004 • Realizações.
𝗣𝗼𝗿 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼 𝘁𝗲𝗺𝗽𝗼, 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗼 subconsciente desenvolveu a capacidade de distinguir entre a realidade e a ilusão. No entanto, em certas ocasiões, mesmo diante da realidade, podemos nos encontrar desejando que seja apenas uma ilusão passageira.
Tal como uma pessoa que pede fervorosamente por um prato de comida em frente a porta de um restaurante que nunca atende o seu pedido, não importa o quão desesperada a pessoa esteja. Aquele sentimento de esperança que nos ilude aparece quase que inconscientemente.
De longe observo o grupo que Aaron encontrou. Me pego quase implorando para que eu tenha escutado errado. Já fazem alguns dias que os vigiamos, apenas para ter certeza de quem estamos levando para casa, eu via o homem de barba crescida, olhos azuis e cabelos ondulados e me recusava a acreditar que realmente era quem eu pensava.
Mas hoje, exatamente hoje, o Abraham, como eles o chamam, disse algo com o homem barbudo e o chamou de Rick. Não existe só um Rick no mundo, obviamente, mas é bem difícil achar um que esteja vivo em sã consciência e ainda se pareça com alguém que conheci há tempos.
— Não, Aaron. — Me viro, ainda agachada atrás das árvores e sussuro para o homem ao meu lado. — Não quero esse homem perto da minha filha. — Digo firme, sem dar espaço para uma resposta contrária, mas ele comenta mesmo assim.
— O que? Por que? — Me mantenho em silêncio. Talvez ele me entenda, talvez ele pense que é um motivo a mais para levá-los para dentro de Alexandria. Nunca consigo decifrar o que se passa na mente de Aaron.
— Ele — Aponto para o homem caminhando. — É o pai da Sariah. — Espero qualquer reação sua, mas não vem.
— Isso é ótimo, não é? — Ele sorri.
— Seria ótimo se ele não tivesse me largado grávida e ido para Georgia no momento mais delicado da minha vida. — Controlo meu tom de voz raivoso não só pelo grupo, mas também pelos zumbis.
— Rose... — Seu olhar entristece. — Sinto muito. — Sussurra. Olha para o grupo mais a frente de nós e me encontra de novo, como se pensasse em alguma coisa. — Eles tem uma criança...
— Eu tinha uma criança! — Rosno.
— É um mundo muito pior do que o nosso antigo, Rose...! — Nossa briga por meio de sussurros já estava começando a ficar um décimo mais alta, então apenas dou de ombros apontando para ele.
— Eles são sua responsabilidade! — Começo. — Já disse e digo novamente. Se algum deles fizer algo contra a minha filha, eu não vou exitar em matar. — Ele assente. — Achei que pelo menos alguém iria entender o meu lado, mas já vi que não.
Me levanto deixando ele para trás e caminhando até onde estávamos indo. O nosso plano era parar bem distante deles e deixar as garrafas d'água no meio da estrada. Pego a mochila e ajeito as cinco garrafas dentro dela para não pesar tanto quanto já estava pesando, e dois galões nas mãos.
— Vamos, Aaron. — Chamo o homem quando ele guarda as garrafas em sua mochila e também pega os dois galões.
Em passos rápidos e largos, porém silenciosos, nós vamos caminhando até ver que o grupo já não conseguirá nos ver, caso demoremos um tempo a mais colocando as águas.
Me ajoelho rápido abrindo a mochila e ajeitando as garrafas em posição. Tiro a caneta permanente da mochila junto de um papel.
"De um amigo" Escrevo.
Aaron vem ao meu lado fazendo o mesmo. Com a mesma pressa que viemos, saimos da estrada nos escondendo novamente na floresta.
Demora um pouco até podermos ver o primeiro sobrevivente se aproximando. Ele avisa os outros sobre o que encontrou no meio da estrada e logo todos eles estão em volta das águas
Rick pega o papel escrito por mim e, do outro lado da estrada, sai mais um homem do mato. Daryl é como o chamam. O de olhos azuis estende a folha em suas mãos para o de colete.
Ele lê rápido e tira a besta com pressa das costas ficando em posição de ataque.
— O que a gente vai fazer? — Tara pergunta.
— Não dá para beber. — O Grimes começa. — Não tem como saber quem deixou.
— Se for uma armadilha, já estamos nela. — Eugene, o homem com cara de besta fala com a voz baixa e os olhos fixos na água.
Rick a todo momento olha em volta procurando encontrar quem deixou as garrafas.
— Mas prefiro pensar que é de um amigo. — Continua.
— E se não for? — A mulher ao lado de Rick começa. — E se puseram alguma coisa?
Surpreendendo a todos, o homem com cara de besta abaixa e pega uma garrafa inteira e a abre.
