assim deixou tudo de lado e pelo restante da tarde fui envolvida por suas memórias. Diane parecia ocultar tudo que não lhe era agradável e eu não irei insistir, pois, sei que naqueles cadernos há mais sobre ela do que posso imaginar.

-- Bom mamãe pode dormir aqui comigo, vou procurar um apartamento maior logo pela manhã assim... -- A encarei cortando suas palavras:

-- Minha filha você não precisa mudar a sua vida por minha causa e, na verdade, fico feliz que tenha seu espaço, então que tal se ao invés de procurar outro apartamento fomos atrás de uma casa para mim? É claro após a fisioterapia. -- Os olhos dela brilharam, infelizmente depois de tanto tempo em coma parece que minhas pernas estão dormentes e com isso precisarei de dez sessões iniciais de fisio, mas se meus movimentos demorarem a voltar terei que estender para um mês.

-- Será um prazer. -- Diane se aninhou mais no seio materno e de certa forma me senti completa, fiquei um bom tempo ao lado da minha filha até que percebi que talvez ela tenha outras obrigações.

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Três meses se passaram desde que comecei as seções tanto de fisioterapia quanto a terapia, no fim as de fisio foram um total de trinta e três seções  de dois em dois dias e nesse tempo que decorreu aproveitei para ler os diários de minha filha e não posso deixar de me sentir triste por tudo o que ela passou fora que tiveram que adiar o possível casamento para que tivéssemos vamos tempo em família, também aproveitamos para comprar minha casa ao qual ela insistiu que deveria ser perto no centro de Camelot para que pudéssemos nos ver sempre e é muito gostoso acordar e ter minha menina no quarto ao lado. Tarefas simples como passar um café e começar o dia com um simples "bom dia" deixam tudo melhor.

-- Mamãe o que acha verde ou azul? -- Fui arrancada dos meus pensamentos enquanto ela me mostrava um macacão social em tom azul marinho e um vestido verde água.

-- Azul Diane, você sempre ficou linda com esse tom. 

-- E não vai se arrumar? -- A expectativa em seu olhar deixava tudo mais intenso.

-- Claro que sim minha querida. -- Infelizmente depois de tudo tivemos que comprar roupas novas além de reaprender a andar sobre um par de saltos. Optei por um conjunto social, uma saia lápis  em tom marrom caramelo e com blusa de ombro a ombro de manga longa na cor off-white e para completar scarpins com estampa de onça. Depois de pentear meus cabelos os prendi em um rabo baixo arrumando a franja, não fiz questão de o cortar gosto do comprimento extremamente longo.

-- Nossa, está maravilhosa. -- Ela comentou.

-- Digo o mesmo de você minha filha linda. -- Diane usava um vestido verde clara de cetim com alças finas, a peça delineava as curvas e havia um fenda na perna esquerda e ela completou a produção com o cabelo preso para trás e algumas mechas onduladas caindo pelos lados do rosto, nos pés optou por uma sandália de salto na cor nude. -- E espero que não se importe por eu ter uma conversa com o seu noivo. -- Tentei passar uma calmaria quando na verdade só quero alguns pequenos por menores já que minha filha decidiu marcar um jantar para que Harlequim fosse apresentado formalmente.

-- Tudo bem -- sorriu. -- Vamos conferir o jantar? 

Concordei, não será apenas o noivo que conhecerei e espero não perder minha paciência no processo... 

Por volta das dezenove horas a campainha tocou e Diane respirou fundo antes de ir até a porta enquanto eu organizei meus pensamentos, mal acordei e sinto que já perderei minha filha novamente.

As vozes na sala me deixaram mais interessada.

-- Boa noite senhorita Diane. -- Essa voz eu conheço muito bem.

-- Nossa Diane você está.. Uau.  

-- Essa fada é tão sem jeito com as palavras.

-- Ban hoje você prometeu que não pegaria tanto assim no pé dele.

-- Claro amor, sei que a mãe da Diana vai acabar com ele de qualquer forma. 

-- BAN!

-- Minha mãe não fará isso. -- Ah vou sim, caminhei até a sala disposta a cumprimentá-los, olhei para cada um deles antes de fixar meu olhar praticamente cego no menor.

