005
~ Obsessões ~
Último capítulo antes do salto temporal.
Menções a sexo e violência.
Hye-na acordou sentindo um braço forte rodear sua cintura. O cheiro de suor com uma fragrância antiga de perfume encher seus pulmões, a fazendo pensar em quanto tempo Seok-Chan e ela não tomavam um banho digno.
Ela se lembrava de brincar o nervosismo de Chan-yeong, e se deitar em uma das macas com o ex-namorado, atendendo a um pedido sincero dele.
A Kim ainda o amava. Mas não sentia toda aquela paixão de antes e o calor infernal de estar ao lado do homem, apenas a rotineira calmaria e o eterno tesão.
Virou seu corpo para observá-lo, seus olhos se encontrando, já que ele também estava acordado. O homem tinha o familiar sorriso sarcástico e infantil no rosto, que a fazia ter vontade de estrangular ele com seu cinto, só para ter o imenso prazer de sorrir ao vê-lo sufocar.
Algo nela tinha aquela necessidade de estar no controle, e talvez fosse aquilo que os fez terminar tantas vezes. O Kang queria proteger alguém que queria fogo cruzado, adrenalina e caos.
—— Bom dia —— ele sorriu, suas mãos apertando a cintura dela.
Hye ofegou. Seus olhos passando pelo doutor que estava apagado e o paciente que havia salvo na noite anterior.
—— Eles não vão acordar —— o soldado disse em promessa.
O coração dela acelerou, ela amava aqueles jogos. Onde uma pessoa poderia aparecer a qualquer momento, e ver que a Kim não era a doce mulher que fingia ser.
Aquela chama de intensidade, queimando seu corpo para ser liberta.
—— Consegue ficar quietinho? —— ela brincou, passando uma de suas pernas por cima do dorso dele, sorrindo para pressa com que ele acenou. —— Não podemos acordar eles...
—— Sou apenas um servo hoje —— prometeu solene, mordendo os lábios para impedir um gemido de fugir, quando ela deixou um beijo em seu pescoço.
—— E eu como sua, nada humilde rainha, ordeno que tire a roupa...
Franziu o cenho com confusão e até ciúmes, sim, ela não tinha o mesquinho medo de admitir o que sentia.
A sua frente, Park Chan-yeong estava ajudando uma garota a caminhar. O nome dela era Lee Eun Yu, a Kim se lembrou, e por mais que a jovem o afastasse, o soldado continuava a tentar ajudá-la.
Hye-na sabia que a mais nova havia perdido um irmão, e que seu grupo estava todo de luto por duas mulheres mortas no caos dos mísseis. Ela se lembrava de atender um senhor que falava pelos cotovelos enquanto ela o costurava.
—— Kim —— alguém a chamou, a mulher olhou em direção a voz, encontrando o Sargento Tak logo atrás —— Preciso que me passe as coordenadas dos hospitais mais próximos, vamos atrás do que precisa.
A mulher acenou, batendo continência antes de se retirar do local. Perdendo como dois soldados seguiram seu corpo com olhares, até que ela sumisse de suas vistas. Um deles com orgulho e amor eterno e outro perdido em meio a uma confusão que o afligia.
Park Chan-yeong não havia pregado os olhos da noite anterior. Sempre que tentava descansar, voltava a sentir como se as mãos dela estivessem em seu peito, e sua voz próxima a seu ouvido. Se sentia louco.
—— Tá parecendo um maldito Stalker —— a voz da jovem Lee Eun Yu zombou, ganhando a atenção confusa dele —— Está seguindo ela como um maluco...
—— Não estou —— negou prontamente, voltando a ajudá-la a andar.
—— Olha, ela é bonita e a única mulher dos Corvos —— pontoou a mais nova —— Deveria agir como um homem e agarrar ela.
—— Não deveria dizer essas coisas —— repreendeu o rapaz, cuidando para que nenhum outro soldado os ouvissem —— ela que parece meio maluca...
—— Você tem cara de quem gosta de uma maluca —— disse a Lee zombeteira. O deixando para trás.
Hye-na se viu longe do soldado novo pelos próximos cinco dias, onde esteve focada em ajudar os Sargentos em suas buscas. Haviam muitos feridos, e os Corvos estavam definindo suas prioridades.
Os sobreviventes começaram a se dividir mais cedo do que imaginou. Alguns apoiando a Chefe Ji e outros os soldados.
A Kim estava, é claro, ao lado do irmão. Enquanto o Tak ditava uma nova ordem ao povo desolado abaixo deles.
—— Os sobreviventes que contribuem para a nossa sobrevivência, terão prioridades em tratamentos médicos e alimentos —— uma onda de reclamações e olhares espantados surgiram, e ela pode notar como Chan-yeong ficou desconfortável pela fala —— a Enfermeira Kim aqui —— a mulher acenou com a mão, sendo reconhecida —— terá uma tabela de checagem de todos os sintomáticos...
