016²

~ Fim ~

Houve um resmungo de dor, e uma careta de incômodo, antes de abraçar o corpo dele de volta. Seus músculos relaxando com a presença reconfortante de Chan-yeong, ela sabia que ele estava falando muita coisa, possivelmente reclamando de como era uma teimosa que se coloca em perigo.

Sua mente não captura uma única sílaba, os olhos fechados e braços o prendendo, houve também o alívio, não só de sair viva daquela situação, mas também de se sentir viva.

Tem uma diferença entre seguir vivo, e realmente viver.

Se fosse honesta, parte de Kim Hye-na não achou que sairia viva aquele dia, uma pequena parcela de seus pensamentos a culpava, dizia que não merecia viver em um mundo onde Kang Seok-Chan estava morto.

Ela mandou aquela parte calar a porra da boca. Ela era uma sobrevivente, e havia vencido muita merda pra chegar onde estava.

Ela também mandou Park Chan-yeong calar a boca. Mas de uma forma satisfatória para o casal, não tanto para Young Hoo que fazia careta para ambos, ou os Corvos que se sentiam um time derrotado na Copa do Mundo de futebol.

Chan-yeong a beijou de volta, parando de reclamar dela, sua mão direita segurando o rosto dela, enquanto o braço esquerdo a mantinha próxima de seu corpo.

—— Você vai me matar —— sussurrou com o rosto colado ao dela.

—— Só se for de tesão.

Ao invés de ficar vermelho como faria antes, o Park riu, seus olhos brilhantes encarando os dela.

—— Namora comigo?

Hye-na franziu o cenho se afastando, o deixando confuso, engolindo em seco, a mulher levantou a mão, como se estivesse pensando, antes de rir alto.

—— Claro que sim —— sua voz soou óbvia, o fazendo sorrir aliviado —— não demora para pedir em casamento!

—— Não vou —— prometeu, a puxando para outro beijo.

Os prédios estavam caindo ao pedaços, exagero, mas Hye-na não gostava nadinha daquele lugar. Era melhor que o buraco do estádio, pelo menos conseguir respirar, ver estrelas e sair com maior facilidade.

Eles haviam perdido alguns moradores na fuga, mas se mantinham unidos. A Kim montou uma área de primeiros socorros, e auxiliou em vários curativos nos primeiros dias.

Mas ela se sentiu entediada após isso, e começou a acompanhar Cha Hyun-su em suas idas ao estádio, ajudando os sobreviventes que o mais novo ajudava.

Para ela era normal estar em ambiente de batalha, cuidar de pessoas, salvar vidas. Mas aquela destruição, o sangue, as brigas e todas mortes, também se enraizava em seu coração.

—— Acredito que sejam os últimos  —— seu namorado disse.

Os três estavam na parte da frente do veículo, levando o grupo para onde estavam abrigados no momento.

—— Falta uma...

Foi um sussurro, mas os dois homens ao seu lado sentiram o peso da fala. Lee Eunyu estava sumida desde o dia da briga final, a próprias Hye-na a procurava em suas patrulhas, sentindo falta da jovem garota que apoiava suas loucuras.

—— Vamos recuperá-la também.

—— Acredito em você Hyun-su  —— disse suavemente, encarando o novo amigo.

Ele parecia alguém que faria de tudo pelos amigos, que lutava pelo o que acredita, e Lee Eun Yu gostava dele, isso já era o suficiente para a Kim.

Hye-na estava louca para abraçar o irmão e depois verificar Young-su, que havia voltado a ser um menino graças a Hyun-su.

Mas seu corpo sofreu um pequeno impacto de um abraço surpresa, tendo Ye-seul abraçando ela e Chan-yeong ao mesmo tempo.

A Kim encarou o namorado com a testa franzida, se perguntando de deveria surtar de ciúmes ou seguir em frente. Havia uma faca presa em sua coxa...

—— Sai da frente Cha Hyun-su!

Ha-ni empurrou o infectado, pulando sobre Hye-na em seguida. Mostrando a língua para Ye-seul, que abraçou mais Chan-yeong.

As duas estavam fazendo aquilo a dias, como se fosse uma competição. Já não era engraçado quando disputavam o mesmo homem, e a situação piorou quando começaram a competir a Kim também.

—— Deus —— dramatizou a enfermeira, olhando para o céu, enquanto ouvia seu irmão rir ao se aproximar —— Porque duas delas? Porque? Eu salguei a santa ceia?

—— Não duvido —— Young Hoo zombou da caçula, se referindo a diversas receitas fracassadas dela.

Hye-na fez uma careta, sua mão se unindo a de Chan-yeon, enquanto deixavam as meninas abraçá-los e conversavam sobre o que fariam a seguir.

Eles sempre discutiam isso após suas voltas, era como um conselho, reunidos para fazer escolhas em nome de pessoas, que confiavam suas vidas a eles.

Ela deveria estar feliz, em estar em busca de um lar definitivo, que não fosse um buraco sujo e escuro para se esconder. E estava.

Mas com o chegar do terceiro dia andando, a Kim estava a um passo de ser uma criança mimada, e mandar o irmão a carregar.

—— Se eu andar mais um dia, vou matar todos com meus dentes!

Hyun-su franziu o cenho para ela, e a encarou, como se não soubesse ser uma piada ou não. Chan-yeong balançou a cabeça em negação para o infectado, que deu de ombros e seguiu andando.

A Kim decidiu ficar um pouco para trás, mas se apressou para o lado deles quando Hani e Ye-seul começavam a fazer perguntas a ela. Sem paciência.

Eles andaram mais cinco horas, antes de Hyun-su sinalizar algo. Hye-na segurou a arma com atenção, vendo grupo a sua frente, neo-humanos, monstros como Hyun-su, um grupo deles.

Seus olhos foram de encontro aos de Chan-yeong, que se mantinha ao seu lado, suas mãos se unindo enquanto levantavam bandeira branca.

Paz.

Todos mereciam aquela paz. O momento em que o coração se enche de alívio e calma, em que a esperança domina suas mentes e tudo parece valer a pena.

Para aqueles que tentaram lutar contra monstros e não conseguiram. E para os que se sacrificaram por quem amava.

Um fim.

Um recomeço.

Assim:


A querida:

Vocês:

Até o epílogo...

Agora no caso...

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