20. O que tenho e o que posso
🦋 CALLIE
Tenho dezenove anos agora e isso é mais do que John B um dia chegaria a ter. Eu havia sonhado com ele a noite passada, várias e várias vezes quase como se seu espírito tivesse voltado pra me atormentar. Com certeza isso era a cara dele e aonde quer que ele estivesse estaria tirando uma comigo. Tento manter meu humor estável até que Rafe me deixe em casa, não querendo estragar nossa noite perfeita com meu surto de consciência logo de manhã.
Rafe beija minha boca e minha testa antes de ir embora pra sua casa e nem me atrevo a subir pro meu quarto, marchando direto para a casa no final da rua.
A casa de John B estava fechada e o aviso do serviço social ainda estava pregado na porta. Embaixo de um piso de madeira solto na escada da entrada estava uma cópia da chave que uso para conseguir entrar sem ter que quebrar nada. Não que alguém fosse se importar.
Estava um pouco empoeirado e desarrumado mas mesmo assim me traz um sentimento de nostalgia, como um carinho no coração. Por várias noites dormimos os cinco enrolados no sofá cama enquanto maratonavamos filmes de terror. Nossa coleção de garrafas de cerveja também estava intacta assim como nosso mural de fotos. Observo cada uma delas sentindo meu peito se preencher de melancolia vendo os sorrisos nos rostos das crianças que nunca mais voltariam a ser as mesmas.
Dou de ombros e me afasto daquilo, tentando focar no que havia vindo buscar.
Entro no quarto de John B, que ainda estava repleto do cheiro dele, e mais fotos estavam espalhadas por lá assim como pôsteres de surfistas e o leão de pelúcia que havia dado de presente pra ele. Eu sempre dizia que sua juba era de leão e ele me deixava trançar seus cabelos apesar de não gostar disso. Era engraçado porque ele resmungava mas quase sempre dormia antes do final. Me sento em sua cama e encaro minhas mãos em meu colo, me permitindo sentir o vazio do lugar onde ele costumava estar.
Sexo, maconha e video-game. Passamos toda a primeira parte do ano desse jeito nos entupindo de doces e gastando os trocados com gasolina para o barco. Nadamos nus no mar uma vez e uma água viva queimou a bunda do John B, passei praticamente uma semana tendo que passar remédio na queimadura. Essa lembrança me faz sorrir e enfio a mão embaixo da cama tirando uma caixa de sapato de lá.
Abro ela e antes mesmo que pudesse observar as fotos percebo que estou chorando. Haviam muitas nossas. Na praia, na escola, de quando éramos crianças. Deitados na rede do JJ, tomando banho e enrolados no cobertor num dia de inverno. Puxo a foto que eu procurava e a seguro em minhas mãos, acariciando o rosto sorridente de John B.
Nós havíamos tirado essa foto enquanto o quintal do JJ pegava fogo. JJ estava no fundo gritando uma enxurrada de palavrões, Pope tentava apagar o fogo e Kiara comia marshmellows. Eu e John B com os rostos colados sorriamos na frente da foto, as chamas não eram muitas mas criavam um contraste engraçado.
Fecho a caixa e boto tudo de volta no lugar, seguindo para a parte de trás do quintal vagarosamente, com a visão turva por conta das lágrimas. Assim que piso do lado de fora vejo a enorme árvore onde passávamos horas pendurados marcada com seu nome, pela maneira que o entalhe foi feito eu sabia que era obra de JJ. Fico melancólica por estar de frente a um túmulo.
2003 — 2020
John B Routledge
P4L
Meus dedos acariciam a sigla P4L enquanto meu peito latejava e toda a dor que tentei evitar sentir durante esse tempo dá as caras, de uma só vez. Eu me sento e não me importo de ser barulhenta, soluçando e me lamentando enquanto eu podia. Sentindo falta do meu amigo. Dos meus amigos. O gosto de minha traição amarga minha boca e faz com que a dor fique ainda pior.
