006 • Chegada em Alexandria.
𝗠𝗲 𝗮𝗽𝗼𝗶𝗼 𝗲𝗺 𝗔𝗮𝗿𝗼𝗻 enquanto tento me dirigir para fora do trailer. Com dificuldade, desço os degraus e logo sinto o sol queimando minha pele. Respiro fundo, aliviada por estar em casa.
— Vamos? — O homem que me segura questiona. Assinto com um sorriso fechado. Nós andamos com calma em direção ao portão.
Por meus passos lentos, tenho tempo de ver Rick ainda dentro do carro com sua mão apoiada no volante enquanto a outra mulher, Michonne, segura sua mão mais próxima. Eles falam algo e, quando ele vira o rosto, seus olhos se encontram com os meus.
Observo a expressão cansada e algo a mais pinta o seu rosto, não demoro o encarando, desvio o meu olhar para o portão e ultrapassamos o carro vermelho.
Assim que estamos em frente ao portão, nossos vigilantes abrem, nos dando espaço para entrar. Dou alguns passos para dentro da área segura. Olho para trás vendo todos parados olhando desconfiados, mas vejo também a bebê no colo de Rick. Loira, pele branca, é como uma bonequinha.
Balanço a cabeça negativamente fazendo o meu caminho até dentro. Paro no meio do caminho escutando uma movimentação pouco anormal e logo um grunhido animalesco. O portão se abre completamente e posso ver o homem da besta segurando um gambá com uma flecha atravessada na barriga.
— Trouxe o jantar. — Todos ficam em silêncio. O que diríamos?
— Podem entrar. — Aaron chama, sua voz sendo a única a ser escutada em meio ao desconforto de todos.
Suspiro me virando e deixando-os para trás, não me importa o que vão fazer daqui para frente.
★
Entro em casa não escutando som algum. Olho a sala, a cozinha, toco suavemente a porta do banheiro, nada. Subo as escadas e vejo a porta do quarto de Sariah aberto. Sorrio ansiando por um abraço da jovem.
Bato na sua porta com cuidado. Não escuto nada. Adentro o quarto vendo que continua a mesma coisa desde que ela acordou. Não a vi hoje de manhã, mas ela tem um ótimo costume de deixar tudo organizado, desde sua cama até o seu guarda-roupa.
Saio do quarto dela indo até o meu, abro a porta e tenho certeza que ela não está em casa. Estranho, sempre que eu chego ela me espera lendo algum livro ou algo assim.
Saio de casa olhando a vizinhança que vive suas vidas normalmente. Caminho em passos rápidos e pouco mancos por onde eu acho que ela estaria. Passo em frente a casa dos novos moradores vendo Daryl tirando todos os órgãos do gambá que pegou mais cedo, Rick ainda com a menina no colo e Carol parada me encarando.
Não demoro o meu olhar neles, sigo meu caminho a procura de Sariah. Vou até a casa de Jessie. Bato na porta e espero. Olho em volta esperando que a minha filha brote do chão e apareça na minha frente, mas, obviamente, não é o que acontece.
A porta se abre e vejo a figura de Pete.
— Olá, Roselyn. — Sorri amigável.
— Olá. — Cumprimento com o rosto sério. — Viu onde está Sariah?
— Vi sim, ela veio aqui falar com os meninos e foi até a casa de Kash. — Concordo com a cabeça.
— Obrigada. — Me viro saindo sem esperar uma resposta.
Desde que eles se casaram, Pete vem agredindo a minha irmã. No início, o casamento estava perfeito, mas, com o tempo, vieram os desentendimentos, as brigas, as discussões em gritos... Até que veio o primeiro tapa.
Jessie estava tão nervosa que correu até a minha casa com Ron em seus braços. Eu lhes dei abrigo e implorei para que ela ficasse e morasse comigo. Não queria que ela continuasse com ele.
Porém Jessie é uma pessoa de muito bom coração. Voltou pensando que ele iria mudar magicamente, o que não aconteceu. Bom, de certa forma mudou sim, mas para pior.
Desde então ela vem aguentando essas agressões pelos meninos. Na visão dela, pais separados iriam arruinar a vida dos filhos.
Deixo meus pensamentos de lado quando avisto a casa de Kash. Bato três vezes e entro. Vejo o homem sentado no sofá com um livro de enfermagem nas mãos.
— Oi. — Chamo sua atenção. Ele se vira e sorri me olhando.
— Oi, quando você chegou? Ninguém me avisou. — Se levanta vindo me abraçar. Aperto o homem em meus braços e sorrio.
