19. A magia de aniversário
🦋 CALLIE
Rafe adorava surpresas e eu também então meu coração praticamente sai da boca quando ele me venda e diz que irá me levar para um lugar especial. É meu aniversário, meu dia favorito do ano e apesar de comentar por vários dias que eu iria adorar o presente, Rafe não me disse o que era. Alimentando minha curiosidade e também a expectativa.
Eu não sabia o que podia esperar dele.
Ele tem sido perfeito durante toda a semana afirmando que pro dia ser especial o pré também deveria ser, o que deixou meu humor perfeito para seja lá o que ele estivesse planejando.
— Então, por mais quanto tempo tenho que ficar vendada? — pergunto, tateando com meu pé o caminho a minha frente.
A mão de Rafe é quente contra mim. Com uma ele me puxava pra frente e com a outra apoiava a base de minhas costas. Eu sentia seu cheiro em volta de mim e ouvia o barulho do mar, além disso sentia o piso de madeira chiando o que me faz pensar que talvez estivéssemos na baía.
— Não muito, eu prometo — ele diz. — Cuidado com o degrau.
No momento em que ele diz isso eu tropeço e quase vou parar no chão. Consigo me equilibrar graças a sua ajuda mas isso não o impede de dar risada.
— Não acredito que quase cai — resmungo.
— Sou um péssimo condutor.
Eu não podia concordar com isso.
— Você é bom conduzindo algumas coisas.
Consigo ouvir sua risada e sinto seu cheiro ficar mais forte, além do calor emanando de seu corpo.
— Talvez eu deixe você vendada por mais tempo — sussurra, bem perto do meu ouvido.
Obviamente fico arrepiada e sorrio com a ideia.
— Eu iria gostar.
Quase grito quando ele me pega nos braços, desistindo de toda a história da condução.
— Você está me desconcentrando — se explica.
— Desculpa — digo, mas estava super feliz e confortável em seu colo. — Vamos lá.
Rafe dá mais alguns passos e consigo sentir quando ele entra num barco só pelo balanço da água. Espero que a supresa não seja um passeio de barco porque seria meio chato fingir que não saquei tudo de primeira. Ele me bota no chão, puxando a saia do meu vestido pra baixo e ajeitando o meu cabelo mesmo suspeitando que não havia mais ninguém aqui.
— Pronto, vou tirar.
— Tira logo — peço, quase morrendo de curiosidade.
Quando Rafe tira a venda a primeira coisa que vejo é ele com um sorriso esperançoso nos lábios e olhos cintilantes. Ele chega pro lado, permitindo que eu tenha visão de todo o barco — como eu suspeitava. O que eu não imaginava é que ele estaria desse jeito. O convés estava coberto de mantas e almofadas, deixando o chão parecido com uma nuvem e mais aconchegante que qualquer cama de hotel. Havia luzes laranjas por todo o local, o que dava um ar relaxante, além disso haviam vários vasos repletos de lírios. Minhas flores favoritas. Não consigo reagir por vários segundos, completamente inebriada por sua dedicação.
Acho que nunca abri um sorriso como o que dou agora.
— Ah, Rafe! Isso é tão... — perco o ar, procurando palavras. — É tão lindo! Eu não acredito que fez isso tudo!
Ele coça a sua nuca, parecendo satisfeito com minha reação.
— A Wheezie me ajudou na verdade, ela curte essas coisas mais românticas e tenho que dizer que ela foi atrás da maior parte. Eu fui mais a mente por trás de tudo.
Ergo minha mão pra tocar a pequena lâmpada laranja acima de minha cabeça.
— É tão bonito — repito, ainda encantada.
Ouço sua risada satisfeita e Rafe me puxa pela mão me levando até ao canto do convés. Havia uma pequena mesa repleta de comida e um aparelho quadrado e esquisito que não consegui identificar.
— E você não viu o melhor — diz, apontando pra um lençol gigante pendurado do outro lado. — Temos um projetor para assistirmos seu filme favorito, batatas fritas, pipoca, bolinho de frango e refrigerante de limão.
— São os meus favoritos — digo, mesmo sabendo que ele já sabia disso.
