31.Uma alusão ao futuro parte.2
"Estou escrevendo o futuro
Estou escrevendo isso em voz alta
Nós não falamos sobre o passado
Nós não falamos sobre o passado agora"
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Doze dias se passaram desde que nossas vidas voltaram ao normal e muita coisa aconteceu. Elaine voltou ao trabalho como enfermeira e está cada vez mais dedicada e decidida em se tornar a chefe das enfermeiras e recente resolveu iniciar um curso pediátrico e desconfio seriamente que ela queria se tornar mais do que apenas uma tia e por falar em bebês Elizabeth está cada dia mais tensa, sabia que ajudamos a criar um jantar para ela contar ao pai sobre a gravidez e você acredita que foi uma verdadeira guerra? Quando souberam que ela estava grávida do Meliodas a Verônica pulou em cima dele aí o senhor Bartra foi junto e eu crente que ele ia ajudar o Meliodas e no fim ele uniu a Verônica e se não fosse por Guiltander e Griamor acho que o capitão não teria resistido.
Não posso me esquecer de contar sobre a Merlin também ela e o Arthur resolveram sair de Camelot aparentemente o irmão mais velho dele está a encher o saco e como Arthur quer ampliar a carreira de DJ eles resolveram se arriscar e a senhora deve estar se perguntando se não vou falar de mim. Preferi deixar tudo para o final, meu trabalho está cada vez mais frequente na cidade, vez o outra temos que resgatar pessoas, lidar com incêndios ou desastres naturais, acredita que a seis dias atrás uma idosa foi assaltar um banco da forma mais inusitada possível? Ela entrou no carro e atravessou as paredes do lugar criando numa grande confusão e depois ainda saiu com uma arma na mão atirando na direção do caixa! Felizmente os atendentes se distanciaram quando viram o carro e levamos a velinha para a ala psiquiátrica, essa com toda certeza entrou pro livro dos incidentes mais loucos que já resolvemos nessa cidade e sobre minha vida amorosa está tudo nas nuvens.
Suspirei antes de cheirar uma das flores.
King teve que retornar para o reino dele, mas dessa vez foi tudo diferente não tive temores a respeito da viagem pois sabia que ele voltaria pra mim, temos conversado todos os dias desde então e meu adorável noivo ainda se sente culpado pelo o quê fez, na verdade acho que tal culpa nunca vai sumir e em seu coração sempre vai testar a dúvida mesmo que eu as sane, ontem ele resolveu me surpreender e entupiu minha casa de flores eram tantas que nem sei mais o que fazer, inclusive as camérias que estou terminando de arrumar foi ele quem mandou.
"Um presente para minha sogra, na verdade nada será o suficiente para compensar o fato de ter me dado a mulher mais linda do mundo."
Hurum. Ele escreveu com a letra borrada e sei que provavelmente estava no carro.
Respirei fundo ao regar as diversas camérias no vaso e segui até a cama onde minha mãe repousava, havia escovado seus longos fios loiros e arrumado suas sobrancelhas, por impulso me deitei na cama tomando cuidado para não pressionar os fios e segurei em suas mãos.
— Sabe mamãe eu sei que você ainda está aí e quando acordar eu vou te mostrar tudo o que aconteceu não importa quanto tempo demore eu vou ficar aqui, vou lhe dedicar os diários e mostrar todos os álbuns vergonhosos que guardei da minha adolescência. — Fechei meus olhos encostando em seu ombro e pode parecer loucura, mas tenho certeza de que minha mão foi apertada e tal ato fez com que meu coração batesse com mais força.
Senti outro aperto e a falta de oxigenação em meu sangue aos poucos se fez presente pois agora sentia que iria desmaiar e ao olhar em seus olhos sempre fechados e adormecidos senti minhas lágrimas descerem pesado seus orbes violetas me encaravam de maneira intensa e tudo me deixava ainda mais emotiva, me belisque diversas vezes para ter a certeza de que aquilo não era uma miragem e que minha mãe estava realmente acordada.
— Que dor de cabeça. — A voz dela ecoou e eu tremi minha única reação foi de espremer o corpo dela com meus braços e querer ficar ali pra sempre.
