Jungkook on
Busan, Coreia do Sul
17/10/2028

      A vida muitas vezes acaba sendo injustas com as pessoas erradas, pessoas acabam descontando as frustrações em outras pessoas, algumas se apegam a algo maior seguindo fielmente — ou nem tanto assim — e algumas simplesmente se aproveitam da situação dos menos sortudos.

      Durante toda a minha vida passei por dificuldades, não posso garantir que sou a pessoa mais azarada do mundo, até porque agradeço todos os dias por hoje ter uma família e pessoas ao meu lado, mas ainda sim não foi fácil lidar com a dor do luto, da perda de quem era extremamente importante em minha vida...

      Não gostava de reclamar ou ficar pedindo por mais, nunca fui o tipo de gente gananciosa, se eu morresse hoje estaria grato pelos anos que já vivi, não que eu desejasse isso, apenas estava satisfeito e seguia com minha rotina e os que estiveram e estão ainda ao meu lado.

      Era complicado trabalhar em um hospital na ala oncológica, as pessoas morriam sempre, era quase inevitável alguns casos, cada perca me fazia refletir sobre Jimin, que esteve ao meu lado até os últimos suspiros e momentos da sua vida, espero que em outra realidade alternativa ou reencarnação possamos ficar juntos, assim como deveria.

      Já era noite quando eu dirigia para casa, o dia apesar de longo não havia sido tão "puxado", queria ver minha garota e mima-lá um pouco, mesmo que no fundo eu soubesse que mais perguntas seriam feitas e mais uma parte da história seria contada, um sentimento quentinho se apossava de meu peito em momentos como esse, era reconfortante perceber a atenção e carinho que ela criava apenas com histórias, fotos e relatos meus, de Jin e Namu-hyung.

     Estranho quando chego em casa a movimentação que estava do lado de dentro, notando já um carro diferente estacionado dentro de nossa garagem, tombo a cabeça para o lado e desço do veículo segurando meu jaleco e levando os fios para trás.

     Caminho sem pressa e em passos suaves até a porta lateral da casa, que dava na cozinha moderna — mesmo que quase fosse dominada por plantas graças ao Namjoon — e já escuto vozes altas vindas da sala, minha garota, Nam e quem eu menos esperava ver hoje, ou melhor, esse mês.

      Hoseok e Yoongi, tinham voltado de viajem? Desde quando? Cadê o Taehyung?

      — Jungkook!!! Achei que não chegaria nunca! — Hobi bradou animado e se aproximou abraçando meu corpo, retribui com carinho e até fechei os olhos aproveitando aquele momento, fazia tempo que não os via — Como você está??

      — Cansado, mas bem, obrigado por perguntar...
 
      Sorri conforme eu falava e me afastei indo até Yoongi que já estava de braços abertos para me receber, no fundo eu sentia saudades de morar com ele.

      Meu primo tinha se mudado temporariamente para se casar onde o casamento Homossexual fosse "aceito", queriam ter um documento e serem considerados realmente marido e marido, agora estavam no processo de adotar uma criança, depois provavelmente voltariam para a Coreia.
 
      O relacionamento não era muito convencional, se já não bastasse o preconceito por serem todos homens ainda era composto por três pessoas, já ouvi algumas críticas e pessoas dizendo que aquilo não seria possível, que um sempre amava mais o outro ou que aquilo era puro fetichista e "coisa de jovens", entretanto no meu ponto de vista era apenas diferente, cada um tinha uma ligação com o outro e o amor realmente estava presente, dava para ver. Ainda que fosse confuso para entender alguns pontos.

      — A peste cresceu bastante, quase não a reconheci. — falou brincalhão e bagunçou os meus fios, quando seu corpo se afastou eu cumprimentei Namjoon e abracei minha garota que sorria sem parar.

     — E o Tae?

     — Ele não pôde vir, está resolvendo as papeladas para conseguirmos a adoção Jungkook! — Hoseok que respondeu agitado, parecia animado.

     — Vocês...já tem alguém em mente Hyungs? — minha filha que perguntou, talvez por saber que fosse mais convencional adotar crianças recém-nascidas ou bebês ainda, lembro-me como se fosse ontem quando a escolha entre tantas crianças pequenas, ela nunca havia sido a opção principal e isso deveria ter doído no fundo.