Não sei por quanto tempo eu choro só sei que minha garganta parece seca quando ouço passos atrás de mim.
— Oi Callie.
Meu coração para na boca enquanto me viro abruptamente. Era Pope. Ele me olhava com curiosidade enquanto eu me sentia cada vez mais envergonhada, um sentimento que tem sido comum ultimamente. Tudo agora parece tão... Errado. Enxugo as lagrimas e sinto o papel frisado da foto em minhas mãos, penso naquilo como um amuleto.
— Ah, oi. Eu... — me engasgo então desvio o olhar. — Desculpa eu... Só vim pegar uma foto e então vi isso.
Ele parece confuso.
— Por que está me pedindo desculpas? Não é como se alguém morasse aqui — Pope diz, dando um sorriso de lado.
Aquele sorriso que sempre dávamos um pro outro quando tentavam nos arrastar pra algo que já sabíamos que seria furada. Observo enquanto ele se aproxima e se senta no banco ao meu lado. Suspiro e me sento também, o acompanhando enquanto encarávamos o entalhe com o nome de John B.
— Vim buscar essa foto — digo, estendendo a fotografia na direção de Pope.
Ele abre um sorriso.
— Ah. Nas ferias de inverno — murmura, passando o dedo sobre o rosto de John B.
— É. Ele o JJ cismaram em assar marshmallows — me lembro, com um sorriso.
— E incendiaram metade do gramado do JJ.
Essa lembrança nos faz rir.
— O JJ ficou uma semana vagando de casa em casa até o pai dele se acalmar.
— E tudo isso pra nada — pontua Pope. — Ninguém assou marshmallow.
— É — concordo, sentindo a descontração se esvair do meu corpo.
Eu e o pessoal passamos as férias inteiras fumando maconha e fazendo fogueiras, tentando nos manter entretidos sem passeios de barco o que não durou muito tempo. Na última semana todos estávamos doentes porque entramos no mar gelado enquanto chovia, nos limpamos bem aqui na casa do John B e quando todos foram embora nós transamos pela primeira vez.
A lembrança dele me embrulha o estômago.
— Sinto falta dele — admito, afastando a foto do meu campo de visão.
Pope assente.
— Eu também.
— Eu... Ignorei tudo isso. Tudo o que aconteceu — admito, encarando o chão a minha frente. — Não queria pensar nisso porque eu sabia que se pensasse eu... Eu estaria bem aqui, fazendo o que estou fazendo.
De alguma maneira admitir isso, em voz alta, faz com que eu me sinta menos patética. Saber que a parte de mim que era capaz de ser sincera com meus amigos ainda existia. Pope fica em silêncio, parecendo reflexivo enquanto observava a árvore na nossa frente.
— Lembra do natal? — pergunta.
Uma lembrança deliciosa invade minha mente me fazendo sorrir. Eu conseguia sentir o cheiro dos salgadinhos e o gosto da cerveja barata.
— Quando arrancamos você da sua ceia de família? — provoco, usando a lateral do meu corpo pra empurra-lo um pouco pro lado.
Pope dá risada.
— E invadimos a festa de bacanas dos pais da Kie.
— Eu queria ter visto a cara da mãe dela quando percebeu que a Kie não estava no banheiro — admito.
Nós gargalhamos em uníssono.
— Tudo isso pra comer salgadinhos assistindo Grinch com o seu pai.
— Mas roubamos todas cervejas e ficamos na praia até amanhecer! — o lembro.
— E você ficou de castigo por uma semana depois disso.
Acho que foi a ultima vez que fiquei de castigo.
— Valeu a pena — admito.
Pope assente.
— Foi o melhor natal de todos.
— Foi a primeira vez que o papai deixou o John B dormir lá em casa depois que descobriu sobre a gente.
— Não foi exatamente isso — Pope me corrige, se virando pra mim. — Dormimos todos na sala e seu pai fez questão de ficar lá em todos os segundos.
