no, it can't be true!
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ALGUMA VEZ EU JÁ DORMI tanto assim? Bom, pelo menos não consigo me lembrar de ter dormido tanto o suficiente para perder as horas. A sensação que posso descrever se compara a estar afundando nas mais altas nuvens do céu.
Nunca estive lá, mas tenho absoluta convicção que assim deve ser o paraíso.
Coloquei toda as minhas forças ao esticar meus ossos, tentando que de algum jeito fazerem eles despertar, com um grande bocejo virei-me para o lado oposto e quando abri meus olhos, diante de tal visão, esquecido todas as quinze mil palavras que poderia falar neste momento; ali estava ele, meu tormento, com os olhos fechados marcando os cílios longos e a respiração pesada fazendo o peito subir e descer conforme puxava o ar. Meu tormento, dormindo quietamente como se estivesse tão em paz quanto eu.
Merda! Não posso fazer mais movimentos bruscos.
Eu não faço a mínima ideia de como vou reagir se Sam acordasse e me visse ao seu lado.
Me resta apenas sair de fininho.
Seu braço — que usei como travesseiro toda a noite passada — permanecia em repouso sobre os lençóis estampados de padrões uniformes e me lembrou muito a arte dos Quileutes que via na casa de Jacob. Deslizei para fora dos seus braços e da cama, logo me encontrando fora do quarto. Sentindo a respiração descompassada me faltar, as mãos geladas e surtando em silêncio.
— acho que preciso de água com muito açúcar.
Desci para o andar de baixo remoendo meus pensamentos e maiores anseios, questionando minha sanidade depois da situação na qual me encontrei essa manhã.
Eu antes cheguei a duvidar mas agora estou certa de ser a pessoa mais tapada e sem noção que pode existir! Fazendo tudo aquilo que deveria estar evitando a todo e qualquer custo... eu preciso me lembrar no deprimente cenário que estou inserida: jurada de morte por um vampiro e me apaixonando por aquele lobo marrento.
Espera. Me apaixonando?
N-não tem como, isso não pode acabar bem!
Já chegava no fim da escada quando de longe pude ouvir alguns ruídos vindos da cozinha, daqueles que não se espera ouvir quando não se espera ter ninguém ali.
Caminhei na ponta dos pés com o coração na mão.
E se eu estiver sonhando novamente com Isaac? Ou pior... se ele realmente estiver aqui para me matar?
Meu coração perdeu o ritmo.
Peguei um dos primeiros e mais pesados jarros que encontrei no caminho, aproximei-me devagar para que não fosse notada.
Fui a cada passo que contornava a ilha erguendo o objeto mais sobre a cabeça, até parar onde aquele alguém estava agachado revirando os armários. No jarro depositei minha força, prestes a quebrá-lo na sua cabeça.
Foi quando inesperadamente o homem se virou para mim.
— AAAAAAAH! — ele deve ter se assustado comigo e gritou estridentemente.
— AAAAAAAH — eu gritei em resposta, assustada com seu grito de susto. Minha única escolha foi bater com o jarro em sua cabeça, com força, espalhando cacos de cerâmica pelo chão... entreolhei para o caco que havia restado na minha mão e o garoto que não pareceu sentir o efeito. Ficamos em silêncio alguns segundos — AAAAAAAAAAH!
— AAAAAAAAAH!
— MAYA! — olhei rapidamente na direção do grito e vi Sam pulando a maioria dos degraus para me alcançar mais rápido. — VOCÊ ESTÁ... bem... Seth o que está fazendo aqui?
SETH?!
— Seth eu sinto muito! — me aproximei do mesmo com cuidado limpando os vestígios da cerâmica quebrada sobre seus cabelos pretos. — não percebi que era você, eu sinto muito mesmo e ouch!
O garoto olhou para o chão e eu segui seus olhos assustados, lá estava eu pisando sobre os cacos e deixando vestígios de sangue pelo chão.
