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Até que um dia, comum, após uma noite comum, tudo deixa de ter normalidade, e se transforma em lembranças, como pó a ser soprado.

Ignorando o alvoroço que Hyun-su travava com um estranho, a Kim passou por eles diretamente, o rosto já em confusão e o coração machucado. Seguindo sons de briga para atrás do ônibus abandonado, encarando seu irmão transtornado.

Ela buscou estar enganada, qualquer sinal de que ele estaria ali, tentando impedir Young Hoo de se meter em problemas, pedindo para ela o ajudar naquilo.

Nada.

Uma sequência de tiros, com nomes que representavam sua família.

—— Seok-Chan...

A notícia de sua morte havia chegado como um golpe devastador, e ela sentia como se o mundo tivesse perdido todas as cores. A dor era tão intensa que parecia difícil respirar, e sua cabeça girava com a confusão e o luto.

Sentiu uma mão pesar em seu ombro, e sussurros contra sua orelha, tão longínquos que não parecia real. Queria acreditar ser apenas um pesadelo cruel.

As lembranças de Seok-Chan inundavam sua mente, cada uma mais dolorosa que a anterior. Ela se lembrou do dia em que ele a levou para ver as estrelas, ela havia enterrado o pai, e estava tão ferida, que o Kang se dispôs a mantê-la sã.

Eles estavam deitados na grama, lado a lado, e ele segurou sua mão com firmeza. Os olhos gentis como sempre, com um sorriso pequeno e acolhedor. Hye-na sentia as mesmas lágrimas serem plantadas em seu rosto.

—— Hye-na, eu nunca vou te abandonar. Você pode contar comigo para sempre ——  ele disse, a voz suave e cheia de sinceridade.

Agora, essas palavras pareciam uma cruel ironia. Ela nunca mais veria seu melhor amigo, seu confidente, sua alma gêmea. A dor da perda era esmagadora, e ela sentiu como se estivesse se afogando em um mar de tristeza.

Chan-yeong a puxou consigo, enquanto levava o Sargento para outro lugar, o Park tentava salvá-los da ira do transformado, já que os irmãos permaneciam em estado deplorável de luto.

Ela se lembrou das risadas que compartilhavam, das conversas profundas que tinham até tarde da noite, e das vezes em que ele a consolou quando ela estava triste. Cada lembrança era como uma faca em seu coração, e ela se perguntava como poderia continuar sem ele.

Hye-na tentou respirar, mas cada inspiração era um esforço monumental. Sua visão começou a escurecer, e ela sentiu a cabeça girar.

—— Seok-Chan... isso não faz sentido —— ela sussurrou, as lágrimas escorrendo livremente pelo rosto.

Ela sabia que a dor nunca iria embora completamente, que ela carregaria essa perda pelo resto de sua vida. O vazio deixado por Seok-Chan era insubstituível, e ela se sentia perdida sem ele. As palavras dele ecoavam em sua mente, uma promessa quebrada que agora só trazia mais dor.

Young Hoo se virou para a irmã, empurrando o Park para longe. Ele gostaria de agir como a normalidade pede, e brigar com ela por ter sumido por dias, mas apenas suspirou, a puxando para seus braços, ambos compartilhando da mesma dor avassaladora.

—— Por favor —— pediu em soluço, os olhos fechados e mãos em punho segurando a camisa do irmão —— Me diz que é mentira, por favor...

O Kim negou, segurando a cabeça da caçula contra seu peito, também se permitindo chorar junto dela.

Chan-yeong não queria deixar a amada daquela forma, mas sabia que o Sargento não a deixaria só, então ele deu espaço a ambos, tentando controlar a situação em que Lee Eunyu se metia.

Young Hoo afastou o rosto da irmã com cuidado, disposto a verificar a mulher antes de seguir seu plano de vingança. Ela parecia bem, no possível para alguém que acabará de descobrir perder alguém que ama.

Foram apenas 5 dias longe um do outro, mas suficiente para deixá-los mal. Desorientados.

—— Nunca mais faça isso.

—— Nunca —— concordou, fungando, os olhos e nariz vermelhos. —— Eu prometo.

O Kim acenou, agarrando a mão da mais nova, a levando consigo. Ele estava disposto a passar direto pelo trio de humanos ali, mas se irritou ao ver a garota Lee gritar pelo neo-humano que antes levava consigo.

Aquele homem não sentia nada por ninguém. Seria um perigo levá-lo para o estádio, principalmente com Hye-na junto deles, havia prometido a Seok-Chan que cuidaria da Kim, mesmo que não fosse necessário dizer aquilo em voz alta, e não a colocaria em risco novamente.

Seok-Chan que tirou seu casaco para dar a uma desconhecida, dizendo para confiar nele, que a protegeria como faria com sua melhor amiga.

—— Minha amiga se chama Hye-na, ela é enfermeira, aposto que vão se dar bem...

Seok-Chan que poderia ter fugido, deixado eles para trás, mas foi fiel até o último segundo, que se recusou a deixar tudo e se manteve fiel aos irmãos Kim até o último segundo.

—— E me promete que vai ser mais tranquilo com a Hye —— pediu ao amigo —— ela pode não demonstrar, mas é sensível... uma boa garota.

Chan-yeong tentou se aproximar da mulher, notando como ela ainda estava aérea, ganhando um empurrão do Sargento, que indicou o banco de trás para o cabo.

Hye-na mal sentiu o tempo passar. Tudo parecia lento de mais, doloroso de mais. Irreal.

Pouco tempo antes estava beijado Chan-yeong, imaginando as piadas que Seok-Chan e os garotos da equipe fariam. E agora havia uma dor horrenda em seu peito, ao saber que ele e muitos de seus amigos estavam mortos.

Ela também queria vingança.

Eles haviam levado sua alma gêmea. E todos morreriam.


Até 👋🏻

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