48. Kill this b*tch

A adrenalina corria pelo meu corpo como eletricidade, mantendo cada músculo tenso, cada batida do meu coração como um tambor de guerra dentro do peito. Minhas mãos estavam fechadas, os nós dos dedos esbranquiçados, e a única coisa que eu conseguia sentir era a energia da luta ao meu redor. Mas eu não me importava com as outras lutas. Não me importava com os gritos da torcida, com o juiz anunciando outra rodada ou com qualquer coisa que não fosse a única pessoa que estava do outro lado do tatame.

Maria.

Meus olhos a encontraram imediatamente. O corpo dela se movia com precisão enquanto se aquecia, os músculos bem definidos, os punhos firmes. Mas foi o rosto que me interessou. Ou melhor, o nariz. A tala era nova, mal ajustada, um lembrete da última vez que nos encontramos no tatame. Meu sorriso veio sem esforço, puxando o canto dos meus lábios para cima em um misto de satisfação e escárnio. Ainda não melhorou, certo? Que pena.

Ou não.

Desde que entrei para o Miyagi-Do, os últimos três dias foram um verdadeiro inferno de mudanças. Não era apenas sobre trocar de dojô, era sobre romper completamente com tudo o que Terry Silver tinha me ensinado, ou melhor, tudo o que ele tinha enfiado goela abaixo até eu não saber mais quem eu era sem sua influência. Mas agora? Agora eu estava livre. E ele odiava isso.

Ligações constantes, mensagens carregadas de ameaças, visitas inesperadas ao novo dojô. Eu podia quase sentir o desespero dele, como se não conseguisse aceitar que eu estava fora de seu alcance. Mas eu não tinha mais medo. Pela primeira vez, eu não sentia aquele peso esmagador no peito, aquela hesitação de que talvez eu tivesse feito a escolha errada.

E então, havia Maria.

A garota que tentou roubar Kwon de mim. A garota que sorriu enquanto misturava algo no meu copo naquela maldita festa. A garota que chamou seus cães de guarda para me cercar na rua, pronta para me reduzir a nada além de sangue e dor. Se Kwon e Axel não tivessem aparecido, eu não sei se estaria aqui agora. E o pior? Maria nunca demonstrou arrependimento.

Meus dedos se fecharam com mais força. Meu coração desacelerou, mas não de um jeito ruim. Era como se minha mente tivesse encontrado um foco absoluto, como se cada célula do meu corpo soubesse exatamente o que precisava ser feito.

Eu podia ver Maria me encarando do outro lado, seus olhos semicerrados, como se tentasse adivinhar o que eu estava pensando. Ela sorriu de canto, como se me provocasse, como se achasse que me incomodava.

Eu apenas lambi os lábios, o gosto da antecipação se espalhando pela minha boca.

Essa luta não era só sobre vencer. Não era sobre pontos. Não era sobre orgulho. Era sobre ajustar contas.

E eu não teria compaixão.

Respirei fundo, sentindo meus pulmões se encherem de ar quente e pesado. O tatame sob meus pés parecia vibrar com a energia da multidão, mas eu não prestava atenção nos gritos, nos aplausos ou nos murmúrios ao meu redor. Meus olhos se fixaram na garota à minha frente. Maria.

Soltei o ar devagar, controlando minha respiração enquanto lançava um último olhar para Kwon. Ele ergueu o polegar, um gesto pequeno, mas o suficiente para fazer algo dentro de mim se firmar. Eu queria essa vitória. Não só por mim. Mas por tudo que ela tentou fazer comigo, por tudo que ela tentou tomar de mim.

Virei o olhar para meus senseis. Daniel e Chozen se curvaram em respeito, e eu retribuí o gesto. Johnny, por outro lado, apenas ergueu um punho no ar, como se dissesse silenciosamente: "Desce a porrada, garota."

Eu sorri de canto.

Com prazer.

Caminhei até o centro do tatame e assumi minha posição de luta, meu corpo relaxado, mas pronto para atacar no primeiro sinal. Maria também se ajeitou, seu olhar carregado de arrogância. E então ela teve a ousadia de abrir a boca.

— Você agora é do Miyagi-Do, não pode fazer nada além de se defender.

Meu sorriso não vacilou. Meus punhos se fecharam com calma. Eu não precisava responder. Não precisava de palavras. A resposta viria nos próximos segundos.

O árbitro deu o sinal. E eu não dei tempo para Maria reagir.

Deslizei meu corpo para baixo, meu pé varrendo o chão com precisão, derrubando-a de imediato. O baque do corpo dela contra o tatame ecoou pelo ginásio. Antes que pudesse reagir, meu punho afundou na barriga dela com força.

— Ponto para Calista Silver!

O anúncio veio como música para os meus ouvidos. Maria se levantou ofegante, os olhos queimando de raiva. Ela bufou e avançou com uma sequência de golpes rápidos, socos e chutes bem direcionados. Mas eu não estava ali para ser atingida.