— Mamãe finalmente. — Senti meus fios serem afagados com leveza e ela me encarar incrédula.
— Diane? É você mesmo a minha Diane? — Apenas assenti enquanto aquelas ametistas incríveis parecia brilhar intensamente e foi então que meu abraço foi retribuído com pouca força devido aos seus anos dormindo. — Onde estamos?
Funguei diversas vezes ao me afastar e finalmente tomei ciência do que deveria fazer, me aproximei da cama apertando o botão para chamar o Dr.Dana e mais uma vez alisei sua face.
— Credo olha só para o tamanho do meu cabelo. Pelo visto dormi mais do que deveria.
— Alguns anos mamãe. — Tive que ri.
— E isso no meu nariz eu vou arrancar. — Segurei em sua mão, o doutor ao entrar deixou a prancheta cair e se aproximou.
— Vejo que nossa ilustre paciente está acordada. — Ele se aproximou com o estetoscópio para aferir seus batimentos cardíacos e após isso conferiu a pressão deixando minha mãe mais impaciente ainda. Vou tirar a sonda e lhe preparar Diane será que pode se afastar um pouco e aguardar lá fora?
Mais uma vez concordei e esses foram os quarenta e cinco minutos e dezenove segundos mais longos da minha vida quando avisaram que eu poderia retornar adentrei o quarto contudo tentando me conter.
— Dana disse que estou em coma a mais de dez anos isso é verdade?
Conformei e ela elevou o braço até encostar a mão no rosto.
— Então a nossa casa...
— Destruída pelo tsunami.
— E a sua vida minha filha? — Estendeu a mão para mim que me sentei ao seu lado e a mesma me puxou para um abraço. — Me perdoe por ter sido tão ausente eu não consigo imaginar o quanto isso te doeu.
— Mãe. Você está aqui agora e não passou esse tempo todo distante por que quis.
Senti meu fios serem afagados e me permitir fechar os olhos.
— Sabe eu te escutei por esse tempo todo, era distante mas de certa forma preenchia o vazio da minha mente, mesmo que eu não conseguisse te entender completamente ou gritar para você que eu estou aqui.
Me apertei em seus braços.
— O que importa é que a senhora está bem e não vejo a hora de te levar pra casa. — Nossos olhares se encontraram mais uma vez.
— Pelo tempo que estou aqui vou precisar de uma depiladora profissional, não sei como não estou com barba! — Ela estava levando tudo no bom humor creio que ainda não tenha caído a ficha sobre o tempo que dormiu.
— Eu cuidei disso também, depois de seus seis meses em coma a senhora passou a receber sessões de fisioterapia semanais fora os tratamentos de beleza por assim dizer, só não deixei que mexessem em seus cabelos e sobrancelha. A ideia na época foi da senhora Gerheade.
— Gerheade Von Stain? — Assenti observando a face séria e a sobrancelha arqueada. — E ela fez isso de boa vontade? — Fiquei confusa com tal pergunta e olhei-a nos olhos apenas para conferir havia certo desdém por parte dela.
— Sim mamãe, a Gerheade foi quem me ajudou com o seu leito eu não tinha muita noção do que fazer naquela época, na verdade a família Von Stain foi meu refúgio. — Enrolei meus cabelos e ela afagou minha cabeça.
— Diane me desculpe eu esqueço que deixei tudo em seu encargo talvez não seja suficiente, mas tentarei compensar de agora em diante.
Os olhos de minha mãe expressavam ternura e ao mesmo tempo uma dor, dor está creio eu que esteja relacionada a tudo que ela perdeu enquanto estava em coma, afinal minha mãe não pode estar presente e nenhuma das descobertas da minha vida principalmente na adolescência onde a fase mais precária do desenvolvimento acontece e passei a me questionar por tudo sentindo que cada ação e reação eram culpa minha e às vezes há necessidade de me afundar num local escuro sozinha se fazia presente, porém nada desses pensamentos me dominaram nem a sensação de solidão nem aquela que um dia eu julguei ser o início de uma depressão talvez por eu estar tão envolvida em um vida cada vez mais adulta ou por ter o apoio dos meu amigos, talvez minha mente ocupada com o meu primeiro e único amor não me permitiu sucumbir a tais pensamentos e olhando agora vejo que fiz bem em me manter de pé.
