epilogue¹
Eu sempre me perguntei: qual o sentido da vida?
Eu não conseguia entender porque continuar vivendo, quando só existia dor e sofrimento. O que há de tão bom?
Agora eu entendo.
Sinceramente, eu não esperava isso. Meu único desejo era sobreviver. Ou era uma necessidade? Eu só sabia que precisava sobreviver.
Mas agora que eu sei que só poderei sobreviver se desistir de você, continuar existindo me parece tão cruel. Eu não quero mais continuar. Não sem você.
Talvez eu seja egoísta. Eu tenho um homem que me ama e fará qualquer coisa por mim, mas ele não é você. Eu sei que ele nunca olhará para nenhuma outra mulher enquanto eu viver, mas... Eu não posso viver presa numa cama e me culpando por não ter te escolhido.
Porque escolher você é muito mais fácil do que desistir da minha liberdade.
Eu o amo, mas também te amo - você é o fruto do nosso amor, afinal. E eu adoro imaginar uma linda menininha idêntica a mim que o mostrará que o amor não é apenas romântico, entre homem e mulher. Que é muito mais.
Nunca desista, mesmo que pareça impossível. Eu sempre, sempre, estarei com você. Posso não estar aí fisicamente, mas enquanto você acreditar, eu estarei aí. Porque, querida, você é incrível e pode tudo.
Seja feliz, meu pedacinho do céu.
De: Sua mãe.
Para: Minha linda
filha, Athanasia.
. . .
Lippe sorriu, acariciando a grande barriga. Ela estava feliz.
Mesmo que suas chances de sobreviver fossem reduzidas a zero, seu sorriso era brilhante. Ela podia estar parecendo um zumbi vivo com a pele mortalmente pálida, sua expressão sempre cansada e numa careta de dor, mas a felicidade irradiava dela como ondas. Ela não se importava de ter umas dores se isso significasse que sua filha estava bem e segura.
Ela se lembrava da preocupação que sentiu por causa da barriga, que era anormalmente grande. A cada dia que se passava as dores ficavam cada vez piores e mais frequentes a ponto de ela não conseguir dormir. Até mesmo andar se mostrou difícil.
Ela fingiu não perceber os olhares cheios de pena de todos. Ela achava que, fingindo que estava tudo bem, as coisas voltariam a ser o que eram antes - mesmo que soubesse que não era possível. Mas enquanto ela gritava de dor, a pessoa que ela queria que estivesse lá, a apoiando e segurando sua mão, não estava.
E ela só podia aceitar em silêncio.
Lippe estava usando um vestido rosa de maternidade e era apoiada no corpo de Helena enquanto Lily andava na frente. O médico indicou que ela deveria sair para pegar sol pelo menos uma vez a cada duas semanas. Era menos do que deveria, de acordo com o mesmo, mas expôr Lippe quando sua gravidez era de alto risco era quase uma sentença de morte. Sua saúde e corpo já estavam debilitados pelo bebê estar sugando sua energia vital e convertendo em mana, e ela não deveria nem se levantar da cama. Imagina se ela, por algum motivo, entrasse em trabalho de parto prematuro enquanto estivesse fora de seu Palácio? Era possível que o bebê não conseguisse sobreviver até a ajuda chegar.
Ela caminhou em passos lentos, cambaleando de vez em quando. Ela não precisava se importar com olhares inconvenientes, pois estava no seu Palácio. Claude proibiu qualquer um de ir visitá-la.
Observando as flores com uma expressão cansada, ela apertou seu xale mais contra o corpo. A brisa era suave, mas ela ainda tremeu como um pedaço de papel ao vento. Era triste como ela sentia saudades de sair correndo pelos jardins do Palácio, quando era algo aparentemente tão banal.
Como se soubesse seus pensamentos, Helena a olhou com um sorriso suave, mas que não escondia a dor em seus olhos.
"Espero que o futuro Príncipe não seja como você, Nobre Consorte Imperial. Seria problemático."
Lippe sorriu fraco.
"Princesa." Ela corrigiu. "É uma menina. Uma linda menina."
O sorriso de Helena se tornou forçado. Lily olhou para a barriga de Sua Senhora, mas desviou o olhar quando se tornou insuportável demais.
"Pelo bem desse bebê, espero que você esteja errada."
Helena não queria soar maldosa. Mas se o bebê fosse um Príncipe, sua vida seria consideravelmente mais fácil. Ele não seria forçado a um casamento político e nem vendido para outro reino. Ele poderia lutar pelo trono sem medo e sem ter que ficar constantemente se provando para os outros, ou escutar piadinhas sobre ser fraco e inútil por ser mulher. Ele não seria jogado de lado assim que perdesse seu valor.
Ela engoliu em seco quando pensou no que poderia acontecer se esse bebê fosse uma menina e parecesse com a Nobre Consorte Imperial. Era certo que o Imperador a mataria assim que a visse.
Lily tentou ver o lado bom da situação, como sempre. Ela sorriu gentilmente para Sua Senhora e também melhor amiga e disse com confiança: "Mesmo que não seja um Príncipe, prometo que irei proteger esse bebê até meu último suspiro!"
Lippe não disse nada.
E em outro mundo, Lily cumpriu sua promessa, morrendo após tentar defender a princesa que criou como se fosse sua filha. Helena só pôde observar a cena com falsa indiferença enquanto segurava o corpo da Princesa Jennette, que chorava abertamente ao ver sua irmã maltratada sendo arrastada para a guilhotina pelos guardas.
. . .
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