-- Boa noite a todos. -- Os saldei sendo respondida.

-- Pessoal essa é a minha mãe e esses são Harlequim meu noivo,  Elaine minha cunhada, Ban o marido dela e Gloxinia o...

-- Eu o conheço querida ao outros é um prazer receber, desejam beber algo?  -- Todos negaram enquanto ficavam a vontade em minha sala, pelo que minha filha informou ainda está faltando umas oito pessoas por isso insistiu para que a casa fosse grande. 

-- Bom eu estou um pouco nervoso mas quero ser direto. -- O possível noivo comentou, ele e Diane estão sentados ao lado de Gloxinia. 

-- Então seja direto. -- Me acomodei de frente a ele que respirou fundo segurando na mão dela.

-- Eu amo a sua filha, na verdade não vejo minha vida sem ela há anos. Quero construir uma família com Diane e gostaria de pedir sua benção, isso é importante para nós. -- Minha vontade é dizer não, por auto no diário dela tinha um período negro de sua vida que se resume também a parte que ele não é citado em nenhum momento, então compreendi de primeira que ele é o grande culpado, mas como posso ir contra se olho para ela e vejo essas violetas brilharem? 

Só me resta apoiar.

-- Você tem aminha benção -- Me aproximei vendo-o sorrir ao lado dela e apertei o encosto do sofá. -- No entanto, se fizer minha filha sofrer ou lhe criar mais algum trauma saiba que vou quebrar cada ossinho do seu corpo pouco me importando se é um rei en-ten-deu?

Ele respirou pesado.

-- Pode ter certeza que se isso acontecer eu mesmo virei até a senhora, mas não será preciso. -- Beijou a mão da minha filha. -- Prefiro me afastar dela do que deixá-la infeliz.

-- Excelente, agora que tal jantarmos? 

Dessa vez foi Gloxinia a se levantar.

-- Antes, será que podemos conversar? -- Eu poderia dormir por mil anos e não me esqueceria do assunto que temos pendente. 

-- Claro, siga-me. -- Gloxinia pediu licença e assim seguimos para o meu escritório me sentei em minha cadeira presencial enquanto ele sentou a frente da mesa e mexeu no blazer.  

-- Você lembra do real motivo a minha viagem até Denzel? 

-- Como poderia esquecer. -- Respirei pesado e ele também, logo um envelope escuro foi posto na mesa e deslizada em minha direção.

-- Essa é a garantia do império de Dolor, ele aumentou bastante e Diane não tocou o negócio, mas deixei nas mãos competentes dos meus acionistas. 

-- Eu queria era rasgar essa certificação e fazê-lo engolir pessoalmente, mas ele morreu naquele tsunami. -- Desviei meu olhar de raiva evitando tocar no envelope do contrário poderia amassá-lo.

-- Pretende contar a Diane que sobre todas clausulas que assinou naquele contrato? -- Neguei. Minha filha já sofreu demais, só a grande deusa sabe o que passou enquanto estive em coma, o fato é que, ainda durante a minha graduação em me relacionei como um homem muito rico que tinha uma família péssima  e tradicionalmente cruel. Foi nessa época também que conheci Gloxinia e descobri quem ele é, assim como o homem por quem me apaixonei, o problema é que a confusão ao meu redor já estava armada, no momento em que engravidei, os pais de Dolor não aceitaram e queriam que eu abortasse, pois, seria intragável ter contato com alguém medíocre segundo eles e não imaginam o que o dinheiro pode fazer com as pessoas principalmente quando se tem muito dele e recursos inesgotáveis para acabar com a vida de alguém, Megadozer era meu lar antes dessa loucura e a família Raiden a mas bem quista em poder aquisitivo da cidade, foi um verdadeiro inferno ter que me virar de cidade em cidade pois, eles não me davam espaço. Se eu arrumava um emprego logo era mandada embora, com isso tranquei minha graduação e sumi do mapa, me afastando ao máximo de Liones.