     — Assim que possível a gente volta e apresentamos ele a vocês...viemos só pra pegar uns documentos que estão na casa da mãe do Hobi.

     Falou meio simplista, sem perceber que pulou a real pergunta, logo acabaram entrando em uma conversa diferente e eu aproveitei a deixa para ir tomar um banho e tirar um pouco a tensão do corpo, quando desci Jin também já havia chegado e tinham pedido muita, MUITA comida japonesa — que ainda não havia chegado — o clima estava agradável e confortável para todo mundo, Yeon contava sobre as aulas da professora de artes da escola e eu apenas sorrindo já imaginando o leque de profissões que ela poderia acabar escolhendo por amar essa parte mais...criativa, Nam falava sobre as expansões da empresa e como estava ganhando dinheiro para bancar uma viajem para as férias que faríamos juntos fim de ano, Jin e eu comentávamos vez ou outra sobre casos diferentes que apareciam no hospital, porém éramos os que menos falávamos ali, Hobi contava como estava se especializando em cirurgia de animais silvestres e Yoon continuava a produzir Singles excelentes para cantores americanos.

     Tudo estava perfeito, lembrando os velhos tempos onde nos divertimos apesar de ter a sensação no peito de que hora ou outra a calmaria passaria e a tempestade chegaria de vez em nossas vidas.

     Quando a comida finalmente chegou nos sentamos todos juntos, Hayeon fazia algumas graças vez ou outra e soltava altas gargalhadas com Hoseok que entrava na onda, eu só conseguia observar tudo enquanto sorria em satisfação e carinho pela família que tínhamos construído com o tempo, cada um tinha sua importância ali naquele lugar.

      — Tô ansioso, mal vejo a hora do Liam conhecer vocês...— Hobi disse derepente enquanto mantinha o olhar baixo e o sorriso no rosto, parecia um bobo assim como eu com Hayeon.

      — Quantos anos ele tem Hoseok?
 
     Namu perguntou enquanto terminava de comer, a atenção de todos estavam no Jung que nos olhou sorrindo.

     — O Liam tem 6 anos...— Hobi começou e Yoongi tocou o ombro do mesmo acariciando de leve —...nos encantamos por ele assim que o vimos, ele é uma criança especial.

      — Sério? O que ele tem? — Jin falou com a voz calma, carregada de um certo orgulho do mesmo

      — O Liam perdeu os pais quando ainda era um bebê em um acidente, ele foi o único da família que sobreviveu...mas perdeu quase toda sua audição, ainda escuta mas com auxílio do aparelho. — Yoongi quem respondeu sorrindo, isso não parecia e nem deveria ser um empecilho de qualquer forma, eu estava feliz por ambos.

     Todo mundo comentou feliz e Hayeon amou que o mesmo fosse diferente, disse que o ensinaria muitas coisas e aprenderia língua de sinais de qualquer forma, independente dele conseguir ou não. Tínhamos iniciado um debate sem nem perceber, o Jung e o Min dormiriam em casa naquela noite já que não queriam pagar um hotel.

     Fui para o quarto quando todos já estavam acomodados e Hayeon me seguiu ainda agitada, ja estava tomada banho, recebi um abraço gostoso da mesma e nos deitamos confortavelmente na cama, puxei seu corpo a ajeitando para mim e sorri beijando sua testa, ela se acomodou melhor em meu peito e eu levei uma das minhas mãos até seus fios, fazendo um carinho suave no local.

    — Eu tô feliz pai...

    — Por que meu anjo?

    — Pelo Liam, e porque logo logo os tios vão voltar pra Coreia...— disse com a voz tranquila e me olhou nos olhos, eu sabia o que ela queria mais que qualquer pessoa, minha filha sabia disso e sabia que eu também estava esperando seu pedido.

     — O que aconteceu com o appa Jimin? Ele...voltou?
 
     Acenei brevemente com a cabeça e ouvi quando um suspiro aliviado escapou dos lábios da mais nova.

     — Foi fácil?...

     — Nemhuma parada é fácil assim meu amor, especialmente para o Ji, ele não parecia querer continuar com a dor, quase anunciaram a hora do óbito aquele dia...— minha voz estava carregada novamente, não que fosse intencional, apenas as memórias me vinham em mente e era como se eu assistisse tudo ali do zero —...eu assisti tudo morrendo de medo, fiquei tão frustrado Yeon...