Meu corpo se movia como se eu estivesse dançando. Eu desviava com facilidade, meus pés leves no tatame, girando para os lados, esquivando sem esforço. Cada golpe que ela errava parecia atiçar ainda mais sua frustração. Eu via nos olhos dela. Ela não suportava o fato de que não conseguia me acertar.

Minha boca se abriu num sorriso quase divertido. Eu estava me divertindo.

E então, ataquei.

Girei meu corpo com velocidade, e meu pé encontrou o rosto dela com força. Um chute Yeop Chagi bem colocado, direto na lateral da cara dela. O impacto foi tão forte que Maria cambaleou para trás, sangue começando a escorrer pelas laterais da tala no nariz.

Ainda não está melhor, hein?

Sem hesitar, agarrei seu cabelo, puxando sua cabeça para trás, expondo sua garganta. Antes que pudesse reagir, desfiro um soco seco bem ali, exatamente no ponto em que cortaria seu fluxo de ar por um instante. Maria engasgou, os olhos arregalados, e então, sem piedade, me impulsionei no ar.

Dollyo Chagi.

Meu corpo girou e meu pé acertou sua têmpora com uma precisão brutal. O impacto fez Maria voar para o chão com força, seu corpo quicando levemente contra o tatame.

Ela mal teve tempo de processar antes que eu avançasse novamente. Meu pé subiu e desceu com violência, um chute direto no estômago dela, forçando todo o ar para fora dos pulmões dela.

— Ponto para Calista Silver!

A voz do árbitro mal registrava em minha mente. Eu só conseguia ver Maria se contorcendo no chão. Seu rosto agora era uma mistura de raiva e dor, seus olhos lacrimejantes de frustração.

Ela se levantou com um grito, os dentes cerrados, e avançou novamente.

Erro dela.

Ela tentou um chute alto no ar, desesperado, tentando me acertar primeiro. Mas eu já sabia o que fazer.

Movi meu corpo para frente e girei rapidamente, preparando um chute de impacto. Meu pé se conectou com seu braço com tanta força que senti o impacto reverberar pelo meu corpo.

Maria caiu no chão gritando.

Eu não sabia se um osso tinha sido deslocado ou fraturado, mas o jeito que ela segurava o braço, o jeito que se contorcia, a dor nítida no rosto... Eu sabia que tinha terminado.

Respirei fundo, ainda ofegante, ainda com a adrenalina queimando em mim. Meus músculos estavam tensos, prontos para atacar de novo, prontos para acabar com isso de vez.

Mas o árbitro interrompeu a luta.

Ele segurou meu braço e o ergueu no ar.

— Vencedora, Calista Silver!

Aplausos ecoaram ao meu redor, mas eles pareciam distantes. Tudo parecia distante. Eu sentia minha respiração acelerada, meu coração ainda batendo rápido demais, minha visão levemente embaçada por algo que eu não sabia se era adrenalina ou pura raiva.

Eu não sentia remorso.

Nem um pouco.

Minha visão clareou por um instante quando vi os paramédicos se aproximando. Maria estava sendo colocada em uma maca, ainda se contorcendo, ainda segurando o braço.

Eu podia ouvir vozes ao meu redor, gente comemorando, gente chocada.

Mas eu só pensava em uma coisa.

Semifinais.

E eu não pararia até o topo.

Minha respiração ainda estava pesada quando desci do tatame. Cada batida do meu coração soava como um trovão no peito, pulsando na minha garganta, no meu crânio, nos meus punhos cerrados. O chão do estádio parecia mais instável do que antes, como se eu estivesse andando sobre um solo frágil prestes a ceder.

Eu não conseguia me sentir vitoriosa. Não agora.

Os sons ao meu redor estavam abafados, como se estivessem debaixo d'água. Eu via os rostos na multidão, os lábios se movendo, as expressões de choque, de admiração, de receio. Mas nada disso se fixava na minha mente. Minha visão tremia, os músculos ainda tensionados. Meu corpo ainda pedia mais, ansiava por mais um golpe, mais uma luta, mais uma descarga de raiva.

Isso não era bom.

Eu sabia o que estava acontecendo.

Então senti uma mão no meu ombro.

O toque foi leve, mas real, e isso me puxou para fora da minha mente turbulenta. Pisquei algumas vezes, até que finalmente foquei no rosto de Sam.

— Tá tudo bem? — Ela perguntou, a voz carregada de preocupação. — Foi uma luta bastante intensa, mas você foi muito bem, Cali.

Eu tentei recuperar o fôlego, sentindo minha garganta seca. Minhas mãos ainda tremiam levemente quando olhei para ela.

— Eu... — Engoli em seco, minha voz saindo baixa. — Eu perdi o controle. Preciso respirar um pouco.

E sem esperar resposta, virei as costas e comecei a andar na direção da saída do estádio.

— Espera! — Ouvi Sam chamar, mas meus pés já estavam se movendo sozinhos, me guiando para longe de tudo e de todos.