— Não fica assim mamãe você vai ter bastante tempo e não há nada o que consertar não foi culpa sua e fique sabendo que eu gravei cada mero detalhe em palavras, então quando puder vou chegar em casa e você terá uma pilha de diários catalogados que vão ser chatos de ler, pois a minha rotina está ali desde a hora que eu acordava até a hora que eu ia dormir assim como as primeiras amizades o primeiro amor e por aí vai. — Ela sorriu e inconscientemente esfreguei o meu anel de noivado atraindo o olhar confuso, a mesma pegou em minha mão e encarou a peça.
Seus olhos iam do anel para os meus olhos e sua face se espantava até que tomou coragem de me fazer a pergunta:
— Pelos deuses Diane acabei de acordar e minha mente ainda ainda está presa em... Quando você tinha 11 anos! Ia te buscar na escola e agora olhando atentamente vejo a bela mulher que se tornou e acima de tudo está noiva, minha filha, minha garotinha já está noiva?
Tive que rir.
— Não só estou noiva como estou prestes a me casar. Harlequin está fora a trabalho mas a senhora vai gostar de conhecê-lo ele é um bom homem, é dedicado e acima de tudo zela pelo bem daqueles que ama.
— Você parece amá-lo bastante espero que seja digno de tal afeto. — A abracei confirmando e por um tempo ficamos conversando sobre a minha vida. Mamãe parecia ter muitas perguntas sobre minha pré-adolescência algumas chegavam a ser vergonhosas, procurei da melhor forma possível responder cada uma delas. O doutor Dana interrompeu o pequeno momento para informar que os exames estavam prontos e por questões de segurança iria mantê-la por mais 24 horas no hospital, minha mãe pareceu inquieta e entendemos completamente, afinal por mais de uma década esse quarto tem sido sua casa. É normal que queira voltar a vida que tinha antes por mais difícil que isso vá ser.
Por King,
A reunião com o chanceler e alguns membros da corte estava me deixando completamente inerte primeiro por tentar ligar para Diane diversas vezes e em todas elas cair na caixa postal nem mesmo as mensagens no celular estava respondendo e se não fosse por Elaine me informando que minha futura esposa estava no hospital com a minha sogra eu teria pego o primeiro jato disponível retornando para ela. Não consigo parar de pensar no sorriso da minha amada em seus olhos reluzentes pela felicidade e de certa forma me sinto orgulhoso de fazer parte desse momento e principalmente de como consegui suprir a lacuna que eu mesmo criei.
Olhei pela janela contemplando o jardim e pensando em como posso surpreendê-la mais uma vez, no entanto meus pensamentos foram interrompidos por meu tio:
— King você escutou alguma coisa do que lhe dissemos?
— Claro que sim. — Menti.
— Então repita para mim a última linha do código mencionado por Helbram.
— Ah vamos lá meu tio tudo bem, não escutei e não prestei atenção me desculpem. Estava ocupado.
— Até imagino. A ocupação dele envolve fios castanhos e olhos violetas — Helbram riu.
— Não comece Helbram.
— King você precisa prestar atenção está próximo de assumir o trono e o mínimo que se espera é que saiba de todas as leis do seu reino.
—Tio não se preocupe quanto a isso me conheces bem o suficiente para saber que jamais faltarei com minha responsabilidade com o reino e se essa reunião acabou precisamos falar de algo muito mais importante, ou seja, meu casamento.
Tio Gloxinia piscou diversas vezes parecia inacreditado, mandou que todos aqueles que fossem irrelevantes deixassem o ambiente permanecendo apenas a família a mesa.
— É Gloxy eu fiquei do mesmo jeito quando ele falou que finalmente pediu a Diane em casamento! Já era para estar noivo ah sei lá, uns seis anos?
Meu tio sorriu, veio até mim e me abraçou.
— Fico extremamente feliz com a sua decisão Diane será uma rainha incrível e agora que me destes essa notícia creio que o casamento deve acontecer antes da sua coração.