     — Acho que eu teria chorado bastante no seu lugar pai, queria ter conhecido o appa mesmo que doesse vê-lo assim, tenho certeza que ele era muito...bom.

     Murmurei baixinho e baguncei meus próprios fios enquanto ajeitava minha postura na cama, assim como ela que agora me olhava confortavelmente espera do a continuação da história, ela segurou minha mão e eu apenas sorri de leve antes de fechar os olhos para voltar a falar.

Busan, Coreia do Sul
05/04/2020

    O medo consumia meus pulmões a cada vez que aquele aparelho desferia um novo choque no corpo de Jimin, reconhecia pelo olhar do médico que estava ali que ele iria desistir, já faziam alguns minutos que tentavam a reanimação, nesse meio tempo Jin já tinha sido chamado e estava a caminho por ser um dos seus pacientes.

     Seguro o choro e encosto no vidro da porta até que vejo a linha verde dos sinais vitais, que antes estavam 0 começar a subir aos poucos, parando em 80, os enfermeiros se acalmam um pouco e o médico respira fundo, meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu só desabei junto com Namjoon em um certo alívio, tudo doía, apenas queria vê-lo e cuidar do loiro como se fosse a joia mais preciosa.

      Quando Jin chegou ele suspendeu as visitas por um tempo, estavam refazendo os exames e cuidando de perto para que nada voltasse a acontecer com Jimin, minha entrada e a do Kim só foram permitidas na tarde do dia seguinte, durante a sua quimioterapia. Mesmo com a insistência de Namjoon, pedi que ele entrasse primeiro, entretanto minutos depois, o mais velho teve que sair graças ao trabalho.

     Soltei um longo suspiro já de frente a porta e entrei vendo seu estado, estava abatido, olhando para um ponto fixo da sala enquanto alguns fios estavam conectados ao seu corpo, o catéter nasal, soro, remédios e provavelmente vitaminas que estavam conectados todos as suas veias, por último a agulha que transferia o remédio forte da quimioterapia.

     Nossos olhos demoraram para se encontrar, não sabia exatamente como me descrever naquele momento, estava cansado por não ter conseguido dormir bem, velando a porta e olhando o vidro a cada minuto para garantir que o Park não acabasse por passar mal, estava preocupado e com saudades daqueles lábios e do abraço do menor. Já Jimin parecia segurar o choro, um bico foi formado por seus lábios e o seu queixo tremeu, seu olhar foi desviado do meu na medida em que voltava a caminhar até estar em sua frente, me sentei na beirada da maca e finalmente ouvi sua voz que estava sôfrega.

      — Que não seja um delírio....

      — Eu estou aqui anjo...— suspirei e toquei uma de suas mãos, seus lumes foram em direção aos meus e eu sorri fraco acariciando sua pele pálida —...dói tanto te ver assim Ji...

      Ele confirmou de leve, como se dissesse que já sabia daquilo, suspirei fundo e levei meu corpo para mais perto do seu, nossas testas se tocaram e ele suspirou profundamente, estava segurando o choro.

     — Veio se despedir?...T-tomou uma decisão Jeon? — era tão baixo que eu quase precisei pedir para repetir, seu corpo estava encolhido e mesmo com todos os sentimentos confusos o mesmo em nenhum momento me afastou.

     — Sim Ji, eu tomei minha decisão...e eu vou ficar com você...— ele me olhou sorrindo e notei suas lágrimas já formadas começarem a cair de maneira lenta, espalhei alguns beijos por seu rosto — até o final, estarei com você Jimin, essa é a minha escolha.

     Seu choro aumentou gradativamente e eu acolhi seu corpo em um abraço carinhoso, abrigando-o de forma protetora na medida em que afagava os seus fios dourados, ele segurava minhas roupas para garantir que não fosse embora novamente e eu apenas me encostei em seu corpo calmamente.

     — Não chore uh?...Quero positividade, se você pensar negativo não vai ajudar em nada meu céu...— susurro e afasto nossos corpos de leve, na medida em que limpava seu rosto com calma, ele me olhava com os olhos brilhantes e eu podia reconhecer a gratidão e paixão.

