vii. your heart's desire

Lippe estava em um dilema.

O que eu faço?

Seu relacionamento com Claude não era fraternal - e todos sabiam disso. Porque primos quase irmãos não ficam se encarando por tempo demais, não trocam sorrisos cheios de segredos e não desejam poder se beijar.

Ela sabia que o incesto era comum na realeza, mas parecia tão errado.

Porque Athanasia não nasceria.

Lippe pensou em se tornar uma possível candidata para ser mãe da verdadeira Princesa de Obelia, mas ela não queria morrer. E ela duvidava que fosse Athanasia que iria nascer.

Ela sorriu ao pensar em Claude. Apesar dele ser sempre tão fechado, quando ele sorria, ela sentia como se o Cupido atirasse uma flecha em seu coração toda vez. Algo nele simplesmente parecia atrai-la.

Ele até começou a usar robes depois que ela os mostrou, apesar de ainda usar trajes formais em eventos. Lippe fingia não ver, mas ele parecia sempre saber a cor que ela iria usar para combinar com os robes dele.

Tão fofo ~!

Oh meu Deus... Quem ela queria enganar? Ela estava completamente apaixonada por Claude de Alger Obelia.

.

"Lily, acho que estou apaixonada."

"Eu sei."

"Tipo, eu sei que ele é meio psico- Pera, o que!"

Lippe olhou em choque para Lily. A castanha apenas riu baixinho enquanto colocava uma madeixa atrás da orelha. Seus olhos azuis cristalinos brilharam cheios de diversão.

"Suponho que todos já saibam disso, Princesa. Você e Sua Majestade não são exatamente as pessoas mais... Discretas ao demonstrar seu afeto."

"Espera! Mas isso quer dizer que Claude-"

Lily, pela primeira vez desde que se conheceram, revirou os olhos. Ela tinha uma expressão cheia de cansaço, como se conviver diariamente com a burrice alheia a tornasse dez anos mais velha.

Helena achou que esse era um bom momento para se incluir na conversa, seu comentário sarcástico fazendo Lippe desejar que Penélope Judith estivesse ali para pisar nela. "A Princesa Lippe não é burra, ela só é muito lerda. Não sei se tenho pena dela por não perceber as coisas ou de Sua Majestade, que é quase tão lerdo quanto ela."

"Você-" O olho de Lippe tremeu de raiva. "Bom, já que você me acha tão lerda assim, veja só o que irei fazer!"

.

O que eu estou fazendo aqui!!!

"O que você está fazendo aqui?"

Sua voz era fria e sem emoção. Seus olhos eram profundos como o oceano e ela sentia que poderia se afogar neles se os encarasse por mais tempo.

O coração de Lippe disparou, querendo sair pela boca. Ela apenas podia encará-lo, completamente atordoada.

Aconteceu alguma coisa? Ele... Ele nunca foi tão grosso comigo.

Vendo sua carranca se aprofundar com sua falta de resposta, ela rapidamente voltou aos sentidos.

"E-eu queria conversar com você, Vossa Majestade."

"Ah." Foi sua resposta curta e grossa.

Ele soltou seu braço, e Lippe apertou as mãos contra o peito. Porque ele parecia estar irritado com ela?

O jovem Imperador parecia que ia sair, virando de costas e começando a caminhar para longe, até que parou e então voltou. Lippe não pode evitar dar um passo para trás, sua mente gritando para que corresse dali. E ela teria feito isso, se ele não tivesse percebido suas intenções e a puxado para si.

Ele a prendeu contra a parede, seu corpo alto e musculoso escondendo o dela. Sua mão foi para segurar seus pulsos com um aperto tão dominante que ela sentiu como se estivesse na mira de um predador, enquanto a outra estava no seu queixo.

Um suspiro escapou por entre seus lábios entreabertos ao encará-lo diretamente nos olhos, e ela engoliu em seco.