— Eu sei mas... Eu achei que aquele dia não chegaria. Eu... Não acredito que ele morreu.
A frase que escolho usar me deixa pra baixo, como se um peso invisível tivesse se sentado em minhas costas. Sinto as lágrimas começarem a se acumular e o nó na garganta ficar cada vez mais apertado. O sorriso de Pope também desaparece
— É. Nem eu.
— Eu sinto falta de vocês — choramingo, usando minha mão pra limpar as lágrimas antes que elas caiam.
Pope coloca sua mão em meu ombro.
— Nós sentimos sua falta também mas sempre entendemos o porque da sua ausência. Você tem um emprego... Não está vagabundeando como a gente.
— Eu gostaria.
Ele sorri sem mostrar os dentes me encarando com seus olhos grandes e escuros, olhos que demonstram compaixão. Pope sempre foi o melhor entre todos nós.
— Eu sei que sim.
— Eu sinto muito. Pelo Rafe... Eu... — procuro palavras que agora pareciam limitadas. — Ainda não acredito que ele fez aquilo.
— Mas ainda está com ele — murmura e mesmo sendo quem é consigo ouvir o julgamento em seu tom de voz.
Isso magoa mas magoa ainda mais saber que ele tinha razão de se sentir assim. Eu não sei mais o que fazer pra mudar esse sentimento constante de derrota dentro de mim. O que é certo e errado quando se ama alguém mais do que pode colocar em palavras? O que havia nele de tão especial ao ponto de me fazer abandonar todas minhas convicções?
— Acho que perdi meu equilíbrio. O certo e o errado parecem confusos agora e... Eu sempre tive tanta certeza sobre cada uma dessas coisas.
— É o que o amor é — Pope responde, simplesmente.
Com ele a culpa era menor, quase como uma pequena impressão do meu subconsciente. É o que o amor é, risadas numa tarde de domingo e lágrimas no meio da destruição.
— Você me odeia? — pergunto, dando corda a voz no fundo da minha cabeça.
Isso arranca uma risada de Pope.
— Eu te amo, Callie. Só quero o melhor pra você.
Sua resposta acalma meu coração.
— Fico imaginando o que o John B diria.
— Ele diria que o Rafe é esquisito.
É a minha vez de sorrir.
— Foi o que ele me disse.
— Mas sabe o que ele me disse? Que não se importava que ele fosse esquisito contanto que te fizesse feliz. Ele faz?
— Faz — respondo, de prontidão. — Ele me faz a mais feliz do mundo mas... Me faz a mais triste também.
— Você não pediu minha opinião mas... Não acho que ele seja o cara pra você. Eu nem ao menos acho que ele seja ruim, eu só... Você merece algo melhor. Ele é um assassino, Callie.
Assassino. Essa palavra rodeava minha mente e se infiltrava em cada pensamento do meu dia, mas quando eu olhava pra ele eu... Quase me esquecia disso. Seus olhos apagavam qualquer dúvida que eu pudesse ter.
— Eu sei — concordo, fungando. — E eu continuo o amando da mesma maneira... Eu só pensei... Eu achei que a maneira com que eu me sinto teria mudado depois do que ele fez.
— Eu acho que nunca muda se a gente não se esforça pra isso.
Suas palavras são como um tapa na cara.
— Eu sinto tanta vergonha.
— Mas você não deveria. Você não fez nada, Callie.
— Vocês todos me odeiam — me lamento, repetindo o que minha cabeça insistia em me dizer.
Pope me segura pelos ombros, me obrigando a olhar em seus olhos.
— Não fique falando isso. Somos seus amigos. A gente não concorda com você mas nós nos preocupamos do mesmo jeito. Principalmente o JJ.
— Ele não quer mais ser meu amigo.
— Porque ele não entende nem um pouco como você consegue estar com o Rafe. Lembra o que a gente sempre dizia? Sobre como você e o JJ sempre foram tão iguais? Ele não entende como podem discordar tanto sobre isso. Acho que nenhum de nós entende.