Mesmo com ele extasiado precisava ser sincero e com isso respirei pesado, prometi para Elaine que intercederia e tomaria frente não só por mim, mas por ela também afinal são tempos modernos e a perfeitamente plausível que ela não só escolha com quem quer se casar como faça da forma que achar melhor:
— Não será um único casamento e sim dois. Elaine regressará para o reino e teremos um casamento em conjunto imagina minha tia você verá seu sobrinho desposar uma dama e a princesa se entregue a outro. Será um dia de grande comemoração estimo que a festa deve durar dois dia! — Apesar de alarmado o sorriso largo se fez presente, tio Gloxinia se sentia tão bem que não conseguia esconder sua face sincera, no fundo sempre soube que parte das preocupações que guardava consigo vinham a imaginar que talvez a perda que passamos fosse afetar com nossas escolhas amorosas.
— Depois desses casamentos eu finalmente poderei me aposentar ou até morrer em paz! — Todos na sala riram exceto eu.
— Não fale besteiras meu tio ainda vai viver muito para ver seus sobrinhos que diga-se passagem serão muitos, quero três filhos e se Diane não for contra podemos ter até mais! — Me empolguei e Helbram gargalhou.
— King a Diane virou uma fábrica? Ouvi isso Gloxy três filhos, vou ter tantos sobrinhos para cuidar.
— Se me chamar de Gloxy de novo mando prendê-lo. — A irritação no tom de voz de meu tio além da sobrancelha arqueada tornou o clima levemente tenso e foi a voz de minha tia que voltou a brandar o ambiente.
— Meninos se acalmem. King você precisa me contar que história é essa da Elaine se casar e sobre você também.
Suspirei.
— Na verdade ela já se casou e...
— ELA O QUÊ? — Tio Gloxinia não conteve sua voz.
— Tio, Elaine não é mais criança e até que foi muito condicente ao esperar um casamento real para se mudar.
— King. — Meu tio segurou em meus braços. — Ela está grávida é isso? Se casou para esconder?
Não me contive em gargalhar com pode um homem tão desprendido das tradições criadas por nossos ancestrais ser igualmente ultrapassado?
— Tio. Ela está bem, se estiver grávida seremos tios! — Brinquei. — E tenho plena certeza de que não se casou por isso.
— Tem que parar de me assustar desse jeito! Não é por que quero a felicidade de vocês que precisam cravar uma lança no peito desse velho. — Dramatizou, minha tia estava a segurar o riso.
— Que tal tomarmos um chá e conversarmos sobre esses acontecimentos no jardim? — Minha tia olhou para meu amigo e sorriu: — Você vem Helbram?
— E perder o Gloxy surtando? Nem morto! — Helbram se levantou sorrindo e enquanto meu tio se segurava para não tacar uma das lanças decorativas nele.
— Gloxinia Von Stain dê o exemplo! — Tia Gerheade respirou fundo antes de voltar a costumeira pose de tranquilidade. — Vamos logo King quero detalhes e até onde planeja ir com essa surpresa. — Enlaçando meu braço me deixou surpreso.
— Como...
— Oras — ela sorriu ao sussurrar. — Posso não ser sua mãe de sangue mas te criei como se fosse meu filho e esse brilho constante em seus olhos além da euforia mal contida indica que está escondendo alguma coisa.
Senti meu rosto aquecer e tenho certeza de que estou envergonhado, como pude esquecer que Gerheade Von Stain, a minha figura materna mais próxima me conhecia tão bem? Respirei calmamente enquanto andávamos pelos corredores senti a nostalgia me invadir lembrando dos meus cinco anos e em como adorava correr por esses corredores dando trabalho para as babás, para no fim me esconder dentro de alguma armadura e assustar as empregadas pode parecer meio bobo mas até essas memórias foram abafadas por mim quando meus pais morreram e hoje não sinto mais receio em deixar vir a tona tais lembranças afinal Diane mesmo sem saber foi capaz de me mostrar que tal parte de mim não passava de uma bela recordação.
"Então, estou escrevendo o futuro
Estou deixando uma chave aqui
Alguma coisa nem sempre estará faltando
Você nem sempre vai se sentir mais vazio"
Notas finais:
Música no inicio/fim Future - Paramore.
A fanfic está entrando na reta final, queria escrever algo mais emocionante para o despertar da Matrona, mas essa cena não saia da minha cabeça.
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