O ar frio da noite me atingiu no momento em que atravessei as portas, mas não foi o suficiente para esfriar o calor abrasador que queimava dentro de mim. Minha mente ainda estava presa naquela luta, no chute que desloquei no braço de Maria, na maneira como ela caiu no chão gritando de dor.

Eu não sentia remorso. Mas eu odiava isso.

Eu odiava a maneira como minha raiva explodia sem aviso, como ela tomava conta de mim como um incêndio descontrolado. Eu odiava a sensação de estar fora do meu próprio corpo, de ser movida apenas pelo impulso, pela fúria, pelo instinto de atacar até que nada restasse em pé.

Eu odiava ser explosiva.

Encostei minhas costas na parede do lado de fora, tentando controlar minha respiração. Uma, duas, três inspirações profundas. Mas nada parecia ajudar.

Então ouvi a voz.

— Se vai lutar assim, o seu lugar não deveria ser no Miyagi-Do, onde prezam pela defesa.

Meu corpo congelou.

Eu já sabia de quem era aquela voz antes mesmo de me virar.

Soltei uma risada baixa e incrédula antes de encará-lo.

Terry Silver estava ali, sua silhueta alta e imponente se destacando contra a luz fraca da entrada do estádio. Seu rosto estava calmo, mas seus olhos... Ah, seus olhos estavam afiados como lâminas, analisando cada detalhe meu, buscando alguma fraqueza.

Eu cerrei os punhos e o encarei com todo o desprezo que conseguia reunir.

— Cala a boca, seu velho idiota — Vociferei, a voz carregada de veneno. — Você não vai me convencer a voltar com meras palavras. Pode rastejar até mim, mas não vai me ter nos Iron Dragons. Nunca mais.

Por um instante, vi algo mudar em sua expressão. A calma superficial se quebrou por um segundo.

Ele avançou um passo, trincando os dentes.

— Escute bem, Calista — Disse, sua voz assumindo um tom mais baixo, mais ameaçador. — Você está ultrapassando todos os limites. Eu sou o seu pai, você não tem o direito de fazer o que bem entende, garota.

Meu sangue gelou.

Meu pai?

A risada que escapou da minha garganta foi quase histérica. Eu balancei a cabeça e encarei Terry como se ele fosse a coisa mais ridícula que eu já tivesse visto na vida.

— Você não é e nunca foi meu pai — Rebati, minha voz carregada de desprezo. — Então pare de agir como se importasse.

Os olhos dele brilharam com algo perigoso. Mas eu ainda não tinha terminado.

A raiva que eu sentia se transformou em algo muito mais profundo, algo que não envolvia apenas a luta, não envolvia apenas Maria. Isso era sobre ele. Sempre foi sobre ele.

— Se eu morrer, com certeza vai ser melhor pra você, não é? — Minha voz tremeu, mas não de medo. De pura fúria. — Seria um fardo a menos nas suas costas. Um problema eliminado, não é?

Ele não disse nada.

— Você nunca me deu nada além de dor, Terry. — Minha garganta queimava, mas eu não parei. — E espera mesmo que eu sinta algo além de repúdio por você?

Meu peito subia e descia com força, meu corpo vibrando com emoções que eu não sabia nomear. Mas a única coisa que saiu da minha boca foi:

— Vai se ferrar, Terry.

Eu dei um passo para trás, pronta para me afastar dali antes que dissesse algo que me fizesse explodir de vez. Mas então senti algo prender meu braço. A mão de segurou meu pulso com força. Ele se inclinou levemente, seu rosto ficando próximo ao meu enquanto dizia em um tom frio:

— Você não pode continuar lutando, Calista. Você está no lugar errado. E vai se arrepender disso.

Minha paciência estourou.

Com um movimento rápido, agarrei o braço dele e o torci para trás, prendendo-o em uma chave de articulação.

Eu sabia que Terry Silver era muito mais forte do que eu. Se quisesse, ele poderia facilmente se soltar e me derrubar no chão. Mas ele não o fez. Ele não quis.

Eu apertei ainda mais a torção e praticamente gritei.

Pode me matar se quiser! Mas não vai me impedir de lutar!

Minha voz saiu crua, intensa, cortante. E então soltei seu braço com um empurrão, recuando alguns passos.

— E quando eu garantir aquele troféu, vou fazer questão de te homenagear — Cuspi, a voz carregada de sarcasmo e veneno. — Por ter me tornado o monstro implacável que sou hoje.

Um sorriso frio e vazio se espalhou pelo meu rosto.

— Vai ter seus créditos como bem merece.

E sem esperar resposta, me virei e comecei a andar de volta para o estádio.

Minhas mãos ainda tremiam, mas agora não era de medo. Não era de raiva incontrolável. Era a certeza de que eu estava no caminho certo.

E nada, nada, me impediria de chegar até o topo.

