10. Villain and violent
Minha cabeça passava por um turbilhão de emoções as quais eu sequer tinha como explicar ou entender, só sabia que era doloroso, mas que também serviam como uma pequena chama para causar uma explosão ao pisar no tatame. Apesar de haver um misto de dor e medo ao encarar aquela cobra outra vez, eu ainda tinha foco o suficiente e uma determinação ainda maior, para vencer a qualquer custo, e foi exatamente o que fiz, abatendo qualquer oponente que tentasse entrar em meu caminho, incluindo o prêmio de ter conquistado um dos dentes de uma adversária, que arranquei por acidente em um chute de força descabido na última prova.
Esse era o gostinho que Silver queria, afinal. Ele queria ver a vitória cada vez mais próxima, disposto a fazer com que jogássemos sujo para isso. Eu não dei nenhum golpe ilegal, mas estava usando mais força a cada passe, mais força do que já usei em qualquer luta, e o motor principal de tanta raiva acumulada era alguém que eu acabei permitindo se aproximar mais do que deveria, e como já era esperado, ele me machucou para provar que era exatamente o babaca que eu imaginava.
Eu odiei ter de encarar aquele mesmo rosto, estampando arrogância, e aparentemente, indiferente quanto ao que tinha feito, mas provar que sim, eu poderia vencê-lo junto ao seu dojô, tornou tudo isso mais fácil, e eu apenas fingi indiferença quanto à sua presença alarmante, por mais que quisesse socá-lo e gritar com ele, eu jamais me rebaixaria ao mesmo nível de atacá-lo sem que esperasse tal ataque, não como ele fez.
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Depois de horas, a adrenalina finalmente cedia espaço para o cansaço, e a realidade vinha como um soco no estômago. Três dias até a próxima prova. Três dias para descansar, mas também para enfrentar o peso das escolhas que havia feito e as que ainda estavam por vir. O silêncio do meu quarto era interrompido apenas pela vibração do meu celular. Era Silver, claro. Ele queria falar comigo, provavelmente viriam mais conselhos, visto que eu finalmente estava demonstrando a ira que ele tanto pedira desde o primeiro treino. E eu apenas aprontei minhas coisas, disposta a encará-lo novamente e ver o que tinha a me dizer,
Eu segui até o local do endereço que ele havia me mandado. A casa onde ele estava hospedado parecia saído de um catálogo de luxo, bem típico de Terry Silver, com janelas enormes, mármore por todo lado, e um cheiro que mesclava riqueza com algo enervante, talvez o perfume que ele sempre usava. Assim que entrei, ele já me esperava com aquele sorriso predatório, a expressão de quem controla todos ao seu redor.
— Calista — Ele começou, em um tom que oscilava entre parabenização e manipulação—, você foi impecável hoje. Sua vitória não foi só sua, foi minha também. Nossa. Mas ainda há trabalho a fazer.
Aquelas palavras me davam náuseas, mas eu mantive a compostura. Claro que ele sempre teria cartas na manga, e que eu nunca provaria ser suficiente aos seus olhos. O que mais ele poderia esperar de mim, afinal? Eu teria de ser mais agressiva?
— Obrigada — Respondi, sem muito entusiasmo.
Ele ignorou minha frieza e prosseguiu, com seu mesmo tom imponente e confiante de sempre, enquanto se ajeitava em seu enorme sofá de um tecido fino e confortável, e eu me sentei alguns segundos depois, mantendo uma distância tolerável.
— Hoje à noite, todas as equipes estarão no restaurante karaokê. É a oportunidade perfeita para continuar o que começamos com Kwon. — Esse nome fora como um soco em meu estômago. Apagá-lo de meus pensamentos parecia fácil, mas era diferente quando o ouvia de outra pessoa — Você viu o impacto que causou nele. É apenas o começo, Calista. Ele é um pilar daquele time, e você tem o que é preciso para derrubá-lo... Mas precisa ser estratégica. Precisa ser implacável.
Implacável. Essa palavra ecoava na minha mente enquanto ele falava. Tudo nele era excessivo, perigoso. Ele me incentivava a continuar atacando o psicológico de Kwon, mas havia algo em mim que hesitava.
—E se eu não quiser brincar com isso? — Perguntei, mais para mim mesma do que para ele. — E se eu quiser vencer, mas sem ter que pisar nos outros fora do tatame?
