extra²

Um pouquinho da Lily para vocês :)

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"Honestamente, Remo! Como você pode-!"

"Nós temos uma filha juntos! Isso... Isso não é o suficiente!?"

Lily suspirou, olhando tristemente para as portas fechadas. Os gritos indignados de sua mãe apenas ficaram mais altos enquanto ela recebia apenas o silêncio do homem.

Mas talvez não fosse tão surpreendente. Ele nunca a amou.

Lily olhou para a menina que mantinha o olhar baixo, tremendo. Seus cabelos brancos caiam em seu rosto como uma cortina, como se a protegessem do seu olhar. Mas ela ainda abraçava o menino sentado em seu colo de forma protetora.

Ela tinha o quê? Sete, oito anos? E o menino? Ele parecia não ter nem três anos.

Lily mordeu o lábio.

Sua avó materna, que fora a tutora legal de seu pai por ser sua tia de segundo grau e também a parente sanguínea mais próxima, faleceu num acidente de carruagem. E por se sentir em dívida com a mesma por tê-lo criado, seu pai resolveu se casou com sua mãe quando ela chegou a maioridade, tornando-a sua Condessa.

Eles nunca foram próximos, mas, apesar disso, Lily sabia que sua mãe aprendeu a amá-lo com o tempo. Seu pai não retribuía o sentimento, tudo que importava para ele era o trabalho. Sua mãe, no entanto, estava feliz, pois isso significava que ele não iria atrás de outras mulheres para o satisfazerem.

O quão enganada ela estava.

Anos atrás, seu pai teve uma única amante. Lily era muito nova na época, mas conseguia se lembrar dos hipnotizantes olhos ametista da bela mulher. A mulher costumava ser sua babá, a segurando no colo e contando histórias para ela na hora de dormir. Ela tinha longos cabelos dourados e um sorriso caloroso; completamente diferente de sua mãe, que era sempre tão séria e rígida.

Lily não sabia o porquê, mas um dia acordou e a mulher tinha ido embora.

E agora, anos depois, ali estava a filha dela com o seu pai e um menino desconhecido.

"Eu não irei aceitar sua bastarda em minha casa, está entendendo?! E nem o filho daquela... Prostituta!"

A voz fria de seu pai ecoou pela sala.

"Você não tem que aceitar nada, Yolanda. Você é só um enfeite que eu posso jogar fora a qualquer momento. Faria bem você se lembrar disso."

Sua mãe soltou um suspiro chocada. Lily sabia que ela provavelmente estava com as mãos na boca, olhando desolada para homem que amava.

"Remo-"

"Eu apenas me casei com você por causa de minha dívida com tia Andreza. E se não fosse por Lily, eu já teria me separado de você. Ela odiaria ter que se separar da mãe, mesmo que a mãe seja uma vadia egoísta."

Mais tarde, enquanto sua mãe berrava aos prantos e era consolada pela ex-babá que agora era a governanta da Mansão York, Lily olhou para a mulher que a deu á luz.

Sua mãe era muito bonita, com longos cabelos negros e olhos verdes. Lily não era nada parecida com a mãe, em vez disso, tinha herdado os cabelos castanhos acizentados da avó materna e os olhos azuis cristalinos do pai. Lily sabia que seu pai estava aliviado dela não ter muitas semelhanças com a mãe, além de alguns traços faciais. Seu pai estimava muito a falecida Andreza, a avó de Lily, e por ser parecia com a mesma, ele sempre deu a Lily tudo o que ela queria. Diferente de sua mãe, que só era reconhecida por ele na frente de outros nobres.

Seu desejo de permanecer sozinha era motivado pelo casamento fracassado de seus pais e toda a traição. Lily entendia que os dois não se amavam, mas porque seu pai fez isso? Sua mãe sofreu muito com a amante, que achava ser uma amiga e que andava pela casa deles como se fosse dela.

Ainda assim, o sentimento escondido no peito de Lily a deixou enojada. Porque ela ainda gostava daquela mulher, apesar de todo o sofrimento que ela fez sua mãe passar? Sua ex-babá era uma mulher doce e ninguém achava que ela poderia causar mal a nem mesmo uma mosca, mas ela fez muito pior ao ser pega na cama com o pai de Lily.

Nunca irei me casar. Nunca.

Lily respirou fundo, aproveitando que a governanta fez sua mãe se calar para dizer o que queria há dias.

"Pretendo desistir de minha herança. Não quero mais ser uma York."

A governanta, que segurava sua mãe em seus braços e sussurrava palavras de conforto, quase caiu da cama. Seu rosto velho se contraiu em confusão e perplexidade, antes mais quando a mãe de Lily começou a gritar de novo.

"Senhorita, não brinque com uma coisa desses. Esse não é o momento-"

"Serei uma criada da Princesa Lippe." Informou, abaixando a cabeça. "Eu sinto muito pela sua dor, mãe. Mas você ainda tem uma chance de ser feliz. Lute pelos seus direitos, se divorcie de papai e vá embora."

Espero que você fique bem.

E enquanto saía do quarto, Lily ignorou o olhar traído da velha governanta e a expressão completamente desolada da mãe.

oOo

"Você será dama de companhia da Princesa Lippe."

A mulher que a cumprimentou quando chegou ao Palácio era jovem, tendo não mais que vinte anos. Ela tinha os cabelos castanhos presos em um coque firme no alto da cabeça e seus olhos verde oliva observaram Lily como se julgassem seu valor. Ao contrário das outras criadas que Lily viu por ali, ela usava um vestido branco com mangas ligeiramente bufantes e um laço verde na cintura.

Lily arregalou os olhos. "Mas... Isso não seria injusto? Acabei de entrar no Palácio e já fui classificada como dama de companhia da Princesa, sem nunca nem ter trabalhado."

"Não é injusto, porque as damas de companhia da Princesa precisam vir de uma boa família e serem filhas legítimas. A maioria das criadas do Palácio, infelizmente, não se encaixam na segunda categoria. Você, no entanto, é perfeita para o cargo."

Lily não sabia o que dizer.

Não havia alguém que não soubesse quem era a Princesa Lippe. Ela era muito conhecida, principalmente por ter sobrevivido ao golpe de Estado e permanecer com seu título quando a antiga Imperatriz e o Príncipe Herdeiro foram brutalmente assassinados. Lily ouviu que ela era tão linda que fez o Imperador sentir pena de matá-la e, num momento de misericórdia, ele a deixou viver.

Lily mentiria se dissesse que não estava curiosa para descobrir se os boatos eram ou não verdade.

"Tudo bem! Eu posso fazer isso." Lily assentiu, se sentindo confiante.

"Ótimo." A jovem abriu um pequeno sorriso. "Me chamo Helena Avelant e sou a primeira dama de companhia da Princesa Lippe. Estarei lhe orientando a partir de agora."

Se Lily soubesse o que o futuro reservava, ela nunca teria ido ao Palácio e se candidatado para ser criada da Princesa.

....

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