did you miss the cold?
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O MEDO QUE SEMPRE TIVE de voar sumiu ao colocar meus pés dentro do avião. A sensação de escalar o ar e flutuar pelos céus era acolhedora demais para alguém que estava sendo esmagada pelo mar de seus próprios sentimentos.
Olhando para trás, foi tudo minha cabeça?
Não consegui fechar os olhos durante o trajeto até Jacksonville, assombrada por lembranças que roubaram meu sono para si; a forma como me abraçava ao notar o vento gélido que insistia tocar minha pele, arrepiando os pelos de minha nuca e bombeando sangue demais até a ponta do nariz; a terna maneira que suas mãos acariciaram meus lábios antes de puxarem-me para os dele em nosso primeiro beijo; o meu sorriso que iluminou seus olhos quando ele aceitou a tola idéia de criarmos uma cápsula do tempo e enterrar na floresta, embaixo de um grande pinheiro quase tão alto quanto o céu.
As promessas e planos que tínhamos para o futuro, tudo que foi real para mim não passou de uma mentira para ele.
Eu culpei a mim por me permiti acreditar.
Mesmo quando as longas semanas que seguiram se tornaram meses, ainda me sentia afogada por tudo a minha volta. Buscando formas de submergir para a superfície mas tudo que conseguia era me levar a exaustão, eu fui carregada pelas ondas quando precisei que alguém me puxasse para cima.
A dor pareceu diminuir quando os meses converteram suas estações em anos.
Sim, a dor havia diminuído, mas eu não pude esquecer e quando tentei ocupar minha mente — fosse com a mínima idéia que chamasse atenção ou algo que me forcei fazer — eu me sentia uma farsante cercada pela multidão de sorrisos. Eu não tinha o direito de estar ali fingindo que tudo estava bem para no fim do dia colocar a cabeça no travesseiro e correr de volta para meu refúgio: as memórias.
— Maya. — algo frio segurou em meu pulso. — Maya, acorde... nós já estamos chegando na casa do seu pai. — abri meus olhos devagar, afastando-me dos pensamentos que estive mergulhada desde que saímos do aeroporto de Port Angeles.
Olhei pela janela do carro buscando alguma orientação quando vi de relance a placa que mais temi ver de novo algum dia.
"A cidade de Forks te dá boas-vindas!"
— é a primeira vez que venho aqui. — Phill pareceu curioso, olhando pelo retrovisor e todas as janelas.
— oh, eu não senti nem um pouco de falta desse frio! — Renée aumentou o aquecedor do carro e foi a última coisa que lembro antes de desconectar do que estava em volta.
Questionando a mim mesma qual sorriso vestiria para cumprimentar minha irmã e seu futuro marido. Não! Não posso deixar que o meu medo idiota de enfrentar esta maldita cidade roube a felicidade de ver minha irmã subindo ao altar... Bella estava lá por mim e eu serei forte por ela.
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O vestido longo não era o maior problema quando estes saltos me impediam de andar mais que dois passos ou sequer manter o equilíbrio por muito tempo, tornando-se um campo minado para alguém que não costumava descer de seus tênis. Eu precisei sair da minha zona de conforto, assustador mas não a única coisa que me preocupava agora.
Renée achou que seria melhor se ela e Phill ficassem hospedados em uma pousada enquanto eu passaria esses dias na casa de Charlie.
Eu preciso admitir o quanto sentia falta de ficar horas conversando com meu pai sobre o jogo que passava na tela plana e mesmo que não entendesse muito sobre o assunto, eu ouvia alegremente o mais velho comentar com ânimo sobre as jogadas e táticas de ambos os times.
Mas eu não conseguia entrar em meu antigo quarto sem ser derrubada por aquelas lembranças que tanto tentei apagar.
Tudo me lembra de quando era jovem e apaixonada por aquele que só me magoou.
Como poderia fechar os olhos em paz ou sequer dormir naquele quarto?
Bem, decidi que não arriscaria a tentativa então comprei minha passagem para amanhã cedo, antes mesmo do primeiro raio sol surgir no horizonte para nos agraciar com seu calor, eu já me encontraria no primeiro vôo de volta para casa.
Verdadeira casa.
Estava sentada no primeiro banco em frente ao altar. Minha mãe e Phill comentavam sobre os detalhes impecáveis de toda essa cerimônia e eu não pude discordar. Os Cullens de fato conseguiram deixar este lugar mais lindo do que nunca.
As videiras de glicínias brancas que caíam sobre nós como uma cascata de estrelas cadentes em sintonia me deixaram maravilhadas. Os bancos feitos com troncos de carvalho estavam recobertos por arranjos pequenos e simples de peônias, dispostos em ordem formando duas fileiras que eram divididas pelo caminho onde Bella passaria. De fato tudo estava lindo, até mais do que eu conseguia colocar em detalhes, mas eu sei que todo esse glamour e beleza não importam em nada.
Minha irmã encontrou o amor e posso assegurar que nada, mas Edward, tornará isso mais especial. Eles são almas gêmeas e não podia estar mais orgulhosa por eles dois.
Edward olhou para mim e sorriu através do sua evidente ansiedade.
Quando noto estou sendo atingida por aquele sentimento de farsa e tristeza repentina que parecem lutar dentro de mim para consumir os vestígios de felicidade que que ainda me restam. Eu não posso continuar revivendo esse sentimento, isso deveria estar no meu passado.
A falta de ar que se instalou em meu peito foi interrompida pela música suave que começou a tocar. Todos os presentes se levantaram.
Como ela estava linda...
Os cabelos presos e o véu branco de tule a acompanhava como as ondas do mar tentando alcançar a praia.
Desviei o olhar de Bella por um instante e ele caminhou até a fileira ao lado onde a família do noivo estava reunida, uma de suas irmã me olhava intrigada. Ela era menor que todos ali, tinha cabelos curtos e castanhos na altura das orelhas, usava um vestido cor lavanda de seda refletindo as luzes em volta, ela parecia uma fadinha.
Sua expressão mudou para um sorriso simplório e me trouxe conforto em seus olhos cor de mel.
Fui invadida por uma estranha sensação, estranha porém boa, difícil de explicar mas tão fácil de sentir. Quando quebrei o contato de nossos olhos meus músculos tensos relaxaram em efeito dominó deixando-me em um estado de frenesi na ponta dos dedos.
O que mudou?
Por que tenho essa sensação que algo bom vai acontecer?
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