— Maya não se mexa! — Sam veio até mim e antes que pudesse dizer que estava tudo bem, ele já havia me colocado em seus braços, indo em direção do sofá. Eu sou mesmo uma tapada! — como você pode ser tão desleixada assim e não sentir que está pisando nos cacos de cerâmica? E outra, como não reconheceu Seth?
Sam havia buscado dentro de uma gaveta da estante, um kit de primeiros socorros.
— e-ele estava de costa e-e eu fiquei pensando na melhor maneira de o nocautear com o jarro que... — o corte não foi profundo, um band-aid depois e estava resolvido. — eu não sei onde ando com a cabeça. Me desculpe de novo Seth, eu não teria quebrado o jarro se soubesse que era você!
— está tudo bem Maya, na verdade eu nem senti... — Seth sorrindo deu algumas batidinhas na cabeça, como se usasse um capacete. Ainda assim me sentia derrotada, havia colocado toda minha força naquele golpe e não havia feito cócegas nele. — pele de lobisomem! A culpa também é minha, eu passei a noite vigiando a casa e antes de ir embora pensei em fazer um lanche, mas Sam nunca tem nada pronto.
Ele estava de vigia... para me manter segura?
— Seth... — eu tenho sido uma verdadeira ingrata! Como não percebi isso a mais tempo? Todos eles estão tentando me proteger e o que eu faço além de ser uma chorona convicta? Lamentando dentro de meus pensamentos sobre como eu estava fadada. — e-eu vou preparar café da manhã para os dois, vai ser meu pedido de desculpas.
— não precisa se... — Sam falou e eu o lancei um olhar mortal de "se você continuar essa frase, te colocarei no forno" na direção dos dois e pude ver suas orelhas de cachorros, ou melhor dizendo, lobos, baixando como se eles estivessem assustados. — e o seu pé?
Estava doendo de fato, mas eu decidi ignorar este fato completamente.
— isso? Não foi nada para se preocupar... vou terminar daqui em alguns minutos, não vai demorar muito.
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Eu sempre gostei de cozinhar apesar de não o fazer com a frequência que gostaria.
Ocupava minha cabeça com as medidas dos ingredientes e o cronometrar o tempo que cada um deveria ficar no fogo só para impedir uma possível cortina de fumaça ou no mínimo o cheiro desagradável de algo queimando. Havia feito panquecas americanas com bacon e ovos, acompanhando também bolinhos de amora para os dois lobos que observavam quietos e portando expressões assustadas diante da minha batalha contra a farinha.
Foi quando comecei a colocar os pratos sobre a mesa que senti o meu pulso latejar, lembrando-me que por mais que ignorasse ou reprimisse a dor, ainda continuava machucada do que havia acontecido na floresta.
Na floresta...
Flashes de luz atacam-me a queima roupa e trazem à tona as memórias perturbadoras.
— hey... — não reparei que havia entrado em estado de choque e ficado com uma pedra, paralisada segurando a cesta com os bolinhos em mãos até Sam vir até mim e pega-lá antes de cair. Quando seu perfume tão presente me invadiu sem permissão, todos os flashes evadiram, restando apenas ele a me atingir a queima roupa. — os bolinhos estão com um cheiro ótimo. — sua mão espalmada em minhas costas e eu me tornando minúscula quando ele se pôs envolta de mim.
Ele é de fato meu tormento, o tormento que me mantém sã.
Os meus olhos mergulhando profundamente nos teus e os deles descendo até meus lábios.
— cof cof... — Seth olhava curioso e um tanto constrangido. Argh! Minhas bochechas queimavam em brasas quando puxei-me alguns passos pra o lado. — acho melhor pegar um bolinho desses e ir embo-
— SAM, ALGUÉM EM CASA?! — essa voz que interrompeu o jovem lobo... por que ela me causou um calafrio?
Virando tão lentamente na direção da porta quase para sentir meus ouvidos zumbirem, vi três silhuetas e uma delas me fez desejar desaparecer.
Não, isso pode ser verdade!
Paul?
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