— Eugene, o que está fazendo, cara!? — Alguém pergunta.
— Teste de qualidade. — Idiota.
Quando o homem iria encostar a garrafa em seus lábios, uma mão bate na dele e a água se esparrama pelo chão com um baque alto graças ao plástico.
O ruivo, responsável pelo tapa, encara o moreno com um olhar desconfiado. Em passos lentos, o homem armado volta ao seu lugar.
— Não podemos. — Novamente escutamos a voz de Rick. Eles se entendem mesmo em silêncio. Alguns olham para os membros do seu grupo.
Imagino a vontade enorme que eles tem de beber essa água. Pelo tempo que estamos os vigiando, eles estão com bastante sede, já que não os vimos tomar uma gota d'água.
Sinto pingos cairem em meu rosto. Olho para cima apenas para ver as copas das árvores começarem a se mexer com a chuva que cai.
Os sobreviventes fazem o mesmo que eu, mas enxergando o céu nublado. Eles sorriem como crianças e Rosita e Tara se deitam no chão aproveitando a chuva.
O menino com a bebê no colo abre a boca para tentar beber alguma coisa. Sorrio vendo a felicidade da criança. Ele realmente tem a aparência de ter a mesma idade que Sariah.
Vejo que alguns permanecem sérios. Aponto silenciosamente para as duas e o homem da balestra que não tem nenhuma reação diante da chuva para alertar Aaron. Ele me encara concordando, ele também percebeu.
— Me desculpe, meu pai. — O homem de vestes pretas longas pede perdão aos céus.
— Pessoal! — O líder chama. — As mochilas! — Aponta. — Peguem tudo o que puderem usar. — Se abaixa junto ao ruivo. — Anda!
Em poucos minutos, todos os membros do grupo estão pegando o que podem para reter a água da chuva. Assim que o estouro dos trovões começam, a bebê resmunga até chorar alto. O garoto que a segura coloca o chapéu que antes estava em suas mãos no topo da cabeça da menina.
O chapéu de xerife de Rick. Olho fixamente para o objeto. Analiso o garoto vendo alguns, poucos, traços parecidos com os de Rick. Me recuso a encará-lo por mais tempo. Não é possível...
O homem citado se põe de pé ao escutar mais trovões do que o normal e encara o céu. As nuvens pesadas há quilômetros de distância não deve demorar muito para chegar até onde estamos. O bebê chora cada vez mais alto, deixando todos agoniados pela quantidade de barulho além da tempestade que se forma.
— Vamos andando... — Diz incerto de onde vão parar. Todos se olham se preparando para pegar as coisas do chão.
— Rick, tem um celeiro! — O homem da balestra diz alto para o ex-xerife escutar sua voz pelo som da chuva.
— Onde!?— Responde no mesmo tom.
O de cabelos grandes pede para segui-lo e parte para onde ele estava antes de saber da água.
Todos recolhem seus pertences rapidamente e correm atrás do homem. Olho para Aaron que diz silenciosamente para deixá-los ir na frente, já que nós já sabemos onde fica o celeiro por conta de nossas rondas.
Me apoio nos joelhos sentindo as gotas grossas d'água caírem do céu. Tudo o que eu queria é que tudo isso fosse um grande pesadelo no qual eu poderia acordar e encontrar a minha filha tomando café da manhã se preparando para ir para uma escola normal com crianças normais da idade dela.
Nunca foi uma opção deixar a minha filha aprender a mexer com armas em plenos dez anos para, hoje em dia, com quinze, ela já saber se defender sem minha ajuda.
— Vamos. — Aaron chama e nós nos levantamos pegando as mochilas, agora encharcadas e corremos em direção à onde eles foram. Seguro a arma na minha cintura enquanto corro para ela não balançar tanto.
Em poucos minutos vemos o grande celeiro afrente.
— Vamos ficar a onde? — Pergunto. O homem olha em volta e faz sinal para o seguir.
Nós demos a volta no celeiro até encontrar um tronco caído. Parece estar aqui há anos. Ele é grande o suficiente para nós dois. Entramos nele e ficamos quietos escutando apenas a tempestade de formar lá fora.
— Que merda nós estamos fazendo... — Esfrego o meu rosto totalmente contra a ideia de levá-los conosco.
— Amanhã de manhã você vai até o carro se certificar de que ninguém roubou ele. — Me ignora. — Me espera lá, eu vou voltar para a comunidade com todos os quinze. — Me olha firme. Balanço a cabeça negativamente ficando em silêncio.
Que ideia besta.
★
— Pronto. Pode deixar que eu resolvo por aqui. — Aaron toca de leve o meu braço. Aceno positivamente. O sol acabou de nascer, mas o quão cedo eu for, melhor, evitamos de achar algum ladrão que roube nosso carro no meio do caminho.
