viii. this is not a dream

Lippe tinha o olhar baixo enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. Suas mãos seguraram a saia do seu vestido com força.

Porque... Porque isso está acontecendo?

Seu plano nunca foi se aproximar de Claude e se apaixonar por ele. Ela apenas queria que Athanasia nascesse, mas não dela.

Song Rosaline morreu prematuramente aos dezenove anos, Lippe de Alger Obelia sendo sua alma renascida. Seu desejo era se tornar dançarina e talvez viajar pelo mundo afora. Mas tudo que ela conseguiu foi nascer em uma família obscura e viver na sombra de pessoas podres e ter que ficar constantemente duvidando de todos, porque um único erro poderia ser sua morte.

E agora ela estava ali, sentada naquela sala escura e sombria. Depois de passar mal e ficar desacordada por dois dias e o médico então a informar de sua gravidez de risco.

Eu deveria ter percebido, ela pensou. E como não?! Ela e Claude eram como coelhos no cio e ela estava confiante que o amor dele por ela o impediria de se envolver com as mulheres do harém - suas concubinas. Ela aceitou que Athanasia não iria mais existir.

Até que ela percebeu a ironia da situação. Ela tinha pensando em se candidatar como mãe de Athanasia uma vez, não tinha?

Se Lippe fosse menos distraída, teria percebido que os acontecimentos batiam com os da história. Diana conheceu Claude e ele a deflorou em seguida, mas Athanasia não nasceu imediatamente; foi só depois que Diana se tornou uma concubina e conheceu Claude mais profundamente que ela engravidou.

Foi seu egoísmo que a levou a isso?

Eu vou morrer.

Mesmo que ela abortasse, suas ações ainda teriam consequências. Seu corpo frágil não conseguiria lidar com o aborto, seu destino seria ficar na cama para sempre. E ao levar a gravidez a diante, seria um milagre se ela sobrevivesse ao parto.

O médico mesmo a disse, olhando em seus olhos, que seu mana era quase inexistente e que o bebê estava sugando sua energia vital para converter em mana. Mas talvez isso já devesse ser esperado. Aquele era o filho de Claude, afinal. Seria tão forte e poderoso quanto o pai.

Filha. Ela se corrigiu, abrindo um pequeno sorriso ao pensar em Athanasia. Nossa filha.

Passos altos chamaram sua atenção. Um flash de dourado apareceu no seu campo de visão e ela deixou escapar um gritinho quando foi puxada da cadeira em que estava sentada por mãos grandes e fortes.

Ela o encarou com olhos arregalados e surpresos.

"Clau-"

"Você está cansada de mim. É isso?" A voz dele a interrompeu bruscamente. "Você está cansada de ficar do lado de um bastardo estúpido."

"......"

Observando sua expressão chocada, ele riu friamente.

"Sim. Eu deveria saber."

"Você" Lippe engasgou. "Como... Como pode achar isso de mim?! Eu nunca-"

Claude rosnou.

"Então porque você quer me deixar?! VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR!"

Olhos azuis como jóias raras se chocaram. Os dele eram claros e desesperados enquanto os dela brilhavam em lágrimas. Ele a segurou pelos braços mais fortemente, a mente confusa e assustada ao implorar em meio aos gritos de dor.

"Claude-"

Sua voz saiu trêmula, mas ela se auto interrompeu quando deixou escapar um soluço que fez seu pequeno corpo estremecer. Ele observou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto como um rio.

"Não! Eu não quero ouvir!" Ele continuou a segurando com força, olhando diretamente nos seus olhos. "Perdi. Parece que eu fui enganado por você esse tempo todo. Patético."

Ela o encarou com a boca entreaberta em choque. Ela tentou se afastar do seu aperto, a mágoa visível em sua expressão.

"Eu vou implorar se você quiser."

Ela ficou em silêncio e com a cabeça baixa, seus cabelos cobrindo seu rosto como se estivessem a protegendo do olhar dele. Suas mãos abraçavam sua barriga de maneira protetora.

Ele cerrou os punhos.

"Lippe-"

O som de um tapa ecoou pela sala.

Sua voz sumiu quando ele a encarou, atordoado. Seus ombros tremiam e ela se encolheu quando novos soluços escaparam dos seus lábios sem aviso. Mas ela o encarou de volta, com as lágrimas rolando pelo rosto.

"Como... Como você pode dizer uma coisa dessas? Esse é o nosso bebê!"

Ele sentiu a dor em sua bochecha, e não conteve seu sorriso de escárnio. Isso a fez se encolher ainda mais.

