02. I miss the rage


A raiva sempre foi meu combustível. Não aquela raiva cega e destrutiva, mas uma chama ardente, controlada — às vezes —, que me guia para a vitória. Desde que coloquei os pés no tatame pela primeira vez, aprendi que a força bruta não é nada sem propósito, e meu propósito sempre foi vencer. Não aceito menos. Não aceito derrota. O Sekai Taikai é mais que um torneio, é a arena onde eu provarei ao mundo que sou o melhor, e que posso destruir qualquer obstáculo em minha frente.

Os treinos são um teste de vontade e resistência. Cada sessão começa antes do sol nascer, quando a maioria ainda dorme. Meu corpo reclama, meus músculos queimam, mas a voz dentro de mim nunca cala. "Mais forte. Mais rápido. Sem fraquejar." Os ecos das falas de meu pai me assombram como um eterno pesadelo, mas me motivam cada vez mais a me tornar uma arma nas mãos de meus senseis. Cada golpe que executo deve ser perfeito, cada movimento calculado para maximizar a força e a eficiência. Não há espaço para erros. Meu mestre diz que o Sekai Taikai exige não apenas habilidade, mas uma mente indomável. Por isso, eu treino tanto minha mente quanto meu corpo.

Mas a raiva está sempre lá, uma velha amiga. Ela me lembra de onde vim, das derrotas que já sofri, do sabor amargo de ser subestimado e as cicatrizes do passado. Mas agora, essa raiva é minha arma. Nos treinos, quando meus adversários pensam que estou no limite, eu ultrapasso. Quando estou exausto e vejo que eles ainda respiram aliviados, redobro meus esforços.

Treinar para o Sekai Taikai não é apenas sobre técnica ou força. É sobre dominar a dor e transformar fraqueza em poder. Quando eu estiver naquele tatame, não haverá dúvidas. Cada gota de suor, cada grito abafado e cada hematoma que acumulei durante os meses de treinamento vão valer a pena, e seja quem for meu oponente, não hesitarei em destruí-lo.

A sede pela vitória me impulsiona. Não é suficiente ser bom, eu preciso ser o melhor. E no Sekai Taikai, todos saberão o nome Kwon Jae-Sung. Vencer não é uma opção. É uma certeza.

Kreese e Kim são como dois titãs que moldam minha alma como um ferreiro molda aço, usando fogo e martelo. Com eles, não há piedade, não há pausa, e muito menos, compaixão. Cada treino é uma batalha contra meus próprios limites, e eles estão lá para garantir que eu nunca me acomode. Kreese tem um jeito peculiar de me empurrar além do que penso ser possível. Ele não grita, ele insinua, deixa suas palavras se infiltrarem na minha mente. "Você é forte, Kwon... mas forte o bastante para esmagar qualquer um? Prove." E eu provo, dia após dia.

Kim é diferente, mas não menos implacável. Ela observa cada movimento como um predador analisando sua presa. "Seus chutes são rápidos, mas ainda falta precisão. Não há margem para erro no Sekai Taikai." E então, ela me faz repetir o mesmo movimento centenas de vezes, até que meus músculos implorem por descanso, mas minha mente, alimentada pela raiva e pela determinação, se recusa a ceder.

O chute giratório é meu novo foco. Não é apenas um golpe, é uma declaração. Um movimento letal que mistura velocidade, técnica e pura força. Kreese diz que esse chute pode terminar uma luta em um único golpe, mas para isso, ele precisa ser perfeito. Começo a treinar com sacos de pancada pesados, concentrando-me no equilíbrio e na explosão do movimento. "Gire com intenção. Acabe com seu oponente antes que ele saiba o que o atingiu", é o que meu sensei vive repetindo.

Kim também não facilita. Ela me faz executar o chute enquanto defende, bloqueando cada tentativa imperfeita e me derrubando no tatame sempre que perco a forma. "Você quer destruir qualquer um que fique no seu caminho, não é? Então, chute como se fosse a última coisa que fará na vida." E eu faço. Meu corpo gira, meus calcanhares cortam o ar, e o impacto ressoa como um trovão no dojo. Mas não é suficiente. Nunca é. Preciso ser mais rápido, mais preciso. O Sekai Taikai não é lugar para dúvidas, e cada adversário que ousar me enfrentar precisa sentir a força do meu chute antes mesmo de me verem girar. Essa técnica será minha arma final. E quando o momento chegar, quando eu pisar naquele tatame, não haverá piedade. Não haverá hesitação.

Kreese e Kim me prepararam para ser uma máquina de combate, e eu aceito esse destino. O Sekai Taikai será meu palco, e cada oponente que ousar ficar no meu caminho será derrubado, um por um, até que não reste ninguém. É isso que sou. É isso que sempre fui.

Mas tenho tido um pequeno empecilho, Tory Nichols. Ela voltou ao Cobra Kai recentemente, e eu posso sentir o peso de suas escolhas em cada movimento que ela faz. Kreese e Kim a aceitaram de volta, mas eu? Eu ainda não confio completamente. Ela tem talento, isso é inegável. Seus golpes têm força, sua determinação é feroz. Mas há algo nela que me deixa inquieto, aquela hesitação, aquele olhar perdido que aparece quando pensa que ninguém está observando. É como se ela ainda carregasse um pé em outro lugar, como se pudesse virar as costas novamente ao menor sinal de dúvida.

Isso não é aceitável. Não para mim, não para o Cobra Kai.

Se ela está aqui, precisa provar que está comprometida. Não apenas em palavras, mas em ação. Então, eu a empurro como Kreese e Kim me empurram. Nos treinos, não a trato diferente de qualquer oponente. Golpe por golpe, teste por teste, faço com que ela sinta o que é ser parte de algo maior. Cobra Kai não é um refúgio para os indecisos, é para os fortes, os implacáveis.

Quando vejo hesitação em seus olhos, eu redobro a pressão. Testo todos os seus limites, empurro-a até o ponto de ruptura. Quero ver se ela quebra ou se renasce mais forte. É necessidade. No Sekai Taikai, ou você é o melhor ou você não é ninguém. Se ela quer alcançar o pódio, precisa fazer por merecer.

Quero que ela chegue ao pódio. Não porque gosto dela, mas porque o Cobra Kai merece a vitória completa. Se ela falhar, eu não hesitarei em tomar a luta por ela e destruí-la. Mas se Tory puder se tornar o que nossos senseis veem em potencial, juntos vamos destruir qualquer adversário. A vitória não será só minha. Será do nosso dojô. E o nome Cobra Kai será eterno.

Durante um dos treinos, Kreese e Kim, depois de nos monitorar a cada mísero passo, reuniu-nos enfileirados, em posição, como um exército diante de seus generais, estávamos prontos para guerra, afinal. Kreese passeou seus olhos implacáveis por todos nós, até pará-los no de Tory, que ele decididamente tornara como líder de nossa equipe, e após um longo suspiro, enfim fez o anúncio.

— Chegou a hora de provarem que podem acabar com qualquer concorrência — Ele colocou as mãos atrás do corpo, seu tom de voz firme e intimidador —, e de provarem que podem estar usando esses quimonos. Carreguem esse emblema com suas vidas, partiremos em duas horas. A derrota não é aceitável nesse dojô.

Obra autoral ©

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