— Há alguns minutos, estava ajudando a guardar o que achamos pelo caminho. — Nos soltamos do abraço. Ando até o sofá me sentando podendo finalmente relaxar. — Sariah 'tá aqui?
— Sim. — Se abaixa na minha frente. — O que arrumou com esse pé aqui? — Pega a minha perna apoiando na sua coxa.
— Torci enquanto corria. — Digo simples. Ele nega com a cabeça com um ar de riso.
— Fica aqui. Vou chamar Sariah e pegar alguma coisa 'pra melhorar isso aí. — Assinto. Ele sobe as escadas e desaparece da minha visão.
Não demora muito e escuto passos vindo em minha direção. Sariah aparece no topo da escada e, quando me vê, suspira descendo e me dando um abraço apertado.
— Fiquei preocupada. — Ela diz.
— Eu sempre volto, amor. — Beijo sua bochecha. — Como você está? — A afasto o suficiente para tirar seus fios do rosto e acariciá-lo.
— Bem. — Sorri fraquinho. Não conversamos muito antes de Kash aparecer com uma maleta com tudo o que possa imaginar para machucados.
— Voltei, meninas. — Minha filha ri levantando e dando espaço para ele se sentar ao meu lado. — Me dá a perna. — Levanto o membro e coloco-o apoiado na perna dele.
— Como foi lá, mãe? — Ela se senta em uma poltrona próxima.
— Foi... — Respiro fundo prendendo o xingamento que ameaçou sair da minha boca quando Kash tocou no local dolorido. Ele sorri fraco culpado e pede desculpas com o olhar. — Foi tranquilo, nós trouxemos eles. — A encaro. — Não quero que fale e nem se aproxime deles até termos certeza de que não vão fazer mal. — Ela assente com calma.
— Eles são tão assustadores assim? — A menina pergunta com ar de riso. A encaro sem dizer nada, isso é o suficiente para ela parar de rir e somente concordar. Isso não é brincadeira.
—
Tenho algo para falar com você em particular. — Encaro Kash. O moreno me olha e arregala os olhos brincalhão.
— Eu não fiz nada. — Levanta as mãos em rendição, com isso, ele e Sariah dão risada juntos, tirando toda aquela tensão que, sem percebermos, se instalou.
★
— Eu 'tô te falando, Kash! — O homem joga o corpo para trás se apoiando na viga da varanda. — Eles estão aqui e ela vai descobrir, mais cedo ou mais tarde, que o pai abandonou ela para criar outras crianças... — Meu pé bate ansiosamente contra a madeira da escada onde estou sentada.
— E você pretendia esconder até quando? — Ele me olha.
— Eu não escondi nada! — O olho incrédula. — Ela sabia o mesmo tanto que eu! Eu não sabia que ele tinha filhos, muito menos um menino da idade dela. — Kash me encara sério, mas empático ao mesmo tempo.
— Acha que ela vai ficar irritada? — Se senta ao meu lado.
— Eu ficaria irritada se o meu pai me abandonasse para viver com outra família. — Cubro meu rosto com a mão. — Só espero que ela não ache que nós escondemos. — Kash é o pai que ela nunca teve. Algo dessa grandiosidade pode deixá-la confusa e acabar descontando em quem só queria o bem dela.
— Vamos ficar bem. — Me abraça de lado. — Ela vai entender o seu lado.
Fico encarando a rua em frente a nós. É tudo tão... Normal aqui dentro. É como se nunca tivéssemos experienciado a porra de um apocalipse quando estamos dentro dos muros.
— Jessie foi até a casa deles. — Nós ficamos em silêncio. — Sariah viu da janela do quarto dela quando a sua irmã ofereceu uma cesta para eles e logo depois entrou. — Solto um ar de riso.
— Ela sabe o que faz. — É tudo o que digo. Kash entende que é um assunto que não quero mais conversar sobre.
— Vai dormir aqui com ela? — Concordo. — Vou fazer o macarrão favorito dela. — Dou risada.
— Eu já comi tanto que acho que sinto o gosto mesmo sem provar. — Kash sempre se esforça para fazer as coisas favoritas de Sariah enquanto ele tem tempo livre para ficar com ela.
— O melhor para ela. — Ri comigo. — Então eu faço o seu favorito hoje, Dove. — Revira os olhos com um resmungo em um falso tédio. Gargalho batendo no seu ombro o empurrando para longe.
— Vamos entrar logo, seu idiota. — Me levanto e puxo ele para cima.
01 • Jesus, eu odiei esse capítulo
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