Silver riu, uma risada baixa e calculada que me fez sentir pequena, mesmo sem querer. Ele se levantou, andando ao meu redor como um predador prestes a atacar.
— Você acha que eles não fariam o mesmo com você? Eles fariam pior, na verdade, ele já fez, não é? — Me irritava o fato de que ele estava certo — Não seja tola, Calista. Ser forte não é só saber lutar, é saber quando atacar onde dói mais. Palavras podem ser a arma mais afiada, e você é boa nisso. Muito boa.
As palavras dele me atingiram como um golpe. Eu odiava concordar, mas ele não estava completamente errado. Mesmo assim, algo dentro de mim relutava. Não era apenas sobre vencer, era sobre quem eu me tornaria no processo. E ele notou minha hesitação e sorriu, dessa vez de forma mais suave, mas ainda assim cheia de veneno.
— Pense nisso. Hoje à noite, você terá sua chance. E confie em mim, eles merecem. Cada um deles.
Saí daquela casa com o peso de uma guerra interna. O que era pior? Ser manipulada por Silver ou me tornar aquilo que eu jurava odiar? O restaurante karaokê parecia um campo de batalha fora do tatame, e eu sabia que Kwon estaria lá. Minha raiva estava lá, esperando para ser usada. Mas uma pergunta permanecia em minha mente enquanto a noite se aproximava, seria eu capaz de vencer sem perder a mim mesma?
Deixei a casa de Silver sem lhe dar respostas claras. Ele tentou pescar algo, mas eu só devolvi olhares evasivos e frases vazias. Ele podia tentar me moldar, mas não sabia com quem estava lidando. Eu sabia que precisava sair. Não tanto pela missão que ele me deu, mas porque ficar sozinha naquela noite, pensando e remoendo tudo, parecia insuportável.
Ao entrar no meu quarto, encontrei Zara jogada na cama, o cabelo desgrenhado cobrindo parte de seu rosto, enquanto ela rolava distraidamente pelo celular. A derrota contra Tory ainda estava visível nos seus olhos, mesmo que ela tentasse disfarçar. Não era só a luta, eu sabia. Era Robby. Aquele idiota que ela jurava não ligar, mas que, claramente, ainda a afetava.
— Ei, estou pensando em sair hoje à noite. Vai comigo? — Perguntei, jogando minha mochila no canto e me sentando na beira da cama dela.
Zara soltou um suspiro longo, quase teatral.
— Sem chance. Não quero sair, principalmente pra ver Tory e... Ele — Ela disse, enfatizando "ele" como se o nome de Robby fosse veneno. — Você sabe como é humilhante, né? Perder pra Tory já foi um golpe, mas aquele cara... Ele nem se importa.
—Zara... — Comecei, mas ela me cortou.
— De verdade, Cali. Vai você. Se divirta. Sei lá, chama o Axel. Ele vai adorar uma desculpa pra te encontrar. Eu... talvez amanhã. Se eu tiver mais disposição.
Eu sabia que insistir seria inútil, então apenas balancei a cabeça e dei um sorriso.
— Tá bom. Mas você vai ter que me ouvir quando eu voltar e te contar tudo, ok?
— Combinado — Ela murmurou, virando para o lado e se enfiando ainda mais nos cobertores, e logo afirmara com a voz abafada pelo travesseiro —, e eu espero que você e Kwon não acabem se matando.
Ela sabia tanto quanto eu que o caos poderia instaurar-se caso um de nós decidisse alfinetar o outro, eu só desejo que eu não perca o controle da situação e saiba exatamente como agir quando estiver diante daquele sorriso torto e arrogante. Terry queria que eu jogasse, certo? Então eu o farei... Se eu ao menos conseguir.
Suspirei, levantando-me. Se era pra sair, eu faria isso da melhor forma possível. Fui até a pequena arara no canto do quarto e comecei a procurar algo para usar. Queria algo que me fizesse sentir menos insegura, confesso, e talvez intocável. Encontrei um vestido preto levemente solto, com um decote elegante que não era exagerado, mas o suficiente para chamar atenção. O tecido abraçava meu corpo de forma confortável, destacando minha silhueta sem esforço, tinha alguns babados na ponta, que pareciam dançar à medida que eu caminhava. Era um vestido perfeito para uma noite praiana, se não fosse de um aspecto tão sem vida, talvez a verdadeira sensação que eu quisesse transpassar.