Meus passos eram pesados quando atravessei as portas de volta para os bastidores do torneio. O burburinho do público e os sons das lutas ecoavam no fundo da minha mente, mas tudo parecia distante, abafado, como se eu estivesse presa dentro de uma bolha. Meu coração ainda batia acelerado, e a adrenalina continuava correndo nas minhas veias como fogo líquido.

Eu mal conseguia processar o que tinha acabado de acontecer lá fora.

Minha pele ainda queimava onde Terry havia me tocado. Meu estômago se revirava com a lembrança da sua voz arrogante, daquele tom controlador, daquela tentativa patética de me dobrar outra vez. Mas o pior de tudo? O pior era que uma parte de mim queria continuar gritando.

Eu me sentia contaminada por essa raiva, por essa fúria ardente que parecia nunca se extinguir.

Acho que foi por isso que não prestei atenção no caminho.

Acabei esbarrando em alguém, e antes que meu corpo pudesse reagir, senti mãos firmes segurando meus ombros.

— Graças a Deus. — A voz de Kwon soou aliviada, mas tensa. Ele me olhou de cima a baixo, como se quisesse se certificar de que eu ainda estava inteira. — Eu vi você saindo e o Terry indo atrás. Já achei que ele tinha tentado te sequestrar.

Soltei uma risada baixa, mas sem qualquer humor.

— Ele bem que tentou me "recrutar" — Murmurei, cruzando os braços sobre o peito.

Minha voz soou estranha para mim mesma. Distante. Como se não fosse minha.

O choque e a raiva ainda percorriam meu corpo, se enroscando como correntes ao redor dos meus pulmões, dificultando minha respiração. Eu queria me sentir livre disso. Queria me sentir eu outra vez.

Kwon franziu a testa, os olhos escuros analisando cada detalhe do meu rosto.

— Você tá bem? — Perguntou, e sua voz carregava uma preocupação genuína. — Não parece nada bem...

Eu pressionei os lábios um contra o outro antes de responder, minha mandíbula tensa.

— Eu queria ter tido mais autocontrole. — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, quase um sussurro. — Mas surtei. Outra vez.

Desviei o olhar para o chão.

— E provavelmente quebrei o braço da garota.

Kwon soltou um suspiro pesado, mas não de julgamento. De algo próximo à compreensão. Então, antes que eu pudesse reagir, ele segurou meu rosto entre as mãos, seus dedos quentes e firmes contra minha pele gelada.

— Ei — Ele disse, e sua voz carregava um tom forte, mas suave. — Você fez o que deveria ter feito.

Eu encarei seus olhos, e havia algo lá dentro... Algo que me dizia que ele sabia exatamente o que eu estava sentindo agora.

— Ela te machucou de várias maneiras — Continuou, sua voz carregada de indignação. — Ela fez um inferno na sua vida.

A fúria no rosto dele era tão nítida quanto a minha.

— Eu, sinceramente, acho que peguei leve só desmaiando aquele asiático maldito lá. — Kwon apertou os lábios. — Eu deveria ter deixado ele na cadeira de rodas, com as duas pernas quebradas, pelo o que ele fez com você.

Eu não disse nada. Porque parte de mim concordava. Mas, no fundo, eu sabia que não era isso que eu queria. Eu só queria paz.

Minhas forças pareciam se dissipar, e antes que percebesse, meu corpo se moveu sozinho. Encostei minha cabeça no ombro de Kwon, soltando um suspiro cansado, deixando um pouco do peso que carregava escorrer para fora do meu peito.

Ele não hesitou.

Seu braço me envolveu com firmeza, como um escudo, como uma âncora, como algo que me impedia de me afogar dentro da minha própria mente. Senti o queixo dele repousar suavemente no topo da minha cabeça, e aquele toque era reconfortante de uma maneira que palavras nunca seriam.

— Falta pouco, Dinamite — Ele murmurou, sua voz grave vibrando contra mim. — Estamos quase lá.

Eu fechei os olhos por um instante.

— Agora é a última luta. — Ele apertou um pouco mais o abraço, como se quisesse me passar toda a sua força. — E até lá, vamos ter um tempo de paz.

Eu abri os olhos devagar, permitindo-me respirar um pouco mais fundo.

— Assim eu espero — Murmurei contra seu ombro, e pela primeira vez naquela noite, um fragmento da tempestade dentro de mim começou a se acalmar.

Meu corpo relaxou um pouco contra o dele.

E, naquele momento, aquele simples abraço era tudo que eu precisava para manter minha sanidade intacta.

⋆౨˚ ˖

O sol da manhã banhava a casa dos LaRusso com um brilho dourado suave, refletindo na piscina e criando pequenos brilhos na superfície da água. O ar estava fresco, com aquela brisa agradável que sempre vinha depois de uma tempestade, e era exatamente assim que eu me sentia agora. Depois do caos do torneio, das brigas, das lutas, da tensão no meu peito, eu finalmente tinha um momento de respiro.

Mas eu não conseguia relaxar completamente. Não enquanto Axel ainda estivesse afastado.