— Eu não entendo — admito.
Ele abaixa suas mãos e envolve as minhas com elas.
— O Rafe está em você. Essa é a resposta. Não vai conseguir pensar com clareza com ele por perto.
Aperto seus dedos contra os meus como se pudesse absorver um pouco da sua percepção.
— É. Você tem razão.
🦋
Uma das partes ruins de se ter um emprego é que não pode deixar de ir só porque não se sente bem. Confundi vários pedidos e errei outro monte enquanto minha mente martelava o rumo da minha vida. John B, Rafe, JJ, Xerife Peterkin, eu. Um amontoado de emoções que me deixava atordoada e praticamente doente de tanto enjoo. A ansiedade estava presente de novo me paralisando por fora enquanto minha mente me assolava por dentro.
Quando meu turno acaba pego minha bicicleta para pedalar até a casa do Cameron, como eu e Rafe havíamos combinado. Já passava das dez da noite quando entro no seu quarto que já estava pouco iluminado. Rafe vestia apenas uma samba canção e estava esparramado na cama enquanto mexia no celular. Ele sorri e se senta assim que me vê.
Sinto vontade de chorar.
— Oi — Rafe diz, cruzando as pernas.
Não consigo nem olhar em seus olhos porque sei que se fizesse isso seria difícil ter a conversa que vim aqui ter.
— Oi.
Me sento em sua poltrona, observando o quintal do lado de fora. Era noite e as formas pela janela pareciam um pouco confusas pela falta de luz. Percebo quando ele desliga a televisão e deixa o quarto em um silêncio incomodo.
— Você está esquisita — murmura, se arrastando pra ponta da cama.
— Eu... Estava pensando em algumas coisas.
— O quê?
— Sobre o John B — admito.
— Entendi.
— Sobre como ele morreu e como todos na ilha continuam pensando que ele é um assassino — prossigo.
— Callie...
Junto todas as minhas forças para encara-lo nos olhos.
— Você tem que confessar.
— Não — diz, de prontidão.
Isso parte a porra do meu coração e me gera sentimentos de angústia que tomam todo o meu corpo em segundos.
— Rafe, você tem que fazer isso, tá bem? — insisto.
A expressão de Rafe é incrédula e ele se põe de pé imediatamente.
— E de que adiantaria? Ele está morto, assim como a minha irmã.
— Todos acham que ele era uma pessoa horrível e ele não era!
Seus olhos ficam irados.
— Pessoa horrível? É isso o que pensa de mim?
Engulo em seco.
— Eu não disse que essa era minha opinião.
— Eu não posso simplesmente me entregar e colocar a palavra do meu pai em jogo. E a Wheezie... Ela já perdeu a Sarah. O que vai pensar quando eu for preso?
— Vai pensar que você teve a coragem de se entregar.
— Não posso fazer isso.
— Mas você tem.
— Não. Eu não vou fazer isso, Callie. De onde tira essas ideias? Eu não vou passar anos da minha vida na cadeia por causa de um garoto morto!
— Não fale desse jeito.
— É a verdade! Ele está morto Callie! Minha irmã está!
— Não acredito que consegue viver como... Se nada tivesse acontecido.
— Eu não consigo mas eu estou tentando porque se não eu vou surtar.
— Tem que fazer isso, Rafe. Por favor... Você sabe que é o certo a se fazer.
— Não tem a menor chance disso acontecer.
Em um súbito surto de coragem eu me ponho de pé e uso minhas duas mãos contra seu peito pra empurra-lo. Ele tropeça pra trás, me olhando com olhos magoados.
— Ele está morto, Rafe! — grito, apontando meu dedo pra ele. — Eu o conheço desde criança e ele morreu e você nem se preocupou em como eu me sentiria sobre isso. Você nunca se preocupou em mandar meu amigo pra cadeia por algo que você fez!
— Eu...