Deixei meu cabelo solto, os cachos volumosos caindo em ondas perfeitas. Passei os dedos neles para dar ainda mais movimento, e o resultado era exatamente o que eu queria, um visual que dizia "não se aproxime" e "tente me ignorar" ao mesmo tempo, um vestido preto que trazia-me a sensação mórbida, como se fosse para um enterro, em que nossa rivalidade morre hoje, e passa a se tornar uma questão de honra destruir Kwon no tatame.
Peguei meu celular e, sem pensar muito, mandei uma mensagem para Axel.
"Ei, vai sair hoje? Me acompanha no karaokê?"
A resposta veio em segundos.
"Com certeza. Te encontro na entrada em meia hora."
Sorri ao ler. Axel sempre era fácil de lidar, e eu precisava de algo leve naquele momento. Peguei minha jaqueta, calcei um par de botas de salto médio, elegantes, mas confortáveis, e olhei para Zara mais uma vez antes de sair.
— Última chance — Brinquei, dando uma risadinha.
Ela riu baixinho, sem se mover.
— Vai logo. E vê se dá a chance a si mesma de se divertir um pouco.
Saí do quarto sentindo uma mistura de nervosismo e empolgação. O karaokê seria um campo minado de olhares e provocações, mas, pelo menos, eu tinha decidido uma coisa, entraria de cabeça erguida, sem deixar ninguém me fazer duvidar de quem eu era , nem Kwon, nem Silver, nem ninguém. E Zara realmente estava certa, eu precisava dar uma chance para diminuir essa tensão que tanto me persegue, por mais que pareça tão difícil.
Assim que cheguei à entrada do hotel, avistei Axel encostado em uma das colunas próximas à porta. Ele estava casual, mas arrumado, com uma camisa preta ajustada que destacava seus ombros largos e uma jaqueta de couro que ele sempre usava. Quando me viu, endireitou a postura quase instintivamente. Seus olhos me percorreram da cabeça aos pés, arregalando-se levemente antes de piscar, como se precisasse confirmar que era mesmo eu.
— Uau, Calista... — Ele começou, mas parecia incapaz de completar a frase. Seus lábios se abriram e fecharam, como se buscasse as palavras certas e todas fugissem dele.
Eu não pude evitar uma risada.
— Não precisa se esforçar tanto, Axel. Vamos logo, senão vamos acabar atrasados. — Dei um sorriso brincalhão e passei por ele, sentindo-o me seguir, ainda atordoado.
— Você tá incrível — Ele finalmente conseguiu dizer, com um tom sincero e quase hesitante, como se as palavras não fizessem justiça ao que ele queria expressar.
—Obrigada, você também não está nada mal — Respondi, simples, mas com um sorriso que mostrava que eu tinha notado o efeito que causei. Era bom, depois de dias de tensão, lembrar que eu ainda podia me sentir assim, no controle, confiante, e sem demonstrar que profundamente algumas palavras ainda me abalavam e me atingiam como uma faca.
Axel se apressou para acompanhar meu ritmo enquanto seguíamos pelas ruas de Barcelona. A noite estava fresca, com uma brisa agradável que fazia os cachos do meu cabelo balançarem suavemente. O som distante da cidade era um pano de fundo reconfortante para nossa conversa, que começou leve e logo se transformou em algo mais envolvente.
— Eu ainda estou pensando na última prova — Ele disse, quebrando o silêncio enquanto olhava para mim de soslaio. — A gente foi imbatível. Tipo... você viu a cara dos juízes? Eles estavam chocados."
Eu sorri, sentindo-me mais descontraída, e afastando todos os pensamentos que estavam me perseguindo.
—Foi uma boa sensação, né? Todo aquele treino finalmente valendo a pena.
—Mais do que isso — Ele continuou, seu entusiasmo crescendo. — Acho que nunca lutei tão bem quanto quando estávamos no mesmo time. Você tem essa... energia, sabe? Algo que faz todo mundo ao seu redor querer dar o melhor de si.
—Ou lutar como se a vida dependesse disso — Brinquei, arrancando uma risada dele.