Desde que quebrou a perna de Robby durante a luta, ele simplesmente sumiu. Não respondia mensagens, não atendia ligações. Zara e eu tentamos de tudo, e a única coisa que conseguimos foi o silêncio absoluto. Eu sabia que tinha algo errado, sabia que Terry e Sensei Wolf estavam por trás disso de alguma forma. Mas até ter certeza, tudo o que podíamos fazer era esperar e ver como ele estava.

E foi por isso que todos estavam aqui hoje. Robby, que estava de muletas.

A sala de estar estava cheia, mas o clima era estranho. Todos falavam baixo, como se temessem que qualquer som mais alto pudesse quebrar algo frágil. Samantha estava sentada ao lado de Robby, sua mão descansando no braço dele. Tory e Demetri estavam no sofá ao lado, Falcão e Miguel em pé encostados na parede, enquanto Zara estava do outro lado da sala, braços cruzados, claramente incomodada.

E então Kwon chegou.

O silêncio foi quase palpável.

Todos pararam por um momento, seus olhares se voltando para ele como se estivessem vendo um fantasma. Falcão ergueu uma sobrancelha, Miguel cruzou os braços, Sam apertou os lábios. Até Robby olhou para ele com um olhar indecifrável.

Mas eu não hesitei.

Me aproximei de Kwon, segurando sua mão com firmeza e me ergui levemente na ponta dos pés para deixar um selinho rápido em seus lábios. Senti os músculos dele relaxarem um pouco quando murmurei baixinho:

— Vai ficar tudo bem.

Ele soltou uma risadinha nervosa, desviando o olhar para os outros, e então sussurrou de volta:

— Espero que eles não tentem me matar.

Revirei os olhos com um sorriso, apertando sua mão antes de soltá-lo.

Ele respirou fundo, criando coragem, e caminhou até onde Robby estava sentado.

O clima continuava carregado.

Eles trocaram olhares intensos, uma tensão não resolvida pairando entre os dois. Mesmo depois de tudo, ainda havia ressentimento.

No entanto, surpreendentemente, Robby foi o primeiro a falar.

— Aí... Foi mal por aquele dia no fliperama. — Ele exalou, como se estivesse tentando se livrar de um peso. — Eu falei muita merda porque achei que você e a Tory...

Kwon completou sem hesitar.

— É, eu sei bem como é esse sentimento.

Eles se encararam por um momento antes de Kwon continuar.

— Foi mal também por provocar antes. Eu sinceramente queria lutar com você na final e te dar uma surra.

Ele riu, o tom claramente brincalhão, e Robby riu junto, relaxando um pouco.

— É, mas eu já te dei uma porrada antes, lembra? — Robby provocou com um sorriso de canto.

Kwon ajeitou a postura, fingindo seriedade.

— Vai sonhando.

Eu sorri, sentindo algo se acalmar dentro de mim.

Ver Kwon e Robby finalmente resolvendo as coisas, mesmo que do jeito deles, significava muito. Kwon realmente estava mudando. Ele não era mais aquele garoto arrogante que provocava todo mundo por diversão, e o mais importante, ele estava mudando por mim também.

O clima finalmente começou a relaxar, e aos poucos, a tensão foi substituída por algo mais leve.

Seguimos para a área externa, onde o Senhor Larusso já tinha preparado alguns lanches e suco para todos. O cheiro de comida boa se espalhava pelo ar, misturado com o frescor da água da piscina e o calor agradável do sol.

Nos sentamos ao redor da mesa perto da piscina, e logo as conversas começaram a fluir.

— Cara, aquela luta contra Maria foi uma das coisas mais brutais que eu já vi — Falcão comentou, mordendo um pedaço do sanduíche. — Você realmente chutou o braço dela tão forte que quebrou?

Eu hesitei por um momento antes de dar de ombros.

— Eu não sei se quebrou, mas que ficou feio, ficou.

— Ficou feio pra caramba. — Demetri corrigiu, fazendo uma careta. — Parecia cena de filme de ação.

— E você ainda tá preocupada com autocontrole? — Tory ergueu uma sobrancelha, bebendo seu suco. — A garota mereceu cada segundo da surra que levou.

— Eu sei... — Suspirei. — Mas não quero ser consumida por isso, sabe? Não quero perder o controle desse jeito.

Zara assentiu, me lançando um olhar compreensivo.

— Você fez o que precisava ser feito. — Ela disse com firmeza. — E o fato de estar se preocupando com isso já diz que você não é igual a eles.

Fiquei em silêncio por um momento antes de assentir.

Miguel pigarreou, mudando o assunto.

— E Kwon? O que tem a dizer sobre sua luta? Você até que deu um show, cara.

Kwon sorriu convencido.

— Não foi nada demais.

— Não foi nada demais? — Falcão zombou. — Você humilhou aquele cara em menos de um minuto. Talvez eu possa ter te subestimado...

— Eu chamo isso de eficiência. — Kwon deu de ombros, piscando para mim.

