prologue

Rosaline suspirou, olhando para seu celular. Ela ignorou as pessoas ao seu redor, ocupada demais lendo o último capítulo lançado de seu webtoon preferido para se preocupar em escutar o que elas falavam.

Who Made Me a Princess contava a história de Athanasia de Alger Obelia, que seria morta pelo pai, o Imperador Claude de Alger Obelia, aos dezoito anos por ser a principal suspeita de envenenar a amada princesa Jennette. Era surpreendentemente agradável, pois era sobre amor paternal em vez de romance e os protagonistas principais eram pai e filha, apesar de, claro, existir interesses amorosos para ambos os protagonistas.

Rosaline não queria soar tendenciosa, mas amou o webtoon á primeira vista. A arte era bem feita e o enredo viciante, tanto que o leitor ficava esperando ansiosamente as próximas atualizações enquanto criava várias teorias.

O último capítulo lançado tinha levado Rosaline à beira das lágrimas. Ela viu Diana, a falecida mãe de Athanasia e também a mulher que Claude amou tanto ao ponto de usar magia negra para esquecê-la, e não pode deixar de ficar emocionada com o que ela disse para Athanasia no encontro das duas. Claro, uma parte dela ficou confusa e se perguntando como aquilo era possível, mas tudo foi esclarecido quando a própria Diana disse que sua alma não conseguiu reencarnar inteiramente porque estava preocupada com a filha e o amante. Isso também explicava o motivo por trás dela aparecer para Claude sempre que ele estava se sentindo deprimido e sozinho.

Diana não conseguiu deixá-lo.

Apesar de saber disso, Rosaline não conseguia amar Diana. Sim, Rosaline gostava dela, mas tudo sobre Diana era sempre tão… Perfeito. Desde aparência a personalidade, Diana não tinha falhas. Ela era uma personagem muito idealizada, sendo sempre vista como uma mulher gentil que desistiu de sua vida de bom grado para dar a luz a sua filha - algo que muitos não fariam se estivessem no seu lugar.

Rosaline sempre sentia essa sensação estranha quando via os desenhos de Diana e Claude interagindo. Como se fosse errado. Rosaline não entendia, mas muitas vezes ela se pegou preferindo que Claude nunca tivesse conhecido a dançarina. Mas porque isso? Ele nem mesmo era um homem real para ela sentir ciúmes dele!

Era por isso que ela preferia muito mais Penélope, a ex-noiva de Claude e também a mãe de Jennette Margarita. Mesmo que não soubesse muito sobre Penélope além do que a própria Athanasia sabia e disse, Penélope ainda era uma personagem muito odiada por causa do quão humana era. Penélope não via vantagem em ter relacionamentos genuínos com as pessoas, e só ia atrás das que acreditava poderem ajudá-la a alcançar seus objetivos. Mas assim que perdiam sua utilidade, Penélope virava as costas para eles. Ela errou muito e tinha tantas falhas que não podiam ser numeradas nos dedos.

Além das personalidades diferentes, Diana e Penélope também eram polares opostos. Diana era uma dançarina exótica e tinha sangue plebeu, e Penélope era uma jovem dama e tinha sangue nobre.

Enquanto Diana tinha traços suaves e delicados e parecia gentil, Penélope tinha traços mais aristocráticos e parecia arrogante. Diana tinha o rosto em formato de coração com grandes olhos rosa, nariz de botão e lábios de cereja irresistíveis, já Penélope tinha o rosto oval e olhos verdes claros com um nariz arrebitado e lábios da cor do vinho marsala. Diana tinha cabelo loiro ondulado e possuía um corpo atraente que deixava claro que ela dançava, e Penélope tinha cabelo castanho liso e possuía o corpo esbelto como o de uma modelo.

E como se para mostrar o quão diferentes seus papéis eram, Penélope tinha uma marca de beleza sob os lábios que a dava uma aparência de vilã típica.

Talvez o que elas tivessem em comum era que ambas tiveram grande influência na vida de Claude, o fazendo se tornar quem ele era. Ah, e elas também morreram no parto de suas filhas! Rosaline não sabia qual delas mais fez Claude sofrer; a que o apunhalou pelas costas por pura ganância e o mostrou a dor da traição ou a que o ensinou a amar novamente, mas que o quebrou além do reparo ao ir embora.

Um aperto no seu ombro a tirou dos seus devaneios, seus olhos se erguendo do celular para ver sua irmã a encarando.

"Ei, Rose. Volte para a realidade!" Brincou a mais velha das duas.

"Unnie!" Rosaline fez beicinho, sentindo suas bochechas ficarem quentes de vergonha.

Roseanne riu.

Ela jogou o cabelo por cima do ombro e olhou para trás, sorrindo para a amiga que caminhava junto com ela. "Dae unnie perguntou se vamos na festa do pijama dela no sábado."

"Prometo que será divertido", Dae-hyun disse com um sorriso doce.

Rosaline assentiu distraidamente com a cabeça, voltando a olhar para a tela do celular. Lá apareceu Claude de costas olhando para Diana, que se aproximou dele com os cabelos voando com o vento.

Ok! Essa era a mais nova imagem de fundo de Rosaline.

"O que você está lendo?" Sua irmã a interrompeu antes que pudesse continuar a leitura, piscando seus grandes olhos enquanto olhava a imagem. "Ah! É 'Who Made me a Princess', certo?"

"Sim. O capítulo foi lançado agorinha."

Dae-hyun se animou com a menção do webtoon. "Eu ia ler, mas acabei parando porque fiquei irritada com a demora do Claude em ter suas memórias da Athanasia de volta! O que aconteceu?"

"Diana apareceu."

"Mas, tipo, ela não está morta?" Roseanne perguntou duvidosa, pois não lembrava se essa tal Diana era a mãe da protagonista. Entre as irmãs Song, Roseanne era a que menos lia ou acompanhava webtoons.

Rosaline sorriu para a irmã.

"Sim, ela está morta. Mas foi explicado que uma parte da alma dela ficou para trás porque ela estava preocupada com o destino da filha e do amante."

"Ah, que fofo!"

As três continuaram conversando enquanto caminhavam até o semáforo.

Rosaline aproveitou para terminar de ler o capítulo, abrindo um sorriso bobo quando chegou na parte onde aparecia uma memória de Diana com a mão na barriga e o rosto surpreso de Claude. No momento seguinte, eles estavam se abraçando.

Quando o semáforo ficou verde, Rosaline passou junto da irmã e amiga. Seus olhos ainda estavam vidrados no celular. Ela não percebeu um carro vindo em alta velocidade na sua direção até que escutou os gritos, mas tudo que sentiu depois disso foi uma dor avassaladora que parecia deixá-la sem ar.

Ela se lembrava de ver os cabelos tingidos de loiro da sua irmã, assim como conseguia sentir as lágrimas que escorriam por seu rosto enquanto a mais velha a segurava contra o peito e implorava para que não fechasse os olhos. Sua visão ficou nublada e ela tombou a cabeça para o lado, soltando o que deveria ser seu último suspiro.

Apenas se ela soubesse...

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