     Os próximos dias foram melhores, não sei se por minha presença ou pela presença do tratamento que parecia surtir efeito. Já faziam quase uma semanas que Jimin tinha voltado para casa e continuava com a quimioterapia, Namjoon passava pouco tempo com o menor já que se ocupava com o trabalho dobrado que precisava ter para bancar a casa e todos os medicamentos caros do hospital.

     Hoseok e Yoongi não faziam ideia de tudo que realmente estava acontecendo, entretanto isso não demoraria para acontecer, visto que as suspeitas por parte do ruivo eram grandes, ele já começava a pressionar o Park para falar o que estava havendo com o mesmo.

      Minha faculdade ia bem, meu trabalho parecia até mesmo menos cansativo agora que tinha um peso a menos sobre meus ombros, Jimin e eu estávamos mais que bem, estava com planos de oficializar de uma vez e Jackson que me perdoasse, mas eu compraria uma aliança para o menor.

     Era uma manhã como qualquer outra, porém a ansiedade me consumia já que iria ver o loiro e dormir em sua casa hoje, faríamos um jantar diferente e eu realizaria o pedido, queria que fosse especial e não apenas algo superficial, como um "namore comigo" em pétalas de rosas no meio da cama e cheias de velas no chão. Brega...

      Minhas pesquisas referentes ao tumor do loirinho continuava, também estava montando um artigo sobre, apesar de ser relativamente complicado e diferente dos demais era incrível estudar essa parte oncológica, estava repensando minhas possibilidades futuras.

     Após devolver os livros de pesquisa na biblioteca do lugar eu sai em passos calmos, caminhando pelo corredor, saquei meu celular para checar o valor disponível em minha conta e sorri pequeno por poder comprar um bom par de alianças de prata. Bem, foi o que fiz a seguir.

      Fui até uma das lojas no centro da cidade e escolhi algo simples, porém belo para nós, Jimin não era do tipo que gostava de se mostrar ou ser o ser mais extravagante do planeta Terra, não tinha dúvidas de que ele amaria a joia...passei por fim em uma conveniência para comprar algumas coisas para o jantar e quando estava indo em direção a casa do menor, senti meu celular vibrar no bolso da calça, alcancei o mesmo já desbloqueando e entrando no aplicativo de mensagens sorrindo pequeno ao ver o apelido carinhoso na aba de notificações.

Meu mar
Jungkookie você ainda vai vir?...
Tá demorando
Devo me preocupar?

Jungkook
Já estou quase chegando meu anjo
Estava comprando algumas coisas para o jantar.

     Digito por fim e envio já guardando o celular.

     Em questão de minutos já estava parado frente a sua casa, entrei com a cópia que Nam-Hyung havia feito e já avistei a cabeleira loira no sofá.

     Sorri com a visão, Jimin estava assistindo o Incrível mundo de Gumball,  assim que deixei meus sapatos na porta e calcei as pantufas fui  notado e me senti aquecido com o grande sorriso que recebi do mesmo, era encantador.

     — Demorei muito Jiminie? — falei com a voz calma e me aproximei segurando seu rosto delicadamente e deixando um breve selar em seus lábios, notando a pele ficar mais rubra.

     — Uhum...— murmurou manhoso e eu sorri me afastando para deixar as sacolas na cozinha —...pensei que tinha desistido de vir, o que comprou?

    — Carne, vamos comer grelhada uh? Vou fazer um arroz e lavar o alface também!

      Ele concordou na medida em que assistia meus movimentos, sentia seu olhar em minhas costas, seu corpo próximo ao meu denunciava que ele esperava mais algum contato, fingi que não havia percebido e continuei fazendo o que estava antes, notando o suspirar baixinho vindo do mesmo.

     O olhei por cima do ombro vendo seu rosto baixo, enquanto mordia os lábios rosados, o loiro ia se afastar já desistindo de pedir por atenção, mas antes de qualquer movimento eu segurei sua mão e o trouxe para perto de mim, o vendo corar fortemente.

     — Jungkook...

     — O que você quer amor? — sua respiração bateu levemente contra minha pele e senti meu corpo arrepiar, suas mãos subiram até meus ombros e ele tomou a iniciativa já fechando os olhos e selando nossas bocas com calma.