— Ou talvez o Kwon tenha ficado mais forte porque tem uma namorada agora. — Sam provocou, cruzando os braços com um sorriso divertido.

— O que você tá insinuando, Larusso? — Kwon ergueu uma sobrancelha.

— Só estou dizendo que você tá mais empenhado do que nunca, e claro, menos babaca... — Sam riu.

— Bom, eu admito que ter uma certa morena brigona na plateia pode ser motivação o suficiente pra absolutamente qualquer coisa. — Ele disse, lançando um olhar sugestivo para mim.

Revirei os olhos, mas sorri.

A conversa continuou fluindo, leve, sem tensão. Falamos sobre as lutas, sobre as finais, sobre o que viria a seguir. O sol estava brilhante, a brisa refrescante, e pela primeira vez em muito tempo, parecia que todos estavam apenas aproveitando o momento.

Por mais que ainda houvesse desafios pela frente, ali, naquele instante, sentados juntos, rindo e comendo, parecia que tudo finalmente estava se encaixando.

E talvez, só talvez, eu finalmente estivesse começando a encontrar um lugar onde realmente pertencia.

O dia já estava se despedindo, o céu tingido de tons alaranjados e rosados enquanto o sol mergulhava no horizonte. O calor do dia cedia a um vento fresco, que bagunçava suavemente meu cabelo enquanto eu observava os outros se despedindo um a um.

Falcão saiu primeiro, passando um braço em volta de Kenny e Devon e murmurando algo que os fizeram rir antes de irem embora juntos. Miguel e Sam trocaram um beijo rápido, e logo ele também se despediu, acenando para todos antes de pegar um táxi. Demetri e Yasmine foram juntos, e Zara, depois de lançar um olhar demorado para mim, apenas assentiu e seguiu seu caminho.

E então, éramos apenas eu e Kwon.

Ele enfiou as mãos nos bolsos, olhando em volta como se não acreditasse no que tinha acabado de acontecer.

— É... Parece que eu tenho mais amigos do que nunca — Ele comentou, com um meio sorriso, balançando a cabeça em leve descrença. — Graças a você.

Revirei os olhos, cruzando os braços e negando com a cabeça.

— Não, gênio, isso foi por sua causa. Você decidiu ceder, aprender a controlar a raiva, escolheu mudar. Isso — Fiz um gesto com a mão, indicando tudo ao redor —, é só uma consequência positiva do que você fez.

Kwon me olhou por um segundo, aquele sorriso de canto brincando nos lábios antes de ele indicar a rua com um leve aceno de cabeça.

— Aí, dinamite, rola um cineminha?

Ergui uma sobrancelha, fingindo indignação.

— Como você é descarado...

Ele colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.

— É que tô muito apaixonado por você.

Bufei, cruzando os braços, mas uma pontada de calor subiu pelo meu peito. Era tão ridículo o quanto esse idiota sabia exatamente como me desarmar.

— Vamos logo. — Segurei a mão dele e o puxei pela rua.

O shopping não ficava longe, então podíamos ir a pé sem problemas. O clima estava bom para uma caminhada, e o silêncio confortável entre nós era interrompido apenas pelo som dos nossos passos no asfalto e pelo vento soprando de leve.

Depois de alguns minutos, Kwon entrelaçou nossos dedos, apertando de leve minha mão como se estivesse testando os limites. Não protestei, e ele sorriu de canto, satisfeito.

— Então... Já decidiu o que quer assistir?

— Você que tá me chamando, você que escolhe.

Ele fez uma careta pensativa.

— Certo, mas vou avisando que se tiver romance demais eu vou dormir.

Soltei uma risada.

— Não se preocupa, eu te acordo com um soco.

— Nossa, que namorada carinhosa eu tenho.

— Ah, eu sou um doce.

Ele riu e, antes que eu percebesse, me puxou levemente pela mão para que eu ficasse mais perto. Seu olhar encontrou o meu por um instante, e aquela intensidade me fez prender a respiração.

— Mas falando sério... — Ele baixou um pouco o tom de voz, e eu soube que ele ia largar alguma verdade desconcertante. — Eu gosto disso. De tudo isso. Não só do lance de ter mais amigos, mas de... Sei lá, ter você aqui, perto de mim.

Engoli em seco, desviando o olhar para a calçada, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— É, bom... — Balancei a cabeça, desconfortável com aquele tipo de conversa. — Você já tá preso comigo agora, então boa sorte tentando se livrar.

— Hm... Acho que não quero me livrar, não.

Ele apertou minha mão de leve, e meu coração deu uma batida estranha, como se tivesse tropeçado nos próprios passos. Mas eu ignorei. Apenas continuei andando, puxando ele comigo, sem soltar sua mão. Talvez, pela primeira vez em muito tempo, eu não precisasse me preocupar com nada. Talvez, só dessa vez, eu pudesse apenas aproveitar.