Então ele rosnou, alto e animalesco como um predador. "Essa coisa nunca será meu filho! Não quando está acabando com a sua vida!"

Seu olhar se desviou para longe, segurando um soluço de desespero. Ela mordeu os lábios com tanta força que sentiu o gosto metálico do seu sangue. A única prova do seu sofrimento eram seus ombros baixos e as lágrimas que agora caíam silenciosamente.

"Porque... Porque você está fazendo isso? Pare, por favor" ela implorou.

"Porque se não, eu vou te perder completamente." Ele cerrou os dentes com raiva, a obrigando a encará-lo. "Sim, estou ciente. Isso não é nada além de um jogo estúpidos de emoções. Mesmo sabendo disso, ainda acabo mostrando todas as minhas cartas assim novamente."

"Vossa Majestade!"

"Não pense em mais nada. Decida isso apenas com você mesmo em mente. Não me deixe, me escolha!"

"Me escolha em vez da criança
que está comendo sua vida
enquanto falamos!"

.

"Mesmo que você tente me afastar, eu não irei embora. Porque eu sou a mulher de Sua Majestade."

"Eu sempre estarei com você, Claude."

Essas eram apenas promessas vazias?

Mas ela os disse com tanta confiança, olhando profundamente dentro de seus olhos. Mesmo quando ele tentou a assustar, mostrando a ela o quão destrutiva sua magia poderia ser, ela apenas sorriu. Até na noite em que se amaram pela primeira vez, quando ele a pressionou contra a parede e disse palavras tão duras.

"Você não me assusta."

Mas talvez devesse.

Só que quando ela o beijou tão suavemente, como se quisesse que ele entendesse o quão profundo e verdadeiros eram seus sentimentos, ele se deixou levar.

Porque ele queria acreditar.

Ela chorou e soluçou, mas não por sua vida. Ela chorou por eles.

E ele chorou junto.

"Eu te amo." Ela sussurrou baixinho, olhando no fundo dos seus olhos. As lágrimas escorriam dos seus olhos tão parecidos mas ao mesmo tempo tão diferentes dos dele, pingando nas suas roupas - mas ele não se importou. Não quando ele a tinha em seus braços. "Mas não me faça escolher entre você e nosso bebê. Por favor, Claude."

"Lippe..." Seu nome saiu como um chamado desesperado, a voz de repente tão falha como se ele tivesse gritado a plenos pulmões.

Mas ele não tinha.

"Shh," ela abriu um sorriso entre as lágrimas salgadas, "eu estou aqui."

Ela estaria ali amanhã?

Ele sabia que não.

Sua garganta se fechou. Ela parecia tão deslumbrante como sempre, mesmo com o nariz e os olhos vermelhos e as bochechas coradas. Ele sentia que poderia aprender a pintar para guardar aquela memória para sempre, onde ela, sempre tão ousada e confiante como se fosse a dona de tudo, destruindo qualquer coisa que estivesse no meio do seu caminho, se mostrava tão frágil, como se fosse feita de cristal. Seus longos cabelos dourados caíam em uma bagunça de cachos e desciam como cascatas pelas suas costas, os lábios sedutores entreabertos e a respiração pesada.

Ele teve cuidado em não pressioná-la com força desnecessária na barriga, cerrando os dentes. Ele sabia que podia matar aquele monstro dentro dela com apenas um único movimento, mas ele nunca poderia machucá-la por vontade própria. Nunca. Lippe era sua fada, seu anjo e sua esposa; ela era tudo para ele. Ele a amava com tudo de si, só a ideia dela sofrer o fazia sentir um aperto no peito e o desejo assassino de matar o bastardo responsável por isso. Só de imaginar ela o encarando com nojo se ele fizesse o que tanto queria era o bastante para fazê-lo se afundar em depressão.

Claude nunca esperava que aquela princesa ousada e sem papás na língua que gostava de se fantasiar de dançarina colocaria seu mundo de cabeça para baixo, e o faria querer ser um homem melhor por ela. Se ela morresse, ele sabia que uma parte dele morreria junto.

Do que adianta um corpo se a alma está vazia?

"Não me deixe." Ele queria desesperadamente dizer aquilo, mas não conseguiu. Ele a apertou com mais força, enterrando o rosto no seu pescoço enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto uma por uma como um rio.

Suas súplicas nunca foram escutadas.

E ela foi mesmo assim.

"Sinto muito por quebrar a promessa que fiz a você. Eu sempre estarei com você, mesmo que você não possa me ver..."

....

( o edit é meu! se for usá-lo, peço
- POR FAVOR - que me dê os créditos. )

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top