—Isso também — Ele concordou. — Mas sério, você foi uma máquina lá. Especialmente naquele chute... Minha nossa. Aquela garota vai lembrar de você pelo resto da vida.
—Não sei se isso é exatamente algo bom — Respondi, rindo, mas havia um toque de verdade. Não gostava de pensar no impacto físico das minhas lutas depois que elas acabavam, pelo menos não quando eram tão graves, como ter arrancado um dente da garota.
Axel balançou a cabeça negativamente.
— Você fez o que precisava. Sem jogadas sujas, só habilidade. É disso que eu gosto em você.
Aquela última frase fez meu sorriso vacilar por um instante. Não porque eu não apreciasse o elogio, mas porque trouxe de volta, ainda que brevemente, o peso de tudo o que Silver havia dito mais cedo. Ele queria que eu usasse mais do que habilidade, queria que eu usasse tudo, inclusive manipulação, palavras, qualquer coisa que pudesse desequilibrar o adversário. E no fundo, eu sabia que Silver não estava errado sobre isso funcionar. Mas era uma linha tênue, e a ideia de cruzá-la me fazia sentir como se perdesse uma parte de mim mesma.
— Ei — Axel disse, me puxando de volta ao momento. — Você tá quieta de repente. Tá tudo bem?
—Tá sim— Respondi, rápida demais para ser convincente, então me apressei em mudar o assunto. — É só que... Foi uma prova intensa. E, sei lá, parece que a competição tá ficando cada vez mais... pessoal.
Ele assentiu, a expressão ficando um pouco mais séria.
— É, eu sei o que você quer dizer. Mas acho que faz parte, né? Todo mundo tem algo a provar aqui.
— Verdade — Concordei. Mas a diferença era que eu não sabia mais se estava tentando provar algo para mim mesma, para Silver ou... Para Kwon. O nome dele surgiu na minha mente como um eco fantasmagórico, acompanhado de memórias que eu queria enterrar, seu olhar de desdém, as palavras que ele jogou como armas, o aperto que ainda sentia no peito quando pensava nele e naquele soco.
Axel, no entanto, era como um raio de luz que afastava essas sombras. Com ele, era fácil esquecer, mesmo que por um momento, toda a tensão e as armadilhas que cercavam a competição. Quando me virei para ele, sorrindo, percebi que estava genuinamente grata por sua companhia, mas ele era de fato, um bom amigo, e eu sabia que se demonstrasse demais minha gratidão ele poderia interpretar as coisas ao contrário do que deveriam representar.
—Estamos quase lá — Ele disse, apontando para a esquina onde o letreiro brilhante do karaokê começava a aparecer.
— Preparado para cantar alguma coisa ridícula? — Perguntei, tentando soar descontraída.
— Eu? Ridícula? Tá brincando? Eu sou uma estrela, Calista. Você vai ver — Ele brincou, dando um sorriso exagerado que me arrancou outra risada.
Por um breve momento, quase esqueci do que me aguardava dentro daquele karaokê. As brigas, as provocações, os jogos de poder, tudo isso parecia tão distante enquanto Axel e eu caminhávamos juntos, como se o mundo se resumisse àquela noite, àquele instante. Eu sabia que a paz não duraria, mas decidi me permitir aproveitar enquanto podia.
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O karaokê tinha uma atmosfera vibrante, com luzes coloridas piscando suavemente e músicas animadas ecoando pelo salão. Assim que Axel e eu cruzamos a porta, olhei ao redor, analisando o ambiente. Não demorou muito para localizar o grupo do Cobra Kai, ocupando uma das maiores mesas, e também alguns rostos familiares do Myagi-Do e de outros dojôs. A tensão era quase palpável, mas a música e as risadas abafavam a competitividade por um momento. Era um campo minado disfarçado de diversão.
—Ali parece um bom lugar — Axel disse, apontando para uma mesa com assentos acolchoados no canto. Concordei com um aceno e seguimos até lá. Nos acomodamos, e ele sinalizou para o garçom. — Duas Coca Zero — Pediu, me lançando um sorriso cúmplice. — Nada de deixar o álcool bagunçar a cabeça hoje.
—Boa escolha, super soldado — Respondi dando uma risadinha baixa e o fazendo rir também, grata por manter a mente clara. Precisaria disso se a noite tomasse um rumo mais... Tenso.