— Toma cuidado. — Aviso. Ele concorda. — Qualquer coisa faz sinal, eu volto correndo. — Novamente, ele concorda. Nossos sinalizadores estão na mochila, um para cada, apenas para usar em situações de emergência. — Tchau.
— Tchau, Rose. — Aceno me despedindo e sigo ao leste caminhando em direção ao nosso carro.
O clima está ruim desde que ele disse que iria voltar com os quinze, mesmo vendo que eu discordo, ma, infelizmente, isso não é uma decisão para ser tomada sozinha. Deanna concordou em trazer mais gente para a comunidade.
Respiro fundo enquanto caminho em meio à densa floresta. Os raios de sol filtram-se através das copas das árvores, criando padrões de luz e sombra no chão coberto de folhas secas. Cada passo que dou é cauteloso, consciente dos perigos que podem estar à espreita nas sombras.
O peso da responsabilidade pesa em meus ombros enquanto me afasto cada vez mais de Aaron. Eu sei que a decisão de trazer mais pessoas para dentro dos nossos muros não foi minha, mas isso não diminui a sensação de apreensão que sinto. O mundo lá fora é imprevisível e perigoso, e não posso deixar de me perguntar se estamos fazendo a coisa certa.
Enquanto avanço, meus sentidos ficam alertas para qualquer sinal de perigo. O som dos pássaros e o farfalhar das folhas ao vento são interrompidos apenas pelo ocasional estalo de um galho quebrando sob meus pés. Mantenho minha arma próxima, pronta para qualquer eventualidade.
Apesar da tensão no ar, não posso deixar de admirar a beleza da natureza ao meu redor. As árvores altas parecem tocar o céu, e o ar fresco da manhã é revigorante. Mas mesmo assim, não consigo me deixar relaxar completamente. Há muito em jogo, e não posso me dar ao luxo de baixar a guarda.
Continuo a andar pela floresta, deixando meus pensamentos vagarem enquanto me perco na imensidão verde ao meu redor. Cada passo é feito em direção ao desconhecido, mas estou determinada a enfrentar o que quer que encontre pelo caminho. Afinal, minha filha e minha comunidade dependem de mim, e não posso falhar.
Enquanto sigo pela floresta, meus sentidos estão alertas, cada pequeno som aumentando minha ansiedade. A calmaria ao meu redor é interrompida pelo cheiro repugnante que invade minhas narinas, e meu coração dispara. Olho em volta, tentando localizar a fonte do odor, quando avisto algo se movendo entre as árvores à frente.
Meu corpo fica tenso, a adrenalina correndo pelas minhas veias. Minha mão automaticamente encontra a faca que carrego comigo, minha única defesa contra os zumbis que infestam este mundo.
Com passos cuidadosos, me aproximo do que acredito ser um único zumbi. Mas quando chego mais perto, o choque e o terror se apoderam de mim ao perceber que não é apenas um, mas um grupo enorme, uma verdadeira horda de mortos-vivos, todos avançando na minha direção com fome de carne humana.
Meu coração parece afundar no peito diante da terrível visão diante de mim. São dezenas, talvez centenas de zumbis, todos prontos para me devorar viva. A sensação de estar cercada é avassaladora, e sinto um calafrio percorrer minha espinha.
Com um nó na garganta, percebo que não posso enfrentar essa horda sozinha. Sem hesitar, viro-me e começo a correr, mantendo-me no mesmo caminho que seguia em direção ao carro. Meus pés batem no chão com força enquanto a adrenalina me impulsiona adiante, os gritos dos zumbis ecoando atrás de mim.
A cada passo, sinto o medo e a urgência me impelirem para frente, enquanto a terrível visão dos mortos-vivos famintos se desvanece lentamente. Mantenho-me focada, cada fibra do meu ser determinada a alcançar a segurança do veículo.
Finalmente, avisto onde deixei a picape e vejo o trailer logo atrás dele, meu coração salta de alívio. Corro até o carro, mas ao tentar abrir a porta, percebo que as chaves estão com Aaron em seu bolso. Já que eu que voltaria dirigindo o trailer e ele o carro.
Com o coração batendo freneticamente no peito, sou forçada a correr ainda mais além do carro, procurando desesperadamente por um local seguro para me esconder. Cada segundo é precioso, e sei que minha vida depende da minha velocidade diante dessa ameaça.
01 • Oii, apareci!
02 • Essa é a parte mais legal de escrever, espero que gostem de ler tanto quanto eu me divirto escrevendo<3
03 • Vote e comente, ajuda muito para que eu me sinta motivada a escrever mais capítulos ❤️
04 • Aproveitem a leitura, amo vocês ❤️
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