—— Toda e qualquer pessoa com sintomas deverão me procurar —— ela tomou a frente, sua voz soando firme. —— Também devem relatar qualquer companheiro que esteja escondendo sinais de transformação, caso contrário será considerada uma cúmplice, e vai arcar com as consequências.
—— E quais seriam as consequências? —— Lee Eun Yu perguntou, levantando uma de suas mãos.
Ela era do tipo que não se rendia fácil, o que fazia a Kim sorrir em respeito. Sempre fugindo de Chan-yeong, como o mesmo fazia com ela.
—— Esconder sintomas é perigoso. E nós vamos nos livrar do perigo.
■■■
As regras continuaram, mas a mulher viu quando a Lee saiu de vista. Parecendo estar apressada para alguma coisa, atrás dela não saiu apenas Park Chan-yeong, mas também um senhor mais velho, marido da Chefe Ji.
Kim Hye-na não era do tipo que arriscava a vida por qualquer pessoa. E certamente não queria irritar seu irmão, mas não se segurou ao seguir aquele trio tão distinto.
Ela queria saber a natureza da relação, entre a jovem obstinada Lee, e sua nova obsessão Park.
Seus passos eram leves e dançantes. Ela não fazia barulho nem mesmo ao respirar por todos aqueles corredores e túneis. Seguindo o cabo com uma distância segura, ela tinha uma adaga em mãos e seus instintos dizendo que havia algo de errado.
Era errado estar ali. Ela sabia.
Ao que parecia, Eun Yu queria sair do subsolo, e estava a procura de uma saída nova. Já que os militares, como a própria Kim, estavam de vigia da única saída conhecida.
Em algum dos corredores, Hye perdeu o homem de vista, mas continuou em frente. Em busca de qualquer sinal da jovem que também estava por ali.
—— Porquinhos, porquinhos. Onde estão vocês? —— sussurou como um sopro.
Como uma imediata resposta a sua piada, sem graça. Sons de briga surgiram a alguns passos dela, e a enfermeira correu agitada, segurando a arma branca com força.
—— Que merda!
A Kim empurrou o senhor para longe da Lee, tendo dificuldades, devido ao estado de força sobrenatural que o homem pareceu ter tão repentinamente. Seus olhos se arregalaram ao ver tanto sangue em seu nariz, e rapidamente viu como a mais nova parecia entrar e sair da inconsciência.
Ela estava pronta para gritar por socorro. Sabendo que Chan-yeong estava por perto, e que não daria conta do monstro sem uma arma digna, quando algo a interrompeu.
Um tipo de asa estranha empurrou o infectado para longe das mulheres, o acertando de forma violenta e única. Hye caiu sentada, podendo sentir onde ficaria um roxo, e ignorando ao saber que um novo infectado a observava com olhos transformados e atentos, a cabeça inclinada na direção dela.
O rapaz deveria ter a idade de Lee Eun Yu, chutou. E era justamente o que o exército tanto procurou e testou, onde esteve semanas, quase meses antes.
Era tão alto que andava de forma desengonçada, tinha cabelos pretos, embora sujos e oleosos, e a camisa rasgada. Ele levou o dedo indicador para os lábios, indicando que ela ficasse em silêncio, pedido ao qual Hye acenou prontamente.
Um monstro. Que sabia se controlar.
Uma dádiva científica. A sua frente.
Ajudando não uma, mas duas humanas.
Ele andou até as duas, de forma lenta, seus olhos agora não tão escuros quanto antes, e puxou Eun Yu, que estava desacordada, para longe do corpo do infectado morto.
A Kim se levantou e foi atrás deles, ainda segurando a faca entre os dedos, os olhos brilhando em curiosidade ao vê-lo amarrar uma fita vermelha na Lee e principalmente, quando ele estendeu uma a ela também, de longe, como se tentasse demonstrar que não era um perigo.
—— O qu-
O jovem a calou. Se erguendo sobre ela e colocando uma mão em sua boca, negando com a cabeça novamente. Hye-na acenou novamente, o coração batendo a mil, e o deixou sumir, como se fosse uma ave em fuga.
Respirou uma, duas, três... talvez sete vezes, olhando para onde ele sumirá e ficou com uma jovem desacordada, antes de se virar, seus olhos encontrando os de Park Chan-yeong. Um mais confuso do que o outro.
—— Viu isso?
Um aceno. E um suspiro trêmulo.
E agora não haveria uma maneira de se ignorarem.
OLÁ AAAAAAAAAA!
Não se preocupem, vou voltar no passado duas ou três vezes ainda. Mais é aquilo né... nunca se sabe...
Beijos...
Até logo.
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