Enquanto esperávamos as bebidas, observei o salão. Meu olhar pousava de maneira involuntária na mesa do Cobra Kai. Tory estava lá, exalando a confiança de quem havia vencido recentemente, enquanto Robby e alguns outros conversavam despreocupados. Não pude deixar de notar os olhares que alguns me lançavam, mas aquilo não me intimidava. Eu estava pronta para encarar qualquer um deles, ou pelo menos queria acreditar nisso. Foi então que senti a mudança na atmosfera. Um movimento perto da entrada chamou minha atenção, e lá estava ele. Kwon.
Ele entrou como se fosse dono do lugar, a postura impecável, o queixo levemente erguido. Seu cabelo estava perfeitamente desalinhado, como de costume, e ele parecia ter escolhido a dedo cada peça de roupa para exalar poder, mas ainda com sua jaqueta de couro estampado o orgulho de ser um Cobra Kai, com a logo em dourado na parte de trás. O brilho nos olhos e a tranquilidade em seu andar eram como uma afronta, como se nada pudesse atingi-lo, nem mesmo o que aconteceu entre nós.
Ele passou perto da minha mesa. Não diminuiu o ritmo, não me olhou, não deu nenhum sinal de reconhecimento. Era como se eu não existisse. Aquilo me atingiu como um soco, uma onda de raiva e frustração que subiu pelo meu peito até a garganta. Ele realmente não iria se desculpar, aparentemente.
Axel percebeu imediatamente, ele apertou seu copo com mais força.
— Tá tudo bem?— Perguntou, inclinando-se para mim com um olhar preocupado.
— Sim. — Respondi, rápida demais, quase ríspida. Mas não estava. Como ele podia ser tão indiferente depois de tudo o que fez? A falta de remorso no comportamento de Kwon era como um tapa na cara.
Axel seguiu meu olhar e viu Kwon se juntar à mesa do Cobra Kai. Seus olhos estreitaram, e ele murmurou algo que era quase um rosnado.
—Se ele tentar qualquer coisa, juro que vou acabar com ele. Esse cara é um idiota arrogante.
—Axel. — Comecei, colocando a mão no braço dele, tentando acalmá-lo. — Essa briga é minha. Não quero que você se meta, não hoje. E não vai ser necessário, sabe por quê?
—Por quê? — Ele perguntou, ainda com a mandíbula travada.
—Porque nós vamos vencê-los — Disse, firme. — No tatame, na competição, onde realmente importa. E quando isso acontecer, ele vai estar no chão. E vai ser eu quem vai colocá-lo lá.
Axel relaxou um pouco, mas ainda parecia insatisfeito.
—Eu só não gosto da forma como ele te olha. Ou... como ele não te olha — Acrescentou, com um toque de irritação. — Ele acha que pode te ignorar depois do que fez?
— Deixa ele pensar o que quiser, — Retruquei, forçando um sorriso e dando de ombros, tentando fingir para mim mesma indiferença — No final, ele vai aprender. Do jeito mais difícil.
Axel pareceu finalmente aceitar minhas palavras, soltando um suspiro.
— Tá bom. Mas eu estou aqui, ok? Se você precisar de mim, é só falar.
—Eu sei — Disse, genuinamente grata. Axel era uma âncora, uma presença constante e leal que fazia com que, por alguns momentos, eu não me sentisse sozinha nessa batalha.
As Coca Zeros chegaram, e tomei um gole, deixando o sabor doce e fresco acalmar meus nervos. Kwon era um fantasma no canto da minha visão, mas eu me forcei a focar na conversa com Axel. Ele era divertido, cheio de histórias sobre as lutas anteriores, e por um breve momento, consegui esquecer os fantasmas. Porém, eu sabia que a verdadeira batalha não era apenas no tatame. Era na minha mente, nas escolhas que eu faria, em como enfrentaria Kwon e todos os outros que cruzassem meu caminho. E enquanto Axel falava, um pensamento ecoava na minha mente, eu não era do tipo que se deixava ser ignorada. Kwon não sairia ileso dessa, ele saberia exatamente quem eu era. E lembraria disso, lembraria da dor que ele me causou.
Manip deles de novo, pois no momento, estou com vontade de esfolar a cara do Kwon no asfalto. Beeeeijos 😍💗.
Obra autoral ©
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