— Você matou a xerife Peterkin — digo, sentindo meu rosto tomado pelas lágrimas.
Rafe chorava como uma criança.
— Não fala isso — pede, tentando segurar o meu braço.
— Não encosta em mim! — grito, o empurrando novamente.
— Então não fale tanta merda, eu...
— Você é um assassino Rafe! — exclamo, soluçando no final. — E eu posso entender isso, posso entender o porque fez mas não posso ficar do seu lado enquanto você finge que nada aconteceu. Eu... Eu não posso.
Passo a mão pelo rosto tentando me livrar de todas as lágrimas e me sentir de uma maneira que não seja essa, eu me sentia sufocada. Como se me enterrassem a sete palmos de terra com um coração ainda batendo.
— Callie...
— Não acho que devemos ficar juntos — digo, finalmente.
— Callie, por favor eu...
— Não, Rafe! Eu estou cansada eu... Nem consigo me reconhecer.
— Eu te amo — diz, se sentando na cama e encobrindo seu rosto vermelho de tanto chorar com as mãos.
Eu soluço, sentindo a dor dele em mim.
— E como você demonstra? — pergunto, sentindo a mágoa em meu tom de voz. — Cheirando pó escondido? Fingindo que não está arruinando a memória do meu melhor amigo?
Ele ergue seus olhos em minha direção. Tão azuis e tão bonitos.
— Eu não posso ficar sem você, tá legal? — diz, acalmando o tom de voz. — Por favor, não faz isso. Não termina isso. Por favor. Eu não consigo... Eu não posso.
— Eu não posso! — repito, dando ênfase no eu.
Rafe fica de pé e dá dois passos em minha direção. Ele funga antes de falar.
— Eu prometo que vou ser melhor, eu... Vou resolver essa situação com o John B. Eu te juro. Eu prometo. Eu só preciso de mais uma chance. Só uma. Eu quero fazer as coisas certo eu... — acompanho suas mãos nervosas que procuram seus cabelos. — Eu tomo meus remédios, eu vou a psiquiatra e eu estou tentando tá legal? Se você me deixar eu... Tenho medo do que pode acontecer. Eu tenho medo, Callie. Eu não tenho ninguém.
E o que eu tinha além disso? Um emprego de garçonete e amigos que nunca mais me veriam da mesma forma. Eu merecia mais? Uma garota idiota que traiu os amigos e se tornou cúmplice de assassinato... Eu realmente merecia ser livre? Eu podia ser? O que seria do Rafe sem alguém ao seu lado? O que seria de mim sem esse completo caos que enche minha vida de emoção?
O que é o amor senão dor?
Dou de ombros e me sento na poltrona deixando que as lágrimas saiam do meu corpo. Meu soluços e os de Rafe se tornam um só enquanto aproveitávamos o espaço para botar nossas emoções engasgadas pra fora. Meu corpo mole doía, parecia febril. Como se o amor que sinto por esse garoto pudesse me matar nesse minuto. Talvez já tivesse matado.
Rafe se aproxima de mim, se agachando na minha frente com os olhos tomados por lágrimas. Era como me olhar no espelho. Sua mão gelada segura a minha.
— Eu vou resolver a situação com o John B. Eu te prometo — ele diz, apertando meus dedos. — Eu te amo. Eu te amo.
Aceito suas palavras como um juramento a mim mesma, o juramento de que essa seria a última vez.
— Essa é sua ultima chance Rafe. Eu juro por Deus que essa é a ultima.
Ele coloca sua cabeça em meu colo, beijando minhas mãos e coxas enquanto murmurava:
— Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.
Eu não sabia mais o que isso realmente significava.
Eu amei que vocês amaram a história da tatuagem kkkkkkkkkk eu achei a cara do Rafe, tive que colocar!! E a quem interessar: estou postando uma fic nova do Rafe, que diferentemente dessa é bem mais descontraída, chama BREAKING FREE e já está disponível do perfil!!
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