Rafe se abaixa e pega uma embalagem de chocolate. Meus olhos crescem imediatamente.
— MM's de amendoim.
— Eu estou no paraíso! — exclamo, batendo palmas.
Ele me olha nos olhos.
— Eu sempre estive desde que te conheci.
— Você soou piegas — provoco.
— Eu não me importo com isso.
Nem eu. Praticamente pulo em cima dele e o abraço com todas as minhas forças, sentindo meu corpo sair do chão conforme ele me levanta igual uma boneca. Seu cheiro invade meu nariz e o seu calor me relaxa, me emociona, me faz querer chorar. Eu não podia imaginar que algum dia eu iria receber tamanha demonstração de amor e... Cuidado. Pensar em tudo isso... Eu nem me lembrava de dizer que gostava de lírios ou de MM's.
— Eu te amo — murmuro, segurando seu rosto. — Eu te amo tanto, eu... Eu te amo.
O sorriso de Rafe fica a cada segundo maior e ele sela nossos lábios em um beijo doce. Sua boca tinha gosto de chiclete de menta, um novo sabor que já estava se tornando mais frequente. Rafe se afasta, roçando seu nariz contra o meu enquanto recuperávamos nosso fôlego.
— Também te amo, Atwood — diz, segurando minha mão. — Vem cá, senta aqui.
Rafe me puxa até o amontoado de travesseiros e me livro de minha sandália rapidamente, doida pra me sentar ali com ele. No momento em que me acomodo ele começa a revirar as almofadas atrás de si, parecendo procurar algo.
— Espera, tem mais coisa?
— Não achou que ia ficar sem um presente né? — indaga, ainda ocupado na sua busca.
Acho que fico um pouco chocada.
— Isso tudo não é meu presente?
Rafe se vira, ainda sorrindo. Acho que nunca o vi sorrir por tanto tempo.
— É só uma parte dele — diz e bota uma pequena caixa quadrada em minha mão. — Toma.
Meus olhos vão da caixa até o seu rosto várias vezes tentando me convencer de que isso não é o que aparentava ser.
— Rafe... Isso é um...
— Abre primeiro — pede.
Então eu controlo minhas emoções e abro, vendo exatamente o que eu esperava ver. Um anel em prata de aro fino com uma pedra azul turquesa no centro moldada em um recorte diferente. Era lindo e brilhava tanto... Me deixa sem palavras.
— É um anel — digo, constatando o óbvio.
— Você é minha namorada, eu posso te dar um anel.
Isso me faz olhar pra ele. Praticamente podia sentir o sangue sumindo do meu rosto.
— Não é um pedido de casamento, é? — pergunto, sendo bem ruim em disfarçar minha tensão.
Rafa dá risada.
— Ainda não.
Ele pega a caixa da minha mão e coloca o anel no meu dedo. Conforme mexo minha mão ele brilha mais e mais, gerando um bolo em minha garganta.
— Ele brilha tanto, nem sei se posso usar isso por aí. E se eu for roubada?
— Então eu vou ser obrigado a resolver a situação.
Simplesmente não consigo parar de olhar pra esse anel. Eu nunca tive algo assim tão brilhante e provavelmente deve ter custado uma fortuna. Eu não me considerava apegada em bens materiais mas eu ainda era uma garota e meu namorado havia me dado o anel mais bonito do mundo. É normal se emocionar, certo?
— Rafe... Meu deus — me engasgo, me sentindo sufocada. — É muito lindo.
— Está chorando? — pergunta, claramente chocado.
— Estou? — indago e então sinto minhas lágrimas escorrerem. — É. Estou. Quer dizer... É lindo e brilha tanto e tem toda essa surpresa, eu... Me emocionei.
— Até achei tempo pra arrumar uma lembrancinha pra mim também — Rafe diz e levanta sua blusa.
Demoro algum tempo pra entender o que havia de diferente mas quando percebo... Era impossível não ver. Meu nome, escrito em letra cursiva bem no topo de seu peito esquerdo. Esqueço completamente o anel e me agacho, chegando bem perto dele.
— Mentira! — praticamente grito e então coloco minha mão na boca.
Rafe parece estar se divertindo.