     Sem conseguir negá-lo, estava completamente apaixonado, apenas cedi, fechando meus olhos assim como o mesmo, pousando uma das mãos em sua cintura enquanto a outra levava até seu rosto, acariciando de leve sua bochecha agora mais farta, levando os fios dourados para atrás de sua orelha.

      Senti quando sua língua pediu timidamente uma abertura e logo um toque maior se fez presente...apertei sua cintura o fazendo se inclinar mais contra meu peito, suas curtas unhas apertaram minha pele e os sons que escapavam dentre nossos lábios era como uma calma melodia, meu corpo estava quente apenas com aquele beijo, calmo mais profundo.

      Nossas bocas apenas se afastaram quando a falta de ar se fez presente, senti como Jimin estava sensível sob meu toque e me inclinei mordendo seus lábios propositadamente, ouvindo um pequeno arfar acabar escapando e sentindo seu rosto ser afundado na curvatura de meu pescoço.

      — Senti saudades...

      — Desculpa ter demorado para vir te ver meu mar...

      — Tudo bem...e-eu ainda preciso tomar banho Jungkook-ah — falou timidamente e me olhou, meus dedos acariciaram tranquilamente seu rosto e sem aguentar deixei um selinho rápido no mesmo que fechou os olhos, provavelmente esperando por mais.

      Ri baixinho totalmente encantado e deixei vários solares em seu rosto, o ouvi reclamar e me senti nas nuvens com o loiro.

      — Vou fazer nossa comida amor, pode tomar seu banho tranquilo sim? — ele acenou brevemente e se afastou indo em direção ao banheiro quase correndo, neguei de leve e sorri enquanto pegava a aliança em meu bolso, abri a caixinha olhando a mesma  e pressionei meus lábios um contra o outro.

     Precisava ser perfeito, ele merecia que fosse perfeito.

     Lavei a salada e temperei a carne enquanto já colocava o arroz no fogo, decidindo até mesmo assaltar o molho que tinha na geladeira para usar como acompanhamento, estava quase tudo pronto, faltava apenas grelhar a carne para comermos e Jimin ainda não tinha voltado, comecei a me preocupar quando aquilo continuou por quase 5 minutos, decidi subir por fim os degraus com pressa e bati levemente na porta do cômodo que o loiro se encontrava.

     — Jimin, anjo, você tá bem???

     O silêncio se fez presente e eu senti meu coração acelerar, estava pronto para abrir a porta quando ouvi um soluço do outro lado.

      Toquei a porta preocupado e com o cenho franzido, tentei abrir a mesma sem agressividade e notei que estava trancado. Suspirei fundo e bati na madeira sem muita força.

     — Jimin, amor...abre a porta...— soei manso já sentindo meu peito apertar —...eu tô aqui com você, abre pra mim vai...

     Senti a agonia me preencher ao não ouvir mais nada, fiquei parado ali por quase dez minutos, esperando o tempo do loiro, mesmo que no fundo eu estivesse preocupado e já soubesse o que poderia estar acontecendo. Bati mais duas vezes na porta com calma e quando iria bater a terceira vez ele destravou a mesma já abrindo.

     — Ji...

     — E-eu tô horrível J-Jungkookie...

     Parei para analisá-lo e ele estava com o rosto todo vermelho, algumas pequenas lágrimas ainda se formavam no canto de seus olhos azuis, seus lumes não pareciam querer encontrar os meus, seu corpo estava tapado por uma grande blusa e a única coisa que cobriu sua intimidade era um shortinho largo que usava, os fios dourados pareciam com falhas e...

      Quando meu olhar caiu para o chão do box entendi o que estava havendo, me aproximei para tocar seu rosto mas o Park se encolheu e recuou um passo enquanto mordia o próprio lábio.

     — Ji, isso é normal...

     — E-eu pensei que não fosse acontecer, j-ja fazia mais de uma semana que eu...comecei a quimioterapia...— ele falou com a voz baixa, abraçando o próprio corpo, sua voz estava quebrada e mais rouca que o  normal —...e-eu tô horrível....

     Suspirei compreensível, ele sabia que aquilo hora ou outra acabaria acontecendo, seria questão de costume...mas não era fácil assim, me aproximei mais uma vez e puxei seu corpo para mim o abraçando com carinho, acolhendo-o.