A caminhada até o shopping foi tranquila, acompanhada pelo barulho suave do trânsito e pelo vento frio que anunciava o cair da noite. Eu sentia a mão de Kwon entrelaçada na minha, o calor do toque dele contrastando com a brisa gelada. De vez em quando, ele me lançava um olhar de canto, como se quisesse dizer algo, mas não dizia. Eu também não dizia nada. Era bom assim.

Quando chegamos ao shopping, fomos direto para o cinema, passando pelo grande painel de LED que exibia os filmes em cartaz. Kwon cruzou os braços, analisando a lista com um olhar sério, como se estivesse prestes a tomar a decisão mais importante da vida dele.

— Tudo bem — Ele disse enfim, suspirando dramaticamente. — Eu deixo você escolher. Mesmo se for romance.

Me virei para ele, semicerrando os olhos com suspeita.

— E você promete não dormir?

Ele assentiu com um sorriso convencido.

— Prometo. E se eu dormir, você pode socar minha cara.

Cruzei os braços, inclinando um pouco a cabeça, fingindo pensar.

— Então espero que você durma.

Dei uma risadinha baixa, e ele arregalou os olhos, fingindo indignação.

— Nossa, eu amo como você é tão adorável comigo. — Mas no fim, ele riu também.

Depois de um pequeno empurrão brincalhão nele, seguimos para a fila de pipoca.

— Eu pego a pipoca, você pega os ingressos? — Kwon sugeriu, já tirando a carteira do bolso.

Assenti, aproveitando a oportunidade para manter o mistério do filme que eu tinha escolhido. Comprei os ingressos sem que ele visse e o esperei na entrada da sala. Quando ele chegou com um balde grande de pipoca, dois refrigerantes e uma barra de chocolate, ergui uma sobrancelha.

— Isso tudo?

— Eu que vou comer a maior parte, só pra deixar claro.

Revirei os olhos, mas não argumentei. Apenas seguimos na direção do corredor das salas.

Ao chegarmos ao fiscal dos ingressos, ele pegou os bilhetes e conferiu.

— Poltronas de casal 1 e 2, fileira H, sala 5.

Antes que eu pudesse agradecer, Kwon se virou para mim com uma sobrancelha erguida, um sorriso travesso já brincando no rosto.

— Poltronas de casal? Você sendo fofa, Calista? Posso soltar fogos, meu amor?

Bufei, lhe dando um soco leve no ombro.

— Ah, cala essa boca, Kwon. Vamos logo antes que percamos o filme.

Ele levou a mão ao peito, fingindo uma postura séria.

— Sim, sargento.

Ignorei a provocação e entrei na sala, mas assim que passamos pela porta, percebi algo curioso. O lugar estava lotado de crianças. Crianças pequenas, algumas segurando pipoca maior do que a própria cabeça, outras pulando nas cadeiras, e algumas correndo entre as fileiras.

Kwon franziu o cenho e abaixou a cabeça, sussurrando para mim conforme subíamos os degraus em busca dos nossos lugares.

— Que filme você escolheu mesmo?

Dei de ombros, tentando não rir.

— Você vai ver.

Ele estreitou os olhos, mas continuou me seguindo até nossas poltronas.

Eram poltronas largas, espaçosas, um par reservado para casais, de fato. A diferença entre elas e as cadeiras comuns era gritante, o espaço extra, os apoios de braço ajustáveis e a posição levemente reclinável davam um toque de conforto que eu sabia que ele iria gostar, mesmo que fosse teimoso demais para admitir.

Assim que sentamos, ele largou a pipoca no suporte entre nós e me olhou com uma expressão cética.

— Se eu tiver que assistir uma animação musical fofinha agora, eu juro que...

Mas antes que ele pudesse terminar, as luzes da sala diminuíram e o logo de um estúdio infantil apareceu na tela.

— Meu Deus — Ele sussurrou, arregalando os olhos. — Você me trouxe pra assistir um filme infantil?

Mordi o lábio para segurar o riso.

— Shhh, o filme já vai começar.

Ele afundou na poltrona, soltando um suspiro resignado, mas vi o canto da boca dele tremer para cima, como se ele estivesse tentando não sorrir.

— Você me paga por isso, dinamite.

Assim que o filme começou, Kwon ficou em choque.

Eu senti o corpo dele se inclinar um pouco para frente na poltrona, os olhos arregalados enquanto a icônica tela azul da SEGA aparecia e os primeiros segundos do filme tomavam conta da sala. Ele abriu a boca como se fosse dizer algo, mas depois fechou de novo, claramente processando o que estava vendo.

Então, ele virou para mim, os olhos brilhando de empolgação como se fosse uma daquelas crianças sentadas nas cadeiras ao nosso redor.

— Meu Deus... Sonic 3? — Ele sussurrou, a voz carregada de uma emoção quase infantil. — Eu amava esse jogo quando era pequeno. Tipo, fez a minha infância inteira. Você não tem noção do quanto eu jogava isso!

