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     NÃO ME ENVERGONHO DE ter deixado algumas lágrimas escaparem durante a cerimônia, seria impossível não ficar emocionada ouvindo os votos que o Edward ditou com tanta doçura para Bella.
Mas agora — mesmo depois de todo o choro — a pista de dança foi tomada pela animação e risadas dos convidados.

Escolhi uma distância razoável para ficar observando.

Eu estava mais preocupada de tropeçar em alguém se me aproximasse daqueles movimentos tão energéticos ditados pelo ritmo do jazz.
Levei a taça de champanhe até meus lábios, sentindo as bolhas queimarem minha garganta, vagando sozinha entre meus próprios pensamentos quando alguém aparece em minha frente, quase me fazendo engasgar em surpresa com o último gole de espumante que provei.

— tudo bem? — era Alice. — por que não está dançando como os outros?

— acredite em mim, sou um desastre quando o assunto é dançar. Se eu fosse até ali poderia colocar pés em graves riscos. — falei derrotada pensando o quanto a cena seria caótica de se assistir, não para mim claro. — mas não se preocupe comigo, eu estou bem.

Alice torceu o lábio e ficou me silenciosamente me encarando por alguns segundos.

— oh, onde os noivos devem estar? Já é hora de cortarmos o bolo. — voltou suas íris fluorescentes até o pulso, como alguém que iria conferir o horário, mas Alice não usava nenhum relógio. Olhei em volta, eles de fato haviam sumido. — acho que os vi indo nesta direção, poderia buscá-los?

Eu não queria estragar o momento a sós deles pois conhecendo minha irmã, ela com certeza estaria sufocada por todos os convidados e a atenção que recebia.

— talvez seja melhor deixá-los sozin...

Alice com agilidade, mais do que a necessária pelo que me pareceu, pegou a taça de minha mão e guiou até a direção que comentou a pouco.
Quase tropecei na barra do vestido mas consegui me manter em pé ao segurar no braço de algum convidado que tenho certeza jamais conseguir olhar cara a cara novamente.

Com cuidado dei a volta até a lateral da casa onde a música se tornou abafada e distante.

Estava frio sem todas aquelas pessoas reunidas ao redor. O vento que soprou por trás de minha orelhas causou-me uma estranho inquietação, como se eu estivesse sendo guiada para algum lugar.

Ouvi vozes e me aproximei para ver o que estava acontecendo.

— isso não é mais um problema nosso. — essa voz, essa voz tão familiar me pediu para ser seguida e involuntariamente eu fiz.
De onde estava pude ver Edward e Bella conversando com outra três pessoas.
Não pude acreditar no que vi diante de mim, quase sai correndo para encontrar seu abraço quando reconheci Jacob mas antes que eu conseguisse formular a ação, o garoto sumiu no meu campo de visão.

O garotinho que cuidei como se fosse meu próprio irmão... como ele poderia estar tão diferente do que lembro?

Os outro dois permaneceram onde estavam depois que os passos de Jacob foram perdidos floresta a dentro. O mais jovem, eu tinha certeza de tê-lo visto mais cedo no casamento conversando com Billy Black e meu pai.

Mas o outro, eu nunca o vi antes... eu me lembraria.

— vamos Seth. — quando ele se virou para chamar a atenção do menino que estava ao lado de minha irmã, nossos olhos se encontraram e meus pulmões foram comprimidos pelo meu coração, começando a bater forte demais no peito.
Sentia ser forçada, como magnetismo, a andar na sua direção mas eu resisti a esta força avassaladora e continuei onde estava. Imóvel.

Foram longos segundos prendendo a respiração. Nossos olhos não quebraram o contato visual mesmo quando percebi que ele se aproximava de mim fazendo os ossos de minhas mãos tremeram e os pelos do meu antebraço eriçaram em resposta. Me sentia ameaçada por aquele homem chegando a cada passo mais perto, porém apesar de querer fugir dali, meus olhos recusaram sair dos seus.

Edward se virou. Ele não olhará para mim, mas manteve a atenção no chão que parecia devorar o salto sob meus pés... por que ele estava sorrindo?

— Sam, acho que você ainda não foi apresentado a Maya, irmã mais velha de Bella. — então era seu nome.

A mais jovem soltou as mãos de seu marido e caminhou até mim, ficando bem do meu lado. Eu não soube que precisava tanto de algo para me manter de pé até sua mão tocar a minha e toda a gravidade que mantinha sumir, foi como eu estivesse tonta em anestesia.

Acho que talvez eu tenha bebido mais champanhe do que suporto.

— é um prazer te conhecer. — seus olhos acompanharam o movimento dos meus lábios e repousam sobre a mão que estendi na sua direção. Sua boca abriu algumas vezes, como tentasse falar algo mas tudo que Sam fez foi me olhar com uma certa raiva antes de ir embora, me deixando confusa com tudo a minha volta.

O garoto que estava quieto seguiu logo atrás.

Meus instintos diziam para segui-lo e quando sua sombra desapareceu por entre as árvores, eu me senti vazia.

Por que ele pareceu me odiar tanto?

— você está bem? — permaneci em uma espécie de transe olhando para onde Sam havia partido, esperando que ele voltasse.

— estou, é... — inspirei fundo e fechei os olhos sentindo o ar ficar mais leve sobre meus ombros. — desculpe interromper mas Alice me falou para avisar que está na hora de cortar o bolo.

— claro, não deveríamos deixar os convidados esperando. — Edward disse e segurou a mão de Bella, guiando de volta para o local da festa.

Olhei para a floresta silenciosa antes de seguir os dois.

Sam... quem é você?

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Bella e Edward cortaram a primeira fatia do bolo e todos aplaudiram mas minha mente estava bem longe dali buscando respostas sobre o que aconteceu a pouco e aquele que homem que mal me conhecia mas já resolveu que me odiava.

— eles formam um lindo casal, não formam? — um homem se aproximou pela esquerda. Ele era alto, loiro e pálido como se não visse o sol já há alguns meses. Seus olhos carmesim me lembravam dois círculos de fogo... devem ser lentes, é algo bem comum nessa família.

— sim, eles formam. — sorri para os dois e a forma cafona que Edward colocou uma fatia do bolo na boca de Bella, manchando sua bochecha com o glacê.

Esperei que fosse deixada sozinha mas o homem continuou ao meu lado, resistindo a tentação de puxar algum tipo de assunto.

— meu nome é Isaac. — relutante da minha parte, eu apertei sua mão. Um flashback sombrio me atingiu. — e você deve ser a irmã da noiva.

— sim, Maya.

— não quero atrapalhar sua solitude então devo ir agora, mas te verei em breve... aproveite a festa, cara mia. — o último olhar que Isaac lançou em minha direção me causou uma estranha sensação, como a de um caçador olhando sua presa.

As risadas de todos ali me tomaram a atenção, felizes.

Mas eu era digna de pena, sofrendo meu luto por algo que já deveria ter enterrado.

Enterrado...

Eu já sei o que devo fazer.

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