     Beijei sua testa e suas mãos agarraram minhas roupas apertando, como se quisesse descontar a dor emocional que estava sentindo naquele momento.

      Ficamos ali um bom tempo até que o menor se acalmasse, ele se afastou aos poucos e me olhou nos olhos, ofereci um sorriso pequeno e acariciei seu rosto levemente, segurando seu queixo por fim antes de falar com a voz mansa.

     — Você fica lindo de qualquer forma Jimin, o cabelo vai crescer de novo em um futuro próximo — comecei com calma já vendo seus olhos encherem de lágrimas — eu vou estar com você independente do que acontecer meu amor...entendeu?

      Lentamente ele acenou positivamente e eu beijei sua testa, descendo para os lábios onde um breve selinho foi deixado, por fim abracei sua cintura e colei nossas testas.

     — Vamos cortar?...

     — Tem uma tesoura no quarto do Namu...na segunda...gaveta — disse choroso e abaixou o olhar, a última coisa que vi foi o mesmo se olhando no espelho, sai para pegar a tesoura e suspirei fundo assim que voltei.

     Ele estava sentado frente a pia com os olhos azuis brilhando graças as lágrimas, seus ombros estavam encolhidos e seu rosto estava todo vermelho, beijei cada um de seus olhos, a pontinha de seu nariz e terminei com um selinho antes de me afastar e começar a cortar.

    Mecha por mecha, fio por fio iam caindo no chão, estava sendo o mais delicado possível, seus cabelos loiros estavam fracos, alguns simplesmente por tocar já caiam, demoramos em torno de dez minutos para terminar por fim, Jimin estava diferente, mas nunca menos bonito.

      Seu olhar era triste, eu precisava fazer algo para que ele se sentisse melhor, limpei o banheiro guardando uma mecha dos fios dourados comigo e logo o peguei em meu colo, seu corpo me abraçou feito um coala, Jimin escondeu o rosto entre a curvatura de meu pescoço e eu segui até a sala me sentando no sofá.

     — Preciso de uma touca...

     — Vai se sentir mais confortável dessa forma anjo?...

     — Sim...

     Olhei para os lados até que vi meu moletom, o entreguei e ele pareceu entender, vestiu-se lentamente e colocou o capuz, esquecemos do jantar por mais de uma hora já que apenas foquei minha atenção no menor, ficamos trocando carícias e assistindo desenhos até que ele acabou por pegar no sono. Suspirei e o levei até o quarto, deixando-o deitado confortavelmente.

     Já se passava das 22 horas quando fui grelhar a carne, esquentar a comida e preparar uma bandeja de alimento para mim e Jimin, quando estava subindo as escadas com tudo pronto Namjoon chegou, suspirando cansado.

     Levei meu olhar para ele e sorri de leve, acenei para a cozinha e ele agradeceu baixinho indo comer também.

      Quando cheguei no quarto do de olhos azuis eu deixei a bandeja ao lado da cama, o acordando lentamente, seus lumes encontraram o meu e sorri pequeno para o mesmo.

     — Vamos comer anjo...

     — Você...fez mesmo? Q-que horas são? — murmurou na medida em que se sentava e deixou que um bocejo escapasse por seus lábios.

     — Sim meu mar, já passa das dez...Nam acabou de chegar. Vamos comer uh? Como você tá se sentindo? Alguma dor?...— me sentei de frente para o mesmo e coloquei a comida na cama em nosso meio, já servindo carne para o mesmo que sorriu pegando com arroz e molho antes de começar a comer sem pressa.

     — Minha cabeça dói mas é suportável...depois que eu comer vai melhorar....

     Sorriu e eu fiz um bolinho com alface e carne levando até seus lábios rosados, Jimin parecia estar se sentindo melhor, conseguiu comer bem e tomou bastante água após o jantar, me levantei apenas para levar todos os talheres e pratos até a pia e lavá-los para ajudar Namjoon, que agora provavelmente já estava em seu próprio quarto.

      Quando voltei para o segundo andar e entrei no cômodo, Jimin olhava o teto pensativo, me aproximei do mesmo e me deitei ao seu lado beijando seu ombro e levando uma mão para dentro de suas roupas subindo lentamente por sua barriga.