A forma como ele falava, cheio de entusiasmo, me pegou desprevenida. Era raro ver Kwon assim. Ele sempre se portava de maneira confiante, meio arrogante às vezes, um bad boy com uma pitada de humor ácido. Mas agora? Ele parecia genuinamente feliz. Um brilho nos olhos, um sorriso verdadeiro, sem nenhuma máscara de arrogância ou atitude prepotente.

E eu adorava isso.

A verdade era que eu nunca tinha visto esse lado dele antes. Quase puro. Um lado que não estava preso a lutas, rivalidades ou ressentimentos do passado. Era só... Kwon, um garoto empolgado vendo um filme que o lembrava de sua infância.

Antes que ele pudesse começar a tagarelar mais sobre o jogo, dei um empurrão leve no braço dele, rindo.

— Presta atenção, Kwon.

Ele sorriu e voltou os olhos para a tela, ainda com aquele brilho infantil no olhar.

O filme seguiu, e nós dois ficamos completamente vidrados. Quando Shadow, o personagem mais icônico da saga, apareceu pela primeira vez na tela, um silêncio tomou conta da sala por um segundo.

E então, todas as crianças explodiram em gritos de animação.

Junto com a gente.

O SHADOW! — Gritamos ao mesmo tempo, as vozes misturadas ao coral infantil de empolgação.

Kwon olhou para mim, e eu olhei para ele. Um segundo de silêncio. E então caímos na risada.

Foi ridículo. Mas foi ótimo.

O filme seguiu, e nós dois estávamos completamente imersos. Ele reagia a cada cena como um verdadeiro fã, e eu só observava de canto de olho, achando tudo muito fofo.

Mas então, veio uma cena mais calma.

Uma daquelas partes meio entediantes, que servem para dar uma respirada antes da próxima grande cena de ação. Foi quando eu senti Kwon se inclinar levemente para o meu lado, até que os lábios dele tocaram de leve o meu pescoço.

Meu corpo inteiro se arrepiou.

Virei para ele rapidamente, o empurrando de leve pelo peito.

— Para de graça — Murmurei, tentando não rir. — A sala está cheia de crianças, Kwon. Assiste o filme.

Ele soltou um suspiro dramático e, em vez de se afastar completamente, encostou a cabeça no meu ombro.

— É a primeira vez que saio oficialmente com você sendo seu namorado e não posso ter nem um chamego?

Revirei os olhos, mas ao olhar para ele de relance, vi aquele sorriso torto e brincalhão no rosto dele.

Idiota.

Suspirei e, sem dizer nada, me inclinei um pouco, deixando um beijo rápido nos lábios dele.

Foi rápido. Muito rápido.

Mas claramente o pegou desprevenido, porque ele ficou imóvel por um segundo.

Eu podia ver que ele estava tentando processar o que tinha acabado de acontecer, e a expressão surpresa no rosto dele me fez rir internamente. Mas então percebi que eu também estava corando, então mordi o lábio inferior, tentando disfarçar.

Kwon piscou algumas vezes, parecendo meio desconcertado, mas depois um sorriso satisfeito surgiu no rosto dele.

— Você... Me beijou primeiro.

— Cala a boca, Kwon.

Ele abriu um sorriso ainda maior.

— Não, sério, isso significa que...

Cala a boca, Kwon.

Ele riu e voltou a olhar para o filme, mas eu vi quando ele ergueu o peito, claramente se sentindo vitorioso.

O resto do filme foi recheado de pequenas provocações. Ele tentava se aproximar, e eu o afastava. Tentava segurar minha mão por baixo do apoio de braço, e eu puxava de volta. Chegou a fingir que ia me beijar de novo, só para eu recuar, e ele dar aquela risadinha irritante.

Mas o ápice veio quando, do nada, uma criança sentada atrás da gente jogou um punhado de pipoca na cabeça dele.

Ele congelou e eu morri de rir.

— CALA A BOCA, MOÇO! — O garotinho exclamou, com um tom irritado.

Kwon travou o maxilar, claramente considerando a possibilidade de levantar e encarar a criança de sete anos como se fosse uma luta de karatê.

— Você... Jogou pipoca em mim? — Ele murmurou, a voz incrédula.

Eu simplesmente desmoronei na poltrona, gargalhando.

— Kwon, para de encarar a criança.

— Ele jogou pipoca em mim, Calista!

— Porque você tava tagarelando no meio do filme!

Ele bufou, pegando um pouco de pipoca e fingindo que ia devolver o ataque. A criança arregalou os olhos, e eu segurei o braço de Kwon.

— Para, você é quase um adulto. Pelo amor de Deus.

Ele olhou para mim, olhou para a criança e suspirou, soltando a pipoca no próprio colo.

— Isso não acabou, fedelho.

— Kwon!

A criança sorriu vitoriosa, e eu ainda ria enquanto o filme chegava ao final.

No fim das contas, eu nunca imaginei que um simples cinema poderia render tanto. Mas, de alguma forma, tudo com Kwon parecia ser caótico, intenso e, bem... Divertido.

Obra autoral ©

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top