— Pra te carregar sempre comigo, bem aqui do lado do coração.
E por falar em coração o meu batia tão rápido que não me surpreenderia se explodisse.
— Rafe! Você é maluco?
— Você me deixa maluco — responde, colocando os braços atrás da cabeça.
Balanço a cabeça de um lado pro outro me sentindo completamente chocada. Eu não conseguia acreditar no que estava bem na minha frente e me chocava ainda mais ele estar assim tão tranquilo e com um sorriso no rosto.
— Eu não acredito que fez isso! O que seu pai vai pensar? — me lamento, já imaginando como Ward me odiaria ainda mais depois disso.
— Ele está tão perturbado que duvido que repare nisso — Rafe responde, como se não fosse nada.
— Sério, você é realmente maluco. Não tem outra explicação. Sabe que isso é uma coisa séria né? Tem certeza que não é falsa? Talvez saia se eu esfregar.
Me inclino para ele, tocando sua pele quente com a ponta do meu dedo. Pra mim parecia bem real.
— Não acho que seria bom esfregar uma tatuagem que fiz ontem.
Ontem. Ele fez ontem. Então tudo faz sentido.
— Então por isso não quis dormir comigo.
Rafe faz careta e ergue seu tronco, saindo de sua posição relaxada. Sua blusa cai e tampa meu nome que agora ficará marcado em sua pele.
— Porra, foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Passei a noite imaginando você naquela lingerie vermelha.
— Tive que me divertir sozinha — o provoco, cruzando os braços.
Seus olhos se arregalam e sua boca se abre em completo descrença. Isso me diverte.
— Você não fez isso! — exclama.
Dou risada.
— Não, mas tinha que ver a sua cara.
— Tem sorte que hoje é seu aniversário... — diz, voltando a se encostar.
Engatinho em sua direção e me sento em seu colo, levantando sua blusa em seguida para poder admirar meu nome em seu corpo. Rafe me observa com atenção enquanto o toco e coloco meus dedos gelados contra sua pele. Havia ficado bonito, parecia... Intenso, maluco e estranhamente certo. Me deixa feliz. Foi a maneira dele de demonstrar o seu amor e isso só o deixou ainda mais sexy.
— Por que você fez isso? — pergunto, com meu dedo em cima da letra E.
Procuro seus olhos para ouvir sua resposta.
— Eu te amo, Callie. Quando fecho os olhos é você que eu vejo, quando meus dias são ruins eu sei que tudo vai ficar melhor no momento em que te encontro. Eu sinto sua falta em todo o maldito minuto... Mesmo estando do seu lado, mesmo estando dentro de você. É como... É o maior vício que eu já tive. Quando olho pra você eu vejo todo o meu mundo, tudo o que mais importa e eu sei que não preciso de nada além disso. Eu só quero que você seja minha.
Me controlo para não chorar novamente.
— Eu sou sua, Rafe — garanto.
Suas mãos imediatamente agarram minhas coxas.
— Isso me deixou com o maior tesão — responde, erguendo seu tronco para junta-lo ao meu.
Dou risada.
— Você é tão idiota.
— Eu sou quem você quiser que eu seja — murmura, esfregando seu nariz contra o meu. — É sério Callie. Não existe nada nesse mundo que eu não seja capaz de fazer por você.
Estico meu pescoço e deixo que ele me beije, me gerando arrepios.
— Você não existe.
— Existo. E sou todinho seu — Rafe se afasta para me olhar nos olhos. — Até tem uma etiqueta.
Faço careta e cubro meu rosto com as mãos, ainda sem acreditar nisso.
— Seu pai vai ter um treco.
Rafe revira os olhos.
— No momento não estou pensando no meu pai.
Eu sentia o volume embaixo de mim e conseguia perceber por sua linguagem corporal o que ele pretendia. Suas mãos gentilmente traçam círculos em minhas coxas enquanto ele esfregava seu nariz contra meu pescoço.
Imediatamente saio de cima dele, pulando no lugar ao seu lado.
— Não não. Quero aproveitar minhas batatas fritas e o meu filme.
— Sweeney Todd — Rafe resmunga, cruzando os braços.
— Um clássico!
— Até o final do filme meu pau já caiu.