Denzel foi o meu lar por muito tempo, naquela cidade pitoresca fui capaz de reconstruir minha vida, me formei antes da minha filha nascer pois, faltava apenas um período e aproveitei da pequena influência que adquiri para  mudar de vez. Nessa época Gloxinia estava me procurando em nome de Dolor já que seus pais não poderiam nem sonhar com a minha filha e quando ele me encontrou eu pedi ajuda, contei toda a história e fui informada que o pai de Diane estava enlouquecendo sem notícias. Foi ele que me ajudou a encobrir o fato de que Diane é minha filha de sangue já que eu falsificamos os registros médicos  onde deixava claro que eu sofri um aborto em meu sétimo mês de gravidez e com muitas complicações, logo na certidão de Diane deixava claro que ela é minha filha, mas no registo governamental de nascidos da cidade ela foi adotada ainda na maternidade e Gloxinia prometeu guardar meu segredo. No dia da tragédia ele havia me ligado um pouco antes dizendo que Dolor havia descoberto onde eu estava, informando que ele nunca parou de procurar e que já estava na cidade e tinha certeza de que eu tinha abortado sua filha, naquele dia eu conhecia o limite da vida, nunca imaginei que ele tentaria me matar. No fim as águas que interditaram minha vida também deram fim ao meu grande problema.

-- Não vou me meter em sua decisão, mas saiba que os pais dele morreram logo após o filho. A mãe foi de tristeza e o pai de desgosto e como eu fui o mais próximo que Dolor teve de uma família consegui fazer com que aqueles velho turrão ainda em sã consciência fizesse a coisa certa ou seja, deixar tudo o que privaram Diane de ter em versão de sentimento numa compensação em dinheiro, sei que está longe de ser a melhor das opções, porém, foi o que consegui fazer. O banco é dela e dentro desse envelope há as garantias de que você será a gestora acho que depois de hoje estamos quites. --  Ele relaxou na cadeira.

-- Não sei do que está falando. -- Coloquei o envelope na gaveta. 

-- Não se faça de boba Matrona eu sei que conheceu Gehade ou acha que a soltura de Rou ficaria em silêncio? Chega a ser engraçado como nossos caminhos sempre se cruzaram, primeiro através de Dolor, depois quando foi advogada de Rou e por último pela futura união de nossas linhagens. -- Sorriu apoiando o cotovelo na mesa e cruzando as pernas enquanto seus fios coloridos soltos caiam por seu tórax.

-- Contanto que minha filha não passe por mais confusões eu não serei contra esse casamento. 

-- Sinceramente Matrona, mesmo que fosse contra acho que seria impossível afastá-los, meu sobrinho é capaz de tudo pela sua filha e creio que ela não esteja diferente.

Revirei meus olhos.

-- Jovens apaixonados devem cometer seus próprios erros não é mesmo senhorita Gupsy? Assim como nós quando fizemos escolhas dúbeis na idade deles. Se bem que tanto King quanto Diane são bem honestos consigo e sofreram demais para repetir tal dor. 

Fiquei de pé e ele fez o mesmo.

-- Acho que não temos mais nada para conversar Von Stain. -- Ele Abotoou o blazer. 

-- Bem vinda a família Matrona sei que todos estão ansiosos por isso.

E assim saímos do escritório encontrando dois casais conversando e rindo na sala

-- Desculpem mas começamos sem vocês. -- As taças de vinho sobre a mesa de centro enquanto Diane servia duas e vinha em nossa direção.

-- Sem problemas crianças. -- Comentei. -- Que tal se jantarmos antes que fiquem bêbados por conta da barriga vazia?

Os notei gargalhar e olhei para Gloxinia.

-- Falei algo errado?

-- Não, na verdade é mais fácil nós dois ficarmos bêbados do que esses quatro com uma garrafa. -- Gloxinia sorriu, pelo visto tenho muito a observar desse grupo ao qual minha filha faz parte.

No fim passamos um agradabilíssimo jantar entre uma boa conversa e risadas e nada me deixa mais satisfeita do que ver a felicidade da minha filha.


Notas finais:

Demorei tanto a escrever esse capítulo porque tinha perdido metade do arquivo, felizmente meu google docs me salvou e fiquei meses procurando no PC atoa 🤡
Enfim até breve benhês e obrigada por não desistirem da estória.





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