"Su-Sua Majestade!" Ela meio que gritou, sua voz saindo mais aguda que o normal.

"Você..." Ele crispou os lábios, abaixando a cabeça para observá-la melhor. Seu aperto no queixo dela tornou-se mais forte, e ela só podia rezar para que não ficasse nenhuma marca. "Você não disse que queria conversar comigo? Então fale."

Lippe riu nervosamente.

"Não era nada demais!"

"Entendo." Ela podia sentir seu hálito quente contra sua pele, e arrepios percorreram seu corpo. "Mas então porque você está tão nervosa?"

"Sem motivo, acredite! Eu só vim te fazer companhia! Felix vive falando que você está sempre ocupado demais no trabalho e quase não dorme ou come direito!"

Desculpe, Felix... Mas era você ou eu.

Ele estreitou ligeiramente os olhos, mas Lippe podia sentir a diversão emanando dele. "Ah é?"

O silêncio foi sua única resposta.

Alguns minutos se passaram até que Lippe pigarreou, sua voz soando um pouco histérica. "Majestade, você pode me soltar? Por favor?"

Ele nem se designou a responder, ainda a encarando intensamente.

Lippe se surpreendeu quando ele de repente encostou sua testa na dela e abaixou os olhos para o chão. Seu coração doeu com o quão solitário e melancólico ele parecia.

"Majestade-"

A risada fria do jovem Imperador a cortou brutalmente.

"Eu deveria saber." Murmurou sombriamente. "Eu sou apenas um bastardo estúpido. Ninguém me quer. Primeiro ele, depois ela e agora você."

Lippe o encarou com os olhos arregalados e surpresos.

O que?

Ele continuou falando, sem se importar com sua reação. "Eu fiz tudo o que podia! Mas porque eu nunca sou o suficiente? Meu sangue, suor e lágrimas não foram o bastante?! Eu poderia ter os dado tudo se eles pedissem, mas eles riam de mim e me viam como inferior! Talvez se eu não fosse tão facilmente deslumbrado com demonstrações de afeto, eu pudesse ter percebido suas intenções."

Com ele ali, parecendo derrotado e dizendo isso com uma voz tão magoada, Lippe notou uma coisa.

Ele é só um garoto.

Pela primeira vez desde que reencarnou naquele mundo, Lippe permitiu que as lágrimas saíssem. Um pequeno soluço escapou por entre seus lábios.

Ele ergueu os olhos com o som, não esperando encontrar seus olhos cheios de lágrimas. Não era pena que brilhavam neles, mas sim calor.

Seus olhos se arregalaram quando ela sorriu brilhantemente através das lágrimas, tirando as mãos do seu aperto e as levou ao seu rosto, o acariciando com extrema gentileza. Eram pequenas e quentes e macias.

Ele gostou da sensação.

"Não seja tão cruel consigo mesmo, Majestade." Ela sussurrou baixinho, o encarando ternamente.

Ele não soube como reagir quando ela aproximou mais seus rostos, suas respirações se entrelaçando. Ela olhou diretamente nos seus olhos, parecendo confiante. "Porque é mentira. Eu quero você. Muito."

O pouco auto controle que ele tinha sumiu com aquela frase.

Ele a pressionou com força contra a parede, sibilando com os dentes cerrados. "Você deveria ter medo de mim! Eu poderia te matar!"

Lippe continuou sorrindo, rosas desabrochando lindamente atrás dela.

"Mesmo que você tente me assustar, eu não irei embora. Porque eu sou a mulher de Sua Majestade."

"Eu não tenho medo
de você, Claude."

Ele apenas a segurou mais forte.

"Você é realmente ousada..." Ele murmurou, encantado em ouvir seu nome saindo de seus lábios.

Lippe riu.

"Apenas para você."

Ele abriu a boca, mas foi calado quando ela o puxou para um beijo.

Desnecessário dizer que nenhum dos dois dormiu naquela noite, certo?

....

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