6.Apontamentos

End of passion play
Crumbling away
I'm your source of self-destruction
Veins that pump with fear
Sucking darkest clear
Leading on your death's construction

Temer pela vida te faz humana e desafiar o sobrenatural te transforma na mais fácil  e divertida das presas. - Queen the Vampire

-- Não corra -- O sussurro foi completamente ignorado por ti que suspendeu o vestido e passou a correr para fora do quarto sentido o assoalho frio em contato com seus pés doídos, tudo o que queria era sair desse lugar julgado como maldito.

Sn Amarantis nem se deu conta do que estava fazendo quando adentrou corredores passou por vultos aos quais não conseguia enxergar devido ao pânico até desaguar no salão principal caindo de joelhos, o mesmo salão onde tudo começou e agora estava lotado: havia mulheres, muitas delas e todas belíssimas carregando cestos que pareciam oferendas e ao ver a mulher de cabelos tão longos prostrada no chão pararam para analisar.

-- A Senhorita está bem? -- A única idosa do local perguntou e você se afastou temendo que também iriam te machucar. -- Não precisa ficar assim criança, está segura aqui.

Você balançou a cabeça ainda descrente. E uma presença de tornou abrangente no local, não causava arrepios, pelo contrário as fazia suspirar, exceto a mais velha.

-- Lorde Douma. -- Ambas se curvaram.

-- Meninas poderiam nos dar licença? -- Ao ouvir a voz, tudo em ti tremeu, principalmente por que o silêncio aos poucos tomava conta do local, abafando os buchichos a respeito do lorde a querer ali. Sua saliva parecia mais pesada e difícil de engolir quando viu o par de sapatos a sua frente, apertando os tecidos, levantou aos poucos o rosto, notando o olhar sobre você, tão belo e sereno, tão raso e esguio, lhe passando as mais diversas sensações.
Foi então que seu coração clamou por uma resposta imediata, parecendo bombear mais sangue do que o normal, energizando demais seu corpo e córtex cerebral, seus lábios se uniram em uma linha reta, seus olhos piscaram tão lentos que pareciam ter parado com o tempo e em um súbito respirar se deu conta de uma característica simples a seu próprio respeito:
Desde quando se tornou tão... Covarde? Será que o medo da morte lhe tirou a bravura de pôr a todos em seus devidos lugares?

Esse pequeno pensamento lhe fez erguer a barra do vestido um pouco mais e começar a se levantar mesmo que o 'homem' a sua frente lhe estendesse a mão e unindo o pouco de coragem que ainda lhe restava, perguntou:

-- Quem é você? -- ele riu da sua face, achando uma graça o esforço que fazia para manter-se corajosa, mas o cheiro que emanava do seu corpo era do mais puro e doce medo.

Até então não havia notado que o homem se vestia em um lindo traje carmesim e portava um leque de ouro em uma das mãos, nada discreto segundo sua mente falha.

-- Quem você quer que eu seja? -- Lhe sorriu de leve e você se afastou fazendo com que ele balançasse a cabeça: -- já passamos dessa fase, se você fugir eu te caço e se for malcriada eu te pino, uuuhhh seja malcriada Sn-chan! -- A voz agradável te enchia de desconfiança e ainda assim tentava se manter lúcida na conversa.

-- Como sabe meu nome?

-- A pergunta correta é o que eu ainda não sei sobre você. Fingiu bocejar: -- Apesar de adorar esse jogo preciso trabalhar, do contrário o chefe cortará minha cabeça, então vamos logo com isso, já que estou louco para brincar com você. -- Mordeu o lábio inferior.

-- Eu quero ir embora.

-- Mais não vai. Eu sou o seu contrato, meu bem. -- A saliva parecia intragável como se estivesse a ponto de se afogar.

-- Não me recordo de ter feito contrato algum. -- Ele riu achando uma graça a sua confusão, é claro que não se recordaria. Afinal, estava completamente inconsciente.

-- Por hora tudo o que precisa saber é que suas escolhas salvaram o seu pai e agora você é minha.

Ele escondeu o sorriso com o leque de ouro.

-- Como assim sua? -- Arregalou os olhos

-- É o que acontece quando você se torna noiva/ prometida de um demônio, chame como preferir. -- Pelo seu olhar ele entendeu que não aceitaria e no momento Douma estava livre para usar a abordagem e lhe tratar da maneira como achasse melhor. -- Ou prefere ser meu sacrifício?