Olho pra ele, chocada com que ele havia dito.
— Você fala demais.
— Não vai dizer isso quando eu estiver dentro de você.
Eu não consigo dizer nada além do seu nome quando ele está dentro de mim. Várias e várias vezes... Porra, ele tinha o meu nome tatuado nele... Como eu posso resistir a isso? Suspiro, assumindo minha derrota.
— Certo, vemos o filme depois.
Rafe praticamente corre em direção a cabine de condução e afasta o barco da baía, provavelmente querendo evitar que alguém nos visse ou ouvisse alguma coisa. Em menos de cinco minutos ele volta e pula em cima de mim pronto para me fazer sua.
🦋
Eu me sentia tão feliz. Como se aqui, navegando no mar e com Rafe em volta de mim, fosse o paraíso. Eu me sentia meio angelical agora, completamente relaxada e descabelada deitada em um amontoado de travesseiros com o rosto no peitoral de um Deus grego. Peitoral esse que agora tinha o meu nome.
Sorrio, sentindo seus dedos subirem e descerem por minhas costas enquanto ele cantarolava alguma música desconhecida.
— Rafe... — murmuro, chamando sua atenção.
Os movimentos de seus dedos em minhas costas param.
— Hm?
— Você já pensou no futuro? — pergunto.
— Penso praticamente todo o segundo.
— Não. Quis dizer o nosso futuro.
— Penso praticamente todo o segundo — repete.
Me afasto um pouco para poder olhar em seus olhos.
— Ah é?
— É — diz, assentindo.
Isso me deixa surpresa. Saber que ele pensava nisso, saber que desejava um futuro para nós.
— E como você imagina as coisas? — pergunto, me sentindo ainda mais curiosa sobre o assunto.
— Nós moramos numa casa grande, meu pai não enche o meu saco e o Barry já teve uma overdose.
— Rafe! — exclamo, dando um tapa nele.
Ele dá risada.
— O que foi? É verdade.
— Esse não pode ser o futuro que você imagina, é horrível.
Rafe me puxa de volta para seu peito.
— Não é não, você não me deixou terminar. Eu comprei o Malone's pra você de presente de casamento e você é uma dona mil vezes melhor que o Howard. Além disso temos muitos filhos, tipo uns três, todas meninas.
Três crianças...
— Todas meninas? — questiono, curiosa sobre essa sua preferência.
— É. Quero que sejam iguais a você.
— Isso foi fofo — admito, não conseguindo controlar o sorriso.
Dessa vez é ele quem se afasta um pouco para me olhar nos olhos.
— Eu acabei de te comer enquanto te xingava de mil maneiras diferentes e você me chama de fofo?
— Você é um homem de muitas faces — me explico.
Nós damos risada. Sinto seu dedo se enrolar nas pontas de meu cabelo.
— E você, imaginou algo?
— Eu teria um bar. Nós moraríamos numa casa boa, bem em frente a praia e a essa altura eu já teria aprendido a cozinhar de uma maneira decente. Nós teríamos... Sei lá, um cachorro.
— Um cachorro? — pergunta, com uma careta.
— Prefere um gato?
— Não quer ter filhos?
— Talvez — admito. — Mas não quero três.
— Vai mudar de ideia quando nosso primogênito nascer — Rafe diz, exalando convicção.
— Só se ele tiver essa sua carinha.
— Agora você foi fofa.
— Eu sempre fui — digo, segurando o lençol para me sentar. — E então, agora posso ver o filme?
Rafe se senta também.
— Claro. Com um bom baseado nós vamos acabar com toda a comida que tem aqui.
— E podemos ir pro round 2 — o provoco, dando um sorriso.
Ele aponta o dedo pra mim.
— Se falar isso mais uma vez o filme vai ser adiado novamente.
Ergo as mãos em rendição.
— Desculpa.
Eu amo tanto esse capítulo😭
Foi muito bom escrever ele e editar as cenas pra minha conta no tktk, é aquele tipo de capítulo que deixou meu coração quentinho depois de tanta desgraça.
Votem e comentem, o número de votos tem caído bastante nos últimos capítulos e é isso que me dá força pra continuar.
Beijos!
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