      Seu corpo se arrepiou todo sobre meu toque e sua pele ficou rubra em questão de segundos, nossos olhos se encontraram na medida em que eu deixava beijos por seus ombros e subia lentamente.

     — K-kookie...

     — Não quero te ver mal Jimin...

     — D-desculpa se estraguei nossa noite...

     Nego algumas vezes e o olho sorrindo, aperto sua cintura por dentro de suas roupas e me inclinei ficando levemente sobre o corpo do menor que me encarava timidamente.

      — Você não estragou nada amor...— minha voz soa calma e eu acaricio seu rosto —...não foi a noite perfeita...mas apenas por estar ao seu lado já estou satisfeito meu mar...

     Encosto nossas testas e selo nossos lábios lentamente, antes de fechar os olhos assim como o mesmo que levava uma das mãos até meus fios puxando levemente, acabo não me segurando e levanto um pouco sua roupa começando a descer os selares por seu pescoço enquanto sussurrava contra sua pele.

    — Eu não consigo mais me ver sem você Park...sem seu carinho e companhia...— beijo seu pescoço assim que o de olhos azuis inclina a cabeça para trás me cedendo espaço —...meus dias não são os mesmos quando não estou aqui, eu fico...tão perdido e desolado quando penso na ideia que posso te perder, é insuportável...— sou sincero em cada palavra dita, sentindo seu corpo totalmente arrepiado, deixo um breve chupão em sua pele e escuto seu baixo gemido.

     — J-Jun...

     — E-eu sei que é arriscado Jimin, mas eu quero você, quero estar do seu lado...a cada novo dia e a cada quimioterapia que tiver que fazer...até que os fios voltem a crescer...— o mesmo parece travar e eu desço mais meu corpo beijando seu peito que agora estava a mostra, a pele pálida e arrepiada, assim como a auréola de seus mamilos que estavam durinhas pelos toques —...quero construir uma casa ao seu lado, realizar todos os seus sonhos...mesmo que complexos ou fora da nossa realidade...

      Levanto meus lumes e nossos olhos se encontram, ele estava com algumas pequenas gotículas de suor em sua testa, os lábios prensados um no outro e o queixo tremendo de levinho, estava segurando o choro...eu sorri e me afastei de leve pegando a caixinha com as alianças.

      — Eu quero você Jimin...então...aceita ser meu namorado, oficialmente? — ri fraquinho sentado sobre minhas pernas dobradas e abri o pequeno objeto, deixando que o mesmo visse os anéis de prata simples que estavam ali, quase que em um pulo o mesmo se sentou, me olhando com os olhos arregalados e surpreso.

      — E-eu aceito!

      Falou rápido e me abraçou com força voltando a chorar, totalmente sensível com tudo, eu sorri e afaguei sua cabeça com carinho enquanto beijava suas bochechas molhadas, estava realizado apesar dos pesares, e feliz que aquela não seria apenas uma noite triste que Jimin perdeu algo importante para si...mas uma lembrança feliz de como nossa relação se iniciou...

     Em meio ao carinho e rodeado de amor, juntos, como sempre deveria ser...trocamos as alianças e nos beijamos sem pressa, como na primeira vez dentro da cozinha do Hoseok. A noite acabou tranquila e com um clima bom, Jimin não teve dificuldades para dormir ou passou mal, pelo contrario, estava tudo calmo.

     No dia eu não suspeitei, entretanto sempre antes de uma tempestade vem a calmaria, o que nos aguardava não era o mar de rosas ou um sonho sendo realizado, mas sim o início de um pesadelo.

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Olá pessoinhas de my heart!

De Volta Aos Céus está se aproximando do fim, é até meio triste para mim falar sobre isso, essa não é apenas uma adaptação de uma série que está disponível em meu canal (agora inativo) do YouTube, mas sim o início de algo novo que venho tentado.

É muito gratificante ver que estou conseguindo manter o foco e postar aqui no wattpad, sempre gostei muito de ler e sei que posso trazer coisas incríveis aqui para cada um de vocês.

Gostaria de pedir para que comentassem bastante o que estão achando nos Capítulos que estão por vir, isso me incentiva a escrever cada vez mais aqui na plataforma.
Enfim, nos falamos em breve! Se mantenham bem e saudáveis!

Relevem qualquer errinho de escrita, ainda não estamos em revisão. Comentem se estiverem gostando da história.