A pergunta era apenas retórica, o demônio dos olhos arco-íris jamais colocaria sua alma junto das demais oferendas, não quando provou tão pouco de seu sangue e se viciou ao invés disso resolveu que te corromperia da com toda a perversão que possui e ao ouvir sua resposta soube que não teria um único problema com a "servidão"

-- Não, prometida está bom. -- A palavra saiu com escárnio e um pouco de ódio, não queria se submeter a isso e por esse motivo desviou o olhar ao dar a sentença, a ponta do leque frio tocou abaixo de seu queixo e assim trouxe seu rosto de encontro ao dele.

-- É uma garota esperta Sn-chan, mas não foi tão esperta ao fazer esse contrato. -- Vis-á-vis ele sentiu sua respiração densa antes de se afastar e sorrir, virando-se de costas e pronunciando o que lhe corroeria pelo resto do dia. -- No final não restará um pingo sequer da sua antiga vida.

O demônio dourado, como ficaria gravado em sua mente, sumiu. No grande salão frio você sentia suas pernas tremerem e foi inevitável conter seu corpo quando ele foi ao chão. Sentia-se sem autonomia sobre sua própria vida, foram momentos de dor e fraqueza, mas diante dos olhos daqueles por quem fez o sacrifício você se tornou uma heroína, seu coração apreensivo buscava métodos e caminhos aos quais seguir de agora em diante numa vã tentativa de fugir do seu atual destino, Sn se levantou um pouco tonta, sentido o estômago roncar, com tudo que estava ocorrendo mal percebera quanto tempo passou naquela sala fria sem se alimentar e ao menor sinal de vida que não fosse a sua, todo o seu corpo se punha em alerta, jamais poderia chamar tal ato de viver e, mas do que saudade de casa, sentia falta da segurança.

O barulho da porta sendo aberta fez com que apertasse as mãos no vestido com tanta força que os nós dos dedos chegaram a esbranquiçar cortando brevemente a circulação, você sentia no fundo, de seus ossos que não podia e nem deveria confiar em ninguém, no entanto, precisava descansar e não percebeu os olhos de jade que lhe vigiavam como uma verdadeira incógnita. Seu pacto parecia fácil, mas o moreno aos poucos percebia o qual tola, frágil e provavelmente inexperiente você era, sei trabalho é recolher informações e manter o segundo no comando, na linha. Mas só de olhar para a sua falta de percepção que se sentiu tranquilo em não instruí-la, porém, quem disse que não poderia se divertir com você?
Sem pensar duas vezes ele sumiu, tendo em mente que voltaria em uma hora oportuna e ainda no salão sua respiração desregulava, seu olhar baixo foi de encontro com a bainha do vestido que por um centímetro não arrastava no chão, as mãos firmes te envolveram puxando-a para cima e você se debateu, estava com medo, muito medo.

-- Se acalme, precisa comer e recuperar nas forças se quiser durar mais do que as outras prometidas do senhor. -- Sua pele eriçou e um leve carinho foi feito em sua mão. -- Agora, se apoie em mim, você precisa levantar a cabeça e entender que esse, a partir de agora, é o seu lugar.

O zumbido de seus ouvidos aos poucos diminuiu, sua visão foi desembaraçando até encontrar a única senhora presente nesse mesmo salão anteriormente, ao ver que estava tomando posse de si mesma ela sorriu.

-- Muito bem menina, ei de guiá-la até que reconheça esse local como sua casa, por hora vá jantar.

A mulher te levou até uma sala enorme em tons escuros e iluminada por velas, na parede esquerda um espelho de ponta a ponta e na direita por cima do papel de parede alguns quadros com moldura de ouro, seus pés descalços tocaram um tapete vermelho que se estendia de uma ponta a outra do local passando apenas pelo meio, e bem no centro uma mesa de madeira com doze lugares, do lado direito de uma das cabeceiras estava o jogo de jantar arrumado, um prato de porcelana negra e por cima um prato fundo de porcelana branca com as bordas desenhadas, o conteúdo claramente uma sopa.

-- Coma, na há veneno. Eu mesma preparei esse ensopado, te deixará novinha em folha pela manhã. -- Você Suspirou pensando que se estivesse envenenado seria até melhor, pois, morreria de uma vez e acabaria com isso e no passo em que se aproximava da mesa a idosa ia para a porta, em uma última olhada ao qual você não viu ela suspirou, sentia tanto receio por sua vida e entendia os próprios votos de silêncio, olhando para a frente e segurando na porta de entrada se direcionou a você:

-- Estarei do lado de fora lhe aguardando e a propósito, seja bem-vinda a Corte senhorita.

Sua mente continuava a juntar os pontos tentando compreender cada pequeno ato desse dia que mais pareceu passar em um piscar e levando a colher de sopa aos lábios, soprando devagar, meneou:

Afinal de contas, o que é a Corte?


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Pré-revisado.
Música: Master Of Puppets - Metallica

https://youtu.be/6xjJ2XIbGRk

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